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sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

UMA TERRÍVEL VISITA AO PANTANAL

Por José Mendes Pereira - (Crônica 13)

Em uma das muitas viagens que fizemos às terras encharcadas do Pantanal, localizadas na América do Sul, na bacia hidrográfica do Alto Paraguai, onde guardam a mais linda fauna e flora do planeta, fomos atacados por gigantes jacarés, que sem menos esperarmos, ficamos encurralados por mais de 10 devoradores de carne humana.

A equipe de visitantes ao Pantanal era formada por: Gregório Santos, um engenheiro agrônomo, formado pela “ESAM”, Mossoró, nos dias de hoje, “UFERSA”, Marcos Vital, recém formado em Matemática pela “UERN”, antiga “FURRN”, também Mossoró, Paulo Gameleira, um capacitado professor de Química e Física; as irmãs gêmeas, Letícia e Lair Prado, cearenses, e eu, um simples professor de Português.

Foi um dos acontecimentos mais tristes que passamos em toda nossa vida; quando caminhávamos pelos verdejantes e alagados solos Mato-grossenses, fomos surpreendidos por uma porção de jacarés, talvez famintos, alguns já velhos e desnutridos, faltando-lhes alguns devoradores dentes; outros, ainda muito jovens, e dois ou três estavam se preparando para a juventude.

As chances de sairmos de lá vivos eram restritas, talvez um ou dois por cento, se bem que tivéssemos oportunidades para sobrevivermos.

Nenhum de nós estava livre dos ataques daquelas fortes mandíbulas. Os jacarés nos vigiavam como se fôssemos o último almoço de todos os tempos. Cada passo que nós dávamos para frente ou para traz, os jacarés, um a um nos acompanhava.

O primeiro a estrear nos amolados e pontiagudos dentes de um jacaré foi o Gregório Santos; com uma só fechada de mandíbulas, o velho jacaré o partiu ao meio, e nem precisou sair do lugar para capturá-lo. Nós que assistíamos de perto tamanha malvadeza, já esperávamos a nossa vez.

Em seguida, foi a vez do Marcos Vital que tentou correr por cima de alguns jacarés enfileirados, mas foi pego por um esfomeado, arremessando-o ao longe, já caindo pronto para os jacarés o saborearem.

Aos poucos os esfomeados foram fechando o cerco, e um jacaré dos mais jovens resolveu abocanhar um dos braços do Gameleira, arrancando-o de uma só vez, e ao cair, foi devorado por um que quase provocou uma confusão danada com outro que disputava o corpo do Gameleira.

Como todos nós ali estávamos condenados a passarmos pelas mandíbulas de tantos jacarés, finalmente chegou a minha terrível vez. Quando um jacaré partiu para me devorar, eu desesperado gritei: “-Valha-me, Jesus Cristo!” E com esse grito assustador, acordei. Eu estava sonhando.

Que felicidade! Os jacarés existiram apenas no meu sonho.

Minhas simples histórias 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/…/uma-visita-ate…

LIVROS SOBRE CANGAÇO

       Por José Mendes Pereira


Recentemente o escritor e pesquisador do cangaço Guilherme Machado lançou o seu trabalho sobre o mundo dos cangaceiros com o título "LAMPIÃO E SEUS PRINCIPAIS ALIADOS". 

O livro está recheado com mais de 50 biografias de cangaceiros que atuaram juntamente com o capitão Lampião. 

Eu já recebi o meu e não só recebi, como já o li. Além das biografias, tem fotos de cangaceiros que eu nem imaginava que existiam. São 150 páginas. Excelente narração. Conheça a boa narração que fez o autor. 

Pesquisador Geraldo Júnior

Prefaciado pelo pesquisador do cangaço Geraldo Antônio de Souza Júnior. Tem também a participação do pesquisador Robério Santos escritor e jornalista. Duas feras no que diz respeito aos estudos cangaceiros.

Jornalista Robério Santos

Não deixa de adquiri-lo. Faça o seu pedido com urgência, porque, você sabe muito bem, livros escritos sobre cangaços, são arrebatados pelos leitores e pelos colecionadores. Então cuida logo de adquirir o seu! 

Pesquisador e escritor Guilherme Machado

Adquira-o através deste e-mail: 

guilhermemachado60@hotmail.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

NOVO LIVRO NA PRAÇA.

      Por José Mendes Pereira


Recentemente o escritor e pesquisador do cangaço Guilherme Machado lançou o seu trabalho sobre o mundo dos cangaceiros com o título "LAMPIÃO E SEUS PRINCIPAIS ALIADOS". 

O livro está recheado com mais de 50 biografias de cangaceiros que atuaram juntamente com o capitão Lampião. 

Eu já recebi o meu e não só recebi, como já o li. Além das biografias, tem fotos de cangaceiros que eu nem imaginava que existiam. São 150 páginas. Excelente narração. Conheça a boa narração que fez o autor. 

Pesquisador Geraldo Júnior

Prefaciado pelo pesquisador do cangaço Geraldo Antônio de Souza Júnior. Tem também a participação do pesquisador Robério Santos escritor e jornalista. Duas feras no que diz respeito aos estudos cangaceiros.

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Pesquisador e escritor Guilherme Machado

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REENCONTRO...

Por Quirno Silva

Reencontro com velhos e bons amigos Roosevelt Fernandes (poeta, compositor, artesão e proprietário do Atelier Gibão de Cor), o casal performático Quirino Lampião e Célia Maria Bonita, e as artistas mirins Julie Caldas e Lorena Barros. O registro foi no I Cangaço Campina, realizado entre os dias 22 e 24 de Novembro, na Vila Sítio São João, em Campina Grande.

O evento reuniu alguns dos principais nomes dos estudos desse tema, além de parentes daqueles que foram atores reais da … Ver mais — com Everaldo Quirino da Silva e outras 46 pessoas

https://www.facebook.com/photo/?fbid=4996337430376773&set=a.478275805516314

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LANÇAMENTO DE LIVRO!

 Por Manoel Severo Barbosa

Grande lançamento na noite de ontem do novo livro Raizes do Cangaço , do pesquisador e festejado jornalista Humberto Mesquita, no Caravelle, aqui em Fortaleza . O Cariri Cangaço reuniu os apaixonados pela temática além de representações de muitas academias e instituições literárias .

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O BOI MISTERIOSO

Clerisvaldo B. Chagas, 2/3 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.623

Ainda lembro da saudosa Dona Ester, esposa do farinheiro José Camilo, lendo folhetos de cordel para nós, meninos da vizinhança. Sentada no degrau interno da casa, rodeadas de crianças, lia com muito prazer “A Índia Neci” e outros folhetos que comprávamos na feira com o nome de romance. “O Cachorro dos Mortos”, “Cancão de Fogo”, “João Grilo”, “O Pavão Misterioso”, “O Boi Misterioso”, “O Negrão do Paraná e o Seringueiro do Norte” e mais uma porção deles. “O Boi Misterioso” falava de um boi que vaqueiro nenhum conseguia pegá-lo. A descrição dizia que o animal era enorme e dasafiava todos os vaqueiros da época. Infelizmente não lembro o final da história. Tudo vem à mente quando assistimos aos vídeos sobre o Boi Salgadinho, o mais famoso do Brasil, na atualidade que, com suas 46 carreiras, derrotou todos os vaqueiros dos nove estados nordestinos que tentaram trazê-lo na corda.

BOI SALGADINHO (FOTO: FACEBOOK).

Salgadinho não é um boi gigante como o do romance do meu tempo dizia, o boi misterioso, é um animal amarelo, aparentemente normal, mas se transforma num fantasma ao levar corrida dentro do mato. Quem não acredita em inteligência fora dos humanos, tenha a coragem de apostar dez mil reais contra o boi Salgadinho na corrida de mato no município de Iguaracy, em Pernambuco. O dono do boi, senhor José Carlos dos Correios, bem que aceita. A última vaqueirama a correr o boi foi a do Piauí, mais uma derrotada contra o boi. Dizem eles que ninguém pega o boi Salgadinho naquela manga onde tem muitos empecilhos no mato, inclusive árvores caídas onde cavalo não passa nem por cima nem por baixo, O Boi conhece tudo e ao se ver apertado, penetra em lugares aonde deixa o vaqueiro completamente desarticulado. Não são poucos os que voltam dizendo que não sabem aonde o boi se escondeu.

Ê Dona Ester, minha boa vizinha! Se a senhora ainda estivesse nesse mundo, iríamos sentar naquele mesmo degrau e comentar sobre quem é melhor, se o antigo “Boi Misterioso” ou o Salgadinho de Iguaracy. Histórias do mundo, Histórias que povoam a mente de milhares de sertanejos iguais a nós. Isso também puxa pelo “Saia Branca”, boi famoso da região do povoado Várzea de Dona Joana, sertão alagoano, mas que perdeu a fama para um vaqueiro também encabulado daquele lugar. Falar em bois famoso é falar de Nordeste.

http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2021/12/o-boimisterioso-clerisvaldob.html

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ENTRE REZAS E BACAMARTES

 Por Anildomá Willans

Muitos livros têm tratado da lendária briga entre os Pereira e os Carvalho. De modo geral exploram os confrontos armados, as sucessivas emboscadas e ataques, culminando com o período de Sebastião Pereira e Luís Padre. Este fantástico relato de Valdir Nogueira, Entre Rezas e Bacamartes, no entanto, é o primeiro a analisar em detalhe as intrigas políticas, a alternância de poder local, que vem a se constituir no cenário onde a questão se desenvolve.

ENTRE REZAS E BACAMARTES trata-se de um recorte sobre a atuação do Monsenhor Afonso Pequeno e a tradicional desavença entre as famílias Pereira e Carvalho numa terra em que imperava a lei do punhal e do bacamarte, essas duas famílias espargiram sangue em ódios feudais, numa luta que esbarrou num famigerado banditismo.

Disponível para vendas no MUSEU DO CANGAÇO, em Serra Talhada. Contato: 87. 3831 3860 e 87. 99916-5897 (Sandra do Museu).

https://www.facebook.com/photo/?fbid=1070821970355470&set=a.132609564176720

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ZÉ DE JULIÃO: O AFAMADO CANGACEIRO QUE VIROU POLÍTICO

Por Nordeste Fantástico
https://www.youtube.com/watch?v=vDKWQESsKh0&ab_channel=NordesteFant%C3%A1stico

O vídeo trata-se da história de Zé de Julião. No cangaço era conhecido como "Cajazeira" e após o fogo da Grota do Angico onde perdeu sua esposa Enedina e seus companheiros do cangaço, fugiu e viveu muito tempo na clandestinidade em vários estados. Mas voltou para sua terra, Poço Redondo-SE, e lá migrou para política e travou brigas onde teve seu fim.
#CangaceiroCajazeira #ZédeJulião #PoçoRedondo #Sergipe O canal trás para os inscritos, histórias de um passado cheio de batalhas no sertão nordestino e casos e causos de personalidades nordestinas que marcaram o imaginário popular. 👍🏜 - Conteúdo histórico Nordestino - Conteúdo educativo para aulas de História - Conteúdo pode ser usado no Enem - Conteúdo pode ser usado no Encceja - Material com conteúdo de resgate da história do Nordeste - Conteúdo de Literatura Nordestina
 

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CANGACEIROS DE LAMPIÃO DE A A Z.

 Por Cangaçologia

https://www.youtube.com/watch?v=aIAEBcybjt4&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

Sinopse do clássico da literatura cangaceira "CANGACEIROS DE LAMPIÃO DE A A Z" de autoria de Bismarck Martins de Oliveira. Um livro que trás a biografia de centenas de cangaceiros e personagens da história do cangaço nordestino. Indispensável para quem está iniciando nos estudos sobre o tema em questão. Assistam e ao final deixem seus comentários, críticas e sugestões. INSCREVAM-SE no canal e ATIVEM O SINO para receber todas as nossas atualizações e publicações. Forte abraço! Atenciosamente: Geraldo Antônio de S. Júnior - Criador e administrador dos canais Cangaçologia, Cangaçologia Shorts e Arquivo Nordeste. Seja membro deste canal e ganhe benefícios: https://www.youtube.com/channel/UCDyq...

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LANÇAMENTO DE LIVRO

 Por Antônio Corrêa Sobrinho

O delegado da Polícia Civil em Sergipe, Dr. Archimedes Marques, um dos valorosos e profícuos pesquisadores do banditismo nordestino de outrora, atual presidente da Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço, lançou no Sebo Xique, localizado na Av. Ministro Geraldo Barreto Sobral, 2100 - Entrada B, Loja 02 - bairro Grageru, Aracaju/SE, o 3º Volume da importante obra LAMPIÃO E O CANGAÇO NA HISTORIOGRAFIA DE SERGIPE.

Dr. Archimedes que também escreveu LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE e O CAÇADOR DE CANGACEIROS.

https://www.facebook.com/photo?fbid=4318052234990286&set=a.290440857751464

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92 ANOS DE "LAMPIÃO EM CAPELA", REPORTAGEM DO JORNAL CORREIO DE ARACAJU, EDIÇÃO DE 29/11/1929

Por Antônio Corrêa Sobrinho

Em 1929, o jornalista e telegrafista ZOZIMO LIMA chefiava a repartição dos Correios e Telégrafos da sergipana Capela, sua terra natal, burgo da zona da mata canavieira, e, concomitantemente, trabalhava como correspondente na região, do jornal CORREIO DE ARACAJU, quando resolveu o destino, na noite de 25 de novembro do sobredito ano, colocá-lo diante do mais temível dos bandoleiros que existiram no Brasil, o pernambucano VIRGULINO FERREIRA DA SILVA, o LAMPIÃO, quando de seu primeiro ataque a Capela.

Quis o desígnio das misteriosas forças que nos regem, ao promover, naquela oportunidade de ataque de cangaceiros a uma cidade, o encontro de Lampião justamente com Zozimo Lima, o telegrafista e ao mesmo tempo cronista, proporcionar, desta forma, à historiografia do cangaço um dos seus mais importantes documentos, a conhecida "LAMPIÃO EM CAPELA", reportagem que se fez elemento constitutivo do conjunto das incontestáveis demonstrações da atuação bandoleira de Lampião, no caso, a sua presença no território sergipano.

Sem mencionar que se trata, a referida matéria, de um olhar sóbrio, amplo, desapaixonado, e não ressentido, considerando que andou por horas veladamente ameaçado, e que só não entrevistou o capitão bandoleiro, justamente por isso, por causa da sua condição, naquele instante, de apenas um telegrafista à mercê de um afiado e longo punhal, a transbordar de medo em que estava.

Refiro-me, nesta postagem, ao artigo jornalístico, publicado quatro dias depois dos acontecimentos que marcaram para sempre a história de Capela, a "visita" de Lampião a esta cidade, texto que hoje completa 92 anos.

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LAMPIÃO EM CAPELA

Informações interessantes colhidas pelo correspondente do Correio – a atitude digna do intendente Antão Corrêa – Lampião acha que a vida do cangaço é bem divertida – outras notas**

Segunda-feira, 25, esta cidade teve o seu dia máximo de vibração e emoção popular. Precisamente às 20 horas, quando se encontrava funcionando o cinema municipal, portas adentro da popular casa de diversão capelense surgiu a figura temível de Lampião que, acompanhado do prefeito local, vinha à procura do encarregado da estação telegráfica da cidade com o fim de intimá-lo a não se comunicar com as demais estações correspondentes. Igual procedimento tivera, posteriormente, para com a encarregada do posto telefônico e do telégrafo da estrada de ferro.

Historiemos os pormenores dos seus receios e tentativas de assalto à cidade, o que se verificou.

Às 19 h 40 min, à casa do coronel Antão Corrêa, intendente local, justamente quando este distinto cavalheiro acabava de jantar com sua família, apareceu, de automóvel, o Sr. Otacílio Azevedo, negociante em Dores. Vinha procurar o jovem prefeito para uma conferência. Tinha por fim esta lhe dar conhecimento de que Lampião e o seu grupo, em número de dez ao todo, exigiam a sua presença no lugar denominado Sobradinho, à entrada da cidade, onde todos se encontravam parados por se ter furado uma câmara de ar do carro que conduzia o audacioso bando.

O Sr. Otacílio trazia-os de Dores à força, em seu automóvel. Juntamente com mais três carros daquela cidade, aonde chegara, procedente de Carira, às 16 horas, para rumar em direção à Capela, às 19 horas.

O intendente Corrêa, depois de ouvir o Sr. Otacílio Azevedo, improvisado de chofer, deu ciência à sua esposa do que ocorria, tomou rápidas providências, em sigilo, para que o minguado destacamento local não saísse ostensivamente à rua em virtude da insuficiência de forças para um ataque, e foi ter com o grupo que o esperava.

Antão Corrêa foi recebido por Lampião que lhe disse desejar entrar à cidade sem outro intuito que o de angariar uns cobres, prometendo não cometer depredações.

O jovem intendente pediu-lhe manter-se em atitude pacífica e, entrando no automóvel ao lado de Lampião, às 20 horas chegaram todos à cidade.

Lampião mandou Arvoredo tomar o telefone, de passagem, e rumou para o Telégrafo. Corrêa fez-lhe ver àquela hora que o telegrafista estava no cinema e não deveriam ir à cidade-repartição, pois lá só se encontrava a família do respectivo funcionário, Sr. Zózimo Lima. As senhoras eram nervosas e podiam ter uma crise de consequências desagradáveis.

— Tá direito, disse Lampião, mulher é bicho danado pra dar chilique.

E rumaram para o cinema. Ali, o intendente Corrêa entrou logo no cinema e chamou o telegrafista para apresentá-lo a Lampião. Este assomou logo na sala de projeções e foi gritando — “não corram!” Foi um pânico medonho, indescritível! Os demais companheiros foram entrando aos poucos.

O povo, apavorado, não se mexeu mais. O operador em dois minutos quebrou mais de trinta metros de fita. A música perdeu o compasso e os instrumentos começaram a engasgar. Um grupo quis sair, mas Moderno, cunhado e secretário de Lampião, gritou — “se saírem eu dou um tiro pra vocês verem como a coisa é boa”. Logo aí Lampião ordenou ao telegrafista que não fosse mais à repartição sob pena de responsabilidade. Mandou logo quatro companheiros esperar o trem, que chegaria às 21 horas.

Estabelecida confiança do povo que entrou logo de simpatizar com Lampião, que se mostrou sobremodo atencioso, delicado, palestrador incansável, bem como os seus companheiros, começou a população em peso cercar a horda temível. Mandou logo que o intendente organizasse a lista das pessoas que deviam entrar com dinheiro, exigindo, porém, quantia não inferior a vinte contos. O intendente fez lhe ver a impossibilidade de arranjar aquela quantia, visto o comércio estar exausto e estarmos sendo perseguidos por três anos de seca. Diante desta ponderação Lampião respondeu — “É, major, eu também venho atravessando uma seca de 14 anos. Arranje pelo menos uns seis contos”.

Depois de ter comparecido à presença de Lampião, por exigência deste, o delegado de polícia, foi-se tratar de arranjar, entre os negociantes e usineiros, a importância exigida. Não se encontrou má vontade. Pudera! Lampião com aquela espetaculosa indumentária, não é para brincadeira.

Conseguidos os cinco contos e pico, o famanaz Moderno, por ordem do chefe, contou, emaçou e guardou a bolada no mocó, que estava recheado de dinheiro.

E daí em diante, pela noite adentro, as ruas em desusado movimento, Lampião e seu bando percorriam as praças em automóveis, espalhando-se pelas ruas frequentadas pelo meretrício, entrando em casas de bebidas para constantes libações.

Arvoredo, Volta Seca (uma criança quase) e Ponto Fino contavam trágicas façanhas aos grupos numerosos que os cercavam.

Visitaram as casas dos ourives Alfredo Assis e Euclides Silva, onde fizeram compras de jóias, pagando-as. Foram depois ao estabelecimento comercial de Jackson Alves, adquirindo por 500$000 uma gabardine e um revólver. As compras efetuadas eram pagas pelos preços estipulados, sem relutância por parte dos compradores. Todo mundo queria ver, ouvir, dar dois dedos de prosa com o célebre campeador nordestino e era imediatamente atendido com satisfação. Lampião, depois das 23 horas, foi ao telefone intermunicipal para falar diretamente com o chefe de polícia, não se conseguindo, àquela hora, obter a comunicação desejada, apesar da insistência da respectiva funcionária com as estações intermediárias, dormindo àquelas horas. Pelo esforço da telefonista Lampião gratificou-a com 50$000.

Às 3 horas da manhã, sempre acompanhado do povo, Lampião tocou reunir, com um apito estridente. Pouco a pouco foram chegando os companheiros dispersos. Feito isso, tomaram os automóveis e dirigiram-se ao povoado Pedras, onde se demoram pouco tempo, seguindo rápido para Aquidabã, a cavalo, pois fizeram dali seguir os autos para Dores.

A força que chegou de Aracaju, de manhã, depois de ligeiras e indispensáveis preparativos para combate, seguiu no encalço dos bandidos. Se não tomaram, da capital, providências imediatas para a vinda, em tempo, da força, é claro, foi porque todas as comunicações estavam interceptadas pelo bando sinistro.

Lampião, se bem que inculto é, não resta dúvida, um sujeito arguto e inteligentíssimo.

Sejamos imparciais e justos — os nossos últimos e indesejáveis visitantes, pelo trato ameno, pela atenção e cordialidade, deixaram boa impressão ao público.

Essas qualidades aqui exibidas pelos bandoleiros foram, não há negar, devido à maneira porque, na situação em que nos encontrávamos, se portou o digno intendente Antão Corrêa, desenvolvendo fina diplomacia para conter os impulsos latentes que moram nos corações de gente de tal jaez. Não há exagero em se afirmar, e disso todos estão gratos e cientes, que a tranquilidade pública repousou na ação eficaz, ordenada e destemerosa do jovem prefeito que, por esse gesto, mais conquistou as simpatias dos capelenses.

Afrontar um bando aguerrido como o de Lampião, com quatro soldados, desmuniciados, porque o complemento do mesmo tinha seguido para o sertão, dois dias antes, com o tenente Elesbão de Brito, seria um sacrifício inútil.

O Sr. Antão Corrêa embora sem a proteção da força, com as responsabilidades especiais do seu cargo político e administrativo, alvo principal das vistas tigrinas do bando trágico, sem saber a sorte que lhe aguardava, não atendeu a rogos de parentes sentimentais, não poupou sacrifícios para salvar a cidade de um saque provável, defender a honra da família capelense e seguiu, aventurosamente, para negociar com o celerado a paz de que tanto ansiávamos.

Porque fosse outro o Sr. Antão Corrêa, seguisse o exemplo de muito valiente que conhecemos, teria Sua Senhoria, após receber o convite de Lampião, sem saber das suas intenções, se metido no seu automóvel com a família e azulado por esse mundo afora, deixando a cidade entregue à sanha do audaz e facinoroso grupo.

Não podemos, também, deixar de elogiar a ação do cônego José Cabral, que muito nos auxiliou, impondo-se, pela sua correção moral e seus conselhos, no meio do bando de Lampião. Dois sequazes ao vê-lo, pediram-lhe a benção.

O cônego desejou-lhes regeneração. Eles sorriram.

Lampião mandou, por dois dos seus companheiros, buscar de automóvel o delegado, major Pedro Rocha, que, no momento de sua chegada, se achava na estação esperando o trem. Felicitou-o por conhecer mais um colega.

Gato foi jantar na Pensão Cabral. Interrogado pela proprietária sobre se era verdade não suportarem as mulheres, teve como resposta: — “Não gostamos das mulheres fuxiqueiras”.

Interrogado Lampião pelo autor destas notas se não pretendia deixar a vida que levava, teve como resposta: — “Qual moço, não há mais jeito. Deixe lá que a vida do cangaço é bem divertida”.

Ao Dr. Ozório Ribeiro disse Arvoredo que só tinha dois amigos: a Providência e o seu fuzil.

Conhecido diretor de importante repartição federal, que se encontrava na estação férrea, ao saber que Lampião tinha entrado na cidade, foi para a casa com as calças “pesadas”, infeccionando as ruas, fazendo os transeuntes, raros, levarem o lenço ao nariz.

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Lampião e Zozimo

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CORONEL JOÃO SÁ E A FAZENDA CARITÁ

Por Aderbal Nogueira 

https://www.youtube.com/watch?v=-enJtesEASE&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

Quer ajudar nosso canal? Nossa chave Pix é o e-mail: narotadocangaco@gmail.com Fazenda Caritá, que pertenceu ao Cel. João Sá.

Nesse vídeo, o ex-vaqueiro da fazenda, Sr. Jaconias narra para o pesquisador João de Sousa Lima as dificuldades da vida na época do cangaço, quando o sertanejo não tinha muita escolha: era viver ou morrer.

Link desse vídeo:

https://youtu.be/-enJtesEASE

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