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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.

franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

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UMA VIAGEM DE TREM MARIA FUMAÇA

 Por Benedito Vasconcelos Mendes

O acesso à Fazenda Aracati era pela BR-222, que passa a três quilômetros de distância da referida fazenda. Até o final da década de 1960, o trecho da BR 222 entre Sobral e Fortaleza ainda estava sendo asfaltado. Geralmente, a nossa família fazia a viagem para a Fazenda Aracati de Jeep Willys, pela BR-222. No final da década de 1950, meu pai, Francisco Milton Mendes, repetindo o que fazia todos os anos, tirou férias do Banco do Brasil, onde trabalhava, e foi passar a Semana Santa na Fazenda Aracati, de propriedade de seu pai, José Cândido Mendes. Era um ano de muita chuva e a estrada carroçavel federal, BR-222, apresentava diversos pontos de atoleiro e estava muito esburacada. Meu pai não quis se arriscar viajar por esta estrada e resolveu ir de trem da RVC - Rede de Viação Cearense (depois Rede Ferroviária Federal - RFFSA) até a cidade de Miraíma, distante 25 quilômetros da Fazenda Aracati. Minhas três irmãs mais novas ficaram em Sobral e a viagem foi feita por meu pai, minha mãe, minha irmã mais velha, Lourdes, e eu. Pegamos o Trem Maria Fumaça (Locomotiva a Vapor) na Estação Ferroviária de Sobral, no sentido Fortaleza. A primeira parada do trem foi em Caioca, Distrito de Sobral, onde vendedores ambulantes ofereciam, aos passageiros do trem, milho verde assado e milho verde cozido. A segunda parada foi na Estação Ferroviária de Miraíma, onde comerciantes ofereciam para venda piaba assada com farinha de mandioca e outros alimentos. Em Miraíma, localiza-se o Açude São Pedro da Timbaúba, daí a existência de muito peixe, para vender aos passageiros do trem. Além de peixe, eram vendidos sanduíche de queijo de coalho, bolo de milho e doce de leite em massa, acondicionado em pacotinhos de papel celofane transparente. A chegada do trem na estação era uma festa. Toda a população da cidade ia ver o trem passar ou vender piaba assada, milho verde assado, milho verde cozido, bolo de milho e doce de leite, aos passageiros do trem.

No trajeto de Sobral a Miraíma, meu pai me levou ao carro-restaurante do trem, onde tomamos guaraná champanhe com biscoito Maria. Para mim, a viagem foi muito divertida. Tudo era novidade. Da janela do trem se observava as serras e a paisagem verde, florida e viçosa da caatinga, em pleno período chuvoso. Eu achei interessante a presença de três vagões boiadeiros, carregados com gado, que ia para o abatedouro de Fortaleza, engatados no final da composição do trem de passageiros. Composição com vagões boiadeiros geralmente é puxada por trem de carga e não por trem de passageiros. É que o trem de carga descarrilhou próximo à Sobral e os vagões carregados com bovinos não podiam esperar que recolocasse o trem nos trilhos, já que os animais necessitavam chegar ao seu destino o quanto antes, para comer e beber. A solução foi atrelar ao trem de passageiros, os três vagões carregados com animais.

Andar no trem em movimento era uma aventura, devido aos fortes solavancos e ao barulho característicos do trem. Eu e minha irmã atravessamos, por diversas vezes, os vagões que separavam o vagão onde viajávamos do vagão restaurante, pelo simples prazer de caminhar no interior do trem em movimento. Quando a Maria Fumaça apitava, todos os passageiros olhavam pela janela, para saber o motivo do apito. Além da máquina a vapor, que puxava o comboio, tinha mais dez vagões, seis de passageiros, um que servia de restaurante e três vagões de carga, carregados de bovinos. Eu achei muito interessante o abastecimento de lenha, para queimar na caldeira e de água, para gerar vapor, responsável pela propulsão do trem. A lenha e a água foram fornecidas na estação de Miraíma.

Esta foi a minha primeira viagem de trem. Depois, quando meu pai foi transferido para a Agência do Banco do Brasil na cidade de Ipu, fiz muitas viagens de trem de Sobral para Ipu e vice-versa. Neste tempo, boa quantidade das locomotivas que puxavam trem já eram a óleo diesel, sendo poucas as locomotivas a vapor usadas para tracionar trens de passageiros, pois elas eram mais usadas para puxar as composições de carga.  

Descemos do trem em Miraíma e montamos nos cavalos que meu avô tinha mandado para nos levar até sua fazenda. A viagem de 25 quilômetros a cavalo foi outra aventura inesquecível. Minha mãe foi sentada de banda no silhão da égua Lua, usada por minha avó. Naquela época, mulher não se escanchava na sela do cavalo. Ela usava o silhão para viajar sentada de lado. Meu pai foi montado no cavalo estrela, que era a montaria de estimação do meu avô. Eu e minha irmã Lourdes viajamos em um só cavalo, eu na sela e ela na garupa. O vaqueiro Sales, que trouxe as montarias para nos levar à fazenda do meu avô, conhecia muito bem o percurso entre Miraíma e a Fazenda Aracati. Os cavalos caminhavam em fila indiana. Na frente ia o Sales, depois meu pai, logo atrás minha mãe e por último eu e minha irmã. O caminho era muito estreito e, como estava chovendo, as folhas dos arbustos e árvores da caatinga nos molhavam, quando encostávamos nas plantas. Meu pai sempre nos alertando para o perigo do cavalo passar muito próximo de alguma planta de urtiga e nos molestar. A viagem foi longa e cansativa, porém muito divertida. Eu achava bonito ver o gado gordo comendo babugem, o tempo chuvoso e muito pasto cobrindo o chão. Gostava de olhar os campos floridos, com muitos passarinhos e um chuvisco intermitente. Eu, em vez de achar ruim, me deleitava com a chuva fina e fria. À noite, minha mãe me agasalhou com duas camisas, para não pegar resfriado. Enquanto os adultos ficavam, o tempo todo, se reclamando da canseira, eu e minha irmã nos divertíamos com tudo que víamos e sentíamos na viagem. Chegamos na Fazenda Aracati quase de madrugada, cansados, com sono e com fome, pois a nossa comida durante a viagem a cavalo foi sanduíche de queijo com refresco de cajá, que minha mãe tinha preparado em Sobral, antes da viagem.

Enviado pelo professor Benedito Vasconcelos Mendes

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GALINHA-d’ANGOLA

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de dezembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.032

Vamos encerrando o ano dissertando para o neto, a galinha-d’angola por ele perguntada. Trata-se de uma bela ave trazida da África Ocidental pelos colonizadores portugueses. Gosta de viver em bando e possui uma liderança que se identifica na hora da comida, pois vigia enquanto o bando come. Possui diversas e estranhas denominações pelo Brasil inteiro. No Sertão de Alagoas é conhecida como guiné (primeiramente), capote, tou fraco (devido ao som constante do seu canto) e galinha d’angola. É criada em sítios e fazendas nos terreiros e convivem muito bem com outras aves. É arisca, estressada, difícil de ser capturada (geralmente à noite) ou na base da espingarda. Suas ninhadas são feitas escondidas no mato. O bando põe coletivamente em um só ninho que pode apresentar até quarentas ovos. A ave põe em um lugar e vai cantar distante para despistar os predadores.

(FOTO: ENCILOPÉDIA LIVRE).

A carne de guiné é exótica e saborosa; o ovo é uma delícia e supera em muito o ovo de galinha. Outras denominações da ave, conforme a região: cocá, galinha-do-mato, faraona, pintada, picota, fraca, sacuê e cacuê. A galinha- d’angola (Numida meleagris) pertence à ordem dos Galliformes. Ainda existem outras denominações regionais, como galinha de pérolas. Em alguns lugares entram no rito religioso em homenagem a Oxum. Essas aves são rústicas e fáceis de criar. Botam os ovos em camadas e ainda cobertos por palhas ou outro material disponível. Existem nove subespécies.
  “As galinhas-d'angola não são boas mãesraramente entrando no choco. Fazem posturas conjuntas, com ninhadas de até quarenta ovos dispostos em camadas. Desta forma, somente os ovos de cima recebem o calor da ave e eclodem. São inquietas e arrastam os pintospara zonas húmidas, podendo comprometer a sobrevivência deles. Em criações em cativeiro, é recomendável recolher os ovos e colocá-los em incubadoras ou fazê-los chocar por uma galinha”.
Os guinés fazem a limpeza do ambiente contra escorpiões, baratas e insetos em geral. Modernamente para isto é utilizado.
E se você nunca degustou um guiné, um capote, um tou fraco, não sabe o que ainda continua perdendo.
(FELIZ ANO NOVO, MINHA COMADRE, MEU COMPADRE).


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IMPORTANTE



AMIGOS, leiam a entrevista do jornalista cearense Júlio de Matos IBIAPINA, concedida ao jornal "Diário de Pernambuco", sobre o BANDITISMO NOS SERTÕES NORDESTINOS, publicada na edição de 07/01/1927, quer dizer, mais de onze anos antes da morte do rei do cangaço LAMPIÃO, no momento, por um lado, em que este já considerado o novo rei do cangaço agia mais confiante e serelepe pelos adustos territórios de Alagoas ao Ceará, carregando no ombro a patente de capitão do exército, fortalecido de armas, munições, além de fardamento do batalhão patriótico, dádivas recebidas do governo federal, ainda que de forma ilegal e indireta, pois pelas vias do poderoso chefe religioso e político do Ceará, Padre Cícero Romão, para os fins de combater no Nordeste os rebeldes comunistas chefiados por Luís Carlos Prestes. Por outro lado, num momento de forte censura contra o prestigioso tratamento dado pelo governo ao sanguinário cangaceiro do Pajeú, na imprensa e nas casas do Congresso Nacional, isso associado à mudança nos comandos dos governos federal e estaduais; Washington Luís substitui Artur Bernardes e as unidades federativas ganham novos governadores, sem mencionar o convênio celebrado entre Estados nordestinos no sentido de as forças militares destes combaterem o banditismo de forma conjugada e com a possibilidade de as volantes atuarem além fronteiras.

OS GOVERNOS NORDESTINOS COLIGAM-SE PARA COMBATER O BANDITISMO SERTANEJO

FALTA DE CAMARADAGEM

O JORNALISTA CEARENSE MATOS IBIAPINA
FALA A “A MANHÔ


Desde anteontem acha-se nesta capital o Sr. J. de Matos Ibiapina, nosso colega da imprensa do Ceará, onde dirijo um jornal independente, o mais importante do Estado, pela sua ampla circulação e pelo seu bem orientado programa de combate aos partidos políticos e ao governo.

Como se ache, atualmente, em foco, no Nordeste, a questão de repressão do banditismo profissional, agitada pelo Sr. Estácio Coimbra, resolvemos ouvir a opinião do Sr. Matos Ibiapina sobre o assunto.
Começamos por perguntar-lhe se acreditava na eficiência dos governos estaduais para exterminar o bandoleirismo.

Assim nos respondeu o ilustre jornalista:

- Combate-se uma epidemia sem eliminar as suas causas?

E acrescentou:

- Todos os governos novos, a fim de impressionar bem aos seus governados e aos dirigentes da nação, tomam a iniciativa de guerrear os bandidos dos sertões. Não é a primeira tentativa que se faz nesse sentido. Mais de um entendimento tem sido promovido entre os diferentes estados do Nordeste. Tudo tem sido debalde.

Por quê?

Simplesmente porque as causas geradoras do banditismo persistem em vários Estados.

Não haveria cangaceiros se por toda parte houvesse o respeito à lei. São os administradores que inoculam no espírito do caboclo do sertão essa revolta contra os fundamentos jurídicos da sociedade. Não compreende ele que o governo de um povo consista no espezinhamento dos direitos alheios, justamente por parte dos que têm a responsabilidade de sua defesa.

É o exemplo das arbitrariedades policiais que transforma o pacífico e obediente homem do sertão na fera que é o chefe de bando.

Os elementos destinados à garantia da ordem assumem o papel no hinterland nordestino, de instrumentos de perseguição manejados pelos amigos políticos dos governos.

São eles que arrastam às prisões, por mero capricho dos reguletes locais, os adversários políticos e seus apaniguados.

São eles que lhes tomam as propriedades, que deixam impunes os atentados à honra das famílias.

São eles, em uma palavra, que incutem na alma dos sertanejos a convicção de que ou se devem deixar escravizar ou reagir pelos mesmos processos de que são vítimas constantes.

Um dos atuais chefes de bandoleiros do Nordeste era um cidadão pacífico, que exerceu o cargo de prefeito de uma vila cearense. Teve de recorrer ao cangaço indignado com a polícia que lhe incendiou as propriedades.

- Mas Lampião, por exemplo, não está nesse caso. É um criminoso perverso.

- Os bandidos dividem-se em duas grandes categorias: a dos revoltados contra as injustiças dos poderosos e os lançados na carreira pelos mandões, que os perseguem quando não mais precisam dos seus serviços.

No primeiro caso, está Santa Cruz; no segundo, Lampião.

Aquele, que é um bacharel em direito, depois de assistir as mais torpes violências contra a sua família, reagiu, e, de queda em queda, teve, por força das circunstâncias, de chefiar um grupo, em que se alistaram criminosos da pior espécie.

Este serviu, durante muito tempo, às ambições de políticos da Paraíba e vivia na intimidade de elementos de destaque da política cearense.

Quando, no meu Estado, cogitaram de organizar os célebres batalhões patrióticos, Lampião foi convidado pelo “general” legalista para assumir uma posição de comando nas hostes governistas.

Essa declaração foi feita pelo padre Cícero, do Juazeiro, ao meu jornal e pelo próprio Lampião, em entrevista que nos concedeu.

Só ultimamente, é que se verificou o rompimento de relações entre esse famoso bandido e conhecido cangaceiro político da Paraíba. Essa desinteligência foi até registrada pelos vates do sertão.

Lampião, como vê, está ligado à história pátria como um dos baluartes da legalidade. Por mero acaso, ele não é hoje um herói nacional, depois de ter sido, durante muito tempo, um colaborador dos políticos do sertão.

Nessas condições, é evidente que, enquanto perdurar essas semelhanças entre os políticos e os bandidos, os governos que prestigiam àqueles não podem dar combate a estes.

No meu Estado, os amigos do governo – aliás chefiado por um desembargador – para ganharem uma eleição de prefeitos, mandaram a polícia prender um juiz de direito e um promotor.

Não é de admirar que Lampião recorra ao saque para alimentar os seus homens e ao assassinato para se defender dos seus inimigos. O banditismo de Lampião é muito justificável do que o dos políticos governistas.

- Não acredita, pois, na extinção da praga que, de tempos imemoriais, vem infestando o interior nordestino?

- Absolutamente, não.

Acho até que essa iniciativa dos governos é uma falta de camaradagem.
É mais uma classe desunida.

Júlio de Matos Ibiapina (Aquiraz, 22 de setembro de 1890 - Rio de Janeiro, 1947) - vide mais sobre este advogado, militar, professor e escritor e jornalista brasileiro na Wikipédia

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CAFÉ COM FILOSOFIA

*Rangel Alves da Costa

Sim, tudo pode mudar. Nada é estático, imutável, tanto rocha e tanto pedra, que não possa haver uma forma ou um meio de transformação. Basta reconhecer e agir para modificar.
As nuvens caminham, o sol andeja, a lua vai de canto a outro. Aliás, nada será transformado sem que haja ação no seu estado natural. A mudança é essencial em tudo.
Mas tudo só muda quando há a percepção de que existem outros caminhos. Estradas e curvas de repente surgem como a dizer que o passo poderá seguir por outro lugar.
Nenhuma estrada tem início e fim sem que curvas e veredas se apresentem como opções de seguir. Cabe ao indivíduo buscar a melhor saída, trilhar pelo que desejar.
Há múltiplas possibilidades em tudo. Tem gente que não caminha debaixo do sol nem da chuva. Mas aquele que precisa chegar vai vencendo todos os desafios que se apresentam.
Sim segue pelo sol, mas de repente o sol se põe, a nuvem vem, a chuva chega. O que fazer, então? Seguir em frente sem medo e sem arrependimentos, construindo logo a chegada.
Na dúvida, ainda a possibilidade de ouvir mais a si mesmo, de refletir um pouco, de decidir somente quando já esgotados os espantos, os empecilhos, os medos e os pessimismos.
Perante tal situação, a certeza de que o ser humano não teve temer fazer o mesmo com o pensamento. Pensar e repensar, rever o pensamento, reorientar-se. Mais difícil errar assim.
Tais questões envolvem muito mais. A fruição do pensamento de repente coloca o ser em cima da montanha da filosofia. E então sente que tudo é mais profundo do que imagina.
E vai indagando e procurando respostas para as coisas mais simples e mais complexas, para as realidades e as ilusões, para o que apenas supõe existir. E as respostas vão surgindo.
Quando passou um pedinte e depois mais outro, mais outro e mais outro, sempre cada vez mais famintos e magros, então eu temi pelo destino dos homens.
Quando minha avó deixou de me fazer cafuné e meu avô deixou de contar histórias do outro mundo, e tudo entristeceu pela casa, então eu aprendi que a velhice florescia demais.


Quando a criancice se despediu, a meninice foi embora e a adolescência sumiu, então eu resolvi parar de crescer e voltar a ser o que ainda estava presente dentro de mim.
Quando a nuvem não veio, a chuva não veio, o pingo d’água não veio, e tudo murchou e tudo secou, então cavei mais o barro do chão até surgir um veio de esperança.
Quando eu esperei a primavera e chegou o outono, e no lugar das flores apenas a secura da solidão e a tristeza do silêncio, então molhei mais meu jardim e fiquei esperando.
Quando pedi que ela segurasse minha mão para seguir pela estrada e ela negou minha proteção, então sozinho segui até ouvir o seu grito aflito desejando a mim.
Quando cansei pela estrada e não encontrei nenhum sombreado e nenhuma guarita para descansar, então caminhei mais ainda em busca do meu destino.
Quando procurei a igreja e a encontrei de portas fechadas e procurei um altar e nada encontrei que fosse santificado, então abri as portas do templo do meu coração e orei.
Quando minha vela de oração começou a se apagar antes do tempo e a minha oração era esquecida antes do fim, então me ajoelhei e abaixei a cabeça para reencontrar a minha fé.
Quando fui jogado às feras, fui lançado aos lobos, fui arremessado às peçonhentas serpentes, então esperei sobreviver e espantar as feras, os lobos e as serpentes, de toda estrada.
Quando eu amei e por esse amor me vi na ilusão de uma felicidade inexistente, pois amante e desamado, então preferi sofrer na solidão até que o sorriso chegasse ao meu coração.
Quando abri a panela e nada encontrei de comida, revirei a despensa e nada encontrei para matar a fome, então abri a porta para catar os grãos da sobrevivência.
Quando bati à porta e ela não se abriu e chamei à janela e ela continuou bem fechada, então sentei do lado de fora e esperei as coisas acontecerem.
Quando me tomaram as vestes e lanharam minha pele, depois me jogaram ao relento e ao frio, então simplesmente esperei o sol chegar.
Quando me forçaram a ir até a beira do abismo e lá me empurraram beiral abaixo, então eu abri minhas asas para voar.
Quando levantaram a arma e apontaram o cano sangrento em minha direção, então eu, mesmo de peito aberto, levantei meu escudo de proteção.
Quando soltaram palavras de aleivosia e sobre a minha pessoa lançaram as desonras do mundo, então eu silencie por saber de onde chegariam as respostas.
Quando me dizem que tudo é assim mesmo, que tudo deve assim acontecer, então simplesmente peço que leiam o Eclesiastes: nada é assim mesmo!
Quando aprendi que nada é assim mesmo, então me preparei para buscar o novo toda vez que o velho já não traga nenhuma transformação. E mudar sem medo. E nada temer.

Escritor
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LAMPIÃO REZANDO A PEDRA CRISTALINA EM 1936


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O CAPITÃO LAMPIÃO E O MÉDICO OTACÍLIO MACEDO

Por José Mendes Pereira

Após 92 anos o capitão Lampião encontrou o médico Octacílio Macedo que havia o entrevistado lá no Juazeiro do Norte no Estado do Ceará, terra madrasta do Padre Cícero Romão Batista, porque a sua terra mãe era Crato também no Ceará.


Ali, frente a frente o médico falou sobre o novo presidente que tomará posse no dia 1º de janeiro de 2019 e em seguida fez-lhe a seguinte pergunta:

- Capitão Lampião, qual a sua opinião sobre a futura administração do presidente eleito capitão Bolsonaro? Espera que fará um bom governo?

- Não só eu como todos os brasileiros esperam, mas será muito difícil que isso aconteça.

- Mas por que capitão Lampião houve uma mudança enorme, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado? No Senado de 54 vagas que tinham, somente 8 senadores se reelegeram, e na Câmara dos Deputados nem se fala, pois o número de deputados que não se reelegeram foi assustador.

- Mas isso não justifica, dizia o capitão Lampião, se saíssem todos os políticos que antes assumiam cargos de deputados e de senadores, aí sim, o Brasil estava de parabéns! Mas ainda ficou, muito embora pequena, uma parte de políticos corruptos.

- Mas os que ficaram capitão Lampião, vão temer os novatos que entrarão na próxima semana...

- Mas aí é que você se engana...

- Por que, capitão?

- O Congresso Nacional é um círculo vicioso e é igual ao câncer, pois se ficar raízes vai se espalhando por todo canto, e assim é o Congresso Nacional. Ainda ficaram muitos que irão manipular os que estão chegando, e no decorrer dos anos, o Congresso Nacional continuará com uma porção de ladrões. Mas lembrando seu doutor Octacílio, que em toda regra há exceção. Se eu ainda estivesse lá no Brasil eu não tinha votado no Bolsonaro, mas eu o respeito. Ele é capitão assim como eu. Desejo-lhe que seja bem feliz na sua administração Nacional.

Informação: Este material não tem nenhum valor para a literatura lampiônica. É apenas uma brincadeirinha sem desrespeitar a família "Ferreira" que é a do capitão lampião.

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