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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS


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O CIDADÃO DA COMPORTA

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.177


Para vê de perto a antiga cidade fabril, Rio Largo, passei ali algumas horas. Fui parar do outro lado do rio Mundaú, onde existia uma espécie de ilha. Ali havia um trecho d’água com uma comporta manobrada por um homem. Fui pedir explicação daquelas coisas diferentes da nossa terra. Na época aprendi uma porção de coisas naquele lugar a 37 km de Maceió. E é bom saber que Rio Largo não é o nome do rio que banha à cidade, por sinal, a terceira de Alagoas. Rio Largo é uma passagem mais larga do rio Mundaú onde antes se localizava um engenho de cana-de-açúcar. O cidadão da comporta indaga de onde sou. Respondo que sou do Sertão. O homem baixa a cabeça, melancólico, diz com muita pena: sempre quis conhecer o Sertão.

RIO LARGO. (FOTO: IBGE).

Turismo, viagem, passeio, visita, qualquer denominação serve para conhecermos outros lugares. O homem da comporta queria conhecer o Sertão, era sonho da sua juventude, mas já com idade avançada parecia ter perdido as esperanças. Ele não me falou em conhecer a Geografia, a História, a religião, as praças... Falou apenas em conhecer o Sertão. Aquele Sertão onde sua vista começa e alcança, sem nenhuma especialidade, apenas o todo misturado para deleite dos seus olhos. É a tese que derruba o turismo religioso, de parques, trilhas, culturais, praias ou montanhas. “Eu como cidade pequena que nada tenho a oferecer ao visitante, sem saber estou oferecendo tudo”. “Viva à pátria e chova arroz”, mas não tendo arroz, servem a poeira e o cascalho.
“Fazer o bem sem saber a quem”. Conhecer sem escolher também. Um sítio, um povoado, uma rua, uma metrópole, tem muitos encantos, aprendizagens e segredos valiosos para o corpo e para a alma que dependem da disponibilidade e procura de quem deseja. E voltando ao Rio Largo, em um estado repleto de ótimas estradas, deixa o sonho de visitas intermunicipais muito mais perto. Assim você vai alinhavando os desejos de conhecimentos que irão se tornando consistentes e inquebráveis.
Litoral, Mata, Agreste, Sertão, Sertão do São Francisco... Viagem imaginária/viagem real dentro do prisma alagoano de locomoção.
Deixe-me lembrar do melancólico cidadão da comporta...
Todos os lugares da Terra são coisa de Deus.


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ENTREVISTA COM JOSÉ ANTÔNIO FILHO DE UM COITEIRO DE LAMPIÃO!



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LITERATURA DE CORDEL - LAMPIÃO E MARIA BONITA


Nosso Deus onipotente
Traga-me a luz infinita
Para buscar na memória
Minha pena precipita
Pra falar de Lampião
Com sua Maria Bonita.

De modo particular
Meu gênio poético quis
Nestes versos revelar
A sina um tanto infeliz
Do bravo cabra da peste
Aqui do nosso País...

Falando em cabra da peste
É necessário lembrar
Homens simples, lutadores,
Heróis incomuns, sem par,
São imortais na História
Com um passado de glória
Pra o poeta relatar.

No Ceará, Conselheiro
E padre Cícero Romão
A Bahia quis gerar
Outros de grande expressão:
Castro Alves, Raul Seixas
Com seus ideais e queixas
Contra a vil escravidão.

Também o Rei do Baião
Este foi pernambucano
Assim como Lampião
Do cangaço o soberano
É Virgulino Ferreira
Cabra macho de primeira
Que narro em primeiro plano.

Também a mulher valente
Quando há luta se agita
Citamos no Ceará
A coragem de Jovita
E no sertão da Bahia
A jovem de valentia
De nome Maria Bonita.

Pernambuco, em Vila Bela,
(Atual Serra Talhada)
nasce a criança singela
que foi porém destinada
por tirania e embaraço
tornar-se o Rei do Cangaço
figura determinada.

Em ´um, oito, nove, oito´
Virgulino então nascia
Com Cristo teve em comum
Os pais José e Maria
Cresceu, rezou, foi à missa
Mas por força da injustiça
Com Jesus não parecia.

[...]

Mas vamos à narração
Da vida de Virgulino
Antes de ser Lampião
Foi um exemplar menino
Depois rapaz dedicado
Um trabalhador honrado
Desconhecendo o destino.

Porém na Era de Quinze
Todo o Nordeste sofria
Grande seca no sertão
Igual não se conhecia
O povo pediu clemência
E por falar de assistência
Somente a Deus recorria.

A família dos Ferreira
Com fé em Deus verdadeiro
Sofrendo a situação
Viajaram a Juazeiro
Procurando solução
Com Padre Cícero Romão
Do povão um timoneiro.

Guardando o sítio dos pais
Ficara só Virgulino
No regresso dos demais
Perceberam um desatino:
Dos seus poucos animais
Alguém de gênio voraz
Lhes roubara algum caprino.

Virgulino e seus irmãos
Procurando investigar
Usando de persistência
As peles foram encontrar
Com a marca dos Ferreira
Lá na Fazenda Pedreira
O ladrão foi ocultar.

João Caboclo, morador
Lá da Fazenda Pedreira
Roubou a tal criação
O larápio de primeira
A pele tinha ocultado
Porém foi desmascarado
Por Virgulino Ferreira.

A fazenda já citada
Pertencia a Saturnino
O qual não tinha questão
Com os pais de Virgulino
Sua esposa de bom grado
Tomara por afilhado
Dos tais Ferreira um menino.

Com base nessa amizade
Seu José, pai dos Ferreira,
Vendo ser tudo verdade
Foi à Fazenda Pedreira
Pedir ao chefe o favor
De expulsar o morador,
Figura vil, encrenqueira.

João Caboclo tinha ´enchido´
A cabeça do patrão
Distorcendo o ocorrido
Em toda aquela questão
E o filho do fazendeiro
Apoiava o encrenqueiro
Aumentando a confusão.

Assim começam as intrigas
Nestas famílias vizinhas
Antes eram tão amigas
Depois por ações mesquinhas
Duelar foi o destino
Dos Ferreira e Saturnino
Iguais a galos nas rinhas.

As ofensas começaram
Por Saturnino primeiro
Se algum animal entrava
Nas terras do fazendeiro
Sendo dos seus intrigados
Os rabos eram cortados
Como gesto zombeteiro.

Não tendo cerca ou arames
Nas terras por divisão
Se repetiam os infames
Gestos de provocação
Virgulino consciente
Revida ´dente por dente´
Segue a Lei de Talião!

Evitando que seus filhos
Chegassem às fias de fato
Tinham só dois empecilhos:
Zé Ferreira era pacato
Saturnino, o fazendeiro,
Do seu filho desordeiro,
Não queria desacato.

Porém quisera a má sorte
Agravar a situação
Velho Saturnino morre
Vai pra debaixo do chão
Ficara por seu herdeiro
José, o filho encrenqueiro
E coiteiro de ladrão.

[...]
  

AS TORRES GÊMEAS DO 11 DE SETEMBRO DE 2001

Por: José Mendes Pereira
Torres Gêmeas - Uma destruição total

Os atentados de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, todos  ataques foram praticados contra alvos civis. Os atentados  aconteceram numa manhã do dia 11, quando quatro aviões comerciais foram tomados pelos terroristas e desviados para tentarem suas vinganças, sendo que dois deles foram jogados contra as torres do World Trade Center em Manhattan, Nova York.

 
Vizinhas à Estátua da Liberdade 

O terceiro avião mesmo os Estados Unidos American Airlines Flight 77, foi reportado pelas autoridades norte-americanas como tendo sido intencionalmente derrubado contra o Pentágono pelos sequestradores, no Condado de Arlington, Virgínia. 

Uma maldade humana

Já o quarto avião United Airlines Flight 93, os seus destroços foram encontrados  espalhados num campo próximo de Shanksville, na Pensilvânia.

 
O país foi humilhado por Bin Laden             

A versão oficial  do governo norte-americano, reporta que os passageiros enfrentaram os supostos sequestradores, e que durante este assalto o avião caiu.

Um homem à beira da morte

Nestes atentados morreram  2.973 pessoas. Desde a Guerra de 1912, esse foi o primeiro ataque de efeitos psicológicos e altamente corretivos imposto por forças inimigas em território americano.


O país em chamas

Os sequestradores humilharam os Estados Unidos com a força da  covardia, deixando o  país decepcionado. 

As Torres Gêmeas antes de serem derrubadas.

Os Estados Unidos não querendo ficar impunes responderam aos ataques. O país invadiu o Afeganistão para derrubar o Taliban, que abrigou os terroristas da Al-Qaeda.


WTC smoking on 9-11.jpeg
Ali, o desespero de quem ainda estava vivo

Muitos outros países também reforçaram as suas legislações antiterrorismos e ampliaram os poderes de aplicação da lei.

Ficheiro:UA Flight 175 hits WTC south tower 9-11 edit.jpeg
O país coberto por fumaça e cinza

Algumas bolsas de valores estadunidenses ficaram fechadas no resto da semana seguinte ao ataque e registraram enormes prejuízos ao reabrir, especialmente nas indústrias aérea e de seguro.

 
Tudo isso foi ao chão
             
O desaparecimento de bilhões de dólares em escritórios destruídos causaram sérios danos à economia de Lower ManhattanNova Iorque.

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SÓ PARA RECORDAR - NEGRINHA DO PAJEÚ

Por: José Mendes Pereira

Quem nasceu nos anos sessenta e setenta, do século passado, com certeza lembra muito bem do Óleo de cozinha que era patenteado por "Pajeú", e na lata tinha uma negrinha.

Este nome "Pajeú" irritou muitos pais de famílias, principalmente quando as suas filhas eram negras, e até causou alguns desentendimentos com outras famílias, que apelidavam suas filhas de "Nêga do Pajeú".

Nas escolas não adiantava uma moreninha querer ser a tal, logo era chamada de "Nêga do Pajeú".

Se a lei contra o racismo tivesse surgido naquelas décadas, todas as moreninhas teriam se livrado do apelido "Nêga do Pajeú".

Certa vez um senhor que sofria com o desrespeito que as pessoas tinham com sua filha, por irritá-la com o apelido de "Nêga do Pajeú", entendendo que não havia mais jeito dela se livrar deste pseudônimo, resolveu incentivá-la, não mais dar valor ao apelido, dizendo-lhe:

- Filha, quando uma ou duas pessoas nos nomeiam com palavras desagradáveis, haverá jeito da gente se livrar disto. Mas quando todos ou quase todos nos chamam disto ou daquilo, o melhor mesmo é não dá ouvido. Eu olhando para você, notei filha, que você muito se parece com a "Nêga do Pajeú".

- Papai!

A partir daquele dia ela não ligou mais, e passou a ser chamada pelo seu seu nome verdadeiro.

UM POUCO SOBRE OTÁVIO BONFIM E O ÓLEO PAJEÚ - Wikipédia

Otávio Bonfim é um bairro da cidade brasileira de Fortaleza, no Ceará, localizado ao oeste do centro histórico da cidade.
Oficialmente chama-se Farias Brito.

Surgiu de uma povoação ao lado da antiga Estrada para o Soure (atual Caucaia). Na época do Ciclo do Charque existiu: a Capela de São Sebastião, que mais tarde deu o nome ao mercado erguido neste bairro, o Mercado São Sebastião; um abatedouro de gado, que ficou conhecido como Matadouro.

No local da capela, a antiga Estrada do Gado (atual Rua Dr. Justiano de Serpa), os frades Franciscanos oriundos da Alemanha, construíram a Igreja de Nossa Senhora das Dores.

Com a expansão da Estrada de Ferro de Baturité em 1922 foi construído uma estação de trem com o nome: Quilometro 3, depois Matadouro e finalmente Otávio Bomfim.

A Igreja de Nossa Senhora das Dores, inaugurada em 1932, foi uma parte do investimento dos frades Franciscanos, que além desta construíram ainda o Convento de São Francisco e o Cine Familiar. O Convento de São Francisco chegou a ser invadido por um dia durante a Segunda Guerra Mundial, pois os frades eram alemães. Neste período propriedades de famílias alemãs (família Lundgren), famílias italianas (família de Francesco) e famílias japonesas (família Fugita) ligadas a este local sofreram represálias da população de Fortaleza.

O Cine Familiar funcionou até a década de 60 como opção de lazer para os moradores das adjacências.

Local com atração econômica, chegou a sediar a Siqueira Gurgel S/A. Fábrica que fabricava produtos que marcaram história no Ceará: Sabonete Sigel, o óleo Pajeú, a gordura de coco Cariri e o famoso sabão Pavão. Um dos personagens fictícios destes produtos foi a Neguinha do Pajeú. Nos dias de hoje fica um supermercado.

Devido a suas tradições agrícolas funcionou até a década de 70 jardins que produziam flores. Onde nos dias de atuais situa-se um supermercado.
No mesmo bairro existe a comunidade do Morro do Ouro. Uma comunidade de pessoas menos abastadas.
Em 2010, a estação de trem do Otávio Bonfim foi desativada devido ao novo traçado do Metrofor.

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ROUBARAM O CANGACEIRO GATO NA BAHIA

Por: Guilherme Machado

Todo malandro tem o seu segundo de vacilo. Aconteceu com o valente e destemido cangaceiro Gato, em Queimadas, na Bahia. Gato foi roubado por um rato covarde e muito frouxo, segundo um ex-delegado de Alagoinhas e Serrinha, em 22-12- 1929. Larápio que rouba larápio, tem 100 anos de perdão... Diz o ditado popular.

Um cidadão chamado Félix Rato, estava em uma festa, dançando, quando observou que o cangaceiro Gato, colocou todo o seu dinheiro dentro de uma latinha, bem junto dos embornais, do fuzil, no canto da sala e estava escuro o local. Pois é, Félix Rato foi dançando e disfarçando e pegou toda a bolada dentro da latinha e saiu da festa, sem que os cangaceiros percebessem o "roubo". Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Segundo Nonato Marques, Félix Rato foi, provavelmente o único sujeito que teve coragem de roubar um cabra de Lampião. O rato logrou o gato.

De madrugada, por volta das 3 horas Lampião apita e os cangaceiros se colocam em prontidão. Então, Gato notou a falta do dinheiro e fica furioso, onde manobrou o fuzil, fez rapapés, ameaças e só não consumou um tiroteio por intervenção do chefe do bando. Félix Rato já tinha caído fora.

Então, os cangaceiros se retiraram às 03:00 horas da madrugada, todos bêbados. As 09:00 horas da manhã, chegou um trem, com muitos soldados liderados pelo Tenente Geminiano. O trem veio apitando insistentemente, como se quisesse dar a entender, de modo suspeito, aos cangaceiros, que a soldadesca estava ali, para dar tempo a que escapassem, se por acaso ainda lá permanecessem.

Félix Rato, no outro dia pegou toda a sua família e debandou de queimadas, mudando-se para a cidade de Alagoinhas, no Estado da Bahia, município distante 280 km de Queimadas, onde Félix Rato viveu com a sua família, até a morte em 1984, passando dos 80 anos. Feliz e pequeno produtor rural, propriedade comprada com o dinheiro do destemido valente cangaceiro Gato Santilho Barros.

Segundo Maneca Paes, delegado de Aramari e Serrinha "in memorian" que conheceu Félix Rato e afirma o delegado: “Nunca vi sujeito tão covarde e frouxo como Félix Rato. Finalmente o rato comeu o gato.

Observação: Gato foi o cangaceiro mais bravo do bando de Lampião, o homem foi sobrevivente do massacre de canudos.

Guilherme Machado em: Facebook

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JOSÉ RIBEIRO FILHO O CANGACEIRO ZÉ SERENO

Por: José Mendes Pereira
O cangaceiro José Sereno visitando escola em São Paulo

José Ribeiro Filho o cangaceiro "Zé Sereno" nasceu em 22 de Agosto de 1913, na Fazenda dos Engrácias, no município de Chorrochó, no Estado da Bahia. Era filho de José Ribeiro e de dona Lídia Maria da Trindade.  Sua mãe era irmã dos cangaceiros Antônio e Cirilo de Engrácias. Dona Lídia também era  irmã do cangaceiro Faustino, "Mão de Onça", sendo este pai do terrível cangaceiro Zé Baiano o ferrador do bando de Lampião.

 Zé Baiano

Zé Baiano andava com um ferro de ferrar animais com as iniciais "JB", as primeiras letras do seu nome. Para suas maldades alheias onde ferrava mulheres e homens de preferência no rosto. Zé Baiano era primo carnal do cangaceiro Zé Sereno, isto é, pai  e mãe eram irmãos dos pais de Zé Sereno.   Zé Baiano e Zé Sereno eram primos legítimos do cangaceiro Mané Moreno.

 
Mané Moreno

O cangaceiro Zé Sereno era companheiro da cangaceira Sila e andavam no bando de Lampião, mas ele também tinha o seu próprio grupo que era subordinado à Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia do capitão Lampião.

 A cangaceira Sila

O casal ficou na empresa de cangaceiros até no dia do massacre na Grota do Angico onde lá mataram Lampião, Maria Bonita, mais nove cangaceiros e um volante policial, sobre o comando do oficial alagoano tenente João Bezerra da Silva.  

 
Zé Sereno em leito de Hospital

Zé Sereno e Sila saíram ilesos do massacre, isto é, não foram atingidos pelas balas. O ex-cangaceiros Zé Sereno só veio a falecer em 16 de fevereiro de 1981, no Hospital Municipal de São Paulo. Sua mulher Sila  faleceu no dia 15 de Outubro de 2005, também na capital Paulista.

Fonte de pesquisas:

http://portaldocangaco.blogspot.com - Blog do amigo Guilherme Machado

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Também foi publicado no blog do Dr. Lima - Cruz-CE
http://blogdodrlima.blogspot.com.br/2011/10/jose-ribeiro-filho-o-cangaceiro-ze.html 

DEPOIMENTO SOBRE O DR. ANTONIO RODRIGUES DE CARVALHO

Por: Josafá Inácio

Convite Honroso

Recebi do professor Xavier Gondim o honroso convite para escrever um depoimento sobre o conterrâneo Dr. Antonio Rodrigues de Carvalho, falecido a 03 de dezembro do corrente ano, aos 82 anos de idade. Caindo a tarefa sobre mim, muito me enobrece desempenhá-la, pois tive contatos importantes com Antonio Rodrigues, alguns no início de minha vida profissional e outros no período de nossa aposentadoria. No intermeio nos encontrávamos pouco. Ele ocupado nas suas funções e eu nas minhas.
A história de Antonio Rodrigues é daquelas que dão novelas e filmes. Não foi uma história comum às demais pessoas, não.

Uma Caminhada Diferente

Ter nascido no Sítio Capim Grosso, a 13 de junho de l927, quando Upanema nem era ainda vila, mas estava apenas na condição de simples povoado, tudo indicava que o caminho do Toinho era o roçado, para plantar milho, feijão e batata; ou era a várzea do rio, para amassar o barro, bater tijolo e queimar caieiras; ou era, ainda, o carnaubal, para cortar palhas e sacudir o pó. Era o que fazia seu pai, o trabalhador braçal Luiz Rodrigues de Carvalho, conhecido por Lucas Sebo, casado com Cosma Martiniano de Carvalho.

O sobrenome Carvalho destes Rodrigues não é o mesmo dos Carvalhos do Sítio Umari, não. A saída dos filhos de Seu Lucas, ainda na infância, e a separação da terrinha por longo tempo, dificulta um melhor esclarecimento de suas origens. Mesmo assim podemos apontar a família Ferreira de Aquino, os chamados Bacurinhos (e ainda Bacurins), como parentes dos Rodrigues de Carvalho.

Antonio Rodrigues de Carvalho

Voltemos a Antonio Rodrigues, que saiu de Upanema com sete anos de idade, pelo desejo de duas irmãs suas que já estavam vivendo em Mossoró. Tropeiros fizeram o favor de levar Toinho no lombo de um jumento. Sair de Upanema era se desviar dos caminhos percorridos por todos de sua época: o roçado, a várzea e o carnaubal. Mas suas irmãs não eram folgadas não. As atividades desenvolvidas por elas em Mossoró eram aquelas de empregadas domésticas. Ainda em Upanema, Toinho aprendera as primeiras letras com a sua irmã Francisca Rodrigues, mais conhecida por Chicuta.

O Início dos Estudos

O menino Toinho frequentava escola em Mossoró, iniciando o Primário com sete anos de idade. Corria o ano de 1934. Concluinte deste curso, e garoto com dez anos, angariou a simpatia do vereador mossoroense João Manoel, que o adotou como afilhado. O vereador já era amigo de suas irmãs.

Depois do curso primário, o estudo devia ser pago. Na década de 1930 não havia escola pública que oferecesse o curso ginasial (hoje ensino fundamental maior). Só o Ginásio Diocesano Santa Luzia (depois Colégio) oferecia o curso. Mas o garoto conseguiu por carta uma bolsa de estudo do então Governador do Estado Rafael Fernandes.

Rafael Fernandes

Aluno, Professor e Deputado

Adiantar-se no estudo implicava em sair para Natal, pois Mossoró não tinha o curso médio (o clássico, o científico ou o magistério). Fez o Clássico no Colégio Estadual Ateneu, onde também foi professor. Morava na Casa do Estudante, revelando-se líder entre os colegas. Ser conversador, ter sensibilidade às causas estudantis, transpirar ideais políticos e falar bem, foram as credenciais para chegar à política. Assim é que apareceu o convite para completar a chapa para deputado estadual. Em 1948, aos vinte e um anos de idade, ele chegou à Assembléia Legislativa.

O estudo continuava sendo um sonho permanente. Sua boa oratória o levou ao curso de Direito. Não havendo esse curso em Natal se deslocava periodicamente para Maceió-AL. Ser estudante em terra alagoana, e em Natal desempenhar as funções de professor e deputado era a confirmação de uma história singular.

Deputado, Prefeito e Médico

Reelegeu-se deputado em 1952. Foi quando Upanema pode contar com os seus préstimos. Ainda Vila, pertencente a Campo Grande, Upanema vivia um momento político favorável à sua emancipação. A Câmara de Vereadores de Campo Grande tinha como Presidente o nosso conterrâneo Vicente de Paula Rocha (Vicente Rocha), que propôs aos seus pares a emancipação de Upanema. Proposta aceita por todos os vereadores e Decreto assinado por Vicente Rocha. Mas o Decreto devia receber a sanção da Assembléia Legislativa e se transformar em Lei. O deputado conterrâneo abraçou a causa, fez a devida justificativa perante os seus pares, e Upanema foi desmembrado de Campo Grande, tornando-se Município pela Lei de N 874, de 16/09/1953.

Antonio Rodrigues foi ao terceiro mandato de deputado. O passo seguinte foi chegar à prefeitura de Mossoró, em 1958, ainda com 31 anos de idade. Volta à Assembléia, em 1966, de onde sai mais uma vez, para enfrentar, em l968, a mais emocionante e equilibrada eleição já vista em Mossoró. Seu opositor era o Dr. Vingt-un Rosado, que no embate era chamado de “Touro” e ele de “Capim”. Saiu vitorioso, com maioria de 98 votos.

Vingt-un Rosado

Largou a política no final deste mandato (1973) para se formar em medicina. Formou-se com a idade passando dos 50 anos. Sua atuação como clínico geral perdurou até às vésperas do seu falecimento.

Encontro de Conterrâneos

Devo me envolver, agora, nesta história de Antonio Rodrigues, com muita honra. Chegava eu em Mossoró, em l969, para começar uma nova etapa de minha vida. No mesmo ano, assumi um trabalho social no Bairro Alto do Xerém. A primeira etapa do trabalho previa a construção de um chafariz. A comunidade, devidamente conscientizada, se responsabilizaria pela mão de obra voluntária, e as outras despesas seriam assumidas pelo poder público. Levei o projeto para o prefeito Antonio Rodrigues que o apreciou e fez a seguinte observação: “Josafá, ontem recebi vários pedidos de vereadores, sendo um deles também para construção de um chafariz. Minhas respostas foram negativas. Diante do seu projeto, porém, sinto-me motivado e obrigado a atender”.

Uma semana depois da aprovação do projeto, fui convocado pelo prefeito para uma reunião no seu gabinete. Estava eu com poucos meses na minha nova etapa de vida. Saía de um internato vivido em alguns seminários, durante treze anos, sem nenhuma experiência no serviço público. E recebi o convite para assumir a Secretaria de Administração ou a recém criada Secretaria de Planejamento. Não sabia eu que um simples projeto, o primeiro que fiz, fosse motivo para chegar a uma secretaria da Prefeitura de Mossoró. E não sabendo disso, mas sabendo que ia comandar chefes de departamentos, com idade variando entre 40 e 50 anos de idade, enquanto estava eu com 27, temi assumir a tarefa, cuja responsabilidade não seria correspondida pela minha inexperiência, assim pensava eu naquela época. Só depois, aos 35 anos entrei na Prefeitura, como Secretário de Administração.

O Desejo de Voltar à Terra Natal

O que destaco em Antonio Rodrigues, indo além do que muitos falaram e escreveram sobre ele, são os três envolvimentos que ele teve com Upanema. Aquele, de 1952 para 1953, relativo à emancipação política; o convite que me fez, também na lembrança de Upanema, assim me disse ele; e o terceiro envolvimento, ainda comigo, se deu há apenas dois anos, já na nossa aposentadoria. Nossos encontros se davam na Praça da Catedral de Santa Luzia, na calçada da Rádio Rural ou no Banco do Brasil. Foi maravilhoso ouvir dele o desejo de voltar para Upanema, na altura dos seus 80 anos. Comprar uma faixa de terra no Capim Grosso, e ali erigir uma capela, um posto de saúde e uma escola, era o último sonho do advogado, do deputado, do prefeito e do médico Antonio Rodrigues de Carvalho.

Complemento Indispensável

Este parágrafo e o seguinte trazem um complemento indispensável para esta história. Pouco foi dito sobre suas irmãs, nada sobre seu irmão, sua esposa e seus filhos. Antonio Rodrigues, ainda não era rapaz feito, quando repetiu o gesto de suas irmãs, de voltar a Upanema para trazer o irmão que tinha ficado aqui. Cresceram juntos, sofreram juntos e venceram juntos. As irmãs, Luiza e Romana, estavam no apoio apertado, e aquele vereador, o Sr. João Manoel teve participação importante. O irmão, Francisco Rodrigues de Carvalho, formou-se em medicina (Dr. Chico Rodrigues), e agora goza a aposentadoria. Portanto, o amor fraterno não faltou.

Não poderia faltar também aquele amor, que do abraço quente nascem filhos. Namorou 10 anos com a mesma moça. Em 1956, na Igreja de Nossa senhora do Perpétuo Socorro, Antonio prometeu viver até morrer com a mossoroense Maria Augusta Filgueira, mulher de fé e de caridade. A humildade e a simplicidade são outras virtudes da esposa. O que importava para ela era o crescimento do marido. A propósito alguém disse: “Atrás de um grande homem existe uma grande mulher”. Antonio Rodrigues deixou, por morte, além da mulher, a filha Nairma Filgueira de Carvalho, formada em psicologia, viúva que deu um neto aos pais. Maranto Filgueira Rodrigues de Carvalho, casado, deu dois netos, e é promotor de justiça.

Figura Ímpar e Exemplar

Este depoimento se confundiu com a própria história de Antonio Rodrigues. A história enriquece o depoimento, e este não pode alterar nada da história. Ser este trabalho menos depoimento do que história, é se comportar como tal. Contudo, não deixei de depor a favor do personagem central da história, e espero, com o depoimento, ter realçado a figura ímpar e exemplar do Dr. Antonio Rodrigues de Carvalho.
Texto do professor Josafá Inácio publicado na edição 68 do Jornal de Upanema

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