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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

A NOVA FACE DO CANGAÇO

Produzido por Aderbal Nogueira

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COMBATE DA SERRA GRANDE - PALCO DO MAIOR COMBATE TRAVADO ENTRE CANGACEIROS E POLICIAIS DE TODA A HISTÓRIA.



Produzido pelos confrades Marcelo Alves (Teixeira/PB) e Louro Teles (Calumbi/PE).

Vamos fazer juntos uma expedição ao topo da Serra Grande e observar com riqueza de detalhes o campo de luta onde aconteceu o maior combate entre cangaceiros e policiais de toda a história.

Confiram.
Acessem o link abaixo.


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ZÉ RUFINO

Por Ivanildo Silveira

Descanso eterno e "desconhecido"!?

O confrade Professor Rubens Antonio tentou cumprir uma aparente simples missão que vai intrigar alguns pesquisadores. A pedido do amigo Ivanildo, visitou a cidade de Jeremoabo/BA, e foi ao cemitério municipal, buscando registrar imagens da sepultura de José Osório de Farias, o famoso Zé Rufino. Colheu do zelador e coveiro Manoel Gomes da Silva, o Manoel de Aprígio (Foto abaixo) o seguinte depoimento:


"Moço! Ontem um procurador esteve aqui também querendo notícia da sepultura de Zé Rufino. Eu disse a ele que isso não existe. Não tem sepultura que se ache não. Acontece que nem eu nem o velho Celso, que deve ter sepultado ele, sabíamos, na época, que o homem era tão bom e famoso da época dos grandes cangaceiros. Aqui é cidade pequena mas que cresceu com cemitério pequeno. Se a família não pede conta, a gente usa de novo a cova e enterra por cima daqueles que estão ali mesmo. Tá cheio de gente enterrado em cima um dos outros aqui. Se tivessem me avisado, tinha cuidado de dar a ele uma sepultura boa. Mas ninguém avisou. Não tem mais como dar notícia nem do Zé Rufino nem do Luis, filho dele. Acho que ele tem um neto por aí, mas que nem sei não dele tem muito tempo. É um desrespeito danado, mas fazer o que?"

 Manoel de Aprígio lamenta: Se tivessem me avisado...

Bem... É isto...

Creio que a única esperança de saber onde foi enterrado, para saber "sob quem aos restos" de Zé Rufino estão é o "neto" mas aí já é outro mistério, que ninguém sabe por onde ele anda".

Alguém aí sabe?
Att Rubens Antonio

Quero agradecer o amigo Rubens, por mais essa informação sobre o grande "Zé Rufino", ou seja, que não existe mais a sepultura do mesmo no cemitério de Jeremoabo/BA. Essa informação é de tamanha relevância, que a maioria, ou a quase totalidade dos escritores/pesquisadores brasileiros do cangaço, desconhecem a mesma. Para mim, que gosto de estudar o cangaço, foi grande a decepção, pois esperava algo diferente, ou seja, que a sepultura estivesse preservada, uma vez que o mesmo fez história no combate ao cangaceirismo no nordeste.

Valeu grande Rubens, e, obrigado pela gentileza!

A propósito o Cel. Zé Rufino faleceu no dia 20 de Fevereiro de 1969, vitimado por um infarto no miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva.

Um abraço a todos
Ivanildo Alves Silveira
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal/RN
Adendo:  - Mendes e Mendes 

É lamentável que um homem que morreu na década de 70, após 40 anos, ninguém dá roteiro dos seus restos mortais.

Será que Zé Rufino não era bom pai, bom irmão, ou até mesmo bom avô, que com tão poucos anos do seu falecimento, desapareceu no meio do cemitério?

Familiares creio que existem, mas já que ninguém dá notícia do seu cadáver, é provável que além das mortes que fez não se afinava bem com os familiares.

Com uma dessa não dá para ninguém ficar calado.

O Garrido diz que é o retrato de uma nação que não respeita o seu passado. Ele diz com razão.

Será que não existe um livro no cemitério que comprove onde está os restos mortais de Zé Rufino?

É de obrigação dos cemitérios, dividir em lotes os terrenos que estão à espera de mortos.

Cada lote tem o seu número de referência, sua quadra. a posição do terreno, se está para o Sul, para o Norte, Leste ou Oeste e que cada falecido é registrado ali... Que desorganização!

Jesus morreu no século I, no ano quatro e ainda hoje todos sabem onde está localizado os seus restos mortais.

O que é que é isso? Zé Rufino morreu ontem e já perderam a sua cova ou o seu túmulo. Deixa pra lá! Lamentável!

José Mendes Pereira – Mossoró-RN.


http://lampiaoaceso.blogspot.com/2010/08/ze-rufino-descanso-eterno-e.html

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MEMÓRIA DO CANGAÇO EM ADUSTINA, BA


Por Kiko Monteiro
Publicado em agosto de 2016


 ZÉ PEQUENO CAÇADOR... COITEIRO DE CANGACEIROS



Com mais uma preciosa informação colhida pelo amigo professor Salomão o Cariri Cangaço foi levemente esticado para mim e para o confrade Narciso Dias, presidente do Grupo Paraibano de estudos do Cangaço – (GPEC).

No último dia 2 de agosto rumamos novamente para Adustina, logo alí no sertão baiano fronteiriço com Sergipe para conhecer mais uma das testemunhas oculares da saga 'lampiônica' naquela área que era considerada na época um “corredor de cangaceiro”.

Em breve reunião com nosso anfitrião resolvemos de supetão esticar até o município vizinho de Coronel João Sá, pra visitar as cruzes dos cangaceiros Mariquinha, Sofrê e Pé-de-Peba, mas por conta da distância que restava e horário incompatível com compromissos dele concordamos em adiar para uma próxima “incursão”.

No caminho da volta paramos no terreiro do seu José Dantas de Oliveira, exímio atirador que ficou conhecido como “Zé Pequeno Caçador”. 


104 anos de idade, espanta tanto pela aparência quanto pelo ritmo e disposição, só se queixa de uma "dor nas juntas". Apesar do seu documento indicar Paripiranga ele afirma ter nascido no Arraial da Mãe D’Água de Cipó, (hoje Cipó), também no sertão Baiano. Mudou-se  para o Bonfim do Coité, atual Adustina, quando ficou órfão de pai e mãe ainda menino e foi morar com parentes no sítio Algodão que já tinha este mesmo nome desde a época do cangaço.




Seu Zé, de memória ainda acesa nos relatou que assim como Seu Atanásio ele também foi coiteiro ou faz-tudo dos cabras de Lampião naquelas bandas.

Essa história ele mesmo conta.



“Conheci Corisco, Boa Vista, Balão, “Anjo” Roque, o Saracura que era daqui e sabendo que eu atirava bem o próprio Virgolino pelejou que eu entrasse no meio deles.

Eu disse – “não, capitão, no que eu puder servir eu sirvo, trago caça, peixe, aponto caminhos, mas virar cangaceiro, quero não”.

Também fui amigos dos ‘macacos’, arrumei muita caça para Odilon “Fulô”, comandante da volante que perseguia os cabras por aqui. Mas eles jamais souberam que eu era amigo dos cangaceiros, nem Lampião soube que eu me dava com os soldados.


"Deus o líve”, os soldados faziam muita malvadeza quando pegava um coiteiro que soubesse o rancho dos cabras e não entregasse pra eles.
Seu Zé ainda contou que chegou a ficar por quinze dias acoitado com os cangaceiros. Ele diz que não presenciou nenhum fogo, ou morte isolada. Mas viu os cangaceiros Mariquinha, Sofrê e Pé-de–Peba, mortos no Curral do Saco pela Volante de Odilon.

A cangaceira Doninha

Um dos fatos mais interessantes narrados por ele foi o de quando encontrou a cangaceira 'Doninha'*, companheira do cangaceiro Boa Vista, perdida na mata. Ele não lembrou se ela estava tentando fugir do coito como outras assim tentaram.

O certo é que seu Zé pequeno cuidou da moça durante três meses, até que um dia estava caçando, topou com os cabras e perguntou se Boa Vista ainda era vivo, com resposta positiva pediu para informar a ele o paradeiro da companheira e precavido rogou:

“Diga a Boa Vista que a muié dele tá lá em minha casa, mas que fique certo que o que eu devo a ela eu devo a minha mãe, apesar de ser jovem e solteiro".

Na linguagem sertaneja ele não se relacionou com a moça.

De acordo com a literatura, Doninha voltou para o convívio com Boa Vista e permaneceu com ele até o período das entregas.   

Professor Salomão, Kiko Monteiro, Zé Pequeno e Narciso Dias.

Antes de nos despedirmos perguntei a seu Zé, o que foi confirmado pela sua esposa, que essa foi a primeira visita de pesquisadores do cangaço que ele recebeu durante todos estes anos. Tanto eu quanto Narciso não identificamos nenhuma afirmação que destoasse da historiografia fiel do cangaço naquela região. Até onde sua memória lhe permitiu não citou nome de nenhum cabra fora do território de atuação de seu subgrupo na época em questão, nem fantasiou combates ou eventos que não tenha presenciado.

A convivência de seu Zé Pequeno com os cangaceiros só foi citada em 1980 no livro ‘A Serra dos dois meninos’ de autoria de Aristides Fraga Lima (1923-1996) que narra em um dos capítulos quando ele ajudou a encontrar os garotos que se perderam nas famosas matas de Paripiranga.

*A Doninha em questão era a "cabrocha" alagoana Laura Alves que a primeira vista chegou a escolher como companheiro o cabra Moita Brava, que a recusou. Ela findou se juntando com o Boa Vista. Consulta: ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Lampião: as Mulheres e o Cangaço, Editora Traço 2ª Edição, 2012. Pág. 279



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LAMPIÃO PELAS TERRAS DE MISSÃO VELHA

Por Bosco André
Natinho da Caiçara, Manoel Severo e Bosco André

Em conversa com o Sr. Miguel Pinto antigo morador do Sítio Tuncas, já falecido, o mesmo contou-me que em um dado momento, isso no mês de junho de 1927, se encontrava em sua casa, no Sítio Tuncas, cuja moradia se localizava nas imediações da casa do seu sogro Amâncio Alves; quando viu chegar muitos homens a cavalo; os cangaceiros de Lampião; e de imediato começaram a lascar uns cortiços de abelhas que o seu sogro conservava em frente à sua casa da fazenda e passaram a comer o mel e o saburá existentes nos cortiços; pelo visto estavam com muita fome.

Em seguida chegou um homem franzino, alto, de chapéu de couro, lenço vermelho ao pescoço, tratava-se de Lampião e repreendendo aos seus cangaceiros, com palavras de ordem, “que não se faz aquilo em propriedade de ninguém” e, aí Lampião se dirigiu ao seu sogro, Sr. Amâncio Alves, que a essa altura já se encontrava em meio a cabroeira, para perguntar quanto custava aquele estrago feito na sua propriedade, ao que o seu sogro respondeu, nada haver a pagar, foi aí que o Sr. Amâncio, se ofereceu para mandar preparar um almoço; era cerca de 10 horas do dia; para o bando, tendo Lampião agradecido.

No ato, Lampião pediu para deixar um animal ali em sua propriedade, que era de um amigo de Floresta-Pernambuco, e que depois mandaria apanhá-lo, pedindo ainda, um cavalo emprestado e uma pessoa para guiá-lo até a casa do seu amigo Zezé Tavares, no sítio Caiçara, pois não conhecia o caminho por ali. De pronto, o Sr. Amâncio emprestou o animal e destacou ao próprio Miguel Pinto, seu genro e meu entrevistado, para ensinar o caminho para a Caiçara.
Seu Lino filho de Lino Tavares; se encontrava no ventre materno quando sua casa foi invadida.

Aqui Miguel Pinto observa e lembra que Lampião sempre ficava arredio, distante da cabroeira, cerca de umas duzentas ou mais braças. Foi quando aí chegaram à casa do Sr. Lino Tavares, no mesmo sítio Tuncas, se encontrando no alpendre o Sr. Lino, os cangaceiros dirigiram-se ao mesmo, perguntando se tinha alguma coisa para comer naquela casa, ao que ouviram de resposta de Lino, que nada tinha para oferecer, os cangaceiros entraram de casa a dentro e ao chegar a cozinha, onde se encontrava a mulher do Sr. Lino, preparando um pão de milho (cuscuz) e feijão já pronto, os cangaceiros, comeram o feijão, o pão de milho e quebraram as panelas e voltaram para o alpendre, encostando o Sr. Lino na parede com os rifles encostados à sua cabeça ameaçando-o de matá-lo, foi quando se aproximou o capitão Virgulino que mandou seguir e que deixasse o homem em paz.

Ao chegarem ao sítio Caiçara na casa do amigo Zezé Tavares o mesmo não se encontrava em casa, mas a sua mulher Dona Lídia Cavalcante, os recebeu e mandou logo matar uma ovelha para a feitura de comida para o bando, mandou colocar em uma mesa grande, farinha, queijo e rapadura para os homens que vinham muito famintos. Em seguida chegou Lampião agradeceu a boa acolhida por parte da matrona e disse a Miguel Pinto, que podia voltar, levando também o animal do seu sogro e que o agradecesse, Miguel Pinto, aliviado, criou alma nova, pois pensava que iria ser até morto (foi aí que o Sr. Miguel Pinto contou-me que ao ser abordado, por um cangaceiro de Lampião a pedido do seu sogro, na sua casa lá nas Tuncas, para ir ensinar o caminho, se encontrava com uma febre muito alta, mas ao receber a ordem, para guiar os cangaceiros, o medo foi tão grande, que a febre cessou na mesma hora).

Local da Antiga Casa de Zezé Tavares na Caiçara
Danielle Esmeraldo secretária de cultura de Crato/CE,
na Fazenda Caiçara

Depois de deixar a propriedade do Sr. Zezé Tavares após percorrer cerca de dois quilômetros voltando para as Tuncas, fora seguido por um dos cangaceiros de Lampião, que lhe dera o recado de que o capitão desejava falar-lhe, deixou um dos animais amarrado na estrada e voltou pensando de que seria morto por Lampião, ao chegar na presença do temido bandoleiro, este, lhe perguntou se usava camisas de mangas compridas ou curtas, tendo Miguel Pinto, informado que usava de mangas compridas, foi aí que Lampião ordenou a um dos seus cangaceiros, que desse a Miguel Pinto, dois cortes de tecidos para fazer duas roupas (calças e camisas) da mais nobre mescla da época. O capitão saiu da fazenda de Zezé Tavares direto para a Ipueiras, em Aurora/CE onde foi arquitetado o plano para invadir Mossoró

*Bosco André é Historiador e um dos conferencistas do Cariri Cangaço 2010.


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A PISADA NA PARAÍBA


Passagem de Virgínio em São Sebastião do Umbuzeiro/PB 

O fim da década de 30 é chamado: período de pavor aos cangaceiros. Eles amedrontavam toda a região e atuavam na nossa paróquia, especialmente no ano de 1936. Naquele ano o seu reinado media 300 mil quilômetros quadrados e se estendia sobre sete Estados. O medo dos cangaceiros tinha se espalhado em todos os cantos. Sempre corriam boatos de que os cangaceiros tinham passado por aqui e muita gente passava noites no mato, deixando casa e todos os seus haveres, para escaparem de uma morte cruel.


Certos historiadores apresentam Lampião e seu bando como homens generosos e honestos, lembrando sua amizade com padre Cícero e a sua generosidade com alguns pobres. Esta convicção não é de acordo com o pensamento do nosso povo. Foi nesta época de medo que Nossa Senhora apareceu a duas meninas lá no Sítio Guarda, Vila de Cimbres, no dia 06 de agosto de 1936. Sem dúvida naquela época o nosso povo era mais sensível para coisas divinas.

Uma das visitas mais comentadas dos cangaceiros foi a visita de Virgínio, cunhado de Lampião, e o seu bando. Entraram na região, passando por Capitão Mor, onde tomaram 10 contos de Malaquias Batista. Depois tomaram 10 contos de Manoel Correia na fazenda Estrela Dalva. No dia 21 de maio de 1936 entraram na rua de São Sebastião do Umbuzeiro depois de terem se encontrado com Ananias Celestino Pereira.

A ele perguntaram  

- Tem macaco na rua? 

Ele respondeu que não, e eles mandaram-no acompanhá-los para a rua. Entrando lá, deram um disparo com uma mauser. Eles foram beber no bar de Ananias (Praça Coronel Nilo Feitosa 536) e Virgínio ordenou que ninguém devia toca em Ananias.

Depois descobriram uma loja de um homem de Monteiro, no lugar do atual correio. Arrancaram a fechadura, entraram e quebraram muitos jarros de perfume, enchendo a rua com um odor agradável (é conhecido como os cangaceiros gostavam de "extratos de feira", perfumes gostosos).

Espalharam os tecidos da loja até o cruzeiro. Um dos cangaceiros perguntou ao chefe:  

- Não vamos deixar uma lembrança aqui? 

O chefe respondeu:  

- Atire no pé de sombrião na frente da igreja!

Dentro da igreja o povo tinha se reunido com muito medo. Ele atirou duas vezes, mas não acertou a árvore: uma bala acertou a calçada e outra a porta da igreja. Depois de terminar as suas brincadeiras arrumaram um novo guia, chamado Sebastião Tavares. No caminho encontraram o agente fiscal estadual Pedro de Alcântara Filho e seu companheiro Sebastião, que foram avisar Sátiro Feitosa na fazenda Ribeiro Fundo. Os cangaceiros queriam saber de suas andanças e eles mentiram, dizendo que foram comprar queijo na fazenda de Zé Cobra na Balança.

Lá, Zé Cobra sob ameaça de ser morto teve que confessar que os dois foram avisar no Ribeiro Fundo, que os cangaceiros estavam se aproximando. Isso foi igual a uma sentença de morte. Sebastião pediu ainda para não matar Pedro porque ele tinha uma família, mas não adiantou. Os dois foram assassinados. Os cangaceiros queriam matar ainda uma velhinha, a sogra, porque ela tinha respondido mal. Jogaram gasolina nela, mas não a incendiaram.

No dia 22 de maio chegaram em Ribeiro Fundo. Os donos tinham fugido, mas na casa estava o morador Gedeão Hipólito Neves (avô do ex-prefeito Antenor Campos) e o cozinheiro Zé Lourenço. Estes dois foram mortos na hora, pois eles tinham avisado os seus patrões. O velho Sátiro que estava escondido no capim por trás da casa, escapou. Deixando a fazenda, se encontraram no caminho com um dos filhos mais novos de Sátiro.

Ele disse que era comprador de gado e eles o soltaram. Subiam para a fazenda Raposa. Lá, o grupo se dividiu. Enquanto uns atacaram os proprietários desta fazenda Bonifácio e Zé Branco que tiveram que pagar dez contos, outros atacaram a fazenda Angico. Do seu fazendeiro Fortunato Reinaldo exigiram também dez contos. Como não os tivesse, levaram-lhe o filho, chamado Anfizio, por garantia do restante, até a Serra da Jurema, quando foi resgatado.

Pesquei aqui, visse: Fagundes Lima blogspot


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RELÓGIO SERTANEJO (OU O TEMPO AO MODO DO HOMEM)

*Rangel Alves da Costa

O sertão possui o seu tempo próprio. O seu calendário é o das estações, dos períodos mais chuvosos ou menos chuvosos, dos meses ou anos mais secos ou de menor estiagem. Bem assim o seu vivente, o sertanejo. Cada homem da terra igualmente possui seu próprio relógio. Que se diga também que o seu amanhecer é num tempo diferenciado, que seu meio-dia possui hora certa para chegar, que o seu entardecer e anoitecer é de outra marcação no ponteiro.
Não adianta que digam que tudo deve ser feito segundo o horário oficial. Não adianta que digam que a noite vai das dezoito horas até a madrugada, e que esta se prolonga até o alvorecer. Será perda de tempo dizer a hora que se deve deitar e acordar ou o instante certo do café da amanhã, do almoço ou do jantar. Até porque em grande parte do sertão não há essa história de café da manhã ou muito menos de desjejum nem de almoço, lanche ou café da noite ou jantar, pois tudo comida. E a hora da comida é qualquer hora, segundo o relógio sertanejo.
Galinha sobe ao poleiro na hora que se cansa de ciscar, põe seus ovos na hora que bem deseja e desce para novamente ciscar a qualquer instante do alvorecer. Não tem essa história de esperar o galo cantar de jeito nenhum. E quem canta primeiro, antes mesmo do galo e do sino da igrejinha, é a porta de trás de cada casa cabocla. Quando a porta range se abrindo é por que o sertanejo já acordou e já levantou, ainda que pelos arredores e matarias ainda esteja tudo escurecido demais.
Até a natureza sertaneja não está nem aí para essa coisa de horário marcado. Quando noutros lugares está tudo escuridão, o céu sertanejo apresenta cores e barras avermelhadas que muito dizem sobre as secas e as chuvaradas. A mata silencia durante o dia e murmureja e até grita depois da boca da noite. Também o pôr do sol é mais tardio e mais prolongado. O braseiro do fogão de lenha já está se tornando em cinzas e lá em cima, por detrás das serras, ainda o braseiro do sol se esvaindo em sua última chama. Mas a lua já apareceu. E assim por que o luar do sertão é tão grande e fulgurante que logo se cansa e vai embora antes mesmo de o homem acordar. Por isso que ele acorda numa inexatidão de cor nos espaços.


Quando se diz que no sertão o tempo é marcado pelo compasso do homem, sempre será no sentido de afirmar que tudo acontece perante a necessidade de acontecer. Como as necessidades são sempre grandes, então o sertanejo apressa o seu tempo para ajustá-lo ao que deva ser feito. Daí os dias parecerem mais longos e os noturnos muito mais estreitos. Por lá não existe essa história de um repouso de oito horas. Dorme-se apenas o tantinho para descansar e depois já se levanta num pulo. Por isso mesmo que o sertanejo já está em pé antes mesmo dos bichos do quintal e da mataria.
No sertão, tarde da noite já é madrugada aberta. E assim porque a contagem do tempo respeita outra ordem, outro desejo do homem da terra. Hora do café da noite é no mais tardar às cinco da tarde. Seis da noite o prato já foi lavado, tudo já foi arrumado, só faltando pouco tempo para apagar o candeeiro. De seis horas em diante já é hora de deitar, e muita gente deita mesmo a partir desse instante. Com tudo já sombreado, no breu da noite, não há motivação alguma de continuar perambulando por ali ou acolá.
Somente quando é noite de lua cheia é que o sertanejo se demora mais um tiquinho. De vez em quando lança mão da viola de pinho e ecoa uma moda lamentosa demais. É quando uma pinguinha é levada à boca e mais um acorde ou outro para fechar o dia. Às oito da noite já não resta nenhuma porta aberta. Todo mundo já dorme, já busca seu prazer, já sonha com um mundo melhor. Quando já está tarde da noite somente os grilos fazem festa, os gatos soltam seus gemidos, as almas penadas vagam sem ninguém encontrar.
Quando a madrugada chega já é hora de acordar pra muita gente. Antes mesmo que o galo cante muito sertanejo tá ajeitando seu aió ou embornal para sair pelo mundo, pelo meio do tempo no seu afazer de todo dia. Mexe pelos cantos da casa, procura os apetrechos dos ofícios, bate aqui e bate acolá, desenferruja o que desde muito estava guardado. Depois vira um gole de café, joga na boca um punhado de farinha seca e tudo já está pronto para ser começado. Assim todo santo dia, assim na hora e relógio da precisão sertaneja.
Mas nem é todo sertão é assim. Somente nas distâncias matutas, no sertão sertanejo de vera, como se chama por lá toda a verdade existente.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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AVAREZA

Por José Di Rosa Maria

O poder escraviza a indigência
Por soberba e sem dó tem quem procure
Evitar que o bem comum perdure
Nas pessoas supridas de carência.
O orvalho das nuvens da prudência
Fortalece o videira da bondade
E a voz que demonstra autoridade
Cala a voz da razão da mendicância
Quem se nutre do trigo da ganância
Desconhece o sabor da caridade.

A pessoa que banha-se de poderes
Limpa o sujo nas suas vítimas limpas
Tira suas vantagens mais supimpas
Do suor e sofrer dos pobres seres
O poder de que rege os afazeres
De que faz para ter dignidade
Disfarçado de dono da verdade
Se orgulha da própria dominância
Quem se nutre do trigo da ganância
Desconhece o sabor da caridade.

Quem mantém-se do sangue dos plebeus
Por não ter coração não se espreita
Caridade não falha quando feita
Mas império sem fim só o de Deus!
Quem apenas tem olhos para os seus
Interesses, não tem humanidade
Tem apenas no âmago a vontade
De ter altos padrões de importância
Quem se nutre do trigo da ganância
Desconhece o sabor da caridade.

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250 GRAMAS DE SAL É SAL QUE NÃO SE ACABA TÃO CEDO, IMAGINA PARA QUEM ESTÁ CONDENADO A COMER UM QUILO.

Por José Mendes Pereira

Um facínora de Lampião foi obrigado a comer 1 quilo de sal, que para mim que não sou nenhuma autoridade no que diz respeito ao estudo do cangaço, mas mesmo assim, eu acho meio duvidosa esta história que desfila na literatura lampiônica. O leitor encontra este fato teria acontecido no sertão nordestino com chefes de cangaceiros.

Quem primeiro escreveu sobre isso ninguém sabe. Nem fala em qual Estado, cidade, vilarejo ou fazenda do Nordeste que isso aconteceu. Teria sido pela manhã? Pela tarde ou pela noite? Uns afirmam que foi o Antonio Silvino o homem que obrigou o cangaceiro comer um quilo de sal, por reclamar da comida insossa. Já outros dizem que teria sido o capitão Lampião que fez ele comer o sal e ainda lamber o prato.

250 gramas de sal é muito sal para ser usado em uma cozinha, imagina bem um quilo de sal para um sujeito comê-lo de uma só vez. Na minha opinião é história de reuniões de pessoas amigas nas calçadas em noite de bom luar.

Veja o que conta o escritor João de Sousa Lima de algumas histórias criadas sobre Lampião...


CONHEÇA AS SEIS PRINCIPAIS LENDAS SOBRE LAMPIÃO
Glauco Araújodo G1, em Paulo Afonso (BA).

Histórias sobre cangaceiro ainda assustam os nordestinos.

Pesquisador conta quais foram os fatos que fizeram a fama de mau do rei do cangaço.

O medo provocado pela presença física ou até mesmo pelas histórias e lendas contadas sobre Lampião ainda persiste. O rei do cangaço morreu há 70 anos, na Grota de Angicos, em Poço Redondo (SE), durante uma emboscada montada pelos policiais. O cangaço terminou em 1940, mas mesmo assim as pessoas, principalmente no Nordeste do país, sentem desespero quando se fala em Lampião.  

O G1 conversou com João Souza Lima, considerado um dos principais historiadores do cangaço. Ele vive em Paulo Afonso (BA), onde há décadas vem levantando informações sobre a biografia do principal casal de cangaceiros: Maria Bonita e Lampião. É ele quem revela os seis principais mitos e lendas que percorreram vários estados do país e que ainda persistem.
       
Testículos na gaveta

Segundo Lima, uma dessas lendas revelava que um sujeito estava cometendo incesto e foi flagrado por Lampião. O cangaceiro separou os dois irmãos e foi conversar com o rapaz. Ele falou para o homem que era para colocar os testículos na gaveta e fechar com chave. Lampião, então, colocou um punhal sobre o criado-mudo e disse: "Volto em dez minutos, se você ainda estiver aqui eu te mato". “A crueldade de Lampião estaria em fazer a tortura e obrigar o sujeito a cortar sua masculinidade para continuar vivo”, disse o historiador.
      
Crianças no punhal

Em outra história lembrada pelo pesquisador, a população, com medo da fama de violento de Lampião, acreditava em todas as histórias sobre o cangaço. Uma delas foi criada com o objetivo de afugentar os sertanejos que ajudavam a esconder os cangaceiros, os conhecidos coiteiros. As volantes (polícia da época) espalharam que Lampião matava crianças com punhal. Segundo uma das histórias contadas pelos policiais, o cangaceiro jogava as crianças para o alto e as parava com um punhal.
    
Lampião macaco

Outro relato que se espalhou conta a história de que Lampião só conseguia se esconder na mata durante as perseguições das volantes porque subia nas árvores e fugia pelos galhos das copas. Lima disse que isso foi publicado em um livro sobre o cangaço como se fosse verdade e muita gente ainda acredita nessa história, desmentida por ele e outros especialistas. “Quem conhece a caatinga sabe que na região onde Lampião passou e lutou não havia árvores com copas.”

Você fuma?

Lima lembra de outro caso: Lampião teria sentido vontade de fumar e sentido o cheiro da fumaça de cigarro. Ele caminha um pouco e encontra um sujeito fumando. O cangaceiro vai até o homem e pergunta se ele fuma. O indivíduo vira para olhar quem conversava com ele e, assustado por ver que era Lampião, responde com medo: "Fumo, mas se quiser eu paro agora mesmo!".
         
História do sal

Outra lenda contada nas rodas de amigos no Nordeste até hoje é a de que Lampião chegou à casa de uma senhora e pediu que ela fizesse comida para ele e para os cangaceiros. Ela cozinhou e, com medo da presença de Lampião em sua casa, esqueceu de colocar sal durante o preparo.

Um dos cangaceiros do grupo de Lampião reclamou que a comida estava sem gosto. O rei do cangaço, então, teria pedido um pacote de sal para a mulher. Ele despejou o sal na comida servida ao cangaceiro reclamante e o forçou a comer todo o prato. O integrante do grupo de Lampião teria morrido antes mesmo de terminar de comer.
  
Lampião zagueiro

Para finalizar, Lima disse que, na década de 1960, uma empresa pesquisadora de petróleo no Raso da Catarina, em Paulo Afonso (BA), abriu uma pista de pouso para trazer os funcionários de outras regiões que iriam executar trabalhos de pesquisa. Vale salientar que não foi encontrado petróleo no local, apenas algumas reservas de gás. Na década de 1970, um estudioso do cangaço teria encontrado o campo de pesquisa parcialmente encoberto pelo mato e escreveu, em livro, que aquele seria um campo de futebol construído por Lampião. “O pesquisador ainda teria reportado, de maneira totalmente infundada, que o rei do cangaço teria atuado no time como zagueiro”, disse Lima.

Informação: O escritor repassa para nós o que contam por aí. Em nenhum momento ele afirma que tudo isso foi real. 


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CASA ONDE VIVEU MARIA BONITA



Casa onde viveu Maria Gomes a Maria Bonita, nossa rainha do cangaço no povoado de Malhada da Caiçara, antigo município da Glória e hoje atual cidade de Paulo Afonso aqui no norte da Bahia!!!


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75 ANOS DA MORTE DE CORISCO

 Por: Liandro Antiques..

"Vamos sambar minha gente até o sol raiá, que já mataram Corisco e balearam Dadá"...

Não poderia deixar passar em branco uma data como essa, muito importante para a história de Barra do Mendes.


Em 25 de maio de 1940, há exatamente 75 anos, era capturado na Fazenda Pacheco, distante 10 km da sede do município de Barra do Mendes, o Cangaceiro Corisco e sua mulher Dadá.
Corisco, Dadá, Rio Branco, Florência e a menina Zefinha, chegaram na Fazenda do Velho Zé Pacheco, dia 23 de maio, uma quinta-feira e nessa mesma noite faleceu Leogera, filha do dono da casa.

Na sexta-feira, dia 24, Corisco e Dadá acompanharam o cortejo fúnebre até a Vila de Barra do Mendes, onde Leogera foi sepultada no “Cemitério Novo”.

No sábado, dia 25, Corisco, que estava arranchado na casa de farinha da propriedade, encomenda a Zé Antonio Pacheco, um homem, já de 41 anos de idade, e não um rapaz como contam, que lhe trouxesse da feira livre do Arraial de Barro Alto, os mantimentos necessários para seguirem viagem, pois dizia ele que eram romeiros com destino a Bom Jesus da Lapa. Acontece que no Barro Alto, Zé Antonio se depara com a volante do Tenente Zé Rufino, que indaga acerca dos “romeiros, e ao receber informação precisa de onde estavam, intimida Zé Antonio e outros a o levarem a dita localidade. Já chega atirando, sem dar chance de fuga. Dadá é baleada no pé e Corisco alvejado por uma saraivada de tiros, ficando imobilizado no local.

 Corisco agoniza gravemente ferido.

Não morreu na hora. O outro casal, Rio Branco e Florência, estavam na Lagoa do Soldado lavando roupa, por isso ao ouvirem a “pipoca” aproveitam a distância e fogem, indo parar em...

A volante leva Corisco e Dadá, mas o cangaceiro morre na estrada e é sepultado em Miguel Calmon. Dadá é operada e levada para Salvador, onde morreu já idosa.

Durante muito tempo, se ouviu muitas histórias acerca da permanência de Corisco em Barra do Mendes, o que na verdade não passam de invencionices do nosso povo sertanejo. Ora, se eles não ficaram nem 72 horas por aqui, como daria tempo para tantas aventuras contadas? E como fugitivos, o que mais queriam eram garantir ao máximo o anonimato, dariam tanta chance para estarem em evidência?


O certo é que, em terras de Barra do Mendes, teve fim um dos mais avultados movimentos do nordeste brasileiro, O CANGAÇO. Aqui tombou o vingador de Lampião, o Diabo Loiro.
No entanto, não obstante a importância do fato, o local onde tudo isso aconteceu, a Fazenda do Velho Zé Pacheco, continua lá, sem nenhum marco, sem nenhuma identificação. Não existe mais vestígio algum da casa de farinha. Os atuais donos da propriedade, uma neta do Velho Zé Pacheco e seu esposo, sempre recebem muito bem as pessoas que lá vão em busca de conhecer o local, mas nada mais podem fazer além disso.

 Um retrato artístico de José Pacheco

Ao longo desses 75 anos, nada fora feito por nenhuma esfera governamental afim de preservar e de garantir as futuras gerações o direito ao acesso daquilo que lhe é garantido por Lei.
Nossa história carece de mais estudo, merece mais atenção!
Liandro Antiques


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