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segunda-feira, 23 de abril de 2018

LIVROS FRANCISCO PEREIRA LIMA


Novos inquilinos a disposição dos amigos. Excelentes livros. Quem desejar adquirir este e outros livros: 

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DANÇA DO COCO EM PIAÇABUÇU

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de abril de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.885

        Notícia alvissareira, a reabertura da Cooperativa do coco, em Piaçabuçu, no Baixo São Francisco. Cooperativa que estava parada há 12 anos e recomeçou o seu trabalho em 2016. Com máquinas modernas e grande investimento, a cooperativa veio com tudo e trabalha a pleno vapor. A “Copaíba” produz 110 a 270 toneladas/mês. O número de empregados saltou para 52 pessoas e no campo pulou de 60 para 375 fornecedores, implantando emprego e renda na região. Trabalhando com todo tipo de coco, inclusive os que antes eram rejeitados no campo, como o coco nascido, rachado, sem água e pequeno, a Copaíba fez agregar valores ao produto para os fornecedores.
COPAÍBA. FOTO: (SF Agro Uol).
Assim a Cooperativa tem o papel de fornecedora para outras indústrias. A casca do coco e o quengo (parte mais dura) servem para fornecimento de energia à própria Copaíba. A pele marrom do coco vai se transformar em ração animal, óleo vegetal e farinha. O coco em si vai produzir o coco ralado, adoçado, com alto teor de gordura, baixo e médio teor, leite, óleo extra virgem, farinha pura e final... Totalizando oito subprodutos.
E se antes Piaçabuçu, penúltima cidade ribeirinha do rio São Francisco, adquiriu fama também com outra cooperativa da chamada pimenta rosa – considerada a melhor do Brasil e usada até em fabrico de cerveja – agora demonstra mais uma vez a força de vontade do povo da região para melhorar de vida.  Isso é um exemplo real para outros lugares onde os habitantes nem sequer se interessam pelo assunto: cooperativa. Preferem a vidinha medíocre de um trabalho envergado de meia hora, muita rede e aguardente.
O dinamismo da Copaíba tende a se estender por todo o litoral alagoano rico em coqueirais, mas que estava ou ainda se encontra com problemas de produção e vendas. Vários produtores já estavam abandonando o ramo do coco, pelas dificuldades encontradas. E se as paisagens dos coqueirais litorâneos já são belas, mais belas estão ficando com a minação de dinheiro por baixo das folhagens.
Que excelente exemplo de Piaçabuçu!
Ótimo lugar, sem dúvida alguma, para se dançar o coco.


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PANELA VAZIA, DIA APÓS DIA...

*Rangel Alves da Costa

Panela vazia, dia após dia, ainda há um mundo assim...
Governantes gostam de enriquecer a pobreza forçadamente. Dizem que tiraram milhões da miséria e que não há mais panela vazia, barriga roncando faminta, aquela tristeza danada quando chega a hora do de comer e nada tem. E o mundo revira mesmo quando há menino, quando o filhote apenas espera qualquer alimento. O nada ter dói demais. Num pai e numa mãe, o choro do filho faminto é dor na carne mesmo, é punhalada no peito, é brasa quente nas vistas, por todo lugar.
Muitos ainda imaginam que as esmolas governamentais são suficientes para afastar a miséria da pobreza ou a pobreza da miséria, tudo no mesmo. Mas não. Não adianta colocar esmola numa mão e tirar na outra. Ou será que a esmola é suficiente para comprar remédio, para comprar o botijão de gás, para calçar e vestir, para a feira, para a vida com dignidade? Logicamente que não. Ajuda sim, pois todo pão ao faminto se torna em dádiva sagrada, mas a pobreza continua na mesma feiura de antigamente e de sempre.
Acreditem, mas a panela continua vazia, o prato continua guardado, o menininho cada vez mais magro, por todo lugar. Por todo lugar ainda há um pai em tempo de se acabar por não saber o que fazer para alimentar os seus. E todo dia assim. Por todo lugar há uma mãe escondendo lágrimas dentro dos próprios olhos, por não suportar mais olhar para o fogão sem nada, para a dispensa sem nada, para tudo sem nada. E bem ao lado, ou no cantinho na fraqueza do mundo, aquele pequenino que só quer um pedacinho de qualquer coisa. Meu Deus: como dizer a um filho que ele não vai comer?
Já imaginaram que situação. O menino chorando com fome e os pais sem ter, de forma alguma, o que fazer. Vai dizer à criança que não tem comida pra ela, vai dizer ao pequenino que ele tem de suportar a fome até a chegada de alimento, vai dizer a menininha que ela tome um pouco d’água que a fome vai passar? Que situação, meu Deus. Que situação mais terrivelmente lastimável, meu Deus. Mas fato é que isso acontece ali. Sim, acontece ali, bem ali mesmo, mais perto de você e de sua casa do que você imagina. Querem saber? Querem ter a certeza do que afirmo agora? Então vão, vão até ali, peça licença para entrar num barraco, num casebre, e perguntem se houve janta. Janta? Que nome mais estranho em muito lugar.


Que não se enganem, a pobreza pobre, a pobreza faminta, a pobreza feia e desdentada, a pobre miserável e repugnante, a pobreza ameaçadora e perigosa, a pobreza acintosa e humilhante, a pobreza vesga e troncha, a pobreza ossuda e descalça, a pobreza terrível, existe e bem ali. A pobreza não é feia, a pobreza não é repugnante, mas a sua condição é. Nada mais feio que o ser humano ser humilhado, se judiado, ser aviltado, ser submetido por sua condição econômica. Nada mais repugnante que olhar para uma pessoa carente e nela avistar não um ser humano que necessita de apoio, mas um eleitor ou um escravo que deve ser mantido amarrado na esmola política. Dói, minha gente, dói demais.
Acreditem no que vou dizer e citarei apenas um exemplo dos muitos e tantos que eu poderia citar em Poço Redondo. Olhem para o relógio ou avistem a escuridão. Já é noite. Para os que tiveram alguma coisa para colocar sobre a mesa, o sino do alimento já tocou. Mas bem ali, num mundo para muitos desconhecido e muito mais incompreendido chamado Bairro São José, o sino já tocou e continua tocando sem que nenhum tiquinho de nada pudesse chegar à mesa. Acreditem. Muitas famílias não têm sequer um pedaço de pão. Mas quase todas as famílias com filhos de todos os tamanhos. Então, o que aconteceu por lá quando o sino tocou?
Choros na alma, lágrimas por dentro, soluços velados, rios de dor escorrendo na face e nas entranhas de cada um. No Bairro São José há um povo que sofre, há um povo que necessita de pedaço de pão, há um povo que chora. Sabem quantos pais e quantas mães continuam, agora, chorando no Bairro São José? Batam à porta e vejam as lágrimas. Não estão nas faces, pois correndo por dentro, mas nas panelas vazias. E feito um mar de dor nos olhos dos pequeninos.

Escritor
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ELEMENTOS INTERNOS E EXTERNOS DO CANGAÇO.

Por Verluce Ferraz

Um grupo de pessoas que compartilha minha página se interessou pelo meu esforço de aprofundar meus estudos relativos ao comportamento do cangaceiro Lampião e de sua companheira Maria de Déia, sentindo a curiosidade voltar-se à questão; outro pequeno grupo, porém, manifestou menos interesse. Esse último grupo nem suspeita que há bastante elementos, internos e externos no Cangaço, que não carecem de adivinhação e que podem ser submetidos a análises dentro das variadas ciências e podem revelar aspectos bastante interessantes, ainda antes não vislumbrados. No primeiro grupo alguns historiadores quiseram aprofundar seus estudos visitando os locais onde ocorreram refregas entre cangaceiros e famílias dos sertões nordestinos, outros escutaram depoimentos de alguns cangaceiros quando ainda viviam, além daqueles que simplesmente acreditaram em pessoas que simplesmente tentavam adivinhar o que houve dentro do cangaço. Esta minha pesquisa tem por objetivo tornar menos obscuro o que determinou a aproximação dos cangaceiros Virgulino Ferreira da Silva à mulher, Maria de Déia. Não vejo um problema complicado, apresentar como simples ou fácil, tal as minhas reflexões. Adotei dois métodos para essa investigação. Um seria examinar um caso particular, penetrando a fundo no estilo visual do cangaceiro Lampião; outro para justificar os seus modos de viver afastados do convívio de mulheres. Me acudiu lembrar que já temos o grande pesquisador Frederico Pernambucano de Melo, escreveu sobre o exótico Lampião e comparou suas vestes aos samurais, aos cavaleiros medievais; outros colocaram o cangaceiro no mundo fantástico; ainda encontramos autores construindo na própria imaginação uma réplica de Hobin Hood sertanejo, para o seu próprio herói cangaceiro; estimulando seus aparelhos mentais, adotam viver o estilo do cangaceiro. Espero que apenas essas imitações sejam apenas sonhos, aquilo que no mundo externo se admita como casualidade, como se tudo levasse à veneração dos cangaceiros. Por que se aplicado o método de investigação para entender o que levou Lampião a sua atividade criminosa e depois aceitar Maria de Déia em sua vida, foi a mesma fonte que o afastava das outras mulheres, ou seja, o desejo de vê-la ocupar no seu espaço psíquico àquela que lhe servia às suas fantasias: a mulher rendeira. A presença da Maria propiciou para que o cangaceiro se dedicasse às suas atividades de costureiro, de design sem, contudo, desnudar seu lado invertido. E Freud (objeto dos invertidos p.144, V. VII –Sandard Brasileira ) explica em seus escritos que pessoas invertidas imitam a aparência externa de seu lado oposto, - na aparência, nas atitudes. Neste caso, portanto, Lampião encontrou alguém que combinasse os caracteres dos dois sexos; existe, por assim dizer, uma conciliação entre um que aspira por um homem eu um que aspire por uma mulher. Em suma, a presença da mulher no cangaço trará a todos a concepção de uma transformação ao grupo cangaceiro, contudo, na realidade isso foi tão irreal quanto o cangaceiro arrefecer seus instintos sanguinários.
Leia mais sobre o cangaço: 'Dos mitologemas na imortalidade do passado lampiônico...'

No momento não disponho da fonte, mas encontrei no facebook

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A VIDA NO CANGAÇO ERA FÁCIL?


Por Noádia Costa

Diferente do que muitos romantizam, à vida no Cangaço não era fácil e nem tranquila. No vídeo abaixo ex-cangaceiros e cangaceiras comentam sobre às dificuldades, perigos e privações pelas quais passaram durante sua passagem pelo Cangaço. Nesses anos de violência e terror na região nordeste, muitos cangaceiros, volantes e sertanejos inocentes tiveram suas vidas ceifadas.

https://www.youtube.com/watch?v=ybxCMU0MC4c&feature=share


Publicado em 30 de set de 2017
Coletânea (fragmentos) de depoimentos de ex-cangaceiros(as) colhidos dos seguintes documentários: A mulher no cangaço, A musa do cangaço, O último dia de Lampião, Fatos, Candeeiro-Manuel Dantas Loiola, e Sila - Ilda Ribeiro de Sousa.

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VÍDEO...ENTREVISTA


https://www.youtube.com/watch?v=MSAVayDSsoE

VÍDEO...ENTREVISTA com Valdemar Ferraz falando sobre Lampião.

Valdemar foi o único filho de João Flôr, lá de Nazaré, que não entrou na polícia para combater Lampião, pois era muito pequeno na época



Publicado em 24 de jan de 2015
Esta entrevista foi gravada em 2012 por Sérgio Gomes Carvalho em parceria com Valdêique Oliveira
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PUNHAL DE LAMPIÃO



Segundo o escritor Robério Santos, o grande punhal encontrado com Lampião na ocasião da sua morte em 1938, foi tomado pelo mesmo de um soldado da Coluna Prestes em 1926. Segundo o amigo Robério, o punhal, na realidade, era uma espada, da qual foi retirado apenas uma parte da empunhadura pra deixá-la apenas como um cabo!

Eu, sinceramente, foi a primeira vez que ouvi essa versão! Isso procede?

Porque sinceramente, não acredito!

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=806683999540546&notif_id=1524514252835042&notif_t=group_activity

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SEGUNDO O PESQUISADOR DO CANGAÇO VOLTASECA

FOTO: fonte google

HOJE, é o aniversário de Aderbal Nogueira, esse cara fenomenal, de caráter irrepreensível, humilde e, profundo conhecedor da cultura nordestina. 

Aderbal tem hoje, o maior acervo em vídeo do Brasil, sobre a cultura nordestina e, em especial, sobre o cangaço. São mais de 20 anos de pesquisas comendo poeira pela estradas afora. Sem falar, que tudo isso, foi custeado pelo próprio bolso dele. 

A esse cara fantástico, eu rendo minhas homenagens e, lhe dou os parabéns..Quem o conhece, o admira pela pessoa e, pelo profissional que ele é...

abração!

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=797046503830659&set=gm.773563882852558&type=3&theater

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ARIANO SUASSUNA LAMPEÃO E MARIA BONITA

Do acervo do pesquisador Voltaseca
https://www.youtube.com/watch?v=NQrPFN0AgHQ

Vejam nesse vídeo, o que o grande escritor Ariano Suassuna fala sobre Lampião e Maria Bonita...!


Publicado em 25 de set de 2016
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https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

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DE CERTA FORMA, LAMPIÃO TAMBÉM MORREU EM JANEIRO DE 1938


Por Antonio Corrêa Sobrinho

Das mortes anunciadas e não confirmadas do cangaceiro Lampião, penso que nenhuma outra superou a do dia 12 de janeiro de 1938, em termos de divulgação jornalística. Jornais em todo o Brasil circularam nesta data com a notícia de que este bandoleiro, o rei do cangaço, morrera, em terras sergipanas, acometido de tuberculose, numa das fazendas de Antonio Caixeiro, a “Canhoba”, este pai do então interventor de Getúlio Vargas em Sergipe, o médico Eronides de Carvalho. Outros jornais, mesmo sabedores da improcedência da notícia, informaram da não-morte de Lampião.

Trouxe, abaixo, o que disseram a respeito alguns dos nossos jornais:

 

O “DIÁRIO DA NOITE”, do Rio de Janeiro, um dos noticiosos que tomaram como verdadeira a informação, assim se pronunciou:

“LAMPEÃO MORTO, LAMPEÃO POSTO

A certos respeitos a figura de Lampião parecia um mito, durante quinze anos, as polícias de seis Estados viveram no seu encalço e de todas as refregas o bandido saiu ileso e vitorioso.

Dir-se-ia que ele era protegido pelos amuletos, aos quais a crendice popular atribui a virtude incomparável de fechar o corpo dos seus portadores ao efeito das balas. Morreu agora na cama, vítima de tuberculose, como uma donzela romântica. As Parcas somente poderiam cobrar os altos prêmios instituídos pela sua cabeça. Mas as Parcas trabalham de graça.
Lampião era um fruto do Nordeste, como o xique-xique e o mandacaru.
Permanecendo a terra com as suas condições sociais, não tardará que o Lampião morto suceda um novo Lampião, com a mesma ferocidade, a mesma história meio cavalheiresca, múltiplo e onipresente como os seus ancestrais.

Matar o cangaceiro não importa em destruir o cangaço.

Alguma coisa de mais profundo desafia a inteligência e a operosidade dos administradores, antes que se extinga a raça dos Lampiões;
Creio que nenhum outro brasileiro atingiu jamais o renome e a popularidade internacional de que desfrutava Virgulino.

A imprensa do mundo ocupou-se daquela figura sinistra e o seu retrato, ao ser conhecida a notícia do seu desenlace tranquilo numa fazenda de Sergipe, aparecerá nas páginas de frente dos grandes diários da América, da Europa e da Ásia.

Pode-se dizer que foi o maior dos cangaceiros nordestinos e esse título, em nossos tempos de confusão e audácia, perpetuará a sua memória na lembrança da posteridade.

Até que outro o suplante nas imaginações. ”
O “CORREIO PAULISTANO”, por sua vez, atraiu o leitor com manchete afirmativa, mas para divulgar ser inverídica a notícia:

“A MORTE DO FAMIGERADO LAMPIÃO

Não é verdade que o facínora houvesse falecido na fazenda do progenitor do interventor federal em Sergipe.

RIO, 12 (Da nossa sucursal, pelo telefone) – O interventor em exercício no estado de Sergipe, Dr. Carvalho Barroso, enviou ao interventor Eronides de Carvalho, ora no Rio de Janeiro, o seguinte telegrama:

‘Estão chegando aqui pedidos de informações de agências telegráficas e correspondentes de jornais indagando se Lampião morreu na fazenda de seu pai e de morte natural. Tratando-se de inominável perfídia e invencionices deslavadas, levo fato seu conhecimento. Abraços. Carvalho Barroso, interventor em exercício.’”
“O ESTADO”, de Santa Catarina, anuncia mas expressão de incerteza:
“VÍTIMA DE UMA HEMOPTISE, TERIA MORRIDO O BANDOLEIRO LAMPIÃO

CIDADE DO SALVADOR, 13 – Um vespertino divulga uma notícia procedente de Aracaju, segundo a qual teria o célebre bandoleiro Lampião morrido, vítima de uma hemoptise.

O fato, segundo ainda aquele despacho aqui divulgado, ocorrera em terras da fazenda Canhoba, de propriedade do senhor Antônio Carvalho, pai do interventor Eronides Carvalho, onde Lampião se recolhera doente, há algum tempo.

Os facínoras do bando guardam sigilo sobre a morte do chefe.

Até o momento, a polícia baiana não recebeu nenhuma confirmação oficial.”
“O IMPARCIAL”, jornal do Rio de Janeiro, faz jocosidade, graça:

“Extinguiu-se uma chama. Morreu Lampião, um dos mais distintos salteadores. Verdadeiro artista, tinha o curso de ‘fuga’ e era maestro de ‘bando’. Assim que a triste notícia ecoou na Detenção entre os condenados pelos artigos 330 e 356 do Código Penal, o senhor Pula Ventana propôs fossem enviados pêsames à família enlutada. Resolvido também (...) a meio pau e ponto facultativo pros acertadores de relógio no escuro. ‘Valentes do Morro do Neco’ suspenderam o ‘choro’ em sinal de 20% de pesar.”
“O IMPARCIAL”, do Maranhão:

“LAMPEÃO NÃO MORREU

RIO, 12 (H) – “O Globo” Informa que faleceu, ontem, o famoso bandoleiro Lampião, vítima de tuberculose.

RIO, 12 – A Agência Nacional vem desmentindo, hoje, a notícia veiculada sobre o falecimento de Lampião.”
“O JORNAL”, do Rio de Janeiro:

“VÍTIMA DE UMA HEMOPTISE, TERIA MORRIDO O BANDOLEIRO LAMPIÃO

Os seus companheiros guardam sigilo sobre o ocorrido – Nenhuma confirmação recebida pela polícia da Bahia.

CIDADE DO SALVADOR, 11 (A. M.) – Um vespertino divulga uma notícia procedente de Aracaju, segundo a qual teria o célebre bandoleiro Lampião, morrido, vítima de uma hemoptise.

O fato, segundo ainda aquele despacho aqui divulgado, ocorrera em terras da fazenda Canhoba, de propriedade do Sr. Antônio Carvalho, pai do interventor Eronides de Carvalho, onde Lampião se recolhera doente, há algum tempo.

Os facínoras do bando guardam sigilo sobre a morte do chefe.

Até o momento, a polícia baiana não recebeu nenhuma confirma oficial.”
O “CORREIO DE ARACAJU” assim se pronunciou:

O “Diário Oficial” de hoje publica a seguinte nota:

Este Departamento declara que são absolutamente falsas as notícias veiculadas nos jornais e rádios de outros Estados sobre a morte natural do bandido Lampião, na fazenda Canhoba.

Acredita esta Chefia que tais notícias não passam de explorações a fim de colocar mal o governo do Dr. Eronides de Carvalho, por isso que a fazenda em causa é propriedade do seu progenitor, Sr. Antônio Ferreira de Carvalho.

Respondendo a um telegrama recebido de um periódico de Bahia, sobre o mesmo assunto assim foi expedido: “Grêmio Bahia. Carece fundamento notícia morte Lampião. – Capitão Odilon Siqueira, chefe de Polícia.”

O “CORREIO DO PARANÁ”:

“LAMPIAO NÃO MORREU

Vai ser aberto inquérito, em Sergipe, para apurar quem transmitiu a falsa notícia.

Sergipe, 13 – É completamente destituída de fundamento a notícia sobre a morte do bandoleiro Lampião, a qual, segundo os informes daqui transmitidos, teria se verificado na fazenda do pai do sr. Eronides de Carvalho, interventor neste Estado, ora no RIO de Janeiro.

A respeito, o senhor Carvalho Barroso, ora no exercício da Interventoria, telegrafou ao Sr. Eronides de Carvalho, desmentindo aquela versão e informando que mandou abrir inquérito para apurar de onde teria partido a falsa notícia.”
Deixei propositadamente para o final, o que disse a respeito o JORNAL DO BRASIL, o valoroso diário carioca, que considerou como certa a morte de Lampião naquele janeiro de 1938, informação incorreta que, penso, se não foi motivo de constrangimento e desabono, deveu-se ao que ao texto do seu jornalista, incumbido de dar a notícia, Benjamim Costallat, o qual se afastou do lugar comum de elencar maldades quando o assunto é Lampião, para dizer da importância deste cangaceiro para os interesses econômicos dos meios de comunicação, uma verdade das grandes dita sobre uma mentira, a morte de Lampião na casa de Antônio Caixeiro, pai do homem forte em Sergipe do ditador Getúlio Vargas.

“LAMPIÃO”, entre os maiores títulos de sua triste glória teve o de ser um dos poucos nomes da nossa terra que conseguiram repercussão e publicidade fora das nossas fronteiras.

Não houve reportagem sobre o Brasil e livro de viagem sobre o nosso país que a ele não se referissem.

Ele era, para os caçadores do sensacionalismo, o assunto brasileiro mais empolgante, o motivo mais colorido e a individualidade mais feita desse mistério que permite todos os voos da imaginação quando não alimenta todos os recursos da mentira.

Os especialistas europeus e americanos de reportagens internacionais, precisando servir a voracidade do leitor, cansado mas não farto da sensação que lhe ajuda a gerir a sua refeição pacata e matinal – serviam-se de Lampiao com uma frequência que poderia, em outras circunstancias, chegar a comerver, até às lágrimas, o nosso patriotismo...

Quando Al Capone, pela sua prisão, e Dillinger, pela sua morte, saíram do cartaz dos grandes assuntos – Lampião, e com ele o Brasil, entraram para a notoriedade das reportagens assinadas dos jornais das tiragens astronômicas...

Com a morte de Lampiao, ontem em Sergipe, extinguiu-se, depois de uma agonia longa, pela mesma doença romântica da Dama das Camélias, o Brasil perde um motivo de ser falado na grande imprensa mundial...

Não era, evidentemente, um homem recomendável, nem honroso. Mas os países, como os homens públicos, precisam de publicidade, de toda e qualquer publicidade. Só no silêncio é que está o desprestígio...

Lampião estava para o Brasil como Al Capone para os Estados Unidos. 
Era uma nódoa, mas um assunto.

E, para alguns, um negócio rendoso.

Mas, como nas velhas fitas que acabam smpre bem, o “vilão” foi castigado...

Lampião morreu.

E o Brasil perde a única publicidade que lhe davam de graça, com uma abundância e uma generosidade dignas das gratidões sem limites...

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