Clerisvaldo B. Chagas, 9 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.177
Para vê de perto a antiga cidade fabril, Rio Largo, passei ali algumas horas. Fui parar do outro lado do rio Mundaú, onde existia uma espécie de ilha. Ali havia um trecho d’água com uma comporta manobrada por um homem. Fui pedir explicação daquelas coisas diferentes da nossa terra. Na época aprendi uma porção de coisas naquele lugar a 37 km de Maceió. E é bom saber que Rio Largo não é o nome do rio que banha à cidade, por sinal, a terceira de Alagoas. Rio Largo é uma passagem mais larga do rio Mundaú onde antes se localizava um engenho de cana-de-açúcar. O cidadão da comporta indaga de onde sou. Respondo que sou do Sertão. O homem baixa a cabeça, melancólico, diz com muita pena: sempre quis conhecer o Sertão.
RIO LARGO. (FOTO: IBGE). |
Turismo, viagem, passeio, visita, qualquer denominação serve para conhecermos outros lugares. O homem da comporta queria conhecer o Sertão, era sonho da sua juventude, mas já com idade avançada parecia ter perdido as esperanças. Ele não me falou em conhecer a Geografia, a História, a religião, as praças... Falou apenas em conhecer o Sertão. Aquele Sertão onde sua vista começa e alcança, sem nenhuma especialidade, apenas o todo misturado para deleite dos seus olhos. É a tese que derruba o turismo religioso, de parques, trilhas, culturais, praias ou montanhas. “Eu como cidade pequena que nada tenho a oferecer ao visitante, sem saber estou oferecendo tudo”. “Viva à pátria e chova arroz”, mas não tendo arroz, servem a poeira e o cascalho.
“Fazer o bem sem saber a quem”. Conhecer sem escolher também. Um sítio, um povoado, uma rua, uma metrópole, tem muitos encantos, aprendizagens e segredos valiosos para o corpo e para a alma que dependem da disponibilidade e procura de quem deseja. E voltando ao Rio Largo, em um estado repleto de ótimas estradas, deixa o sonho de visitas intermunicipais muito mais perto. Assim você vai alinhavando os desejos de conhecimentos que irão se tornando consistentes e inquebráveis.
Litoral, Mata, Agreste, Sertão, Sertão do São Francisco... Viagem imaginária/viagem real dentro do prisma alagoano de locomoção.
Deixe-me lembrar do melancólico cidadão da comporta...
Todos os lugares da Terra são coisa de Deus.
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