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sábado, 7 de julho de 2018

MULHERES NO CANGAÇO: 80 ANOS DA MORTE DE MARIA BONITA E LAMPIÃO - www.joaodesousalima.blogspot.com

Por João de Sousa Lima

Há caminhos que são descaminhos
Bárbaros trajetos com sabor de aço
Histórias escritas em pergaminhos
Capítulos eternizados no cangaço

(João de Sousa Lima)

Amanhecer do dia 28 de julho de 1938, manhã nublada e fria. No coito da Grota do Angico, alguns cangaceiros dormiam e outros agiam na lentidão da fadiga e envolvidos pela friagem da neblina gerada pelo mês chuvoso.

Os policiais volantes comandados pelo tenente João Bezerra e seus imediatos, o aspirante Francisco Ferreira de Mello e o sargento Aniceto Rodrigues armavam o cerco final ao Lampião e Maria Bonita, Rainha do Cangaço e mais alguns companheiros que também tombaram naquela manhã, em um total de 11 cangaceiros. No confronto a polícia sofreu uma só baixa, perecendo o irmão de armas, o soldado Adrião Pedro de Souza.

Doze pessoas totalizaram as mortes daquele dia e que por tantos anos se busca subsídios para análises e entendimentos dos fatos que permanecem cercados de tantos mistérios.

Era o fim de uma página da história do banditismo rural Nordestino. Era o fim do cangaceiro de maior destaque dentro deste contexto histórico. Era o fim de um capítulo onde a mulher teve grande referência enquanto estilo de vida diferenciada das vidas de tantas sertanejas que viviam nas escondidas veredas dos sopés de serras das caatingas bravias.
    
Pode-se dizer que Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, Rainha do Cangaço, rompeu parâmetros na sociedade e se fez diferente. Dentre tantas mulheres Lampião escolheu uma baiana da Malhada da Caiçara, povoado pertencente a Santo Antônio da Glória do Curral dos Bois e que desde 28 de julho de 1958, pertence a Paulo Afonso.

Maria Bonita foi eternizada por tantos artistas populares do Brasil e uma dessas referências artísticas foi através da arte do poeta repentista Otacílio Batista como “A Morena da Terra do Condor”, em música gravada por Amelinha e também Zé Ramalho, em alusão aos poemas do conterrâneo poeta baiano Castro Alves, o Poeta dos Escravos, que inseria suas poesias em defesa da diferenças sociais, seguindo a corrente literária do “Condoreirismo”, que defendia os direitos dos oprimidos. Poema marcante dessa linha quando escreveu “Espumas Flutuantes”. Outra vertente que ele seguiu foi a do Romantismo-Lírico-Amoroso, também defendendo em versos os direitos do Povo:
  
O cangaço enquanto fenômeno social ganhou ênfase através dos diversos artistas populares que divulgavam as infinitas peripécias vividas nesse período.

A expansão dos fatos se deu através das cantorias dos repentistas, dos folhetos dos cordelistas, dos xilogravuristas, músicos, grupos de danças, artistas circenses e outros segmentos.

Foram formas distintas de propagação dos fatos históricos e esse alastramento aconteceu justamente onde a concentração do povo era mais frequente: nas diversas feiras, latadas, circos e ruas.

A mídia mais simples se encarregou de colocar no imaginário popular as façanhas vividas no cangaço, episódios decorridos nas mais ermas matarias catingueiras, transformando e mitificando os grupos e subgrupos de cangaceiros, principalmente as mulheres que a esse mundo diferenciado se lançaram, muitas delas, quase inocentes meninas, para viverem tantas e perigosas aventuras, à margem da lei.

Maria Gomes de Oliveira, a Maria de Déa, em referência ao apelido de sua mãe, Dona Déa, de nome batismal Maria Joaquina Conceição Oliveira, foi sem sombras de dúvidas, por ser a companheira do chefe supremo do cangaço, o famoso Lampião, a mais famosa mulher cangaceira. No cangaço ela foi a Maria do Capitão ou a dona Maria. Ficou imortalizada como Maria Bonita, apelido esse oriundo dos versos cantados e rimados pelos policiais volantes, que vivam nas inacabáveis persigas das diferentes veredas com seus combates ferrenhos e quase diários.

Maria Bonita foi a mais expressiva cangaceira. Tivemos outras de renome como no caso de Dadá de Corisco, Lídia de Zé Baiano, Nenê de Luis Pedro, Inacinha de Gato, Durvinha de Virgínio e Moreno, Mariquinha de Ângelo Roque, Catarina de Nevoeiro, Aristéia de Catingueira, Otília de Mariano, Maria de Pancada, Dulce de Criança, Moça de Cirilo de Engrácia.

Várias outras mulheres passaram por esse mundo tão conturbado e de futuro duvidoso. Muitas delas perderam suas vidas nos combates, outras foram assassinadas por seus próprios companheiros. Sofreram perseguições, foram baleadas, feridas, humilhadas, mal amadas, maltratadas. Outras viveram seus amores, tiveram filhos, foram mães sem o direito de ser mãe no sentido mais figurado e sublime da palavra mãe. Dentre todas as dores das mulheres a maior foi ser mãe e não exercer a função de cuidar de sua prole, não poder zelar de seus pequenos, ver secar no seio o leite materno destinado a alimentar seus inocentes.

À mulher ficou resguardado somente o direito de seguir seus homens, seus grupos, fugindo das duradouras perseguições dos rastejadores contratados dos grupos policiais. No dizer sertanejo: “Uma vida sem futuro”.

Mas as mulheres não puderam fugir a esse capitulo da nossa historiografia sertaneja, se bem que levou tempo para acontecer a entrada feminina nessa conjuntura.

Perguntamo-nos às vezes o que levou as mulheres a encarar uma forma de vida tão violenta e longe das perspectivas geradas pelas famílias com seus conceitos, educação traçada dentro das normas rígidas das religiões e das tradições de um Nordeste desassistido.

Algumas me confidenciaram que seguiram esse caminho por amor, umas poucas segredaram que foram forçadas, por motivos diferentes, uma só falou que foi porque achou bonito o “TRAJAR” dos cangaceiros, se embelezou pela profusão de cores nos bordados e a grande quantidade do metal nobre amarelado, correntes, anéis, alianças, moedas e brincos de ouro.

Dentre todas elas, sem exceções, em seus depoimentos, a pior coisa foi não poder cuidar dos filhos. Suas crianças eram todas deixadas aos cuidados dos padres, coronéis, coiteiros e amigos.

As Mulheres viveram no cangaço uma aventura sem precedentes e deixaram seus nomes registrados na página da história dos levantes do Nordeste do Brasil.

Foi Maria Gomes de Oliveira, a famosa cangaceira Maria Bonita, morena nascida no povoado Malhada da Caiçara, terras na época do cangaço pertencentes a Santo Antônio da Glória e hoje à Paulo Afonso, a mulher mais referenciada no contexto histórico do mundo feminino cangaceiro.

A data de nascimento de Maria Bonita se divide entre 1910 e 1911, registrado por vários pesquisadores em tantos livros, pondo em dúvida também o dia 08 de março. A verdade é que ela encontrou a morte ainda muito jovem, morrendo na trágica manhã do dia 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, em Poço Redondo, Sergipe, com sua idade variando entre 27 ou 28 anos de vida.

Quantas e tantas mulheres viveram esse capitulo para, inocentemente, escreverem suas próprias histórias. Histórias de amores roubados e permitidos, histórias de lutas e fugas, de tiros e mortes, de caminhadas incessantes e dormidas incertas, de filhos gerados na rispidez das matas pontiagudas e ferinas. Histórias de servidão e desilusão.

Muitas delas adentraram no movimento, no esplendor de suas inocências de meninas-moças, trajando as vestes das “Mulheres das Caatingas”, levadas, talvez, pela ilusão de uma vida melhorou no mínimo, uma vida diferenciada das que vivam nos sopés das serras de suas moradas.

Ao período destinou-se o estigma de andarilhos errantes, acobertados apenas pela razão de suas decisões individuais. Sem entendimento adequado do andar “À MARGEM DA LEI”. Donas de seus mundos imaginários, pequenos e próprios.

A mulher cangaceira marcou seu tempo, escreveu sua história, traçou seu perfil de mulher obstinada e diferenciada das mulheres de sua época. Todas elas deixaram por insignificante que possa parecer, seus rastros marcados eternamente nas infindas veredas circundadas de pedras e espinhos do Sertão Nordestino.

À frente de seu tempo, a mulher cangaceira deixou vestígios no registro da história do Brasil.

Tempo presente, agora em 2018, marca 80 anos da Morte de Lampião e Maria Bonita, tantas e quantas análises surgiram sobre o fatídico dia 28 de julho de 1938, inúmeros registros, apreciações diversas, umas abalizadas e outras desprovidas dos critérios sérios que a história merece.

Nas fendas pedregosas da Grota do Angico, fato certo, que a morte lacerou doze corpos, onze cangaceiros e um soldado encontraram seu dia final. Entre os cadáveres duas mulheres, duas almas femininas adornando o quadro funesto dos últimos momentos do Rei do Cangaço.
Entorpecida, a Grota do Angico perpetua seus mistérios e um grito feminino paira no ar, como último refúgio de dor, na etapa final do cangaço...

João de Sousa Lima
Paulo Afonso 06 de junho de 2018
Membro da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso - Cadeira 06.
Membro da SBEC- Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.
Membro do GECC – Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará
Membro do IGH – Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso
Membro do Instituto Geográfico e Histórico do Pajeú.

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ZÉ SERENO – CANGACEIRO APOSENTADO.


Por José Eduardo

Durante oito anos ele enfrentou chuva, frio, sol, fome e sede nas caatingas enquanto as balas dos policiais passavam perto.

Os motivos que levaram Zé Sereno ao cangaço continuaram criando-lhe problemas durante toda a vida. Lê e escreve mas só passou 29 dias na escola. É um homem que nunca abriu um livro mais sério, mas fala com tranquila profundidade sobre a necessidade de se “respeitar a dignidade humana”. E se enfurece quando a norma central de seu código é desrespeitada..

“Homem é homem, não é bicho. Tem que ser respeitado”.

Tudo para ele é simples. Não percebe que foi figura importante de um capítulo da nossa história. Para ele tudo “são coisas da vida”.

Conta como entrou para o cangaço, as injustiças que sofreu, com um misto de fatalismo e bom humor irônico. A amargura é rara, porém quando surge brota junto com a violência. 

A CULPA DA POLÍCIA.


“Zé Sereno” explica que a única saída era o cangaço. Sua vida nunca foi fácil. “Lá no Nordeste a gente nasce e sobrevive sem perceber muito como e nem por que. Vai vivendo, brigando contra o clima, a falta d’água, quase tudo. Escola e médico não existem. Mas a gente tinha umas terrinhas dois primos e dois tios no cangaço. Sabe? Lá a polícia fazia o cangaceiro”.

Lembra que nasceu a 22 de agosto de 1913 e que, aos 17 anos, já era homem feito. “Lá a gente crescia e amadurecia logo porque a vida era curta e o trabalho excessivo. O sítio ia bem, pelo menos nos moldes de progresso de lá. Tinha 17 anos quando os soldados chegaram. Queriam informações sobre meus tios e primos cangaceiros. Não sabíamos nada, mas quebraram tudo que tínhamos em casa. Depois nos obrigaram a morar na cidade para evitar que descemos guarida a eles”.

“Como diz o outro, lá não havia educação. Tudo era na base da ignorância e da estupidez. Ficamos na cidade pensando nas plantações e na criação porque iam morrer por falta de cuidado. 

Um dia eu disse prá Lídia, minha mãe:

- “Olha, pra morrer ou viver eu vou voltar para casa”.

Cheguei e fui agredido por um soldado. Disse que era a primeira e última agressão que na vida e me juntei ao cangaço exatamente quando a propriedade ia bem e parecia que a vida ia melhorar.

Partiu na caatinga e foi deixando recados. Era sobrinho de Antônio Ingraça (Ingrácia), Arceto e primo de Zé Bahiano e Antônio Dicenauro (Sionário). Estava procurando o cangaço. “Lá tudo anda depressa. A morte e os recados seguem a mesma trilha e a fome acelera tudo. Principalmente mensagem para Lampião”.

“ZÉ SERENO” NASCEU

Encontrou os parentes e “Lampeão”, ganhou fuzil e trocou de nome. “Zeca da Lídia” (Zé de Lídia) não era nome de quem vai viver matando até chegar seu dia. Virou “Zé Sereno” porque era tranquilo. Foi aprendendo rápido. Atirar e brigar de faca era mais fácil que andar de alpercatas pelas caatingas espinhentas sob o sol forte, as vezes dormindo no molhado da chuva e de um ou outro arroio, com pouca comida e água. Mais difícil ainda era saber em quem confiar.

O povo gostava dos cangaceiros. “Lampião” punia os fazendeiros que não pagavam os trabalhadores e eram numerosos. Até padres apoiavam.

“Também éramos todos católicos, graças a Deus”. Havia muitos fazendeiros que contribuíam com dinheiro. O armamento era caro, mas fácil e bom. Os próprios oficiais da polícia também vendiam fuzis modelo 22, Parabelluns 9 e 7,63 milímetros, por seiscentos mil réis cada arma e dois mil réis o cartucho.

Mas a polícia tinha seus aliados. De boa vontade eram poucos mas por medo não faltavam quem falasse.

“Havia gente que nos acolhia porque gostava e, depois informava a polícia porque tinha medo”.

Mas “o povo era muito bom, se não a gente teria sido derrotado”. Além das duas cartucheiras de parabellum, mais duas de fuzil, no embornal iam sempre mais 700 ou 800 cartuchos. “Agora saber em quem confiar era mais difícil”.

“Zé Sereno” foi se tornando especialista em descobrir amigos e inimigos. Conta que quando via Pedro de Cândida (Cândido) “sentia o coração palpitar. Sempre soube que ele iria trair”.

Avisou “Lampeão” mas o “Velho Cego” respondeu que Pedro era seu coiteiro há 8 anos. Só concordou em sair na manhã seguinte, depois que eu ameacei me retirar com meus homens, mesmo sem ele. 


A traição de Pedro de Cândida (Cândido) custou a vida de “Lampeão”. Restou um grupo de 27 homens.

Texto: José Eduardo

Fotos: Narciso Santos

Transcrição/Adendo: Geraldo Antônio de Souza Júnior


 https://cangacologia.blogspot.com/2018/07/ze-sereno-cangaceiro-aposentado.html

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"A MORTE APAGA TUDO!"

Por Thiago Pereira
Thiago Pereira, bisneto do Coronel Zé Pereira e sobrinho-neto de Aloysio Pereira Lima



Coronel José Pereira de Lima
Dona Xandú (Alexandrina Pereira Lima), esposa e sobrinha do Coronel Zé Pereira
Aloysio Pereira Lima ao lado do pai, Coronel Zé Pereira
Coronel Zé Pereira Lima e o Estado-Maior da Revolta de Princesa

Este material tinha sido enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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NO SERTÃO DA MINHA TERRA

*Rangel Alves da Costa

Sou de um sertão de raiz, o mais sertão existente. Não existe outro sertão igual ao que sinto em mim presente. Desde a terra à semente, desde o bicho à sua gente. Um sertão sem ter igual no que se tem e no que se sente.
No sertão da minha terra há vereda de pé de serra, de bicho de pasto que berra, luta que não se encerra. Um caminha na poeira, um sol queimando em lareira, pouca comida de feira, uma pobreza avistada como bagaceira.
No sertão da minha terra há menino e pé no chão, há barriga sem o pão, há prato vazio no chão. Por todo o sertão é sim, o tudo vira tiquim, o muito vira poquim, o que pouco tem já tá no fim. Um povo que vive assim.
No sertão da minha terra, um dia um tempo de dor, na tocaia e na emboscada, na violência o clamor, o sangue jorrando ao chão, quem já viveu já chorou. Carnicento destripando a vida que a bala levou.
No sertão da minha terra, lá longe e bem distante, um casebre morro adiante, casinha desfeita em levante. A guerra na minha terra, a cruz que debaixo enterra os restos de um passado feito bicho que berra.
No sertão da minha terra, um chão assim tão espinhento, um viver que é de lamento no seu passo em sofrimento. Na vida feita de labuta, que somente a fé e a luta desenterram das desentranhas os restos da terra bruta.
No sertão da minha terra e noutros sertões mais além, um viver de querer bem, um se entregar ao que tem. E nada tem além do pão, na fé a vela e o sermão, na parede a imagem do Padim Ciço e Frei Damião.


No sertão da minha terra há uma igrejinha e uma prece, há um pedido de benção a todo aquele que padece, religiosidade tão forte que a esperança não perece. Há um povo em procissão, na crença e abnegação, rezando pra cair chuva e para salvar o sertão.
No sertão da minha terra há fogão de lenha em quintal, há roupa estendida em varal, há na nuvem um bom sinal, que amanhã será melhor, pois nada será pior que o sofrimento ao redor. Uma galinha que cisca, um gato que vem e belisca.
No sertão da minha terra há bolo de milho e jabá, há jumento na estrada levando o caçuá, uma carroça passando cheinha de croatá. Um cavalo esquipador, na vaqueirama um voador, alegria do sertanejo que um dia já vaqueirou.
No sertão da minha terra tem pirulito de mel, tem panelada e sarapatel, tem bolinho de chuva e de céu, tem linha no carretel. De cumbuca é o cantil e de couro cru é o chapéu. E assim vivendo se vai na vida de déu em déu...
No sertão da minha terra tem chuva grossa e pinguinho, tem chuvarada e sereninho, tem tempestade e tiquinho do chuvisco já caído, mas um sol tão atrevido que chega como enxerido e vai se arvorando escondido e deixa tudo esmaecido.
No sertão da minha terra tem rolinha fogo-pagô, tem seriema sim sinhô, e de todo bicho que restou. Mas muito existe não, nem sabiá nem cancão e nem ave de arribação. Pouco é a cantoria onde o canto existia, no sertão mais a tristeza onde havia alegria.
No sertão da minha terra há cuscuz no amanhecer e qualquer coisa ao anoitecer. Não se escolhe o que comer nem o prato que vai ter. Primeiro come a criança, depois vem toda a restança da família em esperança.
Assim no sertão de minha. Assim em todo o sertão.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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O DIA EM QUE O REI DO BAIÃO APANHOU POR CAUSA DO REI DO CANGAÇO!

Por Cris Silva

O dia em que o Rei do Baião apanhou por causa do Rei do Cangaço!

Luiz Gonzaga nunca escondeu de ninguém a sua admiração por Lampião, em entrevista ele relata, mais uma vez, este apreço "perigoso".

Alguém saberia me relatar em que ano, mais ou menos, se deu tal acontecimento?! 

https://www.youtube.com/watch?v=-vTv7_oLuxc&app=desktop

Veja o que Luiz Gonzaga falou de Lampião.
Publicado em 18 de ago de 2017
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ADEUS, LEANDRO!

Por Allison Flor Lalinho

A cada chamado da vida o coração deve estar pronto para a despedida e para novo começo, com ânimo e sem lamúrias. Aberto sempre para novos compromissos.

Dentro de cada começar mora um encanto que nos dá forças e nos ajuda a viver. 
Descanse em paz, amigo Leandro do Inala Samba!
Adendo: José Mendes Pereira

Grande Allison Flor, eu conheci o Leandro apenas de vista e chapéu, mas trabalhei com a sua mãe na "Escola Estadual Antonio de Souza Machado", no conjunto Nova Vida, no grande Alto do São Manoel, por pouco tempo, período em que eu estava procurando a minha aposentadoria. Como eu me encontrava afastado das atividades, por motivo de doença, e assim que fui liberado para assumir a minha sala de aula, não querendo mais, fui transferido para a escola citada, ocupando a biblioteca, e por lá, a mãe do Leandro estava.

Que Deus conforte toda sua família!
  
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VIGÉSIMO SEGUNDO VIDEO CANGAÇO


Por Aderbal Nogueira

A entrada de Sila no Cangaço o encontro com sua amiga Adília que foi mulher do Cangaceiro Canário e o sofrimento com os homens.

https://www.youtube.com/watch?v=ZT4_uQ5Aakk&feature=share


Publicado em 28 de nov de 2017

depoimento sobre a vida dura que levavam no cangaço.

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FRUTOS DO TEMPO

Por Francisco de Paula Melo Aguiar


Se eu quisesse, abacaxi, manga, mangaba,
maracujá,tangerina, mexerica, laranja-mimosa,
mandarina, fuxiqueira, poncã, manjerica, laranja-cravo,
laranja da terra, mimosa, bergamota, clementina, cajá!...
Com tanto jenipapo pelos caminhos...
ariticum, goiaba, jabuticaba, etc & tal...
ou araçá, tamarindo, sapoti...
ao longo das estradas de barro batido!
como melancia nos roçados de meu pai.

Trapiá, melão solto...
Como pedras nas plantações nas capoeiras,
A procura de frutos ou de pássaros,
saltitando à caça com minha  baladeira...
no sobe e desse em árvores e ladeiras.

Afirmava à velha Zefa Boi,
Que tem pitomba como pau que dá em doido...
por essas bandas...
Enquanto a velha Manzinha enchia a cara
de água que passarinho não bebia...
Soltava o palavrório da vida alheia.

Caju fazia lama no chão em abundância,
Mata de marmeleiro ralo...
Juá aqui, gogóia acolá,
Frutos do tempo às expensas
da sorte da natureza
e de quem se arriscar...
Abelha, marimbondo e arapuá.

Pelos cantos dos alpendres
da casa de meu pai,
reclama dona Alice de Joventino:
- anda logo, Agrinaldo,  “bexiguento”
esse moleque, não é boa isca,
fruta que passarinho não belisca...

Enviado pelo autor Francisco de Paula Melo Aguiar

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GERAÇÃO BELGA BRILHA, DESMANCHA BRASIL DE TITE E FRUSTRA O SONHO DO HEXA...


Danilo Lavieri, Dassler Marques, João Henrique Marques, Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone.

Do UOL, em Kazan (Rússia)
06/07/2018 16h53

Motivo de intermináveis discussões entre brasileiros nos últimos anos, a Bélgica e sua “ótima geração” encerraram o sonho do hexacampeonato na Rússia nesta sexta-feira (6), em Kazan. Com gols de Fernandinho, contra, e De Bruyne, todos no primeiro tempo, o Brasil foi derrotado por 2 a 1 e deixou a Copa do Mundo de 2018 bem antes que sua torcida imaginava. Renato Augusto foi o responsável pelo gol de consolação brasileiro.


[ x ]
Em dia de Neymar muito abaixo do normal e grande atuação de Lukaku, a Bélgica desmanchou a defesa brasileira, ressentida da ausência de Casemiro e com Fernandinho, quatro anos depois, em mais uma atuação trágica. O Brasil só encontrou esperança com Renato Augusto, que diminuiu o marcador, mas a semifinal contra a França ficará a cargo dos belgas em uma Copa que agora é só de seleções europeias.

A eliminação contra um rival que tem jogadores em quase todas as grandes equipes da Europa se deu em noite atípica em quase dois anos da era Tite. O Brasil não havia sofrido dois gols em nenhum jogo sob seu comando e não havia perdido com time completo em campo até a fatídica eliminação em Kazan.

O melhor: Lukaku

Imagem: Francisco Seco/AP

O centroavante belga que fala português foi verdadeiro trator em Kazan. Lukaku, quase um ponta direita na proposta de jogo de seu time, travou um duelo firme com Miranda, que se desdobrou em disputas contra ele. Lukaku, porém, prendeu bolas, deu arrancadas e praticamente matou o confronto com a assistência para De Bruyne marcar.

O pior: Fernandinho

Imagem: Buda Mendes/Getty Images.

Novidade na escalação do Brasil por suspensão de Casemiro, o substituto teve mais uma noite para esquecer em Mundiais. O volante adorado por Pep Guardiola anotou o gol contra que desmanchou o time brasileiro, não conseguiu conter Lukaku no segundo gol e a partir disso somou decisões erradas, ansioso por uma redenção dentro do próprio jogo. Foi o segundo contra do Brasil em Copas, depois do feito por Marcelo, contra a Croácia, em 2014. 

Neymar manca, pede pênaltis e some na hora da decisão

Imagem: Buda Mendes/Getty Images

Na Copa que parecia dele, aos 26 anos, Neymar não conseguiu vencer a Bélgica que poucos espaços concedeu. O primeiro tempo foi regular, mas o segundo foi provavelmente seu pior na Copa. O camisa 10 errou domínios, passes bobos e se reencontrou com um artifício que atrapalha seu jogo. Pediu pênaltis enquanto não via as coisas funcionarem. Nos acréscimos, um belo chute quase marcou o empate, mas encerrou um Mundial em que ele, de novo, não chegou à semifinal e em que sofreu com dores no pé operado do começo ao fim.
  
Roberto Martínez libera trio ofensivo e desmancha o Brasil com formação inédita.

O treinador espanhol que comanda a Bélgica fez mudanças profundas depois de quase ser eliminado pelo Japão nas oitavas de final. O sistema com linha de cinco na defesa foi alterado para quatro defensores, com Vertonghen, zagueiro de origem, na lateral esquerda. A área foi bem protegida por Witsel e ainda Fellaini e Chadli, novidades. O ataque ficou a cargo de De Bruyne, como armador a explorar os espaços de Fernandinho, e Hazard e Lukaku como atacantes. O Brasil nunca conseguiu ser firme como antes diante desse trio protagonista do Campeonato Inglês. 

Início bom do Brasil dura pouco e vale nada após gol da Bélgica.

Os primeiros minutos do jogo em Kazan foram de perigo para o Brasil, que teve oportunidades claras com Thiago Silva, que acertou a trave, e Paulinho, que não conseguiu arrematar a gol em disputa na área. Durou pouco o domínio: com 13min, Fernandinho colocou contra as próprias redes em raspada de cabeça e inaugurou o marcador a favor da Bélgica. O lance mudaria a etapa inicial e ditaria o placar do jogo.  

Gol contra de Fernandinho é a bola parada que assombra o Brasil e a Copa

Imagem: Laurence Griffiths/Getty Images

Até então, seis gols sofridos na era Tite. E tal qual o anotado contra por Fernandinho, a bola parada como vilã já havia pintado em quatro oportunidades. O caminho foi aberto da maneira como tem sido muito comum no Mundial da Rússia e da mesma forma como a França, mais cedo, fez seu primeiro gol sobre o Uruguai. O índice dos gols nesse tipo de lance é superior a 45% de todos feitos no Mundial.

Desvantagem faz Brasil se perder. A Bélgica aproveita e amplia

Imagem: Frank Augstein/AP

O gol contra de Fernandinho, e seu descontrole na sequência, fez o Brasil se perder psicologicamente e o equilíbrio do time foi abaixo. Enormes clarões se abriram no meio-campo e a recomposição ruim foi aproveitada pela Bélgica. Em lindo lance de Lukaku, que venceu Fernandinho e arrancou justamente nesse buraco, De Bruyne recebeu e, de fora da área, acertou um chutaço sem qualquer chance para Alisson.
Brasil pede pênalti, mas VAR manda seguir.

A seleção brasileira chegou a pedir pênalti aos 10 minutos do segundo tempo, quando Gabriel Jesus tentou driblar Kompany dentro da área e foi derrubado. O árbitro Milorad Mazic consultou o árbitro de vídeo, mas mandou a partida seguir na sequência.

Antes disso, um lance envolvendo Neymar também fez o técnico Tite pedir que a tecnologia fosse utilizada. Neymar invadiu a área e caiu. O árbitro mandou a partida seguir e o próprio atacante pediu para que os jogadores da seleção brasileira não reclamassem. Já no fim, o camisa 10 voltou a pedir penalidade em um empurrão na área, mas nada foi marcado.

Tite manda o time com tudo à frente, mas insiste em Fernandinho

Imagem: Michael Regan - FIFA/FIFA via Getty Images

Sem sucesso na proposta de jogo inicial, Tite ainda no primeiro tempo alterou o 4-1-4-1 para o 4-4-2 que marcou a vitória sobre o México. No intervalo, Firmino, o principal reserva brasileiro na Copa, entrou para aumentar o poder de fogo do ataque, e minutos depois foi Gabriel Jesus quem saiu para que Douglas Costa desse mais energia pela ponta. A última cartada foi Renato Augusto, que incendiou o jogo com um gol. Já Fernandinho, o pior em campo, seguiu até o final.

Renato Augusto comanda reação, mas Brasil não tem forças para empatar

Acionado para a vaga de um Paulinho que deixa a Copa do Mundo com mais uma atuação ruim, Renato encontrou as redes aos 30min: um bonito lançamento de Coutinho parou na cabeçada dele, que venceu Courtois e incendiou a torcida. O Brasil teve pelo menos mais quatro chances, com Renato, Firmino, Coutinho e por fim Neymar, que no suspiro final viu o goleiro belga, gigante, impedir o empate.

Suspensão de Casemiro desequilibra o meio-campo do Brasil

Entre os grandes responsáveis pelo sucesso defensivo da zaga brasileira nos primeiros quatro jogos, Casemiro foi uma ausência muito sentida. As coberturas perfeitas, a leitura defensiva e a força física dele foram substituídas por um jogo que Fernandinho certamente tentará esquecer. Das tribunas, o volante que levou cartão tolo contra o México certamente lamentou não poder ajudar o Brasil.

Russo do meme comparece ao estádio

Imagem: Divulgação/CBF
A torcida brasileira contou com um reforço em Kazan. O russo Yuri Torsky, que ficou conhecido durante a partida contra o México nas oitavas como o “Psicopata do hexa”, assistiu ao duelo contra a Bélgica no estádio. Antes do jogo, ele já havia participado do “esquenta” da torcida brasileira junto com o Canarinho Pistola.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 1 x 2 BÉLGICA
Local: Arena de Kazan, em Kazan (Rússia)
Data: 6 de julho de 2018 (sexta-feira)
Horário: 15h (de Brasília)

https://esporte.uol.com.br/futebol/copa-do-mundo/2018/noticias/2018/07/06/brasil-x-belgica.htm

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VILA BELA EM CHAMAS ORIGEM DAS QUESTÕES ENTRE PEREIRAS ECARVALHOS

Por Luiz Lorena

No início do ano de 1904, assumiu a paróquia de Vila Bela, monsenhor Afonso Antero Pequeno, culto e bravo sacerdote, filho do Cariri cearense.

Desde o ano de 1901, o sul do Ceará vivia um período de inquietação política, que durou por duas décadas.

Naquele mundo de canaviais, os coronéis alimentados pela rapadura, fizeram valer a força do bacamarte.

Vindo daquele mundo, mais precisamente do Crato, logo que chegou à Vila Bela, monsenhor Afonso Antero Pequeno, pediu às lideranças políticas locais armas, munição e jagunços para ajudar ao primo, o coronel Antônio Luiz Alves Pequeno na luta pela deposição do coronel José Belém de Figueiredo, que na época ocupava o cargo de vice-presidente (vice-governador) do Estado.


O coronel Antônio Pereira, líder da família Pereira, negou-se categoricamente a participar dessa bravata. A família Carvalho concordou com o Monsenhor em tudo e decidiu mandar Antônio Clementino de Carvalho (Antônio Quelé) com um grande contingente armado, tendo à frente o próprio sacerdote.

Iniciado o tiroteio no mês de junho de 1904, só após 55 horas de combate o coronel Belém recuou e fugiu.


O Monsenhor voltou a Vila Bela, trazendo a ideia fixa de derrotar a família Pereira, na eleição municipal do período seguinte. Mais uma vez o Monsenhor foi vitorioso, participou da eleição municipal, elegendo-se prefeito.

Em uma visita que lhe fizera, na cidade de Vila Bela, Antônio Quelé assassinou em praça pública o delegado de polícia Manoel Pereira Maranhão. No júri de Quelé, além do advogado que contratou, o Monsenhor participou pessoalmente da tribuna de defesa.

Os crimes políticos tanto em Vila Bela como no Crato, tornaram-se mais frequentes e mais bárbaros.

Em Vila Bela, seus correligionários mandaram matar de emboscada um patriarca dos Pereira, o ex-prefeito Manoel Pereira da Silva Jacobina, (Foto abaixo).

A frustração perturbava o Monsenhor de tal maneira que renunciou ao mandato de prefeito, entregando o município ao vice, o fazendeiro José Alves da Silveira Lima, com recomendação de proceder com serenidade. Logo depois se transferiu para cidade de Garanhuns, onde faleceu.

Antes, porém, plantou no solo fértil de Vila Bela, a semente do banditismo, a qual resultou na formação de grupos de cangaceiros como os de Sinhô Pereira e Lampião. Daí diz-se que, com monsenhor Afonso, começou a época do obscurantismo no sertão do Pajeú, vigente até 1930.

Do Livro: Serra Talhada 250 Anos de História, 150 Anos de Emancipação Política.
De: Luiz Lorena

Transcrito por José João Souza - Grupo Lampião, Cangaço e Nordeste (Facebook)

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