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sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

VOLTA SECA, O MAIS JOVEM E O MAIS TEMIDO CANGACEIRO

 Por Milton Parron

Antonio dos Santos, vulgo Volta Seca, sergipano de Itabaiana, ingressou no bando de Lampeão quase menino para escapar às surras diárias que sua madrasta lhe aplicava. Pode se dizer que pulou da frigideira e caiu no braseiro porque começou a ser surrado por Lampeão e pelos demais por causa de suas peraltices, próprias da idade. Suas funções se limitavam a dar banho nos cavalos, lavar louça e roupa suja e também espionar nas cidades se havia muitos policiais em ronda. Tanto apanhou que acabou se tornando um dos cangaceiros mais violentos de todo o bando. Astuto, corajoso e agressivo, em contraste com uma grande sensibilidade artística. Apesar de semi alfabetizado, escrevia com grande facilidade versos e também compunha músicas que o bando inteiro conhecia e entoava com entusiasmo quando estava acampado em alguma fazenda sob proteção do próprio dono. Ouçam, clicando abaixo, Volta Seca cantando dele próprio uma das músicas que os cangace iros mais gostavam, chamada Acorda Maria Bonita:

Cangaceiro Volta Seca

Volta Seca foi preso 3 vezes, tendo fugido nas duas primeiras. Foi sentenciado a 145 anos, mais tarde a pena foi reduzida para 30 e finalmente para 20, não a tendo cumprido integralmente porque o presidente Getúlio Vargas lhe concedeu o perdão, em 1954. O cangaceiro Volta Seca morreu em 1997 em Leopoldina, Minas Gerais, onde estava morando. Ele é um dos personagens do programa Memória onde está sendo apresentada uma série especial sobre o cangaço no Brasil. Memória vai ao ar pela rádio Bandeirantes em 840 AM, e em FM 90,9, aos sábados as 23hs00 com reprise aos domingos as 05hs00.

 https://miltonparron.band.uol.com.br/volta-seca-o-mais-jovem-e-o-mais-temido-cangaceiro/#:~:text=VOLTA%20SECA%2C%20O%20MAIS%20JOVEM%20E%20O%20MAIS%20TEMIDO%20CANGACEIRO,-Milton%20Parron&text=Antonio%20dos%20Santos%2C%20vulgo%20Volta,que%20sua%20madrasta%20lhe%20aplicava.&text=O%20cangaceiro%20Volta%20Seca%20morreu,Minas%20Gerais%2C%20onde%20estava%20morando.

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ACOMPANHE A VIAGEM DE D. PEDRO ATÉ AS MARGENS DO IPIRANGA EM 7 DE SETEMBRO DE 1822

Por Antônio Sérgio Ribeiro

Dom Pedro I

Os antecedentes da história da Independência do Brasil têm vários aspectos, mas cabe destacar os fatos que ocorreram em São Paulo e foram determinantes para a vinda do príncipe D. Pedro, culminando com o grito do Ipiranga.

A divergência entre os membros da junta do governo provisório, conservadores e liberais, que desde o ano anterior dirigiam os destinos da Província de São Paulo, resultou na eclosão, no dia 23 de maio de 1822, de uma revolta que depois ficou denominada a Bernarda de Francisco Ignácio.

A situação vinha se agravando há muito, o príncipe regente, em 10 de maio, requisitou a presença do presidente da junta do governo provisório de São Paulo, João Carlos Oeynhausen Grevembourg, para que fosse ao seu encontro na Corte e, nesse mesmo dia, foi nomeado governador das Armas o marechal de campo José Arouche de Toledo Rendon. Na ausência do presidente da junta ligado aos conservadores, assumiria Martim Francisco Ribeiro de Andrada, secretário do Interior e Fazenda da corrente política divergente, este liberal.

A população foi instigada por Francisco Ignácio de Souza Queiroz, também membro do governo provisório, a não permitir a partida de Oeynhausen, e o impasse foi criado. A Câmara instada a destituir Martim Francisco e o brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão, vogal pelo Comércio na junta, recusou-se a fazê-lo e a população, inconformada, invadiu o prédio obrigando os vereadores a demitir os dois. Martim Francisco retirou-se preso para o Rio de Janeiro e o brigadeiro Jordão foi para Santos. O presidente João Carlos Oeynhausen permaneceu no cargo, não cumprindo a ordem de D. Pedro de ir para a Corte.

Quadro, O Grito de Pedro Américo

Rendon, impossibilitado de assumir o seu cargo, como governador das armas, recebeu determinação do ministro da Guerra para destituir o presidente da junta e assumir com a ajuda do corpo de artilharia de Santos e de dois corpos de milicianos do Rio de Janeiro, sendo, ainda, determinado que lhe entregassem dez mil cartuchos de espingarda e dois mil de pistola.

No dia 25 de maio, D. Pedro expediu decreto "para dar pronto remédio a tais desordens e atentados que diariamente vão crescendo" e destituiu o governo da Província. Ele determinou as eleições para deputados à Assembléia Geral e Constituinte e a "nomeação de um governo provisório legítimo". Uma carta da mesma data ordenou aos membros da junta governativa de São Paulo que dessem pronta e fiel execução às ordens do príncipe Regente.

As tropas, vindas de Santos, foram hostilizadas pela população paulistana, e o seu comandante marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa resolveu recuar e aguardar os acontecimentos. Em 24 de julho de 1822, com a desistência do marechal Rendon de tomar posse, a nomeação do próprio Xavier de Almeida para esse cargo e com o retorno das tropas para Santos a situação na capital se normalizou.

Com destino a São Paulo

Outro fato grave ocorreu, por ocasião do enforcamento de 12 soldados que se haviam colocado à frente de seu batalhão na cidade de Santos, para pleitear a equiparação de soldos com os praças portugueses, a condenação dos envolvidos causou comoção na população paulista.

Em razão desses fatos, D. Pedro, príncipe Regente, revolveu vir à cidade de São Paulo e a Santos, a fim de apaziguar os ânimos. Em decreto de 13 de agosto de 1822, determinou que, em sua ausência, a princesa Leopoldina presidiria ao despacho de expediente e às sessões do Conselho de Estado; no dia seguinte partiu da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, com destino a São Paulo.

Foram percorridas por D. Pedro e sua comitiva, a cavalo, no primeiro dia de viagem, onze léguas (légua de 6.600 m), tendo pousado na fazenda de Santa Cruz (residência de verão da família real, a oeste do Rio). No dia 15, a segunda parada foi na fazenda da Olaria (lugar hoje submerso pela represa de Lajes - município de Rio Claro - RJ). Em 16, o príncipe regente entra em território paulista, em mulas e cavalos, vai para a fazenda das Três Barras, em Bananal. Depois de passar por Bom de Jesus do Bananal e São João do Barreiro, dorme em São Miguel das Areias, tendo partido com novos animais e com a guarda de honra formada por moradores do vale do Paraíba. Passou por Silveiras e jantou no Porto de Santo Antonio da Cachoeira e, no dia 18, chegou a Lorena, onde por decreto dissolveu o governo provisório, assumindo efetivamente o governo da Província de São Paulo. Dia 19, pousou em Guaratinguetá, onde recebe "ótimas cavalgaduras para toda a comitiva, sempre mais numerosa", e vai rezar na Igreja de Aparecida. Em 20 de agosto, descansou em Pindamonhangaba. No dia 21, em São Francisco das Chagas de Taubaté, foi recebido com grande efusão e, no dia seguinte, chegou à vila de Nossa Senhora da Conceição do Rio Paraíba de Jacareí. Depois de passar pela vila de São José do Paraíba (hoje São José dos Campos), chegou, em 23, na vila de Santana de Mogi das Cruzes, tendo nessa localidade recusado a receber emissários do governo paulista dissolvido e da Câmara, nomeando governador das Armas de São Paulo o marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa.

Finalmente, após 634 km, em 12 dias, chega em 24 de agosto, a Penha de França, onde fez o seu último pouso antes de entrar em São Paulo. Na manhã de 25, participa de missa na capela de Nossa Senhora da Penha, logo após segue para a Capital. Na Sé, assiste, com sua comitiva, à solene Te Deum e depois recebe o beija-mão de autoridades e do povo. Permanece alguns dias na Capital, nesse período conhece D. Domitila de Castro e Mello, a futura marquesa de Santos.

Dom Pedro ao Piano

Em 5 de setembro, foi a Santos a fim de inspecionar as fortalezas e visitar pessoas da família de José Bonifácio, seu ministro de Estado. De regresso a São Paulo, no sábado, por volta das 16 horas, dia 7 de setembro de 1822, quando D. Pedro e comitiva se encontravam no alto de colina próxima do riacho do Ipiranga, dois cavaleiros em rápida carreira vão a seu encontro, eram o major Antônio Ramos Cordeiro e Paulo Bregaro - hoje Patrono dos Carteiros -, este, como correio-real da Corte, trazia diversas correspondências: cartas de sua esposa Leopoldina, de José Bonifácio; duas de Lisboa - uma de seu pai D. João VI e a outra com instrução das Cortes, exigindo o regresso imediato do príncipe e a prisão e processo de José Bonifácio, e a última de Chamberlain (amigo de confiança do príncipe D. Pedro).

CARTA DA PRINCESA LEOPOLDINA

"29 de agosto de 1822

Meu querido e muito amado esposo, mando-lhe o Paulo; é preciso que volte com a maior brevidade, esteja persuadido que não só amor, amizade que me faz desejar mais que nunca sua pronta presença, mas sim às crítica circunstâncias em que se acha o amado Brasil, só a sua presença, muita energia e rigor podem salvá-lo da ruína.

..As notícias de Lisboa são péssimas: 14 batalhões vão embarcar nas três naus, mandou-se imprimir suas cartas e o povo lisboense tem-se permitido toda a qualidade de expressões indignas contra sua pessoa, na Bahia entraram 600 homens e duas ou três embarcações de guerra.

Os ministros de Estado lhe escrevem esta carta, aqui inclusa, e assentou-se não mandar os navios para o sul porque o Lecor se desmacarou com Moratto e era capaz de embarcar a tropa para Santa Catarina; a sua vinda decidirá depois se sempre quer mandá-las.

Todos aqui estão bons e Maria já sai e o Manuel Bernardes a curou muito bem.

Receba mil abraços e saudades muito ternas desta sua amante esposa

Leopoldina"

CARTA DE JOSÉ BONIFACIO

"Senhor, as Cortes ordenaram minha prisão, por minha obediência a Vossa Alteza.

E, no seu ódio imenso de perseguição, atingiram também aquele que se preza em o servir com a lealdade a dedicação do mais fiel amigo e súdito. O momento não comporta mais delongas ou condescendências.

A revolução já está preparada para o dia de sua partida. Se parte, temos a revolução do Brasil contra Portugal, e Portugal, atualmente, não tem recursos para subjugar um levante, que é preparado ocultamente, para não dizer quase visivelmente. Se fica, tem, Vossa Alteza, contra si, o povo de Portugal, a vingança das Cortes, que direi?! até a deserdação, que dizem já estar combinada. Ministro fiel que arrisquei tudo por minha Pátria e pelo meu Príncipe, servo obedientíssimo do Senhor D. João VI, que as Cortes têm na mais detestável coação, eu, como Ministro, aconselho a Vossa Alteza que fique e faça do Brasil um reino feliz, separado de Portugal, que é hoje escravo das Cortes despóticas.

Senhor, ninguém mais do que sua esposa deseja sua felicidade e ela lhe diz em carta, que com esta será entregue, que Vossa Alteza deve ficar e fazer a felicidade do povo brasileiro, que o deseja como seu soberano, sem ligações e obediências às despóticas Cortes portuguesas, que querem a escravidão do Brasil e a humilhação do seu adorado Príncipe Regente.

Fique, é o que todos pedem ao Magnânimo Príncipe, que é Vossa Alteza, para orgulho e felicidade do Brasil.

E, se não ficar, correrão rios de sangue, nesta grande e nobre terra, tão querida do seu Real Pai, que já não governa em Portugal, pela opressão das Cortes; nesta terra que tanto estima Vossa Alteza e a quem tanto Vossa Alteza estima.

José Bonifácio de Andrada e Silva".

Integrantes da comitiva, o padre Belchior Pinheiro e o Barão de Pindamonhangaba deixaram para a história seus depoimentos sobre o 7 de setembro:

PADRE BELCHIOR PINHEIRO

"Foi nessa altura, no lugar denominado Moinhos, que dois correios da Corte se aproximaram açodadamente. Entregaram importantes papéis ao príncipe. O príncipe mandou ler alto as cartas trazidas por Paulo Bregaro e Antônio Cordeiro. Eram elas: uma instrução das Cortes, uma carta de D. João [chegadas de Portugal], outra da princesa, outra de José Bonifácio e ainda outra de Chamberlain.

...D. Pedro, tremendo de raiva, arrancou de minhas mãos os papéis e, amarrotando-os, pisou-os, deixou-os na relva [então não estava sobre o cavalo]. Eu os apanhei e guardei. Depois, virou-se para mim e disse: - "E agora, padre Belchior?" E eu respondi prontamente: - "Se V. Alteza não se faz rei do Brasil será prisioneiro das Cortes e, talvez, deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação.

..."D. Pedro caminhou alguns passos, silenciosamente, acompanhado por mim, Cordeiro, Bregaro, Carlota e outros, em direção aos animais que se achavam à beira do caminho. De repente, estacou já no meio da estrada, dizendo-me: - "Padre Belchior, eles o querem, eles terão a sua conta. As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações; nada mais quero com o governo português e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal."

...Respondemos imediatamente, com entusiasmo: - "Viva a Liberdade! Viva o Brasil separado! Viva D. Pedro!" O príncipe virou-se para seu ajudante de ordens e falou: - "Diga à minha guarda, que eu acabo de fazer a independência do Brasil. Estamos separados de Portugal."O tenente Canto e Melo cavalgou em direção a uma venda, onde se achavam quase todos os dragões da guarda."

CAPITÃO-MOR MANUEL MARCONDES DE OLIVEIRA E MELLO, (depois BARÃO DE PINDAMONHANGABA).

"Chegando ao Ipiranga, sem que ninguém aparecesse, fiz parar a guarda junto a uma casinhola [hoje conhecida como "Casa do Grito"] que ficava à beira da estrada, à margem daquele riacho. Para prevenir qualquer surpresa, mandei o guarda Manuel de Godoi, que era dos mais moços, colocar-se de atalaia em lugar onde pudesse descobrir a aproximação do príncipe. Tomando esta providência, apeamos e nos pusemos a descansar, conforme era natural.

...Poucos minutos poderiam ter-se passado depois da retirada dos referidos viajantes (Bregaro e Cordeiro), eis que percebemos que o guarda, que estava de vigia, vinha apressadamente em direção ao ponto em que nos achávamos. Compreendi o que aquilo queria dizer e, imediatamente, mandei formar a guarda para receber D. Pedro, que devia entrar na cidade entre duas alas. Mas tão apressado vinha o príncipe, que chegou antes que alguns soldados tivessem tempo de alcançar as selas. Havia de ser quatro horas da tarde, mais ou menos. Vinha o príncipe na frente. Vendo-o voltar-se para o nosso lado, saímos ao seu encontro. Diante da guarda, que descrevia um semicírculo, estacou o seu animal e, de espada desembainhada, bradou: 'Amigos! Estão, para sempre, quebrados os laços que nos ligavam ao governo português! E quanto aos topes daquela nação, convido-os a fazer assim.' E arrancando do chapéu que ali trazia, a fita azul e branca, a arrojou no chão, sendo nisto acompanhado por toda a guarda que, tirando dos braços o mesmo distintivo, lhe deu igual destino.

... "E viva o Brasil livre e independente!" gritou D. Pedro. Ao que, desembainhando também nossas espadas, respondemos: - "Viva o Brasil livre e independente! Viva D.Pedro, seu defensor perpétuo!" ...E bradou ainda o príncipe:"Será nossa divisa de ora em diante: Independência ou Morte!".

...Por nossa parte, e com o mais vivo entusiasmo, repetimos: "Independência ou Morte!"

Acompanhavam o Príncipe Regente, fazendo parte da comitiva, e foram testemunhas da proclamação da Independência do Brasil, os nomes relacionados abaixo:

Luiz de Saldanha da Gama, veador (fidalgo) da princesa Real, nomeado interinamente ministro e secretário de Estado especial, para acompanhar o príncipe Regente, assistir ao despacho e expedir as respectivas ordens.

Guarda de Honra

1º comandante, coronel Antônio Leite Pereira da Gama Lobo (de São Paulo);

2º comandante interino, capitão-mor Manuel Marcondes de Oliveira e Mello, depois barão de Pindamonhangaba (da mesma cidade);

Sargento-mor Domingos Marcondes de Andrade (de Pindamonhangaba);

Tenente Francisco Bueno Garcia Leme (da mesma cidade);

Miguel de Godói e Moreira e Costa (da mesma cidade);

Adriano Gomes Vieira de Almeida (da mesma cidade);

Manuel Ribeira do Amaral (da mesma cidade);

Benedito Corrêa Salgado (da mesma cidade);

Francisco Xavier de Almeida (de Taubaté);

Vicente da Costa Braga (da mesma cidade);

Fernando Gomes Nogueira (da mesma cidade);

João José Lopes (da mesma cidade);

Rodrigo Gomes Vieira (da mesma cidade);

Bento Vieira de Moura (da mesma cidade);

Flávio Antônio de Melo (de Paraibuna);

Salvador Leite Ferraz (de Mogi das Cruzes);

José Monteiro dos Santos (Guaratinguetá);

Custódio Leme Barbosa (da mesma cidade);

Sargento-mor João Ferreira de Sousa (de Areias);

Cassiano Gomes Nogueira (São João Marcos cidade do Rio de Janeiro);

Floriano de Sá Rios (da mesma cidade);

Joaquim José de Sousa Breves (da mesma cidade);

Antonio Pereira Leite (de Resende)

Sargento-mor Antonio Ramos Cordeiro, veio acompanhando o correio-real;

José da Rocha Corrêa (da mesma cidade);

David Gomes Cardim (da mesma cidade);

Eleutério Velho Bezerra (do Rio de Janeiro);

Antônio Luís da Cunha (da mesma cidade);

Oficiais e criados da Casa Real

Guarda-roupa Joaquim Maria da Gama Freitas Berquó, depois Marques de Cantagalo;

Criado particular João Carlota;

Criado particular João Carvalho;

Criado particular Francisco Gomes da Silva, o Chalaça;

Pessoas particulares

Brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão (de São Paulo);

Padre Belchior Pinheiro de Oliveira (de Minas Gerais);

Empregado Público

Paulo Bregaro, oficial do Supremo Tribunal Militar, na condição de correio-real.

Dom Pedro, acompanhado de toda a comitiva, encaminhou-se, a seguir, para a cidade. À noite, compareceu ao teatro da Ópera, ostentando, no braço, o dístico de ouro "Independência ou Morte", que, às pressas, mandara fazer no ourives Lessa, preso por um laço de fita verde e amarelo. Delirantemente aclamado, executou ao piano o "Hino da Independência", música por ela composta. E, logo após, ergueu-se o jovem poeta Tomás de Aquino e Castro e recitou um soneto de sua autoria, assim terminando:

"Será logo o Brasil mais que foi Roma

Sendo Pedro seu primeiro Imperador"

Em dado momento, o padre Ildefonso Xavier Ferreira, subindo a um dos assentos da platéia, em frente ao camarote de D. Pedro, por três vezes gritou: "Viva o primeiro rei brasileiro!" Após essas manifestações, teve lugar a representação da peça "O Convidado de Pedra".

No dia seguinte ao brado de Independência, D. Pedro fez a seguinte declaração:

PROCLAMAÇÃO

"Honrados Paulistanos: O amor que eu consagro ao Brasil em geral, e a vossa Província em particular, por ser aquela que perante mim e o mundo inteiro fez conhecer primeiro que todos o sistema maquiavélico, desorganizador, e faccioso das Cortes de Lisboa, me obrigou a ir entre vós fazer consolidar a fraternal união, e tranqüilidade, que vacilava, e era ameaçada por desorganizadores, que em breve conhecereis, fechada que seja a devassa, a que mandei proceder. Quando eu mais que contente estava junto de vós, chegam noticias que de Lisboa os traidores da Nação, os infames Deputados pretendem fazer atacar ao Brasil, e tirar-lhe do seu seio seu Defensor; Cumpre-me como tal tomar todas as medidas que minha imaginação me sugerir; e para que estas sejam tomadas com aquela madureza, que em tais crises se requer, sou obrigado para servir ao meu ídolo, o Brasil, a separar-me de vós, (o que muito sinto), indo para o Rio ouvir meus Conselheiros, e providenciar sobre negócios de tão alta monta. Eu vos asseguro que cousa nenhuma me poderá ser mais sensível, do que o golpe que minha alma sofre, separando-me de meu amigos Paulistanos, a quem o Brasil, e eu devemos os bens, que gozamos, e esperamos gozar de uma Constituição liberal e judiciosa. Agora, Paulistanos, só vos resta conservardes união entre vós, não só por ser esse o dever de todos os bons Brasileiros, mas também por que a nossa Pátria esta ameaçada de sofrer uma guerra, que não só nos há de ser feita pela Tropas, que de Portugal forem mandadas, mas igualmente pelos seus servis partidistas, e vis emissários, que entre nós existem atraiçoando-nos. Quando as autoridades, vos não administrarem aquela Justiça imparcial, que delas deve ser inseparável, representai-me que eu providenciarei. A divisa do Brasil deve ser - INDEPENDÊNCIA OU MORTE - Sabei que, quando trato da Causa Publica, não tenho amigos e validos em ocasião alguma.

Existi tranqüilos: acautelai-vos dos facciosos sectários das Cortes de Lisboa; e contai em toda a ocasião com o vosso Defensor Perpetuo. Paço em oito de setembro de mil oitocentos e vinte dois."

PRINCIPE REGENTE

D. Pedro nomeou, em 9 de setembro, a nova junta governativa da Província de São Paulo, composta pelo bispo diocesano D. Mateus de Abreu Pereira, ouvidor da Comarca Dr. José Corrêa Pacheco e Silva e o marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa. E, às 5 horas do dia 10 de setembro de 1822, deixou a Capital, partindo para o Rio de Janeiro, aonde chegaria em tempo recorde de cinco dias, apesar das chuvas e temporais.

* Antônio Sergio Ribeiro, advogado e pesquisador, funcionário da Secretaria Geral Parlamentar da ALESP.

O autor agradece a valiosa colaboração de:

Sandra Sciulli Vital, da Divisão de Biblioteca e Documentação da ALESP

Patrícia Guerra Guimarães Miranda, do DDI da ALESP

Bibliografia:

LEIS DO BRAZIL

Vol. II - 1822

Imprensa Nacional - Rio de Janeiro

Coleção pertencente à Divisão de Biblioteca e Informação da ALESP

ANDRADAS, OS

Alberto Sousa

Typographia Piratininga - 1922 - 3 vols. - São Paulo

APONTAMENTOS DA PROVÍNCIA DE SÃO PAULO

Manuel Eufrásio de Azevedo Marques

Tomo I e II - Livraria Martins e Editora - 1954 - São Paulo

DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DE SÃO PAULO

Antonio Barreto do Amaral

Edição do Governo do Estado de São Paulo - IMESP - 1980

HISTÓRIA DO BRAZIL

Rocha Pombo

Editora Weiszflog Irmãos - 1919 - São PauloHistória do de Rocha Pombo,

TEXTOS POLÍTICOS DA HISTÓRIA DO BRASIL

Paulo Bonavides e Roberto Amaral

Ed. Senado Federal - 3ª Edição - 2002 - Brasília

VIDA DE D. PEDRO I, A

Octavio Tarquínio de Sousa

Edição Comemorativa do Sesquicentenário da Independência Brasil

José Olímpio Editora - 1972 - 2 Vols. - Rio de Janeiro

 https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=285344

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SEU ATANÁSIO MEMÓRIA CENTENÁRIA DO CANGAÇO EM PARIPIRANGA, BA

 Por Kiko Monteiro

Dando continuidade aos registros de minha pisada junto com o confrade Narciso Dias por terras que ontem pertenciam a Paripiranga e hoje são de Adustina, tivemos mais uma grata surpresa ao sermos avisados da existência, eu diria até espetacular existência e presença de Seu Atanásio. Ele é mais uma testemunha ocular dos fatos lampiônicos no sertão baiano, e que para nossa sorte naqueles dias se encontrava em tratamento de saúde na casa da sua filha.


Ex-vaqueiro e coiteiro assumido, Atanásio Gregório dos Santos já não enxerga à onze anos. Precisamente quando completou os 102 anos de idade... Hoje aos "111" desafia o tempo e o vento, sim, o homem nasceu em 05 de fevereiro de 1902. Com prova documental.


Garantiu lembrar de ontem como se fosse ainda ontem. Conversamos com ele por pouco mais de uma hora. Não foi fácil montar o seu depoimento. É preciso intimidade com o ritmo e expressões e corruptelas da fala dos nossos vizinhos de estado. E seu Atanásio nem sempre partia do inicio ou finalizava um episódio. Alguns capítulos ficaram pela metade, portanto sem validade para nossa publicação. Não poderíamos exigir muito, os fatos conhecidos e vivenciados por este baiano fecharam com chave de ouro a nossa tão proveitosa visita.

Pra inicio de conversa, ele nos disse que não era filho de Paripiranga, é natural de Bebedouro (atual cidade baiana de Coronel João Sá que pertencia à Jeremoabo). 

Que na verdade foi um coiteiro de dupla função, pois serviu aos dois lados da força. 

Na época do cangaço ele já residia nos Jardins  mesmo lugarzinho em que vive amparado pelos filhos, (atualmente o Jardins é um povoado do município baiano Sitio do Quinto). 

O que facilitou sua amizade com os cabras de Lampião foi o fato de ser casado com uma prima do cangaceiro "Saracura". Assinala que o grupo que dominava a região era justamente o de Ângelo Roque "O Labarêda" um cangaceiro manso e chefe de Saracura.
Saracura não, o Benício, que era um excelente vaqueiro e conforme a história, um sertanejo que revoltou-se ao ver seu pai quase invertebrado numa rede por conta de uma surra que tomou de uma força volante.
Confiram a data de nascimento no RG do "menino"
Ressalta que manteve boa convivência com policiais. Todavia ao botar na balança quem mais apreciava, deixa claro a sua simpatia pelo modus operandi dos cabras de Lampião. Afirma que presenciou muito mais atrocidades dos "Macacos". Afinal de contas...
 - "O que mais tinha na policia era vagabundo a procura de comida e dinheiro. Era uma época de secas terríveis e estas pessoas não tinham opção. A única alternativa era pegar em armas para perseguir cangaceiros. Mas a única coisa que a maioria sabia fazer era pilhéria, covardia de bater em pobres coitados. Enfrentar os cangaceiros como devia de ser... Ah! foram poucos".
L.A. - Sabendo que havia violência de ambas as partes, por que o senhor preferia lidar com os cangaceiros do que com as Forças?
- "Vamos dizer assim: Eu não fazia nem cara feia, nem corpo mole. A volante exigia que eu matasse um bode dos meus, eu atendia, eles comiam, enchiam o bucho, nem sequer agradeciam e iam embora. Já os cangaceiros pediam a mesma coisa, porem ao se fartarem pagavam pelo animal abatido. Aliás, eu ganhava de cinco a dez mil réis por qualquer favor prestado a cabroeira".
 L.A. - O senhor chegou a frequentar algum baile com os cangaceiros? 
- "Fui dançar uma única vez um "pagode" convidado pelo próprio Ângelo Roque no Pinhão. Mas chegou uma força e teve tiroteio. Nesse dia não morreu ninguém, eu consegui fugir me arrastando pelo batente da choupana". 
 L.A. - E Lampião? 
- "Conheci demais, ele andou muito no sitio (Do quinto), aqui pelas matas de Paripiranga, também, tinha preferência pelos coitos na beira do rio Vaza Barris que corta a região".
A cada intervalo Seu Atanásio sempre repetia: 
"Tempo bom, meus amigos, é o de hoje".
Também pudera, o homem na condição de coiteiro, e de quem viu muito assombro e desmandos de toda a sorte no sertão pode fazer o comparativo.
Certa vez ele guiou a cabroeira até a casa de uma mulher chamada Josefa de Bispo, que morava com três filhos no lugar chamado Quixaba. Ao perceber a fome que estes passavam, os cabras ruins do sertão num momento de benevolência (heroismo) se compadeceram da situação e deram-lhes comida.
Mas certa feita esta mesma mulher achou de informar para a volante comandada pelo Sargento Balbino a localização do coito dos bandoleiros. O cangaceiro (cujo nome ele não recorda e prefere não sugerir ) Tomou conhecimento da desfeita e a visitou mais uma vez, desta vez sem piedade nem tampouco caridade.
- "Ele cortou a língua dela com uma faca de ponta para servir de exemplo à  todos que não soubessem manter silencio sobre suas presenças na região".
Pensam que o castigo lhe bastou? Dona Josefa, revoltada e sem a língua para caguetar, apontava com o dedo a direção do bando para a volante. Ligeiramente engraçado? No cangaço nada é cômico. Essas "apontadas" ocasionaram em tiroteio e como nova represália os cangaceiros intimidaram a velha de vez, matando dois dos seus filhos.
Recordou um outro trágico episódio envolvendo gente que desafiou o perigo, narrativas que ouviu dos próprios executores.
O jovem Manoel Caetano, “Manoelzinho” era caçador e certa vez deu de cara com um coito de cangaceiros que se preparavam para tratar uma vaca. Ao voltar para casa ao invés de segurar a novidade resolveu procurar o sargento Balbino e delatar o local. Novo embate com a policia... Não tinha outro, eles já sabiam quem os havia entregado e juraram vingança contra o Manoel. Tempos depois Manoelzinho que pensava que era invisível descia as margens do riacho sozinho e deu de cara com um cangaceiro que o cumprimentou pelo nome, Manoelzinho desconfiado perguntou quem ele era, e o cabra identificou-se como Soldado do governo".
O caçador nem imaginava quem seria a caça, achou de fazer a média com o volante e foi proseando:
- Pois um dia destes, botei vocês no rastro dos bandidos, não mataram porque não quiseram.
- É verdade, mataram ninguém não, tanto que estou aqui conversando com você, seu filho de uma p... vais morrer agora mesmo.
Outros cangaceiros saíram do mato. Manoelzinho se ajoelha clama que poupem sua vida pois tinha uma boa quantia de dinheiro pra lhes dar.
- Tenho pra vocês um conto e quietos réis...
Trato aparentemente aceito, mas o levaram e mantiveram-no prisioneiro no coito e no final da tarde o mataram a punhaladas e deixaram o cadáver exposto em outro ponto da mata. Paisanos que passavam pelo local ao se depararam como aquela cena medonha e fugiram esquecendo-se das montarias.
 Atanásio tira sem dificuldade mais coisas da sua centenária e incrível memória
Conta que conheceu "Mariquinha" prima de Maria Bonita e companheira de Ângelo Roque.

[Mariquinha também era natural de Jeremoabo e foi assassinada por Odilon Flor no lugar Riacho do Negro, (diz que na época o lugar também foi conhecido por Curral do Saco) juntamente com os cabras Pé-de-peba e Chofreu. Quem participou desta diligencia e está vivo para contar esta história é o ex volante Gerson Pionório entrevistado por João de Sousa Lima Leia Aqui ]
Cabeças dos cangaceiros Mariquinha, Chofreu e Pé-de-peba
Acervo Lampião Aceso
 
Cruzes dos cangaceiros mortos no Riacho do Negro
Foto: João de Sousa Lima
E que em 1938 após o massacre, descobriu que dois sobrinhos dele estavam junto com Lampião em Angico. Um deles recebeu o vulgo de "Zeppellim" e o outro não lembra, mas enfim, era o Pedrinho. Os dois conseguiram escapar. permaneceram escondidos durante seis meses na fazenda Caraíbas (Divisa entre Adustina e sitio do Quinto).
- "O Pedrinho tinha um ferimento de bala na coxa que ele tratou com farinha molhada".
 L.A. - E o senhor? não chegou a ser convidado para pegar em armas e acompanhar os cangaceiros? 
- "Com os meninos? Não, mas cheguei a marchar com Zé Rufino algumas vezes na persiga de cangaceiros". Recebi um fuzil e uma recomedação dele -"Se ver alguém não seja doido de atirar, espere minha ordem".
Seu Atanásio disse que também serviu como coiteiro do célebre Corisco.
 L.A. - E Dadá, o senhor lembra dela?
"A Dadá? Ah ali era uma “cabocla positiva”. Uma vez eu pesquei não sei quantos quilos de Jundiá pra ela e pra Corisco... Conheci o "Balão" e o Mariano quando ele era comandado pelo diabo Loiro... e outros e outros".
"Esse depoimento foi gravado no dia 2 de julho de 2013 e escrito dois meses depois. Antes de publica-lo eu precisava me certificar da condição atual do nosso entrevistado. Hoje, 07 de junho de 2014, mantive contato com o nosso amigo e anfitrião professor Salomão que foi buscar noticias junto a filha de Seu Atanásio e ela nos assegurou que: Aos "112 anos" o pai dela está vivendo seus últimos dias, meses, ou quem sabe até anos no rancho dele, lá no Sitio do Quinto".
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UM DOS PRIMEIROS PARCEIROS DE LAMPIÃO A EFÊMERA VIDA DE MEIA-NOITE

Por Joel Reis

Antônio Augusto vulgo 'Meia-Noite'

Antônio Augusto (Feitosa ou Correia)[1], conhecido como Bagaço, natural de Olho d’Água, município de Piranhas – AL (atual Olho d’Água do Casado – AL)[2], era filho de Zé Bagaço, no qual herdou o apelido.

Quando tinha de 11 para 12 anos de idade, sua mãe, já viúva, pediu-lhe que fosse buscar legumes na roça. No caminho de volta, um rapaz o perguntou:

- Donde tu vem fedelho?

O menino se zangou com tratamento e respondeu:

- O qui você qué sabê? É da sua conta?

O rapaz também se irritou e lhe deu umas tapas. Antônio Bagaço jurou vingança:

- Isso num vai ficá assim, você vai me pagá.

Ao chegar em casa se armou com uma espingarda lazarina e disse:

- Mãe, vô ali.

Saiu a procura do Rapaz, mas só o achou por volta das 19h em uma fazenda. Estava chovendo muito, aproximou-se sorrateiramente e atirou no rapaz. Certo que o tinha matado, fugiu e foi dormir em uma casa de farinha na Fazenda Olho d’Água, do coronel Zé Rodrigues. Pela manhã um vaqueiro o encontra deitado e todo molhado, o acorda e faz diversas perguntas, o menino acaba falando do ocorrido. O vaqueiro o leva até o Coronel e conta a história.

- Menino, vou te dar uma pisa.

Aperreado, o menino revidou:

- Coroné, pelo leite que o sinhô mamou, não dê n’eu. É mió me matá qui estou satisfeito.

Então, o coronel para saber se de fato ele tinha coragem, mandou o vaqueiro pegar uma enxada e uma pá, entregou os instrumentos para o menino:

- Toma, cave sua cova.

Quando o menino já havia cavado uns seis palmos de fundura:

- Está bom, agora se prepare prá morrer.
- Tô pronto prá morrê, coroné! Agora peço que diga a minha mãe que morri como um homi e não como covarde!
- Olha que infeliz, não vou te matar, não. Mas na próxima te mato.

Ao chegar em casa, avisou à sua mãe que ia embora para não ser preso. Sem demora, saiu pelo mundo... acabou chegando em Espírito Santo – PE (atual Inajá – PE)[3], onde foi acolhido pelo velho Terto Cordeiro (Tertulino Cordeiro - da família Marcos)[4]. Por volta de 1921, surgiram questões de intriga entre os Marcos e os Quirinos. Em vista disso, já com dezoito para dezenove anos de idade, os filhos de Antônio Quirino tentaram espancá-lo, na luta saiu ferido na cabeça. Depois disso, chegou em casa, disse ao velho Terto:

- Tio! (Não era, mas assim o chamava), vô m’imbora procurar os cangaceiros.

A princípio, Bagaço entrou no grupo de Antônio Porcino. Logo, conquistou notoriedade. Posteriormente, integrou-se ao grupo de Lampião, no qual foi denominado de Meia-Noite por ser de cor parda. O chefe cangaceiro nutria verdadeira admiração, em virtude que, Meia-Noite possuía extrema coragem, tendo triunfado ao seu lado em diversas ações[5].

Em agosto de 1924, Meia-Noite discutiu de maneira severa com os irmãos de Lampião; Vassoura (Livino) e Esperança (Antônio). Foram acusados de terem roubado seus Rs. 9:000$000 (9 contos de réis = 9.000 mil-réis)[6]. Lampião interveio na discussão, indenizando o valor que ele alegava ter sido subtraído por seus irmãos quando estava dormindo. Questão resolvida, o chefe cangaceiro o expulsa do bando e exige a entrega do armamento. Sem demora, Meia-Noite responde:

- Si no meio desta cabroêra tem homi, venha tomá.

Os cangaceiros presentes preferiram não tentar. Sem demora, Meia-Noite foi andando para trás com os olhos fixos nos velhos companheiros, em pouco tempo desaparece na caatinga.

No dia 18 de agosto de 1924[7], poucos dias do ocorrido, Meia-Noite foi visto atravessando o sítio Bandeira em direção ao sítio Tataíra[8], na companhia apenas de uma mulher[9]. Um olheiro avisou o coronel Zé Pereira (José Pereira Lima) que o famanaz cangaceiro se encontrava no sítio Tataíra. Com o comunicado, tratou imediatamente de organizar uma diligência, a fim de apanhar o bandoleiro.

Por volta das 21 horas, foi formado um grupo em Princesa – PB (atual Princesa Isabel – PB)[10], composto de quatro soldados da Força Pública e oito civis, marcharam 4 horas até o sítio Tataíra. Já era madrugada quando o cerco começa em duas casas, mas não o encontraram, batem na porta da terceira casa[11] (o bandoleiro estava em plena lua de mel):

- Quem é?
- É os meninos do coroné...
- Ah!... Eu não abro a minha porta prá descunhecidos... Zulmira não qué qui eu abra a porta. Ela tem medo...
- Venha dar um bocado d’água a gente...
- Num tem água, não.
- Que diabo de véia da fala fina...

Proferidas essas palavras, atento a conversa e com intuito de ganhar tempo para se equipar, o sicário enfurecido vocifera:

- Qui desaforo de seu Zé Pereira, mandá incomodá os homi essa hora, apôis vocês tão pegado cum Meia-Noite, nêgo nascido em meio de desgraça.

Sem demora, inicia o fogo contra a tropa... após uma hora de tiroteio e ofensas de ambas as partes, o cangaceiro brada:

- Canaias, o qui vocês quére, chega já. Cabra de barro num aguenta tempo.
- Vem aqui fóra, nêgo ladrão!
- Ladrão, é vocês, qui quére robá a roupa de minha muié, magote de peste!

Depois de algum tempo, o cangaceiro pede para o grupo cessar-fogo e que permitisse a saída de Zulmira, sua mulher, mas o pedido foi ignorado e o tiroteio se intensificou até amanhecer, apesar disso, o bandido volta a zombar:

- Rapaziada, vocês são de barro? Esse mangote de peste tá cum fome... Entre, venha tomá um cafezinho cum queijo de mantêga...
- O café qui nós qué é ti passá nas corda.

Em seguida, ouve-se uma voz cantada de dentro da casa sitiada:

"Si quizé sabê meu nome
Faça favô preguntá
Eu me chamo é Meia-Noite
Canário de bom lugá
Eu sou um carnêro fino
Do colo de minha Iaiá!
É Lampe, é Lampe, é Lampe
O Virgolino é Lampeão
É o dedo amolegando
Embolano pelo chão!”

No alvorecer, próximo ao local do tiroteio, as Forças comandadas pelo Tenente Manoel Benício, Tenente Francisco de Oliveira e o Sargento Clementino Furtado (Quelé) foram alertadas. Logo, reuniram o efetivo de 84 homens e rumaram para o campo de luta. Ao ouvir o clangor da corneta, berra furioso:

- Sustenta a ispingarda, canaias pôde, qui nêgo vai simbora.

Debaixo de uma saraivada de balas feriu alguns homens e também foi ferido[12], ainda assim, conseguiu escapar. A Força seguiu o rastro de sangue, porém o perdeu de vista.

Passaram-se seis dias, o Comissário de Polícia de Patos, Manoel Lopes Diniz e quatro companheiros encontraram Meia-Noite gravemente ferido. Mesmo assim, resistiu à prisão, disparando dois tiros de parabellum contra o grupo que, rapidamente revidou, e acabou matando o temido bandoleiro no auge dos seus 22 anos.

NOTAS:

[1] Nomes - Antônio Augusto Feitosa (ALMEIDA, 1926); Antônio Augusto Correia (MELLO, 2013); José Tiago (LIRA, 1990).
[2] Olho d’Água - povoado, subordinado ao município de Piranhas, posteriormente Distrito de Olho d’Água do Casado, pela Lei Estadual nº 1473, de 17 de setembro de 1949.
[3] Espírito Santo - atual Inajá – PE.
[4] Terto Cordeiro - Tertulino Cordeiro era da família Marcos.
[5] Diversas ações - As mais importantes foram: O assalto a residência de Joana Vieira de Siqueira Torres, a Baronesa de Água Branca (26.06.1922) e  o ataque à cidade de Sousa - PB (27.07.1924).
[6] Rs 9:000$000 (9 contos de réis ou 9.000 mil-réis) = 9.000.000 (9 milhões de réis) - Conversão para Real = R$ 250.000 (Duzentos e cinquenta mil reais).
[7] Érico Almeida (1926), afirma que foi no final do mês de setembro de 1924.
[8] Sítio Tataíra - nos limites do município de Princesa – PB com o de Triunfo – PE. (ALMEIDA, 1926).
[9] Mulher -  Alexandrina Vieira (Zumira). (DANTAS, 2018).
[10] Princesa – PB - atual Princesa Isabel - PB.
[11] Casa - Alguns autores/pesquisadores afirmam que era uma casa de farinha, outros que era uma casa velha.
[12] Ferido - em uma das pernas.

FONTES:

ALMEIDA, Érico de. Lampião: sua história. João Pessoa: Editora Universitária, 1996. [Fac-similar à edição de1926].

DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. Lampião na Paraíba: notas para a história. Natal – RN: Polyprint, 2018.

LIRA, João Gomes de. Lampião: memórias de um soldado de volante. Recife: FUNDARPE, 1990.

MACIEL, Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado: II. A guerra de gerrilhas (fase de vinditas). Petrópolis - RJ: Vozes, 1985.

MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do Sol: violência e banditismo no nordeste do Brasil. 5. ed. São Paulo: A Girafa. 2011.

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HÁ 75 ANOS, O BRASIL ASSISTIA AO FIM DO CANGAÇO - JORNAL FUTURA - CANAL FUTURA

Canal Cultura 

https://www.youtube.com/watch?v=RzLdmX3DSbc&ab_channel=CanalFutura

Há 75 anos o Brasil assistia ao fim do cangaço, importante parte da história brasileira (Jornal Futura - 26/06/2015) Há 75 anos, o Brasil assistia ao final do cangaço: era fim de maio de 1940, quando Cristino Gomes da Silva Cleto, o mitológico cangaceiro Corisco, foi metralhado numa emboscada na fazenda Cavacos, em Brotas de Macaúba, na Bahia, pelo tenente José Rufino, um dos maiores caçadores de cangaceiros da história. Àquela altura, dois anos após a morte de Lampião, Corisco era o último cangaceiro em atividade, apesar de ter ficado com um braço deficiente por causa de tiros. Era o fim de um ciclo sangrento que durou cerca de um século e que teve seu ápice no tempo de Lampião.

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O SANGRENTO "COMBATE DAS BAIXAS".

 Por Geraldo Júnior


Cangaçologia

Ocorrido no dia 14 de novembro de 1924 na Fazenda Baixas no município pernambucano de Floresta o "Combate das Baixas", como assim ficou conhecido, foi um dos mais duros e sangrentos combates travados entre os Nazarenos e o bando de Lampião em toda a história. Combate que resultou na morte do cangaceiro Manoel de Margarida e dos "Nazarenos" Olímpio Jurubeba e Inocêncio Nogueira. Vamos agora ouvir a história narrada que foi retirada do livro "O canto do Acauã" de Marilourdes Ferraz", que trás as memórias de Manoel de Souza Ferraz "Manoel Flor", que foi um dos destacados protagonistas da história. Vamos aos fatos. Assistam e ao final deixem seus comentários, críticas e sugestões. Não se esqueçam de se inscreverem no canal e ativar o sino para receber todas as nossas atualizações e postagens. 

Forte abraço... Cabroeira! 

Geraldo Antônio de Souza Júnior - Criador e administrador do canal.

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O BÊBADO PIDÃO.

Por João Filho de Paula Pessoa

Serra Do Umã, quando estava preso, em entrevista a Leonardo Mota, foi perguntado se no cangaço tinha algo engraçado, então contou que em meados dos anos 20, estava no bando de Lampião quando vagueavam em Pernambuco, perto de Vila Bela.

E pararam numa bodega onde Lampião pediu ao bodegueiro uma garrafa de conhaque, e como era de seu costume, não bebia nada sem que antes a pessoa que lhe servisse experimentasse primeiro como prevenção de envenenamento, e assim serviu uma dose de uns dois dedos ao bodegueiro que bebeu aquela dose, após, Lampião se serviu de outra dose e também bebeu. 

Aí entrou na bodega um sujeito que eles não conheciam e folgadamente se dirigiu a Lampião e pediu um pouquinho daquela bebida. 

Lampião, surpreso, o olhou de cara fechada e disse: "Para você nunca mais tomar confiança com homem que não é seu parceiro, eu hoje lhe mato a vontade" e obrigou ao pidão folgado a beber toda a garrafa de conhaque de uma vez só, senão levaria faca no bucho. 

O cabra bebeu toda a garrafa e saiu desconfiado, às quedas, bêbado, vomitando, tropeçando e se agarrando nas estacas de cerca que tinha pela frente, sob as gargalhadas e gritaria de algazarra dos cangaceiros. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 21/12/2020.

Assista o filme deste Conto - https://youtu.be/ssEnMRCkLiM

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ONDE NASCEU O CANGACEIRO LUIZ PEDRO.

 Por Geraldo Júnior

https://www.youtube.com/watch?v=oyIGcMQMpkY&feature=share&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

Cangaçologia

Uma visita aos escombros da casa onde nasceu e foi criado o célebre cangaceiro Luiz Pedro (Siqueira). Sítio Retiro em Triunfo - Pernambuco. Assistam e ao final deixem seus comentários, críticas e sugestões. INSCREVAM-SE no canal e ATIVEM O SINO para receber todas as nossas postagens e atualizações. Forte abraço... Cabroeira! 

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O CANGACEIRO (BARRA -DE - AÇO I ) NA CIDADE DE JATI-CE, O PORTAL DO CARIRI POR ONDE PASSOU LAMPIÃO .

A cidade de Jati que no passado chamava-se ( Macapá) teve é tem um papel importante na passagem do povo que vindos dos Estados de Pernambuco, Alagoas,Sergipe, é Bahia fazeram caminho obrigatório por esta cidade.

Durante o apogeu do Cangaço no ano de 1926 muitos cangaceiros aderiram ao bando de Lampião e um desses cangaceiros foi um cabra chamado BARRA DE AÇO. Sobre este cangaceiro não se tem muitos detalhes. basicamente o que sabemos foi só o fim deste dele que foi muito triste e até hoje a região onde ele foi executado ganhou o nome de sítio barra de Aço.

No Cangaço existiram mas dois barras de Aços.

No livro dicionário biográfico, cangaceiros e jagunços- Renato Luís Bandeira, pag73 aparecem 2 barras de Aço sendo a fonte do escritor Bismarck Martins de Oliveira- cangaceiros de Lampião de A a Z.

Segundo consta o primeiro barra de Aço pertenceu ao grupo de Lampião e depois passou para o grupo de português. mais tarde foi capturado pelo Sargento José Porfírio em Alagoas no dia 15 de julho de 1936.

O segundo barra de Aço era natural da Bahia e já entrou no Cangaço em 1936 e esteve em alguns bandos. possivelmente pode ser o mesmo barra de Aço no qual já foi citado acima. Portanto O Cangaceiro barra de Aço morto em Jati Ceará foi o primeiro a ganhar este nome no Cangaço.

Em breve postaremos um documentário no local onde ele foi morto pelo Comandante de volante José Gonçalves Bezerra a 2 Km de Jati. Este documentário será feito com ajuda do amigo Luis Bento ou Luiz Carolino e será exibido no canal cangaçologia do compadre Geraldo Antônio de Souza Júnior.

Aguardem :

Muito obrigado a todos os amigos que estão ao nosso lado.

Apoio :Geraldo Antônio de Souza Junior canal cangaçologia .

Apoio :Luiz Carolino - diretor da casa de Cultura de JATI-CE.

Por:José Francisco Gomes de Lima - Lampião governador do sertão.

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