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sábado, 4 de dezembro de 2021

MEIA NOITE: UM CANGACEIRO DIFÍCIL DE MATAR

Por João Costa

Ao conhecer e comparar os relatos da história do cangaço que emerge de várias fontes, o leitor tem dificuldade em separar fatos e ficção, especialmente quando se refere ao cangaceiro Meia Noite um sertanejo natural de Piranhas, que cometera seu primeiro crime aos 12 anos de idade. Ele havia permanecido no bando de Lampião de 1921 até 1924. Era alto, franzino, negro e também descendente de índio.

Após o ataque a Sousa(PB) sob o comando de Livino, Sabino das Abóboras, Antônio Ferreira e Chico Pereira, ataque este que rendera 200 contos de réis em dinheiro vivo, o bando volta para São José de Princesa, divisa entre Paraíba e Pernambuco, localidade onde Lampião descansava e se recuperava de ferimento sofrido no pé, sob a proteção do coiteiro Marcolino Diniz.

Um constrangimento surge no bando: o cangaceiro Antônio Augusto Correia, vulgo Meia Noite, descobre que havia sido roubado na quantia de nove contos de réis, enquanto dormia.

Raposa velha e conhecedor de todas as manhas, Meia Noite suspeitou de Livino e Antônio Ferreira e sentindo-se ludibriado, desencadeou uma tremenda confusão a ponto de Lampião interferir para acalmá-lo.

Pra serenar os ânimos, o próprio Virgulino ressarciu Meia Noite com a mesma quantia que haviam lhe roubado, mas o cangaceiro não ficou satisfeito; seguiu esbravejando e Lampião subiu o tom da conversa: exigiu que Meia Noite entregasse suas armas – o cabra estava brabo demais.

Lampião era tratado por Meia Noite, pelo apelido carinhoso de “Nego Véio”, uma vez que eram companheiros de armas de longa data. Alucinado com esse argumento de entregar suas armas, Meia Noite reagiu.

-“Se tiver homem no meio dessa mundiça, que venha tomar minhas armas! Inclusive você também, Nego Véio, seu filho de uma égua!”, disparou Meia Noite na frente de todo o bando.

Os cabras estremeceram, esperando pelo pior. Virgulino, então, ajeitou o chapelão na cabeça e falou para Meia Noite pausadamente.

- Meia Noite, você é meu amigo, mas não pode abusar... Já lhe dei o dinheiro que você disse que lhe roubaram, não dei? Apois agora eu quero que vá simbora; eu não quero revoltoso no meu grupo!”, foi a reação de Lampião.

- “Vou simbora mesmo e nesse mesmo instante”!.De hoje em diante não preciso mais dessa bosta! Bando de ladrões safados”, disse o cangaceiro encilhando sua montaria.

Meia Noite tinha um grande amor, uma cabocla chamada Zulmira. Deixando o bando para trás, seguiu para o sítio Tataíra, divisa da Paraíba com município de Triunfo(PE) onde morava sua amada. O cangaceiro era tão apaixonado pela namorada que, como prova de amor, ele chamava carinhosamente seu mosquetão de “Zulmira”, o nome da moça.

Na noite de 17 de agosto de 1924, Meia Noite foi visto por um agricultor entrando na casa onde Zulmira morava, e este, imediatamente, delatou para a volante que estava estacionada em Princesa Isabel.

Despachada sem mais demora, a volante de Manoel Virgolino, com 12 homens, chegou no sítio Tataíra tarde da noite.

O cabecilha bateu à porta dizendo-se com sede e pedindo água. O próprio Meia Noite, imitando voz de mulher, respondeu que “aquela não era a hora de abrir a porta para estranhos”.

O ardil não funcionou e seguiu-se um tremendo tiroteio.

A casa era de taipa e Meia Noite, prevenido, havia perfurado as paredes com vários buracos. De tal maneira que disparava sua arma ora da cozinha, ora do cômodo da frente, depois do pequeno quarto, dando a impressão que havia vários atiradores, mantendo a volante à distância.

No tiroteio cerrado, Meia Noite percebeu a munição escasseando, temendo pela vida da sua amada Zulmira, abriu negociação com a volante.

- “Vocês aí, vamos fazer um trato! Eu estou com uma moça aqui, que não tem nada a ver com nada. Deixem que ela saia, depois nós continuamos, se comportem como homens! O cabecilha da volante até que foi cavalheiro e concordou.

- Pode mandar a mulher sair!

Assim, com uma trouxa debaixo do braço, Zulmira deixou a casa e tomou distância. O tiroteio recomeçou.

Para agravar a situação de Meia Noite, chegaram mais duas volantes, lideradas pelos tenentes Manoel Benício e Francisco Oliveira. E depois mais outra. Desta feita, a volante comandada pelo sargento Clementino Quelé.

A força volante, que no início do cerco era composta por 12 soldados, agora tinha 100 homens, sob toques de cornetas, deixando Meia Noite debaixo de uma chuva de balas de fuzis.

Ali, acossado e debaixo de uma chuva de cacos de telhas quebradas, fragmentos de barro e o fumacê causado pelo tiroteio, Meia Noite conseguiu furar o cerco saindo por um buraco na parede e rastejando como cobra.

Meia Noite escapou ao cerco monumental de cem soldados de volante apenas com um leve ferimento numa perna, nada grave. Mas na fuga, ao pular uma cerca, quebrou o braço direito, exatamente o de manejar o rifle.

Após essa fuga espetacular, Meia Noite pediu socorro numa casa de um agricultor, que o atendeu prometendo buscar ajuda para tratar do ferimento no braço. Saiu em busca de socorro, mas quem voltou foi a volante.

Meia Noite ainda reagiu disparando seu parabélum até a munição acabar. Quando a polícia entrou na casa, não encontrou ninguém, mas um soldado da volante avista um vulto subindo um morro ao lado, dispara seu fuzil e acerta Meia Noite na perna, e ainda assim, o bandoleiro desaparece se arrastando.

Ferido, Meia Noite busca socorro no Saco dos Caçulas, lugar onde ele e Lampião tinham contatos e amizades. É acolhido por Manoel Lopes, o Ronco Grosso, ex-cangaceiro que se tornara cabra de confiança do coronel Zé Pereira. Após tratamento e débil recuperação, as volantes reaparecem e Meia Noite é levado à uma gruta segura por Ronco Grosso.

Conta-se que Ronco Grosso, perguntou ao coronel Zé Pereira o que fazer.

- Resolva você, Ronco Grosso, resolva! Não quero saber de cabra de Lampião por aqui, são as orelhas dele ou as suas, escolha! Foi a senha e a resposta dada por Zé Pereira.

Ronco Grosso entra em conchavo com outro ex-cangaceiro chamado Antônio Ladislau, o Tocha. Numa tarde de agosto, a dupla vai à gruta levar mantimentos para Meia Noite, que estranha do horário da chegada dos dois, mas não desconfia. Foi seu erro crasso.

Após jantar, prosear e levantar-se para se despedir, foi eliminado à queima-roupa por Tocha e Ronco Grosso, que cortam suas orelhas e o enterram em cova rasa ali mesmo.

O capitão Virgulino Ferreira assim se referia a ele.

- “Meia Noite, sozinho, valia por dez!”

Acesse: blogdojoaocosta.copm.br

Fonte: “Lampião – a raposa das caatingas”, de José Bezerra Lima Irmão.

Lampião na Paraíba – Notas para a História, de Sérgio Augusto de Souza Dantas

Foto. Os irmãos Ferreira. Antônio, Virgulino e Antônio Rosa ( irmão de criação).

 https://www.facebook.com/photo/?fbid=2598782076933748&set=gm.955615798375710

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PADRE LIMA: O CASAMENTO DE DULCE E "CRIANÇA", E O BATISMO DE "BALÃO"

Por Fatos na História 

https://www.youtube.com/watch?v=w-DD5g3w7kU&ab_channel=FatosnaHist%C3%B3ria

...disse o padre: 

- Eu não acredito que um homem na sua idade seja pagão!

E o cangaceiro respondeu: 

- Eu sou”. A minha família é crente. O Capitão só me aceitou porque prometi que tão logo encontrasse um Padre, pediria pra me batizar.

O Padre Lima retrucou: 

- Lampião já morreu!

Balão justificou: 

- Mas eu estou devendo e quero pagar... 

Referências: .“Porto da Folha, fragmentos da história e esboços biográficos”, de Manoel Alves de Souza .Trecho do texto de Joaquim Santana Neto .

"O Padre que casou Dulce e 'Criança' e batizou 'Balão'", de Kiko Monteiro - via "Lampião Aceso" Fotos: 

Lampião Aceso / Site Porto Folha

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O TEMPO NÃO ESPERA NINGUÉM

Clerisvaldo B, Chagas, 1 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.622

No momento (14 horas), a temperatura de Santana do Ipanema está na casa dos 36 graus. Há dias, compadre, chegou brincando aos quarenta. Quem falava de Pão de Açúcar! É a região pegando fogo, principalmente o Alto Sertão e Sertão do São Francisco. É verdade que deu uma boa trovoada em Santana do Ipanema há dois ou três dias, durante à noite, mas se via que era trovoada de passagem. Cumpriu o seu papel em fazer zoada, amenizar o calor sufocante e partiu vagarosamente. Em Arapiraca o negócio foi medonho, chuva e ventos fortes causando transtornos pela cidade, chegam às notícias. Enquanto isso estamos na expectativa do próximo mês quando a primavera tem vontade de ir embora. E se a primavera que é amena está assim, calcule o verão que se iniciará ainda em dezembro!

Entardecer: monumento ao jegue que sustentou a cidade quando não havia água encanada. (Foto: B. Chagas).

Dezembro é um mês que não costuma alisar em termos de temperatura. Poderá trazer mais trovoadas ainda ou passar em céu azul, o que não seria a primeira vez. Geralmente é mês de muita luta no campo com falta de colheita e plantio. A escassez da água faz a angústia do ruralista ao contemplar os rebanhos sedentos e lambendo a poeiras cinza dos cercados despidos de vegetação. Uma duplicata de textos e textos da literatura nordestina desde quando se escrevia com bico de pena de pato. Mas quem vive quer saber o agora, pagar com moeda nova o sacrifício e o prazer de morar no Sertão.

Você que é da capital, imagine em lugares estremos do Oeste de Alagoas, onde alguns estudiosos consideram essa parte do alto sertão como clima árido, isto é, clima de deserto! Percorremos parte da região onde só encontramos caprinos sob sombra esfarrapada de quixabeira. Bosques de juremas pretas e macambiras, terras escuras com cenários de supostos incêndios florestais. Como faz a diferença, a água gelada conduzida na reserva da mala do automóvel! E nesse tempo de labaredas solares e terras rachadas, até as cascavéis trocam o dia pela noite indo à caçada com seu veneno terrificante. A caatinga aguarda uma nova trovoada para virar o paraíso dos homens e das abelhas.  Amanhã, o 7 e o 5 me esperam Orgulho em ser nordestino!!!

http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2021/11/otempo-nao-espera-ninguem-clerisvaldob.html

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SÓ COMO ARQUIVO PORQUE ACONTECEU NO DIA 02...LANÇAMENTO DE "RAIZES DO CANGAÇO" DE HUMBERTO MESQUITA, HOJE EM FORTALEZA !

Acontece nesta quinta-feira, dia 02 de Dezembro de 2021, as 19h no Restaurante Caravelle, em Fortaleza, o lançamento do mais novo livro do pesquisador e escritor, jornalista Humberto Mesquita. O lançamento acontece seguido de bate-papo com o autor, mediado pelo curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, além de sessão de autógrafos por parte de Mesquita.

https://cariricangaco.blogspot.com/2021/12/lancamento-de-raizes-do-cangaco-de.html

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DONA ZEFA, QUE RESIDE EM ARAÇUAÍ - MG, SOBRE LAMPIÃO

Por Tomás Amaral

https://www.youtube.com/watch?v=cD85i2K0WFw&ab_channel=Tom%C3%A1sAmaral

 Dona Zefa é sergipana, artesã autodidata, e se mudou moça para Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, onde reside até hoje, com seus mais de 90 anos. Neste depoimento, ela compartilha um pouco de suas memórias sobre o tempo do cangaço, Lampião e seu bando, no sertão do Sergipe, em sua infância.

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DONA MARIA GRANDE FALA SOBRE PASSAGEM DE LAMPIÃO EM FLORES

 Por Júnior Campos

https://www.youtube.com/watch?v=BcKfVLaiFGs&ab_channel=J%C3%BAniorCampos

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CANGAÇO - LAMPIÃO ERA BOM E SUA CABROEIRA ERA BOA

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=bIP2whzFhq0&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

Quer ajudar nosso canal? Nossa chave Pix é o e-mail: narotadocangaco@gmail.com Esse vídeo foi gravado há aproximadamente 18 anos. Estávamos juntos eu, João de Sousa Lima, Kydelmir Dantas e Antônio Vilela, entre outros.

Vocês podem notar nesse depoimento, que D. Firmina diz que Lampião era bom, era uma 'cabroeira' boa.

Breve farei um vídeo falando sobre isso. Depoimentos como esse merecem ser debatidos.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com Link desse vídeo: https://youtu.be/bIP2whzFhq0

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PRAZER EM CONHECER: LAMPIÃO ACESO ENTREVISTOU O PESQUISADOR E ESCRITOR ANTONIO VILELA.

Por Kiko Monteiro

Antonio Vilela, Ângelo Osmiro, Vilma Maciel e Kiko Monteiro.

Vilela é de fato O cangaceiro evangélico. Codinome batizado pelo amigo Kydelmir Dantas. Um pesquisador que tomou uma vertente diferente, mais pessoal, optando explorar um capitulo pouco conhecido da saga de Lampião quando esse atuou no agreste pernambucano.

Seu mais novo trabalho apresenta cangaceiros e volantes que até ontem não sabíamos que existiam.

Vilela resume seu abraço no cangaço.

"A SBEC, esta maravilhosa confraria que reúne os melhores pesquisadores do país me acolheu em 2006, porem meu interesse e minhas andanças começaram em 1975 quando iniciava namoro com uma cidadã da terra da resistência, uma potiguar de Mossoró. E durante minhas visitas à Mossoró conheci a cadeia onde foi aprisionado o Jararaca. E aquela história me prendeu também. Começo a buscar a bibliografia e em 1997 inicio de fato minha pesquisa de campo no sentido de investigar e conhecer lugares e personagens. 

Meu maior incentivador a botar no papel o resultado destas andanças e leituras foi meu filho Lincoln. Eu costumo chamar meu primeiro livro de "um acidente de percurso", mas graças a Deus, um acidente que me trouxe e tem trazido muitas alegrias. 

Olha nós aqui desfrutando desse evento magnífico?"

Então apresente suas crias! 

Então, temos aí "O incrível mundo do cangaço vol. 1" lançado em 2006 que já está em sua 4ª edição saindo mais uma fornada este mês. E o lançamento que estou divulgando aqui no Cariri "O incrível mundo do cangaço vol. 2". É diferenciado, pois estou apresentando volantes e cangaceiros desconhecidos. Por exemplo, um que foi citado pelo seu conterrâneo Optato Gueiros em sua obra "Lampeão, memórias de um oficial de volantes" "o Paizinho Baio". Optato o considerou o Lampião do agreste e eu precisava saber quem foi este homem. Paizinho Baio era natural de Brejão de Santa Cruz, distrito de Garanhuns hoje emancipado como Brejão.

Visitando estas cidades por sorte ou ironia do destino eu consegui localizar parentes do Paizinho Baio. Como sabemos não é tarefa fácil são poucas pessoas com capacidade de aceitar e admitir que o parente foi um criminoso... Quer mais coincidência? Descobri que o meu vizinho era neto do Paizinho, me refiro a seu "Nezinho Baio" que me prestou grandes informações sobre ele e sua família. Então graças a este amigo ampliei meu trabalho. Hoje quando colegas de pesquisa ouvem falar sobre este cangaceiro ou sobre os militares Caçula e José Jardim lembram-se de Vilela.

Livro Preferido de outro autor?

Parafraseando Chacrinha eu quero dizer que também vim pra confundir enquanto muitos criticam achincalham o padre Frederico Bezerra Maciel eu o exalto seus livros com admiração. Porque digo isto, se nós analisarmos os seis volumes de seu trabalho "Lampião, seu tempo e seu reinado" vemos a fantástica cronologia, e em especial os detalhes da localização geográfica de cada lugar em mapas o que ninguém havia feito antes. As trajetórias, os combates, até o alimento consumido pelos cabras estão detalhados em sua obra.

Qual é o primeiro título recomendado para um calouro? 

Guerreiros do sol de Frederico Pernambucano de Mello.

Com quantos personagens desta história você teve contato? 

Posso até nomear: Candeeiro, Vinte e Cinco, Aristéia, Durvinha, Moreno e Sila.
Do time dos volantes eu estive pessoalmente com o tenente João Gomes de Lira; Teófilo Pires; Neco de Pautila; sargento Elias Marques; cabo "Grilo" o soldado que enterrou Lampião. Pelo menos os eu me recordo no momento. Coronéis eu não conheci nenhum, já Coiteiros eu estive com vários, mas por questões de ética eu não citarei os nomes. É bom dizer que mantive e mantenho certa amizade com todos.

Qual destes contatos foi, ou foram, os mais difíceis? 

Parece mentira, mas foi com dona Expedita Ferreira Nunes, filha de Lampião que mora na sua capital, encontrei empecilhos, mas acabei conseguindo e afirmo que é uma pessoa atenciosa fina e carinhosa.

Qual o contato que não foi possível e lhe deixou de certo modo frustrado?

Duas decepções. Uma foi com o Pedro de Tercila na ocasião em que fui a Olho D'água do Casado cidade em que ela morava em Alagoas e chegando lá recebo a noticia de que ele tinha falecido há três dias. E a maior delas: Não ter conversado com João Bezerra que viveu os últimos anos de sua vida e faleceu em Garanhuns, minha terra. Isso precisamente no ano de 1970. Eu um rapazola trafegava pelo comercio de minha cidade de vez em quando ouvia as pessoas exclamarem como quem aponta um artista - olha lá, o homem que matou Lampião! - eu olhava pra ele, mas aquilo não me interessava de jeito nenhum hoje penso com remorso poderia ter tirado pelo menos uma foto com o homem.

Com quem gostaria de ter conversado?

Com "a sussuarana" e ex cangaceira Dadá. Tive tal oportunidade sabendo que ela morava em Salvador, mas não criei a situação. Confesso que até pagaria com prazer pra obter uma entrevista com a mesma. Considero que o surgimento de Dadá foi um divisor de águas no cangaço.

Qual é o seu capitulo preferido?

Ah! com certeza e aconselho que nos aprofundemos mais e mais no cangaço no agreste pernambucano. Mais uma palhinha: No agreste vocês vão explorar a fazenda Riacho Fundo na cidade de Águas Belas, um dos coitos mais seguros de Lampião. Poucos foram os pesquisadores que estiveram lá. Inclusive em janeiro passado eu levei o Severo e a sua esposa Danielle pra conhecer as belezas daquele local.

Um cangaceiro (a)? 
Durvinha.

Um volante?

Este que se destaca, Alfredo Cavalcante Albuquerque de Miranda, o tenente Caçula.

Um coadjuvante? 

Tenente José Jardim.

Uma personagem secundária? Parecia ter bom papel mas não passou de figurante.

Apesar de ser meu amigo o Sr Manoel Dantas Loiola ex cangaceiro Candeeiro é um cabra introspectivo, bastante retraído, não satisfez muitas das minhas principais curiosidades, aliás, minhas e de outros que o procuram. Ele esconde algo que talvez leve pro túmulo e no mais porque não fica clara a sua importância e seu relacionamento com o rei do cangaço.

Geralmente todo pesquisador é colecionador qual é o foco de sua coleção?

Igual ao compadre João de Sousa Lima... dou o que não tenho pra conseguir fotografias. Seja da volante, cangaceiros, coronéis e de quaisquer personagens. E possuo arquivos raros já impressos em meu novo trabalho. A começar pela capa de meu livro que quebra um protocolo de se aplicar sempre a estampa de um cangaceiro. Eu optei em ilustrá-la com três fotos de policiais inéditas o Caçula e o Jardim (José Jardim) além da volante do Manoel Neto. Ao lado de Manoel Neto aparece uma figura nuca antes comentada, lutei e consegui identificá-lo, trata-se do "Canfifim" que foi cangaceiro de Lampião depois se alista na volante e passa a ser um dos rastejadores do bravo nazareno. Então minha coleção de fotografias modéstia a parte é vasta e rica.

Parte do seu museu iconográfico.

Entre as peças tem alguma relíquia?

Uma foto de Manoel Heráclito volante à serviço de Manoel Neto. Esta foto me foi cedida pela senhora a qual a foto foi dedicada, Adélia Correia, por acaso sua ex namorada, na ocasião em que eu fui entrevista-la na cidade de Inajá/PE. Dona Adélia foi tesoureira da prefeitura na gestão de Manoel Neto. Ela está inclusa no nosso primeiro livro. Não coleciono acessórios nem tampouco armas. Este tipo de objeto eu aceito e deixo nas boas mãos do confrade João de Sousa Lima que em breve estará com seu museu em Paulo Afonso.

Nós que gostaríamos de ver um filme que retratasse um cangaço autêntico, fiel aos fatos, sem licença poética, erro primário enfim sem exagero da ficção lamentamos a eterna necessidade de se ter finalmente uma produção digna da saga, de preferência um épico ou uma trilogia, enquanto isto não foi possível qual a película mais lhe agradou?

Baile Perfumado. Fiel a biografia de Benjamim Abraão.

Eleja a pérola mais absurda que já leu sobre Lampião?

Lampião: cada um conta uma! Ainda não é exatamente esta, porque já ouvi muita coisa absurda. Mas lembro com certo desdém pelo teor da informação, esta é uma daquelas que você pode ouvir na sua cidade, foi o seguinte: Certa vez eu estava escrevendo o rascunho de meu primeiro trabalho e sai na porta de casa pra respirar e aproxima-se uma senhora que me diz - olha Vilela, Lampião esteve pessoalmente na fazenda do meu avô!!! Eu, naturalmente me interessei pelo fato e perguntei a esta senhora qual a localização desta propriedade e ela diz que era em Quipapá mata sul de Pernambuco, Ora, pelas minhas pesquisas Lampião só vai até uma localidade chamada Mimosinho a 6 km de Garanhuns.

O pior vem agora, a mentira que eu escutei recentemente, mês passado, durante uma exposição fotográfica no festival de inverno de Garanhuns. Um cidadão afirmou categoricamente que Lampião foi até Maceió, pegou um avião e foi assistir a um jogo de futebol no Maracanã.

Maceió ele até foi... Depois de morto, avião acho que nem de longe ele contemplou, e assistir futebol? Maracanã? Um estádio que foi inaugurado em 1950? 

Se algum pesquisador sem critérios ouviu esta mesma conversa já deve ter publicado em algum folheto.

Diante de tantas polêmicas surgidas posteriormente a tragédia em Angico alguma chegou a fazer sentido, levando-o a dar atenção especial ex.: "Ezequiel não morreu e reaparece anos mais tarde", "João Peitudo, filho de Lampião", "O Lampião de Buritis" e "a paternidade de Ananias"?

O enigma do Angico não é nenhum destes. É a morte do soldado Adrião Pedro de Souza. Uma trama ainda a ser desvendada por um de nós pesquisadores. Só darei uma dimensão para analisarmos desde já e todos hão de convir com a inversão de valores, vejamos: 11 bandidos mortos e depois homenageados como heróis com uma grande cruz de ferro por "João Bezerra", entre aspas claro, pela razão de ser ele o responsável pela tropa. E adrião é simplesmente ignorado! O que teria feito Adrião para cair na vala dos esquecidos?.

E Lampião: morreu baleado ou envenenado? 

Veneno!!!

Não precisa detalhar, mas em que assunto ou personagem está trabalhando ou qual gostaria de estudar para a publicação desta pesquisa. Enfim qual a próxima novidade que teremos em nossas estantes?

Estou iniciando mais uma nova e apurada pesquisa sobre Lampião em Pernambuco. Trarei à tona fatos igualmente desconhecidos sobre o Rei do cangaço no meu Estado.

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O SENADOR MARCO MACIEL LENDO AS HISTÓRIAS DE MARIA BONITA

Por João de Sousa Lima

Durante visita do senador Marco Maciel ao Stand da BODEGA, em Petrolina, Pernambuco, o senador aroveitou para conhecer um pouco mais da história do cangaço.

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LAMPIÃO EM PAULO AFONSO: O CANGAÇO DEIXOU MARCAS. UMA CICATRIZ POR VINGANÇA

Por: João de Sousa Lima.

A Rainha do Cangaço, Maria Bonita, acabara de perder seu primeiro filho. A natureza lhe negara naquele instante o direito de perpetuação da espécie humana. As lágrimas da triste mãe encharcaram a cova rasa e solitária do filho que não viu o mundo, enquanto o leite materno, fonte divina da vida, secava na dor da trágica perda. No seu sofrido silêncio desaparecera a ansiedade antes vivida. A sua angústia se apagara durante o resto do dia frustrante e da noite mal dormida.

O consolo virá na serenidade da alvorada. Com o novo amanhecer, renascerão novas esperanças e só as esperanças curam os traumas doloridos do dia a dia.

Durante as próximas noites, sob as tendas dos esconderijos e a luz das inúmeras fogueiras, velhos companheiros e seguidores de lutas alegrarão os corações tristes dos Reis do Cangaço.

O velho e fiel coiteiro, Venceslau, cobriu a criança em um lençol e a enterrou a poucos metros da sua residência, nos fundos da sua propriedade, no povoado Campos Novos. A parteira Aninha regressou ao povoado Nambebé. Lampião e Maria Bonita agradeceram ao fiel coiteiro Lau pelo apoio recebido e com o restante do bando partiram caminhando lentamente, em silêncio, na direção da casa do casal Aristéia e Quinca, no povoado Várzea.

Nas proximidades do Nambebé os cangaceiros ouvem o barulho de um animal de montaria e buscam rapidamente os arbustos e pedras existentes no local e se entrincheiram. Todos apontam suas armas para o lado aonde vinha o som do tropel. Entrincheirados e prontos para o combate Lampião reconhece o cavaleiro que se aproxima. Era mais um dos seus incontáveis coiteiros. O burro pára bruscamente. O homem desce rápido do animal, pois tem pressa em revelar o segredo de sua urgente viagem, mais uma notícia de traição:

- Capitão, pur pouco vocês num fôro atacados. Assim que vocês saíro dos Campos Novos, lá chegou uma força do guverno, cum mais de trinta hômim.  

- Alguém me traiu! Você sabe quem foi que denunciô nosso coito?

- Sei sim; foi Pimba, do Nambebé.

- Ta bom, pode ir.        

Virgolino pagou a informação e por alguns minutos se perdeu nos seus pensamentos, formulando sua defesa contra a volante e sua vingança contra o delator.

O traidor era velho conhecido dos cangaceiros, o verdadeiro nome de Pimba era Francisco Teixeira Lima e era irmão do fiel coiteiro Lixandrão, pai dos cangaceiros Bananeira e Tutu.

Poucos minutos depois, Lampião chega ao Nambebé e cerca a casa de Pimba, os cangaceiros invadem a residência e vasculham todos os cômodos, não encontrando o traidor.

A velha casa de taipas é revirada. A esposa do homem sentenciado a morrer protege os filhos com o escudo do próprio corpo. Dona Maria e os filhos João Preto, Zé de Pimba, Anacota, Jeoventina, Júlia, Elvira e Rita se abraçam enquanto os cangaceiros quebram alguns móveis e pratos.

Naquela ocasião eram duas Marias, frente a frente, ligadas por sentimentos diferentes, lutando por um objetivo comum: a sobrevivência.

A Maria mãe, aflita, pede ajuda a outra Maria, a Rainha do Cangaço. Já se conheciam de outras vezes, em circunstâncias menos violentas. A mãe desesperada implora e pede clemência para aquela que ainda não havia amamentado mais que havia sentido a dor do parto e a infelicidade da perda do filho pela morte traiçoeira.

- Maria, peça a Lampião pra não matar a gente!

- Quem mata vocês é a língua!

Nesse momento chega o irmão de Pimba, o fiel coiteiro Lixandrão.

O velho conhecido cumprimenta Lampião com um aperto de mão e fala:

- O sinhô me cunhece e sabe que eu sô um hômim interado e cumigo num tem falsidade. O que meu irmão fez não tá certo e eu prometo que não acontecerá outra vez. Por isso estou aqui pra lhe pedir que não mate ele e nem a sua família.

- Muito bem, Lixandre, diga aquele safado que erre o meu caminho e tenha cuidado com o que fala.

Lampião sai da casa e se reúne com seus comandados no terreiro.Quando se preparavam para seguir viagem, chega outra Maria, a esposa de Lixandrão e diz a Lampião que um dos cangaceiros invadiu sua residência e tomou seu xale. Lampião não procurou saber quem tinha sido, apenas colocou a mão no bornal, puxou algumas notas e pagou o prejuízo à mulher.

Lixandrão agradeceu por Lampião ter atendido ao seu pedido de não matar o irmão Pimba e desejou boa sorte aos cangaceiros. Lampião ainda movido pela ira, mal respondeu e começou a seguir seu itinerário.

Quando os últimos telhados das casas do Nambebé desapareceram no emaranhado dos galhos secos, eis que surge na frente dos cangaceiros a presa tão procurada: Pimba.

O angustiado sertanejo é envolvido em um cordão humano. Lampião fala:

- Caba safado, anda dando difinição de cangaceiro pras volantes!

O homem esmorece, sente a indesejável morte aproximando-se e ajoelha-se chorando, pedindo por tudo quanto é santo para que não o matassem.

- A sua sorte, caba sem vergonha, é que hômim de minha qualidade tem palavra e eu prometi num lhe matar, mais vou dexá uma lembrança minha, pra que você nunca mi esqueça. Da próxima  veiz que você mi denunciá num tem disculpa, você mim paga com sua vida.

Enquanto o aflito sentenciado era seguro por Luís Pedro, Lampião puxa um canivete de um dos bolsos e se aproxima do trêmulo catingueiro. Pimba chora e clama por todos os santos. O Rei do Cangaço, impiedosamente, abre uma ferida em forma de cruz na testa do moribundo sertanejo, deixando uma eterna cicatriz como pagamento pelo vacilo de sua denúncia e traição. O grito de Pimba é abafado por mãos fortes e firmes. O sangue escorre por sobre o nariz e a boca, ensopando a gola da camisa. Os cangaceiros soltam a vítima quase desfalecida, muito mais pelo medo que pela dor. O grupo pega uma das veredas que dava acesso a mataria fechada e some rapidamente. Pimba, ainda de joelhos, puxa um lenço do bolso, cobre o ferimento, levanta-se e, apressadamente, segue para sua casa.

O preço cobrado pela traição de Pimba saiu de bom tamanho, em outras circunstâncias, para preservar a vida dos cangaceiros, o traidor não teria sido poupado.

Durante muitos anos Pimba teve que usar chapéu de couro com uma lapela cobrindo a permanente tatuagem. Uma cruz por lembrança, uma eterna marca por castigo.  

OBS: para conhecer mais sobre a passagem de Lampião na região de Paulo Afonso, em agosto, lançamento da segunda edição, não percam, adquiram, divulguem!!!!

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GATO, O MAIS CRUEL CANGACEIRO

 Por João de Sousa Lima

Obs: na foto: Antonia, primeira esposa de Gato.

Santílio Barros era o verdadeiro nome do cangaceiro Gato e não se tem na história do cangaço, outro homem que tenha sido tão sanguinário, perverso e frio como foi este cangaceiro. Era filho de Ana ( Aninha Bola) e Fabiano, um dos sobreviventes da guerra de Canudos, seguidor do reverenciado beato Antonio Conselhereiro. Era índio da tribo Pankararé.

Além de Gato, duas irmãs sua foram pro bando: Julinha, amante de Mané Revoltoso e Rosalina Maria da Conceição, companheira de Francisco do Nascimento, o cangaceiro Mourão.

Mourão mesmo sendo cunhado e primo de Gato, acabou sendo morto por ele, depois que Mourão e Mormaço acabaram uma festa, acontecida no Brejo do Burgo, onde deram alguns tiros colocando a população em pavorosa fuga, Gato sendo cobrado por Lampião que pediu providências por ser o pessoal de sua família, perseguiu e matou os dois companheiros enquanto eles pegavam água em um barreiro, em um dos coitos no Raso da Catarina.  Mourão deixou Rosalina grávida e desta gravidez, nasceu Hercílio Ribeiro do Nascimento, ainda vivo e residindo no Brejo do Burgo.

Gato por pouco não matou sua própria mãe por esta ter feito comentários sobre as constantes passagens dos cangaceiros por sua casa. Gato foi até a casa da mãe com a finalidade de corta sua língua, quando foi dissuadido por alguns familiares do macabro intento, mostrando pra mãe dois facões e dizendo: Este aqui é o cala boca corno e este é o bateu cagou!  

Gato ainda matou sete pessoas de sua família, em represália a um sumiço de bodes e cabras que estava acontecendo e sendo creditado a Lampião. O cangaceiro perseguiu os envolvidos e encontrando em uma casa de farinha, Calixto Rufino Barbosa e Brás, ceifando a vida dos dois e seguindo até a casa de Valério, na fazenda Cerquinha, onde assassinou Luiz Major e os dois filhos Silvino e Antônio e o sobrinho Inocêncio. Um duro castigo para um pago sem provas.

Gato foi casado com Antônia Pereira da Silva (foto acima, ainda viva, com 104 anos), também índia Pankararé como seu marido. O casamento aconteceu “Nas Caraíbas”, fazenda de Sinhá, no Brejo do Burgo. Gato carregou a outra prima Inacinha e na justificativa de permanecer com as duas primas, teve seu projeto descartado por Antônia, espancando-a. Antônia contou a Lampião o acontecido e no outro dia, fugiu pra casa de um tio que morava na beira do Rio São Francisco, onde ficou por muito tempo escondida.

Gato encontrou a morte depois do ataque a cidade de Piranhas, em Alagoas. Fato acontecido depois da prisão de sua amada Inacinha, realizada pelo tenente João Bezerra. Inacinha estava grávida e neste combate saiu ferida. O tiro entrando nas nádegas e saindo no abdômen. Por muita sorte a criança não foi ferida. Gato pede ajuda a Corisco e este organiza o ataque a cidade Alagoana. No trajeto, Gato sai disseminando a morte. A data se tornaria, para algumas famílias, uma lembrança dolorosa. Era 29 de outubro de 1936. Dentre os mortos feitos por Gato, estavam Abílio, Messias, Manuel Lelinho e Antônio Tirana. Sendo refém de Gato, o jovem João Seixas Brito, que seria sangrado alguns minutos depois, quando jurou que não havia policiais na cidade e ao romper o som dos primeiros disparos, ocasionados pe los poucos moradores que se negaram a fugir, abandonando a cidade, o rapazinho de 15 anos de idade foi barbaramente assassinado. 

Assim que os cangaceiros entraram na cidade, o delegado Cipriano Pereira e mais oito soldados fugiram deixando os moradores desguarnecidos. Os populares tiveram que suprir a falta dos “Homens da Lei”. Formaram-se poucos grupos de resistência e entre alguns dos habitantes que lutaram estava Cira Brito, esposa do tenente João Bezerra. No cemitério estava Joãozinho Carão e mais alguns companheiros e em um dos sobrados, estavam Chiquinho Rodrigues e Joãozinho Marcelino.

Chiquinho Rodrigues portava um rifle cruzeta e tinha um estoque de 260 cartuchos, dos quais deflagrou 170. Existe uma polêmica em razão do tiro que atingiu o cangaceiro Gato. Uns dizem que o autor do foi Chiquinho Rodrigues, outros creditam o certeiro disparo, a Joãozinho Carão. A verdade é que gato saiu baleado e morreu três dias depois do confronto, acabando-se assim um dos mais cruéis homens que engrossaram as fileiras do cangaço.

João de Sousa Lima

Membro da SBEC, 

Conselheiro Cariri Cangaço

Postado em primeira mão por CARIRI CANGAÇO (Manoel Serevo)

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