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quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

CALIXTO JÚNIOR E O CORONEL ISAÍAS ARRUDA

Por: Odisseia Cangaço

Fonte: YouTube

A partir do Programa Odisseia Cangaço do confrade Thiago Menezes a lúcida e espetacular entrevista com o grande pesquisador e escritor caririense, João Tavares Calixto Junior com Isaías Arruda...

Vem aí
Cariri Cangaço 10 Anos...

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AS HAVAIANAS DE ALCINO

Por Rangel Alves da Costa
Manoel Severo, Rangel Alves da Costa e as "Havaianas de Alcino" no
 Memorial Alcino Alves Costa em Poço Redondo, Sergipe

Alcino era um apaixonado pelo sertão, pelas histórias cangaceiras, pela música caipira, pela dupla Tonico e Tinoco, pela saga sertaneja e suas múltiplas feições, mas também por alpercatas havaianas. Sandália, chinelo, alpercata, ou qualquer outra denominação que se deseje dar, a verdade é que Alcino não tirava uma dos pés.
Seu costume e apego pelas havaianas era tamanho que não tirava elas dos pés por motivo algum, abrindo exceções somente quando, na condição de prefeito municipal, recebia autoridades políticas e governamentais em eventos oficiais ou se dirigia até o palácio do governo para tratar de assuntos referentes ao município. Ainda assim num desconforto danado.

O desconforto com os sapatos era visível. Alcino só faltava mesmo levar chinelo nos bolsos e calçá-los assim que saísse dos gabinetes. Andava troncho, pisando desconforme, à moda daqueles que usam sapatos apertados demais. E certamente, mesmo que folgados ou ajustados aos pés, tornavam-se apertados demais. Seus pés estavam acostumados mesmo com a liberdade.

Professor Pereira, Manoel Severo e Alcino Alves Costa

Muitas vezes, na capital sergipana e após o uso de sapatos em reuniões oficiais, chegava da rua e ultrapassava o portão em verdadeira correria. Nada de estar apertado e precisar ir ao banheiro, nada de outra motivação para aquela pressa toda, pois simplesmente sua vontade de se desafazer daquele couro e daquelas meias e calçar suas havaianas. Depois, confortado, chegava a sorrir sentindo seus pés em liberdade.

As havaianas eram, assim, sua companheira inseparável, desde o levantar ao deitar. Fazia seu uso em quase todas as situações. Bastava se imaginar calçando sapatos e já fazia cara feia, como se já estivesse sentindo seus pés doloridos e aprisionados. Era um prefeito de havaianas, um líder político de havaianas, um eterno caminhante de havaianas.

Alcino gostava de usar calça social, mas não camisa social. Mesmo de calça assim, nos pés sempre as havaianas. Acaso alguém avistasse ao longe uma pessoa de calça social, camisa fechada (geralmente listrada), cantarolando baixinho a cada passo, e de havaianas, podia saber que se tratava de Alcino.Certamente que havia motivações para que Alcino gostasse tanto de havaianas. E tudo pode ser explicado pelo próprio amor ao sertão. Seus pés ficavam mais rentes a terra que tanto amava, seus passos ficavam mais seguros por onde fosse, a leveza no passo permitia que caminhasse muito, que incessantemente seguisse. E ter os pés sujos da poeira sertaneja significava também ter sobre si a essência daquele seu mundo.

Alcino Alves Costa em entrevista a TV Diário no Cariri Cangaço 2009

A liberdade proporcionada pelas havaianas era a liberdade que Alcino tanto procurava em cada passo da vida. Talvez nem sentisse a borracha sob a pele. Talvez simplesmente sentisse a própria terra abaixo dos pés. E neste sentido dissesse a si mesmo que caminhava descalço e que o chão sertanejo fazia parte de sua própria pele.

Tão apaixonado era pelas havaianas que sequer se importava se já estivessem totalmente desgastadas e necessitando de outras. Enquanto filho, já o vi pedindo para que colocassem alguma presilha abaixo da correia que havia quebrado. Em instantes assim, logo outra era providenciada. E com as havaianas seguia até que alguém percebesse - nunca ele - que já estava imprestável ao uso.

O Memorial Alcino Alves Costa ainda guarda um exemplar dessa paixão de Alcino. Visitantes chegam e perguntam por que aquelas chinelas ali. A resposta é sempre a de que ele gostava de usar havaianas. Mas a resposta certa é outra: “Ali a simplicidade de um homem e o seu passo quase descalço pela sua amada terra sertão!”.

Rangel Alves da Costa, Escritor
Conselheiro do Cariri Cangaço - Poço Redondo,SE

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VILA NOVA DE POMBAL: O INICIO DA OCUPAÇÃO PORTUGUESA

 Por José Tavares de Araujo Neto

DE ARRAIAL DO PIANCÓ À VILA NOVA DE POMBAL: O INÍCIO DA OCUPAÇÃO PORTUGUESA E A DESTERRITORIALIZAÇÃO 
DAS ÁREAS INDÍGENAS (1698-1772)
A Coroa Portuguesa enfrentava uma grande crise econômica, causada principalmente pelos holandeses, que após serem expulsos do Brasil iniciaram uma forte concorrência na produção de açúcar. No século XVII, a produção de açúcar, realizada principalmente no litoral do Nordeste, era a principal atividade econômica do Brasil Colonial, consequentemente, importante fonte de receita para o reino português. Visando enfrentar a concorrência dos holandeses, a Coroa Portuguesa determinou que a faixa litorânea fosse destinada exclusivamente à plantação de cana-de-açúcar, forçando os criadores de gado a se deslocaram para o inexplorado e hostil interior. Em 27 de julho de 1698, Teodósio de Oliveira Ledo, Capitão-mor das Cercanias do Piranhas, Piancó e Cariris, chega ao lugar denominada Piancó, e depois de provocar um massacre na aldeia dos índios da tribo Pegas, dar início a colonização portuguesa do lugar, que foi denominado Arraial de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Piancó.
Em julho de 1709, temos o registro do primeiro sinal de resistência dos nativos, através de uma carta do Capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo ao Governador da Capitania de Pernambuco. Na missiva, o Capitão-mor informava que nos sertões do Piancó havia duas tribos da nação de Tapuia, chamados Pega e Corema, que inquietavam os moradores, e que os Pegas possuíam “cabo e mais de mil e tantos arcos”, o que dificultava a colonização e instalação de novos currais. Neste mesmo ano, o Rei de Portugal escreve ao governador da Capitania de Paraíba, determinando que mandasse o capitão-mor dos Sertões Teodósio de Oliveira Ledo, juntamente com os índios que tinha feito cativos, reprimir os índios hostis, que estavam provocando prejuízos na ribeira.
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 Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no município de Pombal/PB, foi construída entre os anos de 1721 e 1723
A organização político-administrava do Arraial do Piancó tem início a partir de 1711, quando da sua elevação à categoria de Freguesia. A partir de então, a Freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Piancó passa a ser governada por uma junta, dispondo de juiz ordinário, auxiliado por um escrivão/tabelião, ao tempo em que torna-se o centro da administração de toda a região, cujo domínio territorial se estendia desde o sertão do Cariri-Velho até a vila do Icó e sertão do Jaguaribe, na capitania do Ceará; aos limites do sertão do Pajeú, na de Pernambuco; até Jucurutu, na capitania do Rio Grande do Norte, abrangendo os sertões das ribeiras dos rios Piancó, Piranhas, do Peixe, Apodi, Seridó e Espinhara. Em 1721, é criado o Curato de Nossa Senhora do Bom Sucesso, com sede no Arraial do Piancó, ocasião em que e criado a criada Irmandade de Nossa Senhora do Bom Sucesso., que se incumbirá da Construção da Igreja Matriz. Em 04 de fevereiro do mesmo ano, o capitão-mor José Diniz Maciel assina o contrato destinado a Construção da Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, cuja obra é concluída em 1724.
Em 21 de setembro de 1725, o Governador da Capitania da Paraíba do Norte, João de Abreu Castelo Branco, por ordem do Rei de Portugal, D. João V, divide as Cercanias do Piranhas, do Piancó e dos Cariris em duas jurisdições. O Capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo fica responsável apenas pelas Cercanias do dos Cariris, enquanto que o Sargento-mor João de Miranda é promovido ao cargo de Capitão-mor das Cercanias do Piranhas e Piancó. O Capitão-mor João de Miranda, pessoa de extrema confiança da Casa da Torre dos D’Ávilas, havia participado como alferes da expedição comandada pelo Capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo em 27 de julho de 1698. A gestão do Capitão-mor João de Miranda, que se estendeu-se de 1725 até 1733, foi marcada por uma intensa onda de conflitos com os nativos. Alegando que as aldeias dos Pegas, Panatis, Icós e Coremas estavam mal situadas entre fazendas de gado, em 1730 ele propôs ao Bispo de Pernambuco, Frei José Fialho, as transferências para locais onde estas populações indígenas pudessem ser melhor assistidas e doutrinadas ao serviço de Deus.
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Tapuias
Os índios das tribos Pegas, Coremas, Panatis e Icozinhos foram os primeiros a sofrerem o impacto direto do processo de desterritorialização, principalmente por suas aldeias estarem situadas mais próximas à Freguesia do Piancó, em locais com disponibilidade de água, terras férteis, propícias para implantação de novos currais. Após, o fatídico ataque ocorrido em 1698, os Pegas sobreviventes haviam se aldeado na ribeira do Piranhas, mais ao norte da região de onde foram enxotados; a aldeia dos Panatis se localizava ao sul, no lugar denominado Casa Forte, nas margens do Piancó, apenas meia légua da povoação, nome até hoje conservado; os Coremas também estavam estabelecidos nas margens do Piancó, no lugar denominado Boqueirão, onde hoje estar localizado o açude de Coremas; a aldeia dos Icós ficava nas margens do Rio do Peixe, entre terras de propriedade do poderoso Capitão-mor Jose Gomes de Sá, onde hoje estão localizados os municípios paraibanos de Sousa e Aparecida.
Em 1733, João de Miranda é sucedido pelo Capitão-mor Jose Gomes de Sá, abastado criador de gado, residente na Fazenda de Acauã, situada às margens do Rio do Peixe. Foi ele o construtor da Igreja e Casa da Grande, importante conjunto arquitetônico no estilo barroco, localizado no hoje município de Aparecida, considerado Patrimônio Arquitetônico e histórico do Estado da Paraíba. Juntamente com o Padre Bento Freire, ele é um dos fundadores do Povoado de Nossa Senhora dos Remédios do Jardim do Rio do Peixe, que mais tarde veio se transformar na cidade de Sousa/PB. Assim como seu antecessor, o Capitão-mor João de Miranda também empreendeu fortes pressões sobre os indígenas, pode-se afirmar, até com maior rigidez. A luta pela desapropriação das terras indígenas foi objetivo comum entre os dois mandatários, muito embora com motivações aparentemente diferentes. Enquanto João de Miranda, militar de carreira, buscava atender a satisfação da Coroa Portuguesa, José Gomes de Sá, igualmente português, buscava a tomada das terras indígenas em benefício próprio, com vistas a expansão das suas ambições pecuaristas.
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Este belo conjunto arquitetônico no estilo barroco encontra-se na Fazenda Acauã, município de Aparecida/PB. Foi construído pelo Capitão-mor José Gomes de Sousa, então proprietário e morador da Fazenda. 
Findado o seu triênio, em 1733, José Gomes de Sá repassou o cargo para o Capitão-mor Manoel Rabello de Figueiredo até 1740. Morador do Sítio São Pedro, na ribeira do Piancó, em 1738, ele reconheceu o direto de alforria dos escravos Bento Manoel e Pedro, em cumprimento ao que ordenou o falecido Bento Barreiro havia lavrado em seu testamento. Em 1740, foi o próprio Capitão-mor que alforriou a mulatinha Joana, filha de sua escrava Tereza, o que suscitou rumores de que o ele seria o pai da criança.
Diante dos constantes conflitos com os colonizadores, a situação dos Pegas descaminho para o insuportável, ao ponto de recorrerem à Coroa Portuguesa, em busca de um lugar onde pudessem viver em lugar tranquilos, criar seus animais e cultivar suas lavoras, longe da convivência com os brancos. Finalmente, em 1738 lhes foi concedida uma data de Sesmaria na Serra do Quixacó, hoje denominada Serra João do Vale, localizada entre as regiões de Catolé do Rocha/PB e Oeste Potiguar. Foi a terceira concessão de sesmaria a indígenas ocorrida na Capitania da Paraíba, precedido por doações aos Cariris, em 1714, e aos Xucurus, em 1718;
Não foi possível que se inicia em 1740, quando termina o mandato do Capitão-mor Manoel Rabello de Figueiredo que vai até 1746, quando, por infelicidades de todas as tribos, Jose Gomes de Sá retorna ao cargo de Capitão-mor, permanecendo até 1757.
O Capitão-mor Jose Gomes de Sousa mandou prender os índios da tribo Panati, que, em fileiras e amarrados pelo pescoço, foram conduzido até a igreja matriz, onde foram submetidos a humilhações, fome e sede. Depois foram levados a propriedade do Capitão-mor, onde realizaram serviços pesados, sem nenhum tipo de pagamento. O chefe da tribo denunciou ao Governador da Capitania de Pernambuco, a qual a Paraíba era subordinada, que um grupo de colonos, liderados pelo Capitão-mor José Gomes de Sá, estavam disseminando calúnias contra os indígenas, acusando-os de roubo de gado, com o propósito de expulsá-los do lugar e se apossar de suas terras. O Governador de Pernambuco ordenou que os Panatis permanecessem em suas terras. Em razão disso, os moradores planejaram uma vingança contra o líder, que em visita a povoação, foi provocado, depois agredido pelo por um homem de nome Teodósio Alves, que após aplicar-lhe “muitas bofetadas e pancadas”, mandou prendê-lo. Sem atendimento, o líder veio a falecer dentro da cadeia. Entretanto, laudo pericial, emitido pelas autoridades locais, indicou suicídio como o motivo do óbito. Dois anos depois da morte do líder Panati, que aconteceu em 1753, o índio Antônio Dias Cuió, da mesma tribo, foi barbaramente assassinado a tiros, sem motivos aparentes, mesmo assim, o juiz mandou soltar os acusados. Por determinação do Conselho Ultramarino, o ouvidor-geral Domingos Monteiro da Rocha instaurou processo no qual, três anos depois, foram responsabilizados o tenente Antônio da Silva, pela morte líder dos índios Panatis, e o morador Manoel Alves, pelo assassinato do índio Antônio Dias.
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Rodrigo Honorato, Manoel Severo, José Tavares e Ivanildo Silveira 
em dia de Cariri Cangaço
Em 1757, Francisco de Oliveira Ledo, filho do Capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo, que havia sucedido seu pai no Cargo de Capitão-mor das Cercanias dos Cariris, chega a Freguesia do Piancó, para comandar as Cercanias de Piranhas e Piancó, um território que há muito precisava de um desbravador experiente, por ser maior, menos explorados e considerado mais hostil. O novo Capitão-mor buscou uma relação amistosa com os nativos, principalmente com os Pegas, que tinham como missionário o Padre Antonio Saraiva da Silva, velho amigo da família. Em 1740, os Paiacus haviam expulsado os Pegas da Serra Quixacó, agora sua aldeia encontrava-se instalada na Serra Sepilhada, vizinha as terras do Padre Antonio Saraiva.
Como grande desbravador que o era, o Capitão-mor Francisco de Oliveira Ledo se destacou na luta em defesa preservação das fronteiras da a área de domínio. Em 1756, por questões fundiárias na chapada do Apodi, entrou em conflito com João Bezerra do Vale, influente sesmeiro muito ligado aos Governadores das Capitanias da Paraíba e Rio Grande do Norte. O capitão-mor do Piancó comando uma expedição à área conflituoso, reforçada pelas milícias dos seus primos Capitão Francisco da Rocha Oliveira e o Capitão Manoel da Cruz Oliveira, proprietários das datas de fazendas Catolé e Brejo, que mais tarde deram origem as cidades paraibanas de Catolé do Rocha e Brejo do Cruz. Esta pendenga foi o estopim de um litígio territorial entre a Paraíba e o Rio Grande Norte que se prolongou até 1835.
O Capitão-mor Francisco de Oliveira Ledo exerceu o cargo até 1770, quando é afastado pelo ouvidor, provavelmente pior cometer alguma falha. Neste mesmo ano, o capitão-mor, Francisco de Oliveira Ledo, fora afastado pelo ouvidor por ter cometido algum tipo de crime. O capitão-mor do Rio do Peixe João Dantas Rothea reclama ao Governador de Pernambuco que quem dever assumir o posto é o capitão Antônio Gonçalves Reis Lisboa e não o coronel da cavalaria, embora este tenha maior patente, pois o capitão não é subalterno a oficial nenhum, já que pertence ao regime do povo.
Em 4 de maio de 1772, por determinação da Coroa Portuguesa, a Freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Piancó e elevada a condição de vila, recebendo o nome de Vila Nova de Pombal. Francisco de Arruda Câmara, morador da Fazenda Várzea da Tapuia, localizada na Serra de Patu, deste termo, é escolhido o Capitão-mor para a Administrar a vila e toda suas cercanias, dando início a uma nova fase da história da organização político-administrava do lugar.

Jose Tavares de Araújo Neto
Pesquisador, Pombal - PB


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FLORESTA, CALÇAMENTO E POESIA

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.036

 Há muitos e muitos anos, foram construídos três conjuntos residenciais no Bairro Floresta, em Santana do Ipanema. Na época, muitas críticas sobre o tamanho das casas, classificadas pela população como “casas de pombo”. Hoje, várias e várias gestões depois, fala-se definitivamente em pavimentação daqueles três conjuntos à base de paralelepípedos. O local é bastante acidentado e tem sofrido através de todo esse tempo, o abandono, a pobreza, a insalubridade. Laboratório social aberto a quem procura elaborar teses. O conjunto Santa Quitéria tem seu nome implantado na fé. O conjunto Cajarana, porque ainda possui a árvore simbólica que lhe deu origem. E o conjunto Marinho por ter recebido doações de terras ou não, do antigo latifundiário e comerciante Marinho Rodrigues.  

BAIRRO CLIMA BOM. (FOTO: JEAN SOUZA/SERTÃO NA HORA).

     Quantas e quantas vezes apontei aos meus alunos e a sociedade o descaso com a região. Terrenos acidentados, poeira no verão, lama no inverno, chuvas torrenciais provocando voçorocas nas ruas e a pobreza reinando nas casas de pombo. Essa decisão da prefeitura em calçá-los já devia ter acontecido há décadas. Mesmo assim, com um atraso de cerca de trinta anos, o calçamento é bem vindo, no estilo arcaico de pedras retangulares. Anunciado também o mesmo sistema para o Bairro Clima Bom. Este é bem localizado, terreno enxuto, quase plano e bem ventilado como diz seu nome. Lugar físico bem agradável, mas como os citados acima com uma pobreza de fazer dó. Apesar de ser o seu dever, o prefeito faz até uma caridade, cujos benefícios irão refletir na saúde, na economia e na autoestima dos seus habitantes que ainda precisarão muito da área social, como oportunidades de emprego, por exemplo.
     O calçamento em paralelepípedos e não em asfalto faz jus aos dizeres: “É melhor do que nada”. “Para se amparar da chuva, qualquer barraco serve”. Foi assim que alguém disse para o exímio poeta da boca suja, Chico Nunes de Palmeira dos Índios. Reclamando de um sofrível tira-gosto, tentou consolá-lo um amigo, dizendo: “Tem nada não, Chico, qualquer roupa veste um nu”. O poeta repentista virou-se e disse:

“Menos gravata e colete
Porque não cobre o cac...
Nem a regada do c...”.

     Sim, é um manifesto de satisfação atrasadíssima para os habitantes daquelas locadidades, mas pelo menos os parabéns são atualizados. Fazer o quê. “Águas passadas não movem moinhos”.
  

CORISCO: O SONHO E O PESADELO

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.035

     As sortidas de Lampião e seus cabras em Alagoas, sempre trouxeram malefícios para o Sertão e parte do Agreste. Mas Corisco também era cria do Alto Sertão Alagoano, precisamente da serra da Jurema, região de Água Branca. Nas suas nefastas andanças, o bandido, volta e meia, penetrava no estado através da região serrana oeste. Não eram raras as notícias sobre o cabra pelos sítios e fazendas de Água Branca, Mata Grande, Pariconha... Onde a exuberância da caatinga se fazia representar pela altitude. Assim, vamos encontrar o cangaceiro e seu grupo em 1936, em uma dessas sortidas por ali. 1936 foi o ano em que o cangaço se refugiava mais e atacava menos, mas faltavam ainda dois anos para o fim dos desmandos da caterva. Veja o texto abaixo.


X
      Em 1936, reuniram-se alguns companheiros de caçada, em Mata Grande e partiram para a fazenda Jaburu. Estavam o telegrafista Antenor Nunes de Oliveira, o fiscal de rendas Euclides Ferreira, José Dominguinhos e Francisco Basílio, proprietário da fazenda. Antenor que tivera um sonho com seu pai, com algumas advertências e não queria ir. Os outros o convenceram e partiram para a caçada. Logo cedinho, na passagem de um riacho, deparou-se com Corisco e nove homens. Foram presos e interrogados, mas logo caíram na farra com bandidos na casa da fazenda. Os da cidade entraram com a cachaça, Corisco com bode assado e uma farra danada até à tardezinha. Corisco pediu que eles arranjassem uma bíblia, mas que não fossem dos “bodes”. Antenor perguntou se a pistola que Dadá estava com ela era para matar mosquito. A mulher respondeu dizendo que ele pegasse na abertura de Corisco que ela mostraria para que servia a pistola. “Deus me livre!”. Disse ele com medo.
     No dia seguinte chegou por ali na pista dos bandidos, o sargento Manoel Valentim Gomes. Colocou cabeleira postiça em dois soldados e, ambos se passando por cangaceiros desgarrados interrogaram o homem. O dono da casa contou tudo com detalhes. O dono da casa foi levado à presença de Valentim.
     Os homens da cidade sofreram intensa perseguição. Os outros foram presos e os dois funcionários públicos quase foram mortos pela polícia e por muitos pedidos de pessoas influentes escaparam no pau do canto.
Extraído do livro:
CHAGAS, Clerisvaldo B. & FAUSTO, Marcello.Lampião em Alagoas. Maceió, Grafmarques, 2012. Págs. 130-131.


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AS CRAIBEIRAS FLORIDAS E O TEMPO DO ESQUECIMENTO

*Rangel Alves da Costa

Num tempo onde as fala tanto em metáforas (e a maioria sem saber se é bico ou figura de linguagem), eis aqui uma metáfora sobre o esquecimento.
Ou melhor, sobre o que nos torna mais felizes e contentes pela presença, pela vivência, e, por isso mesmo, sentimos tanto a necessidade de que exista sempre naquele lugar e naquela aparência.
Como paisagem de fundo utilizo a floração das craibeiras já depois dos setembros sertanejos. Neste período elas começam a gestar sua floração.
Mas poderia citar também as antigas construções, os exemplares arquitetônicos do passado, marcos históricos e locais que nos encantam e comovem a qualquer reencontro.
Pois bem, as craibeiras florescem em meio a paisagens secas, feias, esturricadas. O viajante dos desalentos sertanejos, seguindo pelas tristonhas estradas, de repente, ainda ao longe, começa a avistar algo verdadeiramente encantador.
Espantado, surpreso demais, nem chega a acreditar. Mas logo estará diante de uma craibeira florida, de flores amareladas, de fino dourado, como se com sua beleza quisesse tornar de menor importância toda a sequidão ao redor.
E consegue. A craibeira florida é como uma santidade bela, grandiosa, imponente, num pedestal sem fé. Não há como deixar de ficar maravilhado perante a grandeza e suntuosidade de sua floração.
Geralmente a pessoa para, procura refletir um pouco sobre aquela beleza, mas nem sempre aprofunda sua meditação. Eis que, acaso refletisse com mais profundidade, certamente sentiria ali - não só na copa adornada de floração como no tapete amarelado que estende abaixo - a necessidade de permanência de coisas belas em nossas vidas.


Depois de conhecer a transformação espiritual que apenas uma craibeira florida pode provocar na vida, certamente que a pessoa passará a dar mais importância às presenças e ausências das coisas que tanto gosta ou tanto ama.
Sim, a floração de cada ano tem tempo certo de existência. Surge, encanta, e vai embora, morre, some. Assim também com a bela flor do mandacaru que brota ao entardecer e ao amanhecer já estará definhando.
Assim também com a vida, de curta caminhada e passagem, num tempo desconhecido e pouco aproveitado. Perante a craibeira, a voz interior diz: Que coisa maravilhosa!
Entristecerá tempo depois ao já não encontrá-la mais em floração, mas apenas como uma árvore qualquer de beira de estrada.
Também os olhos ficam maravilhados perante as construções antigas e os casarios coloniais. E depois se perguntam o porquê de não existirem mais.
A craibeira não pode ser preservada pelo homem para que floresça todos os dias do ano, pois possui ciclo próprio de existência. Mas com outras belezas pode ser diferente.
Basta que o homem conserve, cuide, preserve, que por muitos anos, e mais além, sempre terá diante seu olhar. Com a vida também.
A vida deveria ser vista como uma craibeira florida de uma só estação. E por que não vivenciá-la em sua plenitude e grandeza a cada instante da existência?

Escritor
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“LAMPIÃO NA PARAÍBA – NOTAS PARA A HISTÓRIA” É A MAIS NOVA E IMPECÁVEL CONTRIBUIÇÃO DE SÉRGIO DANTAS


O livro ‘Lampião na Paraíba – Notas para a História’ não foi concebido com a intenção de se tornar uma obra revolucionária. O objetivo do autor foi apenas elaborar um registro perene e confiável sobre a atuação do célebre cangaceiro em terras paraibanas. Com 363 páginas e cerca de 90 fotografias de personagens envolvidas na trama - e lugares onde os episódios ocorreram -, o trabalho certamente será de grande utilidade aos estudiosos de hoje e de amanhã.

Dividido em 19 capítulos, com amplas referências e notas explicativas, tenta-se recontar, entre outros, os seguintes episódios:

“A invasão a Jericó; fazendas Dois Riachos e Curralinho; o fogo da fazenda Tabuleiro; os primeiros ferimentos sofridos por Lampião; as lutas com Clementino Furtado, o ‘Quelé’; combate em Lagoa do Vieira; Sousa: histórico do assalto e breve discussão sobre as possíveis razões políticas para a invasão da cidade; a expulsão dos cangaceiros do município de Princesa; combates em Pau Ferrado, Areias de Pelo Sinal, Cachoeira de Minas e Tataíra; o cangaceiro Meia Noite; Os ataques às fazendas do coronel José Pereira Lima; morte de Luiz Leão e seus comparsas em Piancó; confronto em Serrote Preto; Suassuna e Costa Rego; a criação do segundo batalhão de polícia; Tenório e a morte de Levino Ferreira; ataque a Santa Inês; combates nos sítios Gavião e São Bento; chacina nos sítios Caboré e Alagoa do Serrote; Lagoa do Cruz; assassinatos de João Cirino Nunes e Aristides Ramalho; Mortes no sítio Cipó; fuga de paraibanos da fronteira para o Ceará; confronto em Barreiros; invasão ao povoado Monte Horebe; combates em Conceição; sequestro do coronel Zuza Lacerda; o assalto de Sabino a Triunfo(PE) e Cajazeiras (PB); mortes dos soldados contratados Raimundo e Chiquito em Princesa; Luiz do Triângulo; ataques a Belém do Rio do Peixe e Barra do Juá; Pilões, Canto do Feijão e os assassinatos de Raimundo Luiz e Eliziário; sítios Vaquejador e Caiçara; Quelé e João Costa no Rio Grande do Norte; combates com a polícia da Paraíba em solo cearense; o caso Chico Pereira sob uma nova ótica; Virgínio Fortunato na Paraíba: São Sebastião do Umbuzeiro e sítios Balança, Angico e Riacho Fundo; sítio Rejeitado: as nuances sobre a morte do cangaceiro Virgínio”.

A obra certamente não abrangerá o relato de todas as façanhas protagonizadas pelo célebre cangaceiro no estado da Paraíba. Muito se perdeu com o passar dos anos. Os historiadores de ontem, em sua maioria, não tiveram grande interesse em dissecar os episódios por ele protagonizados no território do estado.
A presente obra busca resgatar o que não se dissipou totalmente na bruma do tempo.

LAMPIÃO NA PARAÍBA – NOTAS PARA A HISTÓRIA, Polyprint, 2018, 363 pgs. Disponível em outubro de 2018.

 Aguardemos!

Sobre o autor: Sérgio Augusto de Souza Dantas é magistrado em Natal. Publicou os livros Lampião e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada (2005)Antônio Silvino – O Cangaceiro, O Homem, O Mito (2006)Lampião Entre a Espada e a Lei (2008) e Corisco – A Sombra de Lampião (2015).

Adquira-o com Francisco Pereira Lima através deste e-mail:

franpelima@bol.com.br


http://lampiaoaceso.blogspot.com/2018/09/um-estado-e-seus-capitulos-totalmente.html

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ESPERANÇA BRASILEIRA: OS “BICUDOS” VOLTAM A CANTAR LIVRES NO HABITAT DA MATA ATLÂNTICA !!

Por Luiz Serra

Praticamente extinto, o pássaro Bicudo que teve destruído seu habitat, o Bicudo de canto célebre, mais parecido som de uma flauta, já está sendo observado nas matas de São Paulo, onde era considerado extinto.
Um grupo de pesquisadores do Ibama revelou que o pássaro criticamente ameaçado, teve cerca de 200 espécies soltas há dois anos, em trabalho do Museu de Zoologia de São Paulo.

Bicudo... Mata Atlântica SP... Bioma Legal

Parte dos animais foram doados por criadores e sobreviviam em cativeiro, nesta condição estima-se que haja milhares de Bicudos (em gaiolas e viveiros). Havia um consenso que somente a salvação do pássaro se daria por meio de criação em viveiros.

Primeiro foram dez casais libertados numa reserva protegida do Estado de São Paulo e passaram a ser monitorados por ornitólogos e protegidos pela polícia ambiental e guardas particulares.

Bicudo... Mata Atlântica SP... Bioma Legal

O teste nos anos seguintes, saber se com a expansão a caça devastadora aos Bicudos não iria reaparecer.

O motivo da caça, o canto especialíssimo que faz com que o pássaro seja vendido em média por R$ 80 mil chegando até a R$ 400 mil.

Bicudo... Mata Atlântica SP... Bioma Legal

Tanto em São Paulo, quanto no Parque Nacional das Emas, Goiás, e ainda no sul de Mato Grosso, estão sendo observados “Bicudos” que já procriam no seu habitat natural.

Para ouvir o canto do Bicudo em criatório: entrar no Youtube e teclar: “Bicudo Chumbinho Canto Flauta Goiano”.

No mais, é ler o poema de Mário Quintana:

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!

https://www.facebook.com/luiz.serra.14

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POESIA BRASILEIRA DE SALGADO MARANHÃO

Por Luiz Serra
Salgado Maranhão e o maranhense ilustre, memorável poeta Ferreira Gular — com José Salgado Maranhão.

"Fechar livrarias é como desfazer jardins !!" ... 

O poeta é oriundo do povoado de Canabrava das Moças, nosso amigo José Salgado Santos, ou simplesmente Salgado Maranhão, suas poesias e composições estão na lavra de coletâneas e canções que ouvimos bem. No chão maranhense de berço, desde cedo auxiliava os pais na lavoura. Como havia naquele tempo sertanejo, serôdio na alfabetização aos 15 anos.

Como um Rio ... Salgado Maranhão

Salgado Maranhão tem músicas gravadas por vários artistas como Elba Ramalho, Ney Mato Grosso, Zizzi Possi, Paulinho da Viola entre outros.

Em 1998, recebeu o Prêmio Ribeiro Couto da União Brasileira dos Escritores. Neste mesmo ano publicou Mural de ventos, que foi agraciado, em 1999, com o Prêmio Jabuti.

Açony Santos ... Sertão... in Salgado Maranhão

Atualmente consegue aliar à atividade da escrita musical e poética, outra que é fonte de sentido e equilíbrio: encontra no pensamento oriental a relativização dos valores europeus inerentes à escrita (Literafro).

Amiúde vem recebendo a justa distinção de emérito poeta brasileiro nos EUA e em centros do pensamento universal.

Excerto de Salgado Maranhão, registrado no "capítulo do fim do cangaço", em nosso modesto ensaio do O sertão anárquico de Lampião.

"Urge que o fogo avance os limites
urge que o tempo em temporal
desate a trama das águas".
Salgado Maranhão, A Cor da Palavra (excerto poético).

Obras de Salgado Maranhão:

Ebulição da Escrivatura (antologia poética, 1978);

Encontros com a Civilização Brasileira (poemas e ensaios)
Aboio ou a Saga do Nordestino em Busca da Terra Prometida (cordel, 1984);
Os Punhos da Serpente (1989)
Palávora (1985)
O Beijo da Fera (1996)
Mural de Ventos (1998, Prêmio Jabuti 1999)
Sol sanguineo(2002)
Solo de gaveta(2005)
A pelagem da tigra (2009)
A Cor da Palavra (2010)
Ópera de Nãos (2015, Prêmio Jabuti 2016)


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