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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

LAMPIÃO CABRA MACHO

Acervo da Analucia Gomes

Nunca vi um Capitão fazer tanto Coronel estremecer. Melhor dizendo, vi sim: Lampião. Sim, ele mesmo, o rei do cangaço. Desde que o padre Cícero, então prefeito de Juazeiro do Norte, Ceará, outorgou ao cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva a patente de Capitão – mesmo sem ele nunca ter sequer sentado praça - muitos coronéis do sertão nordestino passaram a pensar duas vezes antes de praticar qualquer desatino contra fulano ou sicrano. Bonzinho ele não era, não senhor. Empesteado talvez definisse melhor o seu temperamento. E era brabo. De uma brabeza que só vendo... 


Os macacos – assim os cangaceiros chamavam os policiais que os perseguiam – sabiam muito bem que tal fama tinha sólidos fundamentos. Macaco nenhum cometia o atrevimento de subestimar a fama de Lampião. Mas nem a poder de reza! 

A cada investida de Lampião e seus asseclas a Polícia tentava arregimentar homens e formar uma força volante para sair no encalço dos cabras. Mas a fama de Lampião já se propagara por muitas léguas, alcançando o povoado seguinte. 

Fonte: brasilescola. uol.com.br

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TRÊS GRANDES OBRAS DO ESCRITOR E PESQUISADOR FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELO.


TRÊS GRANDES OBRAS DO ESCRITOR E PESQUISADOR FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELO.


Qualquer um desses livros vocês poderão adquirir com o Professor Francisco Pereira Lima (Cajazeiras/PB) através do e-mail:
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Qualidade garantida e entrega em qualquer localidade do país.
Adquiram!!!!!

Geraldo Antônio de Souza Júnior 

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A BELA ESCRITORA Mª Christina Matta Machado...!


Escreveu a obra "As táticas de Guerra dos Cangaceiros"...
Faleceu em 1971 às vésperas da defesa de sua tese de doutorado...



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MARIA BONITA E A MODA


Na foto, Maria Bonita em cenário de caatinga, apresenta um traje “civil”; linear e influenciado pela grande difusão parisiense que rege usos e costumes de toda primeira metade do século XX. 

Maria Bonita deixa ser fotografada com vestido de aparência solta com pernas à mostra devidamente cobertas por meias como sugere a etiqueta e “bom gosto”. Ela revela-se vaidosa e feminina, usa um penteado de forma particular. 

A moral sertaneja da época não permitia o cabelo curto e, por isso com muita habilidade estética, Maria amarrava o cabelo de forma semelhante aos cortes à la garçonete arredondados. 

Este tipo de corte de cabelo também influencia o período seguinte-década de 1930 com estilo forte, glamoroso e sensual. Mas o toque pessoal do penteado de Maria Bonita com enfeitamentos torna o resultado final imperativo. 

Na integra do Livro Bonita Maria do Capitão / Vera Ferreira

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DA POETISA JUCIANA MIGUEL, O MOTE:


"QUEM ME DERA UMA NOITE DE AMOR
PRA MATAR A METADE DA SAUDADE."


Se eu pudesse te ver neste instante,
Se eu pudesse talvez te abraçar...
Se eu pudesse no leito te amar,
Se eu tivesse teu corpo aconchegante...
Eu seria bem mais interessante,
Pois veria de novo a claridade.
E teria com rara intensidade,
Uns momentos distantes desta dor...
"Quem me dera uma noite de amor
Pra matar a metade da saudade."

Caicó/RN. 16/08/2016.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e Gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O ENCANTADOR DE AMIGOS AGORA É CIDADÃO DE PIRANHAS

Por Júnior Almeida
Manoel Severo recebe homenagem de Junior Almeida

"O encantador de amigos"... Justiça seja feita, a frase do título é de Celsinho Rodrigues, que foi muito feliz em acrescentar ao vasto currículo de Manoel Severo Barbosa, o merecido título de encantador de amigos, na solenidade em que ele recebeu o título de cidadão de Piranhas. Tem razão Celsinho. Severo além de um excelente articulador, agregador, um “gentleman”, é na minha modesta opinião um domador de feras.

Existe um ditado que diz que “o bicho mais difícil de lidar, é gente”, pois, por exemplo, uma boiada, com animais enormes, um único vaqueiro tange para um lado e para outro, e os animais o obedecem instintivamente. Gente não. Com pessoas é diferente, cada um age de acordo com sua vontade, cada um tem uma ideia, que muitas vezes não é a mesma de quem está à frente na organização de algo.

Manoel Severo Gurgel Barbosa, fundador e curador do Cariri Cangaço, movimento turístico, cientifico e cultural, que desde 2009 divulga, revela e muitas vezes esclarece a história nordestina, nas áreas do cangaço, coronelismo, messianismo, religiosidade, tradição, cultura, música e até culinária, é quem está à frente dos maiores pesquisadores e escritores do país, além de descendentes de coiteiros, volantes, cangaceiros e também curiosos da temática, verdadeiras “feras”. Sempre muito bem articulado, Severo é o “domador” dessas “feras”, que o seguem para onde ele for.

Vereador Cacau e Manoel Severo, cidadão de Piranhas

Em reconhecimento ao seu incessante trabalho de divulgação da cultura nordestina, em especial do cangaço e fatos acontecidos no município de Piranhas, desde o último dia 28 de julho, data bastante emblemática no mundo do cangaço, o cearense Manoel Severo Gurgel Barbosa é cidadão honorário de Piranhas, nas Alagoas, projeto de autoria do vereador José Cláudio Pereira dos Santos, o Cacau. A honraria foi entregue ao homenageado na noite do dia 28, durante uma sessão solene da Câmara de Vereadores e a abertura do Cariri Cangaço Piranhas 2016, no Centro Cultural Miguel Arcanjo de Medeiros, diante de diversas autoridades e um auditório lotado pelos participantes do evento.

Emocionado com a homenagem, Severo começou sua fala chamando a atenção do fato de mais de metade do território brasileiro estar representado no evento, com participantes de 16 estados do país. Disse que estava ali, junto com pessoas desses lugares, para dizer a Piranhas que valia a pena contar “nossa” história, abraçar esse Sertão que faz parte do “nosso” sangue, da “nossa” alma. O cearense, agora cidadão piranhense, disse que vele à pena dizer para o Brasil, que aqui (no Nordeste) tem gente de fé, de força, que essa raiz que nos move é maior do que tudo. Severo disse ainda que aquele dia era muito especial para ele, pois recebia um presente sem tamanho, que gostaria de dividir com todos os seus amigos.

Aplaudido de pé ao fim da sessão solene da Câmara e antes da abertura do evento Cariri Cangaço desse ano, Manoel Severo recebeu os cumprimentos das autoridades, amigos e convidados, além das dezenas de pessoas do evento 2016.

Junior Almeida
Pesquisador e Escritor
Capoeiras, Pernambuco

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CARIRI CANGAÇO CONVIDA


É com muita satisfação que o Conselho Alcino Alves Costa do Cariri Cangaço, convida a todos para a posse de seu Conselheiro Geraldo Ferraz na Academia Recifense de Letras e do confrade Rossi Magne na Academia Gloriense de Letras.


Uma grande honra para toda a família Cariri Cangaço !

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CONHECER A PRÓPRIA HISTORIA É FUNDAMENTAL A PRESENÇA DA MULHER NA IRMANDADE DOS NEGROS DO ROSÁRIO DE POMBAL

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

A administração, ou governo da Irmandade dos Negros do Rosário de Pombal, é formada, estatutariamente, por um grupo de homens e mulheres escolhidos entre pessoas de bem e que se disponham a trabalhar pela Confraria, seja na organização da Festa do Rosário, momento máximo ao qual se destina todos os esforços da Confraria, seja na arrecadação de fundos, o que é feito aos sábados entre os feirantes ou nos dias de festas, angariando esmolas em meio à multidão, bem como na administração do patrimônio da confraria, em que cada membro tem a sua função regulamentada nos termos dos dois compromissos: o Civil e o Eclesiástico.

No caso do Compromisso eclesiástico, é vetado à mulher o direito ao voto.

Art 8°- As irmãs não poderão votar nem ser votada para qualquer cargo da irmandade. (Compromisso eclesiástico).

Na Lei Civil n° 858 de 10 de novembro de 1888, temos a regulamentação de cargos eletivos através de votos para mulheres, ao tempo em que, contraditoriamente, é vetada a elas a presença na Mesa Regedora:

Art. 9º. Haverá nesta Irmandade os empregados seguintes:

Um juiz, uma juíza, doze irmãos de mesa e outras tantas irmãs, um escrivão, uma escrivã, dois procuradores, dois zeladores, e duas zeladoras.

Art. 15. A mesa regedora se comporá de todos os empregados do sexo mascolino e suas resoluções serão tomadas por maioria de votos em sessão, a qual nunca terá lugar com menos de sete membros que votem. (Lei Civil n° 858 de 10 de novembro de 1888).

No Estatuto Eclesiástico, não temos os cargos femininos:

Art. 11º. O governo da Irmandade é cometido imediatamente composta dos seguintes membros: juiz, tesoureiro, zelado e doze irmãos de mesa. (Compromisso Eclesiástico).

Mas as mulheres são aceitas como irmãs de devoção.

Art 3º. Só poderão pertencer a comunhão desta irmandade os homens maiores de 14 anos e as mulheres de 12 que tiverem estes requisitos. (Compromisso Eclesiástico).

Não é novidade o veto do direito ao voto para a mulher no século XVIII, contudo é preciso explicar como elas ascendiam aos cargos, se fosse o caso.


Em sua similar da cidade de Caicó, assegura-se, na formação da mesa administrativa, a presença feminina através dos cargos de juíza, escrivã e tesoureira e da Rainha do Congo, de sorte que na primeira reunião de fundação da Irmandade do Rosário da Freguesia de Santana do Seridó, no dia 16 de junho de 1771, foi eleita e empossada a escrivã Maria Tereza e a juíza Luíza Gomes.

Em Pombal, não obstante a previsão no Compromisso, é raro o registro da presença feminina em seus livros. Isso acontece porque as irmandades mantiveram uma estrutura comum em seus Compromissos (Estatutos), diferenciando-se entre si em alguns aspectos de ordem local ou regional, em função da sociedade na qual estavam inseridas, e do momento histórico no qual foram criadas.


De toda sorte, o Compromisso Civil da Irmandade de Pombal assegura o direito à participação da mulher em sua mesa administrativa, porém não há registro de que isso tenha ocorrido até antes de 1957, quando aparece em ata, o registro de uma mulher, Roselina Silva, eleita Juíza no dia 4 de maio de 1957, momento em que o Juiz Francisco Rufino de Jesus foi substituído pelo Juiz Enéas Alves Vieira.

Depois desse registro, o nome de Roselina Silva não mais é citado nas atas seguintes e sequer foi colhida a sua assinatura ao final da referida Ata, o que nos faz acreditar que ela não esteve presente à sessão e que, na verdade, se tratou da eleição da Rainha do Rosário, já que ela foi de fato a rainha no período citado. O registro em ata no cargo de como juíza foi um equívoco do escrivão.


Adiantando quatro anos na linha do tempo, em reunião da Mesa dos dias 2 de julho de 1961 e de 3 de agosto do mesmo ano, voltam a aparecer registros femininos, mas não na ocupação de cargos da Mesa.
As mulheres que tiveram seus nomes registrados em atas de sessão extraordinária do dia 2 de julho de 1961 foram as seguintes:

Vicência
Alexandrina
Elena
Raimunda Moreira
Maria Joaquina da Conceição
Edite Maria da Conceição
Francisca Maria da Silva
Maria Francisca de Sousa
Raimunda Pereira de Sousa
Maria Farias

Nessa reunião, presidida pelo Juiz Francisco Chagas Rocha, foi deliberada uma forma de arrecadar, extraordinariamente, o valor de RC$ 170,00 (Cento e Setenta Cruzeiros), provavelmente para pagar dívidas remanescentes da organização da Festa do Rosário do ano anterior.

A presença das mulheres, as dez citadas anteriormente e mais cinco outras, volta a reaparecer na ata de sessão extraordinária do dia 3 de agosto do mesmo ano.

Maria da Conceição
Maria Francisca de Sousa
Maria Alves de Sousa
Terezinha de Oliveira
Maria Pereira da Silva

Tratou, nos dois casos, da prestação de contas, em que o Tesoureiro relata:

... falo agora nos boletihos que foram distribuídos pela irmandade que prezetemente foram recolhidos e outros não a que os recebedor…(Sessão do dia 3 de agosto de 1961

Por ser mais uma vez uma prestação de contas, levou-nos a crer que as mulheres eram convocadas para angariar fundos a fim de quitar as dívidas da Irmandade, sem nenhum poder deliberativo ou de lugar à Mesa Administrativa.

Na ata de reunião do dia 4 de fevereiro de 1963, registramos as presenças das senhoras abaixo relacionadas, que atuaram na organização da Festa do Rosário, mas ainda sem cargos.

Anita de Souza Nóbrega
Maria do Bonsucesso Medeiros
Maria de Sousa Formiga
Ermelinda Viera Leite
Raymunda Feliciano de Oliveira

Aprofundando mais na leitura das atas, fui encontrar a presença feminina mais uma vez nos registros de reuniões do dia 1° de janeiro de 1968, por meio da Rainha do Rosário Raimunda de Sousa Batista, presente à mesa.

Nas reuniões dos dias 23 de maio de 1976, 1° de janeiro de 1977 e 14 de agosto de 1977, encontramos mais uma vez a presença da Rainha do Rosário Jacinta da Paz Santana, fazendo dela a mulher mais ativa dentro da Irmandade, até aquela data, mas ainda não ocupando cargos importantes, o que aconteceria em 1983, quando foi nomeada Secretária a senhora Maria de Fátima Rodrigues.

Em 1983, assume provisoriamente a Secretaria, na qualidade de suplente, a senhora Rosilda de Sousa Batista, que também assume a direção de uma sessão ordinária na ausência do juiz.

Em 1993, o Juiz João Coremas é reconduzido ao posto e no mesmo pleito é eleita Maria das Neves Vieira, como Secretária.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e Gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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João Mossoró UM ARTISTA MOSSOROENSE EM TERRAS CARIOCAS

João Mossoró UM ARTISTA MOSSOROENSE EM TERRAS CARIOCAS

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OS GOVERNOS NÃO DÃO APOIO À CULTURA, MAS NÓS ESTAMOS SEMPRE MANTENDO-A EM EVIDÊNCIA

Por Geraldo Júnior

Na falta de verbas ou ações efetivas por parte das autoridades políticas no que se refere ao resgate e preservação histórica, a iniciativa popular tem feito a diferença e através da boa vontade de muitas pessoas temos conseguido manter preservados alguns locais que possuem relação com a história do cangaço nordestino.

Fotografias do cemitério e da sepultura do cangaceiro Chumbinho I. Confiram.

Um exemplo recente dessa iniciativa foi a colocação de uma cruz no local (sepultura) onde estão enterrados os restos mortais do cangaceiro CHUMBINHO I, que foi no passado integrante do bando de Lampião, realizada pelo amigo Edson Torres da cidade de Poção/PE, cidade em que no cemitério público municipal também conhecido como CEMITÉRIO DO CANGAÇO, está sepultado o antigo Cabra de Lampião.

Fotografias do cemitério e da sepultura do cangaceiro Chumbinho I. Confiram.

A sepultura que anteriormente não possuía identificação e apenas era conhecida por moradores locais, passa a ter a devida identificação e a partir de agora todos (as) aqueles (as) que passarem pelo local saberão que ali está enterrado um personagem da história cangaceira e nordestina.

Fotografias do cemitério e da sepultura do cangaceiro Chumbinho I. Confiram.

O CEMITÉRIO VELHO ou CEMITÉRIO DO CANGAÇO (Poção/BA) como assim é conhecido, encontra-se em total abandono não possui muros nas laterais, servindo de passagem para transeuntes e animais.

Fotografias do cemitério e da sepultura do cangaceiro Chumbinho I. Confiram.

Fotografias do cemitério e da sepultura do cangaceiro Chumbinho I. Confiram.

Enfim, quero parabenizar o amigo Edson Torres pela excelente iniciativa e espero sinceramente que sua atitude sirva como exemplo para aqueles (as) que verdadeiramente deveriam cuidar e preservar esses locais.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)

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Nota: O pesquisador Geraldo Júnior não deu título ao seu trabalho. O blogdomendesemendes  pôs acima este título.

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SE MUITO DINHEIRO EU TIVESSE

*Rangel Alves da Costa

Sei não, sei não, mas se engana quem imaginar que muito dinheiro significa poder, luxo, riqueza, ostentação, esbanjamento, gastanças, brilhos e fanfarronices. Ou que muito dinheiro permite ser e estar além de todos, como se cada soma fosse um patamar de uma escada ao alto.

E muito se engana por que, perante diversas situações, a riqueza ou a fortuna não possui qualquer valor de transformação da realidade. Quando a doença chama ou a morte se anuncia, nenhuma valia terão os milhões para a cura imediata ou a forçada permanência em meio aos humildes, pobres, famintos, ou aqueles sempre relegados pela submissão social.

E se engana ainda por que muito dinheiro não significa absolutamente nada sem uma justa, digna e honrada destinação. Milhões investidos em negócios de risco valem muito menos que o tostão destinado à boa ação. Bilhões investidos em ações de bolsas de valores traduzem muito menos que uma ação humanitária em quantia ínfima para o que se tem.

A riqueza, além de tender ao distanciamento dos que estão aos pés da escada, provoca uma solidão tamanha que nem a presença do ouro e da prata acalanta o ânimo espiritual. E pessoas existem que se pudessem viviam dentro de cofres de bancos ou caminhando por cima de maços e mais maços de notas. Mas sem amigos, sem alegria no viver, sem motivos reais para a felicidade e o contentamento.

O Rei Midas, bondoso e benevolente, por acaso passou a ter imensa riqueza. E assim porque lhe foi dado o poder de transformar em ouro tudo o que tocasse. Ávido pelo brilho dourado, o rei foi tornando em preciosidade desde folhas e ramos a grandes objetos. Já tomado pela ganância, sequer imaginou que se tocasse no seu próprio alimento ou bebesse vinho ou água, tudo também em ouro se tornaria.

Estava rico demais, dispondo de todo o ouro que desejasse, mas não podia comer, beber ou mesmo tocar em alguém que gostasse. O poder do ouro havia se transformado em perdição. Daí ter implorado para voltar ao estado de antes, de simples humano, e assim poder viver com normalidade. E provado está que o poder da riqueza ou de tudo transformar em fortuna não traz nenhuma felicidade.


Qual a riqueza monetária de Madre Teresa de Calcutá, de Irmã Dulce, de tantas outras e outros que se revelaram como acolhedores de milhares de pessoas? Porém, ninguém de maior riqueza que estes, numa bonança nascida de cada doação para a grande obra da caridade. Se o Rei Salomão teve na sabedoria sua maior riqueza, estes tiveram na beneficência suas grandes fortunas.

Na lista dos homens e mulheres mais ricos do mundo, certamente a junção das cifras sequer se aproximará das riquezas contadas em moedas, em notas de dois e cinco reais, obtidas da luta dos catadores de papel, de garrafas, de velharias. Por quê? Ora, o uso e o valor que se dá ao conquistado demonstra o tamanho da riqueza. A serventia de um ganho no suor e na luta é sempre muito mais proveitosa que os milhões disponíveis em contas bancárias.

Eu, por exemplo, sobrevivo ao longe da riqueza monetária, da conta bancária gorda, do contracheque folgado, do cartão de crédito ilimitado. Tudo o que possuo é de tamanha luta que nada resta se eu não lutar ainda mais. Mas sou rico. Valorizo e sei destinar bem o que tenho. Cada tostão conseguido é como se a riqueza maior do mundo chegasse a minhas mãos.

Ademais, se muito dinheiro eu tivesse, a única coisa que eu jamais seria era rico. Rico no sentido de apenas ter, de somar cada vez mais, de ter uma vida regada à bonança e ao mundanismo. Rico no sentido de deixar de ser o que sou para ser o outro, o rico, o endinheirado, o que apenas tem sem nada ter, pois não teria esse tudo que tenho agora.

Na verdade, se muito dinheiro eu tivesse, a primeira certeza seria que muitas das pessoas que tão bem conheço não seriam nem mais pobres nem mais ricas do que eu. Todas seriam iguais a mim, ricas pela minha riqueza, humildes pela minha humildade. Haveria sempre um pão a ser repartido em partes iguais.

Se muito dinheiro eu tivesse, mas muito dinheiro mesmo, o meu limite de gasto seria o limite da necessidade do próximo, daquele próximo a mim e que tão bem eu conheço. Ou talvez de mais distante, até mesmo desconhecido, pois a carência que clama não pode ser esquecida.

Mas se muito dinheiro eu tivesse, certamente algo em mim mudaria: não deixaria faltar flores sobre a mesa, teria um oratório maior, compraria mais pinhas e araçás. Teria uma janela aberta para um jardim, um banco de entardecer, uma rede estendida na varanda, um caderno bonito para rabiscar poesias. Teria o prazer de abrir a porta e mandar entrar aquele cujo olhar e feição dizem mais que palavras.

Escritor
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