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sábado, 27 de setembro de 2025

GUILHERME ALVES CONHECIDO COMO O CANGACEIRO BALÃO ESTAVA NA GROTA DO ANGICO, QUANDO ELES FORAM SURPREENDIDOS PELAS VOLANTES POLICIAIS COMANDADAS PELO TENENTE JOÃO BEZERRA DA SILVA.

 Por José Mendes Pereira


Na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, em Porto da Folha, atualmente Poço Redondo, no Estado de Sergipe, Guilherme Alves, o cangaceiro Balão estava lá, e juntamente com os outros cangaceiros, foram surpreendidos pelas balas que as volantes policiais descarregaram das armas em suas direções, deixando 11 cangaceiros mostos, além de um volante policial de nome Adrião Pedro de Souza. Felizmente Balão conseguiu sair do tiroteio com vida, além de outros mais. 

https://www.youtube.com/watch?v=3zRx3LcWaHc

No estudo cangaço eu sou amigo e admirador do cangaceiro Balão, mas tenho certas dúvidas sobre algo nas suas respostas aos entrevistadores. 

Em 1973, o cangaceiro Balão cedeu entrevista à Revista Realidade, e para mim, não sei se estou certo, Balão foi o cangaceiro que mais fantasiou as suas respostas. É claro que cada um deles queria levar a sardinha para o seu prato, mas não era necessário tanta fantasia.

O cangaceiro Balão

“-Estávamos acampados perto do Rio São Francisco. Lampião acordou às 5 horas da manhã e mandou um dos homens reunir o grupo para fazer o ofício de Nossa Senhora. Enquanto lia a missa em voz alta, todos nós ficamos ajoelhados ao lado das barracas, respondendo amém e batendo no peito na hora do Senhor Deus".

Os cangaceiros rezando

 Continua: "-Terminado o ofício Lampião mandou Amoroso buscar água para o café. Mas quando ele se abaixou no córrego veio o primeiro tiro. Havia uma metralhadora atrás de duas pedras, a 20 metros da barraca de Lampião. 

O coiteiro Pedro de Cândido

Pedro de Cândido, um dos nossos, havia nos traído, e acho que tinha dado ao sargento Zé Procópio até a posição das camas."

"-Numa rajada de metralhadora serrou a ponta da minha barraca..."

E continua o cangaceiro Balão: "-Meu companheiro Mergulhão, levantou-se de um salto, mas caiu partido ao meio por nova rajada. Eu permaneci deitado, e com jeito coloquei o bornal de balas no ombro direito, o sobressalente no esquerdo, calcei uma alpargata. A do pé esquerdo não quis entrar, e eu a prendi também no ombro. Quando levantei, vi um soldado batendo com o fuzil na cabeça de Mergulhão. De repente ele estava com o cano de sua arma encostada na minha perna e eu apontava meu mosquetão contra sua barriga. Atiramos. Caímos os dois e fomos formar uma cruz junto ao corpo de Mergulhão. Levantei-me devagar. O soldado estava morto e minha perna não fora quebrada.

"-Então vi Lampião caído de costas, com uma bala na testa..."
Continua  Balão: "-Moeda, Tempo Duro (este último estava lá, segundo a lista dos que estavam na Grota, mas não aparece na lista oficial dos abatidos); Quinta-feira, todos estavam mortos. Contei os corpos dos amigos. Nove homens e duas mulheres. Maria Bonita, ferida, escondeu-se debaixo de algumas pedras. Mas foi encontrada e degolada viva. Não havia tempo para chorar. As balas batiam nas pedras soltando faíscas e lascas. Ouviam-se os gritos por toda parte. Um inferno. Luiz Pedro ainda gritou: -Vamos pegar o dinheiro e o ouro na barraca de Lampião. Não conseguiu. Caiu atingido por uma rajada".

Em minha opinião esta afirmação do cangaceiro Balão contraria o que disse Mané Veio, pois nas declarações que deu aos repórteres, o policial  levou um bom tempo para assassinar Luiz Pedro.
Continua: "-Uma vez me perdi do bando e fiquei um ano nas caatingas de Bebedouro, Jeremoabo, Cipó de Leite, sem ver uma alma viva. No começo eu estava com ANJO ROQUE e sua mulher".
Continua o depoente: "-Corri até ele, peguei seu mosquetão e com Zé Sereno conseguimos furar o cerco. Tive a impressão de que a metralhadora enguiçou no momento exato. Para mim foi Deus".
Minhas inquietações:

1 - Será mesmo que depois da missa ele voltou a se deitar?

2 - Como foi que ele viu que a bala que atingiu o rei foi mesmo no meio da testa, quando ele diz que Lampião estava de costas?

3 - Como foi que no meio de um cerrado tiroteio ele teve coragem de ir pegar o mosquetão de Luiz Pedro que já estava morto?

4 - Como foi que ainda deu tempo para ele contar os mortos, pois no meio de um cerrado tiroteio, qualquer ser humano não espera por nada, muito menos para contar quem lá morreu?

5 - Como foi que ainda deu tempo para ele calçar as alpargatas?

6 - Por que Balão caiu quando ele e o policial ambos atiraram, se ele não sofreu nenhum impacto para ser derrubado?

7 - Balão disse que após o massacre ao grupo de cangaceiros passou um ano nas caatingas sem ver um pé de pessoa, comendo carne de bode. Onde ele arranjava fósforos para fazer fogo e cozinhar a carne? 

O amigo Balão fantasiou algumas respostas. Muitas verdades, é claro, mas outras, fantasiadas. Gostaria muito que as suas respostas fossem verdades. Mas pelo que ele disse, não há como eu acreditar em todas.

Este artigo foi também publicado no blog Cariri Cangaço, com o título:
 Um pouco mais Angico, só para não perder o ritmo.... Por: Mendes e Mendes

http:/cariricangaco.blogspot.com

Clique neste link para você ler com mais detalhes a entrevista que o cangaceiro Balão cedeu à "Revista Realidade"

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2011/06/cangaceiro-balaosensacional-entrevista.html

Se você não o leu, clique no link abaixo:

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2012/04/o-cangaceiro-balao-enfeitou-as-suas.html


O CANGACEIRO AMOROSO ESTAVA NO DIA DA CHACINA AOS CANGACEIROS NA GROTA DO ANGICO-SERGIPE.

 Por José Mendes Pereira


Amoroso estava no meio dos cangaceiros no dia do ataque aos delinquentes de Lampião na Grota do Angico, mas ele conseguiu salvar a sua vida dos estilhaços de bala, enviados pelas armas dos policiais das volantes comandadas pelo tenente João Bezerra da Silva.  

A pesquisadora Edna Araújo escreveu o que segue:

O TRISTE FIM DO CANGACEIRO AMOROSO... NASCIDO COMO JOÃO PAES DA COSTA.

O cabra quando no cangaço entrava, já sabia que no mundo o homem não nascia para sofrer tanto e depois virar um santo.

No primeiro ato jogava sua sorte no vulto da poeira onde a cobra peçonhenta dava o bote.

E foi assim com cada um dos cabras de Virgolino.

O cangaceiro José Paes da Costa, por alcunha Amoroso.

Foi do bando de Lampião, viveu ali por muitos anos, sem lei, sem patrão.

Nas cercanias das caatingas nordestinas, arando a morte no chão.

Todos no cangaço sabiam que lutar contra a palavra, era uma luta vã.

E quem era fraco, no mundo de fortes poderosos, não rompia uma manhã.

Essa foi a saga, de mais um cangaceiro do bando de Lampião.

José Paes da Costa, por alcunha; Amoroso.

No golpe de sorte....

quis o destino, poupar-lhe a vida, na madrugada fatídica do dia 28 de julho de 1938.

Escapou ileso, mesmo vendo a morte de perto, foi o alvo do primeiro tiro.

Saiu correndo feito louco pelas caatingas, fugindo da fuzilaria.

Porém no dia 14 de outubro do mesmo ano 38...

a volante baiana, armou uma emboscada.

Prometendo que se ele baixasse as armas e se entregasse, suas dívidas com a justiça seriam perdoadas

Porem não cumpriu com o combinado, na traição ...

no caminho da Vila Pinhão, próximo a Sergipe, pela volante baiana, do tenente José Luís foram fuzilados .

Os cangaceiros abatidos junto com ele foram, Cruzeiro II e Bom de Veras.

Dessa tocaia mortal, apenas Balão II escaparia.

E assim foi dado cabo ao cangaceiro Amoroso, que escapou do massacre em Angico, porém, seu destino já estava selado, o encontro com a morte apenas foi naquele dia adiado.

https://www.facebook.com/groups/471177556686759/posts/2061011764369989/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O CANGACEIRO MERGULHÃO ESTAVA NA GROTA DO ANGICO, NO DIA DA CHACINHA AOS CANGACEIROS DA EMPRESA DE CANGACEIROS LAMPIÔNICA & CIA. DO CAPITÃO LAMPIÃO.

 Por José Mendes Pereira

Essa foto é do cangaceiro Mergulhão (não encontrei o seu nome de batismo), que estava na Grota do Angico, no dia 28 de julho de 1938, quando do ataque aos cangaceiros da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia". Ele também foi morto juntamente com os outros, inclusive no meio do rei e da rainha do cangaço capitão Lampião a Maria Bonita. Esta chacina aconteceu em Porto da Folha, atualmente Poço Redondo, no Estado de Sergipe. 

Não confundir este Mergulhão acima com o Mergulhão abaixo que foi morto no dia 07 de janeiro de 1929, no fogo com a volante baiana comandada pelo tenente Odonel Francisco da Silva, no arraial de Abóbora, município de Jaguarari(BA).

FONTE:

DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. Lampião e o Rio Grande do Norte: a história da grande jornada. 2. ed. Cajazeiras: Real, 2014.

OLIVEIRA, Bismarck Martins de. cangaceiros de Lampião de A a Z. 2. ed. João Pessoa: Mídia Gráfica e Editora, 2020.

https://www.facebook.com/groups/508711929732768

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