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quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

TABUS DENTRO DO CANGAÇO LAMPIÔNICO E OS DESEJOS DE BORDADAR

Por Verluce Ferraz

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ESTÁTUA DE LAMPIÃO


Por Marinete Francisco

Moro perto desta estátua de Lampeão que fica entre Caruarú e Toritama, na entrada de Fazenda Nova-PE e as pessoas que conhecem ela a mais tempo que eu dizem que um bêbado passava por ela altas horas. 

Falou assim: 

- Tu já matasse tanta gente peste, mata agora.

E deu um tiro na estátua e o tiro voltou o matando na hora. Apenas ouvi os comentários.


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ESTIVE NA AVENIDA

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.243

Em Santana do Ipanema visitei a Casa da Cultura, como cortesia à diretora, Gilcélia Gomes. O prédio onde funciona o órgão fica na Avenida Coronel Lucena, a mais importante da cidade. Resgatado pela prefeitura, o antigo edifício de arquitetura tradicional de época, funcionou anos a fio servindo à Justiça santanense. Seus traços são destaques na avenida e sua localização central facilita bem a chegada dos visitantes. Climatizada, limpa e bem apresentável abriga a Biblioteca Pública que parece ter encontrado finalmente seu lugar definitivo. Para quem conhece a sua história itinerante e sofrida, fica satisfeito em encontrá-la no lugar correto.


Foi nesse mesmo prédio – ainda servindo à Justiça – que aconteceu um fato humorístico e inusitado. Um cidadão despretensioso e folgadiço entrou no prédio em procura de algo. Logo na sala receptiva deu de cara com um preto alto e solitário que estava a ler um jornal. O visitante procurou imediatamente o caminho mais curto da sua busca: “Negão, sabe me dizer onde posso encontrar o doutor juiz?”. O negão desatou gostosa gargalhada e respondeu: “Tá falando com ele, moço”. O restante do acontecido fica por conta do imaginativo leitor.


Nesse edifício estreito e comprido conversei bastante com a Diretora de Cultura, professora Gilcélia Gomes, ex-colega de Especialização em Geo-História. Observei que ali dentro ainda cabe um serviço de informações ao turista, tanto oral quanto gráfico: histórico da cidade, lugares pitorescos, bares restaurantes, hotéis, pousadas e outros dizeres úteis ao bem-vindo visitante. Em uma das salas do longo corredor, chamava atenção várias peças representativas do artesanato do município.
Outras visitas importantes me chamaram, mas saí satisfeito com o que vi e ouvi na Casa da Cultura.
Quando for a minha terra, não se esqueça de uma chegadinha até o casarão da avenida. Depois poste na Internet a impressão da moda:
AMEI.

NA CASA DA CULTURA. (FOTOS: ARQUIVO/B.CHAGAS).
                                              
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2020/01/estive-na-avenida_11.html

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EU VEJO VOCÊ É COM O CORAÇÃO...

*Rangel Alves da Costa

O pensamento é luz, a memória vai ao encontro, o desejo de ter faz aproximação. Eu vejo você é com o coração...
Não preciso estar pertinho de você nem olhar nos seus olhos clarão por clarão. Eu vejo você é com o coração...
Mesmo com a janela e a porta fechadas, sem retratos ou escritos à mão. Eu vejo você é com o coração...
Quando sinto saudade eu crio asas e vou. Vou voando nos passos da ilusão. Talvez me perca entre nuvens de algodão. Eu vejo você é com o coração...
A boca beijada, o abraço abraçado, a pele na pele, o prazer e o tesão. A cama agora vazia diz de outro verão. Eu vejo você é com o coração...
Sua mão se lançando à minha. Correr pela vida na estrada de chão. Deitar sobre a relva e sentir a emoção. Eu vejo você é com o coração...
Vento que vem e traz sua canção. Às vezes choro, outras vezes não. Cansei de sofrer com tanta solidão. Eu vejo você é com o coração...
Acontece que o desejo é demais. A vontade é de seguir, voar, ir a sua direção. Mas depois digo não. Eu vejo você é com o coração...
É bom e ruim ser assim. Olhar no olhar e sentir os sentidos com exatidão. Dizer do amor sem limitação. Mas me distancio e fico ao desvão. Eu vejo você é com o coração...
Lembro-me quando vi o seu mar. Olhos azuis e de águas tão calmas. Um barco em mim, em você a navegação. As gaivotas sumiram e tudo enfim foi em vão. Eu vejo você é com o coração...

Meu rosto rente ao seu e o calor sobre nós. Os sentidos alados, em voo de pulsação. Nada disso eu me esqueço. Tudo isso é recordação. Eu vejo você é com o coração...
A lágrima que desce é saudosa. Não adianta ter lenço à mão. Quero chorar porque quero chorar. Que esse meu rio seja inundação. Eu vejo você é com o coração...
Gritar? Bradar? Ecoar minha palavra de exasperação? Talvez sim, talvez não. Valeria a pena se ouvisse meu grito e à minha dor estendesse a mão. Eu vejo você é com o coração...
Nas noites noturnas e tão enegrecidas, sem qualquer luz ou clarão, apenas a face de Deus em minha oração. Oro por nós. Declamo por amor um Sermão. Eu vejo você é com o coração...
Adianta amar e sofrer? Ou por amor viver em desolação? A solitária estrada me chama ao seu chão, e pede que eu vá, e diz que eu deixe o passado na escuridão. Eu vejo você é com o coração...
Agora mesmo está diante de mim. Não queria que viesse a mim apenas como ilusão. Uma imagem miragem com face de angústia e aflição. Eu vejo você é com o coração...
Ceguei de amor. Por amor perdi da vida o luzir e o clarão. Tateando pela vida em sua imensidão, a única coisa que me conforta é que eu vejo você é com o coração...
Eu tenho, eu sinto, eu vejo você é com o coração!

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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CHEGADA DE LAMPIÃO EM RIBEIRA DO POMBAL, 1928

Por José Mendes Pereira
Colorida pelo professor e pesquisador Rubens Antonio

Sobre esta imagem acima Ivanildo Régis afirma que Ivanildo Silveira, pesquisador e colecionador do cangaço, faz a seguinte observação: Embora a identificação dos cangaceiros da foto acima seja um tanto polêmica, consultando especialistas, é quase unânime que a legenda mais que mais se aproxima da realidade, é a seguinte: 

Lampião, Ezequiel Ferreira, Virgínio Fortunato da Silva, Luiz Pedro, Mariano Laurindo Granja, Corisco, Mergulhão e Alvoredo.

Um pouco da biografia de cada um deles:


1 - Virgulino Ferreira da Silva “o Lampião” ou ainda o patenteado “capitão”. Nasceu em 1898 em Villa Bela atualmente Serra Talhada, no Estado de Pernambuco. Era filho de José Ferreira da Silva e Maria Sulena da Purificação. Depois de quase vinte anos como chefe de cangaceiros foi abatido juntamente com a sua rainha Maria Bonita e mais nove cangaceiros, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, lá no Estado de Sergipe. Um dos maiores líderes de cangaceiros já visto em todos os tempos.

Leia sobre Os Eternos Mistérios de Angico escrito por Alfredo Bonessi: 

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2010/11/ponto-de-vista-os-eternos-misterios-de.html


2 - Ezequiel Ferreira da Silva o Ponto Fino (irmão de Lampião). Nasceu no ano de 1908, em Villa Bela atualmente Serra Talhada, no Estado de Pernambuco. Foi abatido no dia 23 de abril de 1931 – no tiroteio da Fazenda Touro, povoado Baixa do Boi, no Estado da Bahia, ponto conhecido como Lagoa do Mel. 

Leia sobre A Morte de Ezequiel Ferreira escrita por João de Sousa Lima: 

http://cariricangaco.blogspot.com/2018/07/a-morte-de-ezequiel-ferreira-porjoao-de.html


3 - Virgínio Fortunato da Silva o Moderno. Ex-cunhado de Lampião. Nasceu em 1903 e faleceu em 1936, aos 33 anos de idade. Segundo o escritor e pesquisador do cangaço de nome Franklin Jorge, há suspeita, não comprovada, que Virgínio era da cidade de Alexandria, no Estado do Rio Grande do Norte. Era companheiro de Durvalina que com a sua morte ela amasiou-se com Moreno. Durvalina faleceu no dia 30 de junho de 2008. Moreno faleceu no dia 06 de setembro de 2010.

Leia sobre o cangaceiro cunhado de Lampião Virgínio Fortunato da Silva:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Virg%C3%ADnio_Fortunato_da_Silva


4 - Luiz Pedro do Retiro companheiro de Neném do Ouro. Ele foi abatido juntamente com Lampião, Maria Bonita e mais oito cangaceiros, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico no Estado de Sergipe. Dizem que quem o assassinou foi o policial Mané Véio. Leia o que escreveu o pesquisador do cangaço capitão Alfredo Bonessi sobre o cangaceiro Luiz Pedro.

 http://cariricangaco.blogspot.com/2011/12/um-pouco-mais-de-luis-pedro-poralfredo.html

As informações sobre a morte do cangaceiro Luiz Pedro do Retiro ou Cordeiro são bastantes enfeitadas pelos que forneceram entrevistas a alguns repórteres e pesquisadores do cangaço.  

O escritor Alcino Alves Costa teve grande motivo para escrever o livro “Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico”, quando diz que o que aconteceu na Grota do Angico, em terras da cidade de Poço Redondo, no Estado de Sergipe, na madrugada de 28 de julho de 1938, não foi o que informaram os depoentes, tanto cangaceiros como policiais que fizeram partes da chacina aos cangaceiros da “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia, de propriedade do afamado, perverso e sanguinário Virgolino Ferreira da Silva o rei Lampião.

Claro que em relação a cangaço eu sou apenas um metido, que vivo lendo e comparando o que um escreve, o que outro diz em livro..., mas tento confirmar que, o cangaceiro Luiz Pedro não foi assassinado pelo volante Mané Veio, e sim, quem o matou, foi mesmo balas disparadas e direcionadas pelas volantes policiais através da metralhadora, que tentava eliminar vida por vida de cangaceiros.

As informações de três elementos que se dispuseram falar aos entrevistadores como aconteceu a morte do cangaceiro Luiz Pedro, todas são diferentes, e assim, não se tem o autor da morte do afamado cangaceiro e compadre de Lampião e Maria Bonita.

Em 1973, o cangaceiro Balão cedeu entrevista à Revista Realidade, e para mim, não sei se estou certo, Balão foi o cangaceiro que mais fantasiou as suas respostas. É claro que cada um deles queria levar a sardinha para o seu prato, mas não era necessária tanta fantasia.

O cangaceiro Balão falou o seguinte:

"- Luiz Pedro ainda gritou: Vamos pegar o dinheiro e o ouro na barraca de Lampião! Não conseguiu. Caiu atingido por uma rajada. Corri até ele, peguei seu mosquetão e, com Zé Sereno, consegui furar o cerco. Tive a impressão de que a metralhadora enguiçou no momento exato. Para mim foi Deus.– http://www.cangacoemfoco.m.jex.com.br" -

Pelo dizer do cangaceiro Balão quem matou o facínora Luiz Pedro foi uma rajada de balas por uma metralhadora.

No dia 14 de novembro de 1938 Iziano Ferreira Lima, o afamado cangaceiro VILA NOVA, afirmou ao “Jornal A Noite”, que estava na Grota de Angico no momento do ataque das volantes ao grupo de Lampião, na madrugada de 28 de julho de 1938. Vejam o que ele fala:

Vila Nova disse o que segue:

"– Escapei pela misericórdia de Deus, afirma. Vi quando o CHEFE (o chefe que ele se refere é Lampião) caiu se estrebuchando pelas forças do tenente Ferreira (ele fala no tenente Ferreira, mas acho eu, ele quis se referir ao tenente João Bezerra da Silva). Meu padrinho Luiz Pedro caiu ferido nos meus pés. Pediu que o matasse, logo. O que fiz, foi apanhar o seu mosquetão e fugir para as bandas do riacho onde o fogo era menor. Depois da fuga fui me esconder na Fazenda Cuiabá, onde me encontrei com ZÉ SERENO, e outros que puderam fugir do cerco. Ali soubemos que junto com o capitão tinha morrido mais 11 cabras, inclusive D. Maria Bonita”. (Ele diz que morreram 11 cabras. Na verdade foram nove cangaceiros e duas mulheres. O que ele afirma sobre o total de cangaceiros que morreu está correto, mas foram 12 mortos lá na Grota do Angico. 9 cangaceiros, 2 mulheres e um volante de nome Adrião Pedro da Silva".

Uma dúvida que tenho e que todos estudiosos do cangaço têm e gostariam de perguntar: O cangaceiro Luiz Pedro estava com dois mosquetões? Porque Balão disse que levou o seu Mosquetão. E o cangaceiro Vila Nova também afirma ter levado o mosquetão do cangaceiro.

Está registrado na literatura do cangaço que quem assassinou o cangaceiro Luiz Pedro foi o volante Mané Veio, mas pelas suas informações não tem como acreditar, porque ele afirma que saiu perseguindo o cangaceiro Luiz Pedro, que ia meio avexado, caminhando rápido, e o volante ao seu encalce, até que chegou em um determinado lugar, e disparou sua arma, fechando o cangaceiro.

Mas vejam bem: Durou muito para que o volante assassinasse o cangaceiro, e por que Balão, o Vila Nova informaram aos pesquisadores que o Luiz Pedro foi assassinado ali, no meio dos outros?

Na minha humilde opinião e não válida, já que eu sou apenas um metido sobre este tema, o Mané Veio já encontrara o cangaceiro Luiz Pedro morto. Ele mentiu mais do que os outros.


5 - Mariano Laurindo Granja companheiro de Rosinha. Entrou para o cangaço em 1924. Foi um dos poucos que em agosto de 1928 cruzou o rio São Francisco, em companhia de Lampião, em direção à Bahia. Foi morto no dia 10 de outubro de 1936. 

Segundo Alcindo Alves em: (... – Mentiras e Mistérios de Angico), o ataque foi entre os municípios de Porto da Folha e Garuru, região conhecida como o Cangaleixo. A pesquisadora do cangaço, Juliana Ischiara afirma que Rosinha foi morta a mando de Lampião. Era filha de Lé Soares e irmã de Adelaide, esta última sendo companheira de Criança, e parenta próxima de Áurea, companheira de Mané Moreno. Sendo Áurea filha de Antonio Nicárcio, que era primo/irmão de Lé Soares. 

Leia o que escreveu Comunidade (Cangaço) sobre Mariano Laurindo GRanja:

https://www.facebook.com/ComunidadeCangaco/posts/605007012968731/


6 - Cristino Gomes da Silva Cleto Corisco companheiro da cangaceira Dadá. Ele foi abatido no dia 25 de maio de 1940, pelo tenente Zé Rufino, na fazenda Cavaco, em Brotas de Macaúbas, no Estado da Bahia. Dadá foi ferida e presa. Ela faleceu em 1994. Com a morte de Corisco, finalmente o cangaço foi enterrado com ele.

Leia o que eu escrevi sobre o cangaceiro Corisco:



7 – Morte do cangaceiro Mergulhão
]Por: Rubens Antonio. - 

No detalhe, cangaceiro ”MERGULHÃO” (Antonio Juvenal), quando posava para a câmera de Alcides Fraga, em 17/12/ 1928, no lugarejo Ribeira do Pombal/BA . 

A 07 de Janeiro de 1929 travou-se o combate de Abóbora, povoado de Juazeiro, BA, lembrado pela morte de Mergulhão, cujo nome era Antonio Juvenal da Silva, mas que aparece citado também, na literatura sobre o Cangaço como Antônio Rosa. Da visita ao local pode colher alguns depoimentos e bater algumas fotos.

Antecipando algo do material, observo que a povoação está muito mudada, em relação ao contexto de então, mas há muitos elementos reconhecíveis e outros identificáveis através de testemunha ainda viva dos eventos.

Sabemos que o fogo se deu quando a volante chegou e os cangaceiros dançavam em uma casa, num forró.

A causa do forró, na verdade, era alheia aos cangaceiros. Era festejo local pela construção de uma nova “armação” para a feira do povoado, que, na verdade, não passava de uma arranjo descontínuo e desordenado de casas mais esparsas.

O cemitério local foi o sítio de maior destaque, onde morreram os dois policiais, soldados José Rodrigues e Manoel Nascimento.

Segundo a autópsia:

“José Rodrigues, com um ferimento com orificio de entrada na região dorsal superior e orifício de saída sobre o mamillo direito; Manoel Nascimento com três tiros; um que penetrava entre a 6ª e a 7ª lombar, com destruição das anças intestinais e orifício de saida sobre a crista illiaca com fractura; outro na região anterior direita do thorax e outro na região cervical esquerda.”

Rochedo em que Lampião e Ezequiel se apadrinharam para disparar contra a volante, que se encontrava no Povoado de Abóboras.

A posição da volante era aproximadamente a da caixa d’água vista ao longe, entrincheirada no antigo cemitério. 

Edilson dos Santos, proprietário do terreno, aponta a localização da sepultura do cangaceiro Mergulhão.

Pequenas pedras restantes da sepultura do cangaceiro Mergulhão.

Sítio da sepultura de MERGULHÃO .

João Alves Guimarães apontando localização da entrada do antigo cemitério.

As pedras diante dos seus pés são do antigo portal.

A terraplenagem e a pavimentação foi feita somente com a retirada das lápides. Portanto, os restos dos sepultos ainda estão aí.

Próximo à quina branca que se vê à esquerda estão sepultados os restos de um dos soldados mortos no tiroteio. Seguindo-se em frente, em direção à rua, encontram-se os restos do outro soldado. 

Abraços!
Rubens Antonio

(*)Professor e palestrante sobre História Geológica da Bahia, Antropologia, Geologia, Epistemologia, Metodologia do Trabalho Científico, História da Ciência. Fonte da Matéria: Comunidade do Orkut – Cangaço, Discussão Técnica do amigo Ronnyeri. -

https://blogdotitorocha.com.br/2017/07/79-anos-da-morte-de-lampiao/

PARABENIZO O AMIGO ”RUBENS ANTÔNIO” PELA EXCELENTE MATÉRIA, BEM COMO, PELO SEU DESEJO DE PRESERVAR, DOCUMENTALMENTE, A HISTÓRIA DO CANGAÇO E DE SEUS PERSONAGENS, ALÉM DE PARTILHAR COM TODOS, O GRANDE ACHADO. VALEU AMIGÃO !!. 

Um forte abraço a todos
IVANILDO SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Natal /RN


8 - Hortêncio Gomes da Silva o Arvoredo. – Desligou-se do bando no momento do ataque a Jaguarari, no Estado da Bahia. Fez dois meninos como reféns. Mas eles conseguiram o dominar, desarmando-o. Em seguida mataram-no a facadas. Achando que o serviço ainda não tinha sido concluído, degolaram-no e cortaram as suas mãos. Após o trabalho concluído acionaram a polícia. (Não tenho maiores informações sobre este cangaceiro).

Leia o que escreveu o professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio sobre o cangaceiro Arvoredo: 



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COM SEU OZEAS ( IRMÃO DE MARIA BONITA ) E SUA ESPOSA

Por André Areias



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A CAÇA AOS COITEIROS E O ENCONTRO COM O CANGACEIRO ÂNGELO ROQUE "LABAREDA".

Do acervo do Geraldo Júnior

Um depoimento que está sendo exibido pela primeira vez. Inédito. Exclusivo. Onde José Mutti de Almeida "Mutti" ex-comandante de Volante baiana, fala a respeito da "caça" aos coiteiros no sertão baiano e o encontro de sua tropa com o cruel cangaceiro Ângelo Roque o vulgo "Labareda".

Em breve apresentarei outras partes desse fantástico depoimento de José Mutti de Almeida, onde ele aborda outros assuntos a respeito do cangaço e de sua luta contra o cangaceirismo.

Imperdível.
Cortesia: Rubens Antonio


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O SORRISO MALDOSO DO CANGACEIRO E A AGONIA DO SARGENTO DE BOA FÉ.


Por João Filho de Paula Pessoa

Na histórica batalha de Serra Grande em 1926, em meio à loucura do combate, o Sarg. Arlindo Rocha ouviu gritos de socorro vindos por detrás de uma moita com pedras, gritava a voz que estava ferido e que não queria ser pego pelos Cangaceiros, imediatamente o corajoso sargento encaminhou-se ao resgate daquele soldado ferido, sua tropa tentou impedi-lo afirmando ser muito perigoso, mas ele disse que não permitiria que um soldado seu fosse sangrado por um Cangaceiro e seguiu decidido ao resgate daquele homem, ao chegar atrás da moita de onde vinham os gritos, foi surpreendido pelo Cangaceiro Caititu abaixado e sorrindo com o rifle em posição de tiro, atirando-lhe no rosto e fugindo aos risos. O Sargento de boa fé, com os queixos estraçalhados, caiu mas não morreu, conseguiu retornar ao batalhão e foi tratado, restou-lhe a decepção, uma deformação permanente no rosto, uma prótese de metal no queixo e o apelido de “queixo de prata”, prosseguindo firmemente em sua carreira militar. 

(João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce.) 13/10/2019


QUEM CONHECE ENEDINA ESPOSA DO CANGACEIRO JOSÉ DE ALEIXO QUE NO CANGAÇO ERA ALCUNHADO POR CAJAZEIRA?

Por José Mendes Pereira
Esta foto é a única que existe da cangaceira Enedina esposa do cangaceiro Cajazeira, e pertence ao acervo do saudoso escritor Alcino Alves Costa. Se usá-la em seus trabalhos não se esqueça de citar o seu nome.

Enedina era cangaceira e esposa do facínora José de Aleixo alcunhado no mundo do crime por Cajazeira. Ambos faziam parte da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia" do afamado, perverso e sanguinário capitão Lampião.

https://www.youtube.com/watch?v=XyCO3uaEriU

Na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, terras que antes pertenciam a Porto da Folha e posteriormente passou a fazer parte da área territorial de Poço Redondo Enedina foi assassinada no momento da chacina aos cangaceiros, mas o seu esposo José de Julião conseguiu escapar e fugiu até alcançar lugar seguro para se proteger. 

ENEDINA ERA ALEGRE

Enedina nasceu em Poço Redondo no Estado de Sergipe, que fica bem perto da Grota do Angico, onde o bando de Lampião foi atacado e morto na madrugada de 28 de julho de 1938.
Segundo pesquisadores Enedina sempre estava afogada no meio da alegria, e bastante risonha, bonita e prestativa. Casada civilmente com o cangaceiro Zé Julião ou Cajazeira. 

Zé de Julião havia se  metido em questões e foi obrigado fugir da sua residência devido as perseguições policiais. Como estava sem rumo entrou no  bando do capitão Lampião. E assim que ele armou a sua rede no coito do capitão Enedina foi também, porque lá já já haviam outras mulheres no bando. O casal de cangaceiros gostava mais de acompanhar o grupo do facínora Zé Sereno que era um braço de Virgolino.

A alegria da Enedina desapareceu com o massacre da volante do tenente João Bezerra da Silva. Ela foi atingida por uma rajada de balas na cabeça que chegou a estourar os “miolos” e ainda a massa cefálica colou no vestido da companheira Sila que era esposa do Zé Sereno. Sila e Zé Sereno não foram atingidos e se salvaram daquela querra de balas.

Cangaceiro Zé de Juliaõ esposo da Enedina.

ZÉ JULIÃO O CANGACEIRO CAJAZEIRA

José Francisco do Nascimento era o nome de pia do cangaceiro Zé Julião, que no cangaço ganhou a alcunha de Cajazeira. Nasceu em Poço Redondo, município Sergipano, situado no micro região do baixo São Francisco e onde fica a nascente do rio Sergipe. Filho do fazendeiro Julião Nascimento e Constância. Cresceu em meio a um sertão de exploradores e explorados, soldados desumanos e jagunços atrevidos, nesse quadro, faria brotar no jovem um destino do que ser simplesmente herdeiro da riqueza de seus pais.

Naqueles idos de 1928, ter qualquer coisa que se afeiçoasse a riqueza era também involuntariamente submeter-se à exploração da volante e dos bandos cangaceiros. Ora, era sempre mais confiável garantir a vida doando ou outros bens. Contudo, foram as continuas explorações que fizeram com que o pai de Zé Julião se mudasse para outra localidade. Mesmo casado com Enedina ele segue o pai.

De certa vez, foi reconhecido por soldados da volante quando jogava baralho e que era acostumado a extorquir seu pai, a mesma pratica tentaram com ele,isto o revoltou profundamente; passou a ter profundo oóio por aquele tipo de gente.Porém,o fato mais marcante foi a decisão que tomou diante daquilo que tinha por absurdo: criou impulso e encorajamento para entrar no bando de lampião, acompanhado por Enedina. Ao ser aceito no bando de Virgulino, ganhou o apelido de Cajazeira. Ao lado da fiel companheira na aridez das caatingas, faziam planos para conquistas maiores, vez que imbatível naquela guerra sertaneja.

E talvez por isso mesmo jamais passou pela cabeça o que viria acontecer naquela manhã triste e sonolenta de 28 de julho de 1938,na gruta do Angico.Quando a volante comandada pelo cabo João Bezerra atacou e matou Lampião e Maria Bonita e mais nove cangaceiros,sua querida Enedina prostou-se como uma das vitimas. Desesperado,conseguiu romper o cerco e fugir. Lampião, o líder estava morto; o verdadeiro cangaço tinha morrido ali também. Nesse contexto de tristeza e luta com o outro lado da realidade, o que faz Cajazeira é fugir, passando a viver na clandestinidade. Vagueou algum tempo pela Bahia até voltar a sua terra querida, Poço redondo. Lá, casou novamente com a irmã de Enedina.

A tão sonhada paz não o acompanha, continuou a perseguição da volante, não teve alternativa a não ser partir prá outras terras, foi morar em Nova Iguaçu, no então estado da Guanabara. Por lá tinha parentes e conhecidos, fixou residência e não tinha maiores problemas. Mas, como bom sertanejo não aguentou a saudade e voltou às terras Sergipanas para residir em uma das tantas fazendas herdadas do pai. Conhecido como era ver sua influência política crescer na região. Com o desmembramento de Poço Redondo de Porto da Folha em 1953, o ex cangaceiro lança-se candidato a prefeito pelo PSD nas eleições de 3 de outubro1954, tal era sua influência que ele não acreditava em opositor,as forças políticas do novo município estava unida em torno do seu nome e aquela eleição seria apenas um ato confirmatório.

Contudo como sempre acontece em política,ledo engano. Eis que aparece um político de Porto da Folha, Artur Moreira de Sá, como candidato pelo PR. apoiado por alguns políticos da esfera estadual. Havia ainda um candidato da UDN, porém ouve a polarização entre Zé Julião e Artur. A grande surpresa veio com a abertura das urnas, resultado 134 x 134. Todavia, sendo Artur Moreira de Sá mais velho do que Zé de Julião, o candidato foi aclamado vitorioso e nessa condição toma posso como primeiro prefeito de Poço Redondo. Contaminado pela febre da política, seu nome ficou fortalecido para o próximo pleito. Porém, o judiciário buscava deliberadamente dificultar a vida do ex-cangaceiro. As manobras que foram sendo verificadas, todas elas no sentido de favorecer o opositor. Tal situação indignou parte da população e principalmente de Zé de Julião.

E foi nesse contexto que o tino do cangaceiro tomou o lugar do político. O que fazer se as ações fraudulentas estavam escancaradas e nenhuma autoridade séria se posicionava diante daquela vergonha toda? Não tinha jeito era derrota na certa. Pensou, se seus eleitores estavam impedidos de votar, os corregionários do outro candidato sería impedido também, e assim articulou no dia da eleição acompanhado de afamados vaqueiros, roubaram as urnas da sede do município e do distrito de Bonsucesso. a ação não era mais obra de um candidato indignado,mas do cangaceiro cajazeiras. Tamanha ousadia soa como uma bomba no meio político e na justiça eleitoral Sergipana. Agora como vitima o candidato Eliezer tinha tudo nas mãos para ser declarado eleito. E assim foi declarado prefeito pela segunda vez de Poço Redondo.

As ações perpretadas por Zé de Julião naquela revolta sertaneja lhe trouxeram duas consequencia, foi preso e colocado em liberdade alguns meses depois. Nova Iguaçu é novamente seu rumo, ao menos sería, se ao chegar em Salvador não resolvesse retornar.Não se sabe as circustâncias, as intenções ou motivo desse retorno. São muitas as suposições, e se confirmadas estas, os motivos seriam outros senão vingança. Tinha motivações para isso. Sabe-se apenas que esta foi sua última aventura,pois na manhã de 1961 foi encontrado morto,assassinado, nas terras do seu Poço Redondo. A tragédia da gruta do Angico, para ele, foi apenas adiada. http://blogsolvermelho.blogspot.com/2011/01/

A foto acima de Enedina foi encontrada pelo saudoso escritor Alcino Alves Costa que a adquiriu através de um dos seus amigos pois até então não existia foto da cangaceira Enedina. Leia o que ele falou sobre a foto:

(...)

"Pois bem! Meus amigos e companheiros dizia Alcino Alves no rastejar a história dos povos sertanejos, em especial a história do cangaço e de Lampião, neste mês de fevereiro de 2011, eu tive uma grandiosa surpresa. Surpresa que me deixou pleno de felicidade. Emocionado mesmo. Conversando com Antônio Neto, um grande artista de Poço Redondo, neto da falecida Maninha, que era irmã de Enedina, a Enedina de Zé de Julião, a Enedina que morreu em Angico ao lado de Lampião, ele me disse que sua mãe, dona Antonieta, tinha uma foto da esposa do cangaceiro Cajazeira de pouco antes dela ter ido para o cangaço. Ainda mais. Que aquela foto havia sido tirada no dia de seu casamento que aconteceu na igrejinha de Poço Redondo, em 15 de Agosto de 1937.

Fiquei atarantado com aquela inesperada novidade. Ter esta foto em minhas mãos era algo de um valor extraordinário. Tonho Neto se comprometeu em ir buscá-la na Pia do Boi, fazendinha do município onde a sua mãe reside. A minha expectativa era enorme. Eis que no dia 20 deste mês, este meu querido amigo me entregou a foto, esta foto que tenho a felicidade de mostrá-la a todos os que pesquisam e estudam o cangaço.


Vejam meus companheiros o quanto Enedina era bela. Uma menina-moça que carregava em seu corpo e em seu espírito uma lindeza incomparável. E saber que uma jovem e linda mulher, como Enedina, no fulgor de sua mocidade, perdeu a vida, com a sua cabeça esbagaçada por uma infeliz bala, na subida de uma das serras de Angico, é um acontecimento que ainda hoje, após tantos anos, nos deixa tristes e desconsolados". - http://cariricangaco.blogspot.com/2011/02/beleza-da-mulher-cangaceira-poralcino.html

Alcino Alves Costa sendo entrevistado pelo Cariri Cangaço

Esta foto acima é a única que existe da cangaceira Enedina esposa do cangaceiro Cajazeira.

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UM POUCO SOBRE LAMPIÃO - Um papo com o pesquisador João Dantas



João Dantas é vereador em Campina Grande. Antes disso, é jornalista, pesquisador, historiador, curioso, colecionador, poeta, escritor... Aqui um papo rápido sobre como era Virgulino Ferreira, o Lampião.


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BATIZADO NO RIO SÃO FRANCISCO


Por Jose Gilberto Ferreira

Esse era um dos meus sonhos, ser batizado nas água do Grandioso Rio São Francisco e de preferência na majestosa cidade de Piranhas. E o sonho se concretizou no dia 26 de Março de 2018. Chegamos naquele belo lugar por volta de meio dia, infelizmente não demos a mínima atenção para a parte nova da cidade, nem olhamos direito quando chegamos e tão pouco quando saímos. Fomos direto para a parte antiga cravada na beira do rio. Corremos para a margem do rio como quem estar com sede a vários dias. Tirei a sandálias e entrei na água até a altura do joelho, minha esposa veio e fez o trabalho de uma boa pastora. Derramou sobre a minha cabeça as aguas sagradas do velho Chico. Fiz o mesmo com ela. O meus genro Luiz Eduardo entrou foi com roupa e tudo e a minha filha Natureza depois de molhada ficou só olhando.

Depois do batismo, com o corpo e a alma renovada, retornamos para saborear tudo que estava ao nosso redor. Caminhar passo a passo e observar tudo aquilo é gratificante para qualquer ser humano. O lugar desperta a curiosidade dos visitantes com suas ruas fora de padrão de alinhamento, ora estreita, ora largas, o colorido das fachadas com cores fortes e diversificadas. Realmente é deslumbrante, é indescritível. Quase todo o seu casario e prédios permanece no mesmo estilo da arquitetura colonial de séculos atrás. Esse era um dos motivos de estar ali, o outro era o valor histórico das lutas épicas e sangrentas vividas pelos antigos moradores contra os cangaceiros que por muito tempo assombraram o Nordeste Brasileiro.

Depois de caminhar pelas rua do pequeno lugar, me afasto um pouco, e de súbito entro em transe, e me tele transporto ao passado. São exatamente três momentos bem distante vivido naquele mesmo lugar.
De repente me vejo, e lá estava eu, fazendo parte e opinando na comitiva do Imperador do Brasil, D. Pedro II, quando da sua estada em Piranhas no dia 18 de Agosto do ano de 1858. E ali no sobrado onde ele se hospedou foi discutido por ele pela primeira vez na história, a tão sonhada transposição do Rio para o resto do Nordeste.

Em seguida deixo essa reunião e vou para o ano de 1936. Esse dia foi marcante para mim e para a população da cidade, foi a Invasão do Cangaceiro Gato e seu bando. Era o dia 29 de agosto de 36. Um dia antes a cidade recebeu um telegrama avisando que o bando do Gato iria atacar. Gato era chefe de um subgrupo e um dos cangaceiros mais violentos pertencente ao grande grupo de Lampião. Gato resolveu atacar Piranhas com ajuda de Corisco, na tentativa de resgatar a sua amada Anicinha que tinha sido preza um dia ante num fogo cruzado entre o seu bando e a volante do Tenente João Bezerra. Ele pensava, tinha quase certeza, mas ela não estava lá. E eu onde estava nesse dia? Ora eu estava no meu do povo, via tudo, estava nos dois lado do fronte ao mesmo tempo. Ouvia os dois lado, era como assistir uma fita. Vi quando o juiz e o delegado Cipriano Pereira juntamente com os oitos policias debandaram deixando a cidade entregue à própria sorte. Como sou intrometido entrei junto com o bando, era entre dez e onze horas, e assistir ali de perto o terror deixando por Gato. Com seu punhal ia furando quem encontrasse, matou quatro homens antes de chegar no centro do lugarejo, onde, cheio de ódio sangrou o jovem João Seixas de apenas 15 anos de idade, achando que o garoto não havia falado a verdade sobre a presença dos policiais.

Depois começa o tiroteio, bala pra todo lado. Saio correndo me defendendo do fogo cruzado e fui ficar com o seu Chiquinho Rodrigues que estava no sobrado de sua casa com um companheiro de luta. Os dois fazia parte dos poucos que ficaram para defender a cidade. O ponto onde eles estavam era estratégico, sem contar que ele estava com trezentas balas dentro de uma lata e dali mesmo ele mandou fogo nos bandidos, o primeiro que ele acertou foi o próprio Gato, depois mais um. Quando eles percebem que o bando era composto por mais de 22 homens, ouvi quando o seu companheiro, disse, - homi, sabe de uma coisa, nós tamos é frito chiquim. Seu Chiquinho gritava, eles não entram, eles não entram, se entrar eu toro no meio. Ele era novo, cabra disposto e só tinha 26, mas como era de família abastada e comerciante no lugar, já era chamada de Coronel. E ele não queria morrer e meteu bala nos cabras. Seu rifle de dez tiros era disparado feito uma rajada de metralhadora, e isso despertou o receio dos bandoleiros. Saio dali e dou uma volta pelas ruas e vejo o Gato quase morto caído em uma esquina, depois carregado pelos seus companheiros. Mais na frente quase me esbarro com Corisco, quando esse foge das balas disparada por Dona Cyra que estava na cidade, ela era mulher do Tenente João Bezerra. Me aproximei bem para o centro onde estava a maioria do bando, cada um tentava se proteger das saraivada de balas disparadas por seu Chiquinho. O Corisco se maldizia para os seus homens, e dizia - esse peste, filho de uma rapariga, parece que é doido, pelo jeito vai matar todo mundo. O diabo não se entrega, vamos bater em retirada, que é melhor, o gato já tá morto mesmo. Vamos embora se não vai morrer mais gente. Depois de muita peleja, o bando desistiu. Fincaram pé e foram embora, levando seus feridos e dois mortos, deixando para trás dez defuntos.

Em seguida viajo dois anos para o futuro. Era o dia 20 de julho do ano de 1938. Desci a rua principal, fui para a margem do rio e dali peguei uma pequena embarcação que me levou para o outro lado pertencente ao Estado de Sergipe. De lá fui até o casebre de Raimundo Candido, e para minha quase surpresa, pois eu já era sabedor que ele andava por lá. Vinham cansados, meios abatidos. Foi pouca a conversa, quase nada, mas ouvi quando ele deu algumas ordens para o coiteiro dono casa. Uma delas era que o homens precisavam de muita comida e um bom descanso, e quando ia saindo olhou pra mim desconfiado e perguntou o que eu desejava. Eu apenas o alertei para não permanecer por muito tempo na grota dos Angicos, pois o lugar se tornara perigoso. Ele balançou a cabeça com ar de negação e disse que o lugar era tranquilo. Notei muita confiança por parte do Capitão Virgulino e não falei mais nada. Fui embora para a cidade e fiquei por lá. Oito dias pra frente, lá estava disputado lugar no meio do povo e quase sem acreditar no que via. Estavam expostos como troféus na escadaria do prédio da Prefeitura a cabeça do Capitão, da Maria Bonita e mais nove de parte do bando. Que na noite passadas tinham sido mortos e degolados pelas forças policias comandadas pelo Tenente João Bezerra.

Minha esposa me chama dizendo, vamos embora homem, que já é tarde. Finalmente eu acordo daquele transe. E ai eu me lembro novamente de quando o bando do cangaceiro Gato se retira fugindo da cidade. E por coincidência, agora era a nossa vez de sair dali, só que de forma diferente. Saímos todos vivos, alegres e satisfeitos. Arrumamos as coisas, entramos no carro e damos adeus a bela Piranhas e fomos dormir na vizinha cidade de Petrolândia, 80 Km de distância.

Gilberto Ferreira.


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