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terça-feira, 11 de junho de 2019

LIVROS SOBRE CANGAÇO


É COM O PROFESSOR PEREIRA ATRAVÉS DESTE E-MAIL:

franpelima@bol.com.br

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HOJE NA REUNIÃO MENSAL DO GECC, VAMOS ASSISTIR O DEPOIMENTO DE CHIQUINHO RODRIGUES SOBRE O ATAQUE DE GATO A PIRANHAS E APÓS O VÍDEO "NA ÍNTEGRA" VAMOS DEBATE-LO.

Por Aderbal Nogueira


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LAMPIÃO CONTINUA ACESO..!


Material do acervo do Voltaseca

Video com depoimentos de vários escritores, inclusive, da Escritora Vera Ferreira (neta de Lampião ).
Realização Tv Justiça..
Assista e, tire suas conclusões..!

FORÇA PÚBLICA DE PERNAMBUCO

Material do acervo de José João Souza

No final do governo Sérgio Loreto, em dezembro de 1926, uma disposição do artigo 18 da lei n° 1.839 autorizou mais uma vez, o aumento do efetivo da Força Pública de Pernambuco. De modo que, quando se instaurou o novo governo, de Estácio Coimbra, o estado havia distribuído em seu território 100 oficiais e 3.047 praças, sendo o grosso da tropa empregada na repressão aos bandos de cangaceiros. A despeito da tensão em torno do assunto, em Vila Bela (atual Serra Talhada), sede das operações contra o banditismo, o 3° Batalhão estacionava com um efetivo de quinhentos praças. Com o alívio proporcionado pela fuga de Lampião para os sertões da Bahia, o efetivo reduziu-se e, em 1930, a corporação Compunha-se de "664 homens, inclusive 25 oficiais". As delegacias regionais foram reduzidas de 10 para 6, por conveniência do serviço.

Do livro: O CANGAÇO - poder e cultuta política no tempo de Lampião 
De: Marcos Edílson de Araújo Clemente.


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ALFREDO BONESSI OS ETERNOS MISTÉRIOS DE ANGICO!

Por Alfredo Bonessi

Publicado em 2010

A presente postagem é resultado de espetacular entrevista feita pela pesquisadora Juliana Pereira com o confrade capitão Alfredo Bonessi. (Foto).

Carissíma Juliana;

Todas as respostas as suas perguntas serão de minha parte “possivelmente” – não temos como afirmar com precisão o que realmente aconteceu na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota de Angicos – Sergipe, onde foram mortos 11 cangaceiros pela tropa volante comandada pelo Tenente João Bezerra da Força Alagoana. Quem estava lá e quem esteve lá, deixou de esclarecer a pura verdade - aquilo que hoje interessa a todos nós. Temos ainda um volante vivo e dois cangaceiros vivos (acredito) – os cangaceiros somente contarão a versão deles, onde estavam no momento do ataque, o que eles fizeram para escapar do tiroteio, depois aonde aconteceu a reunião do grupo qual foi lugar, o rumo que cada um tomou depois dessa reunião e nada mais.

Ainda sobre o bando do qual pertenciam, se lembrarem de alguma coisa, poderão comentar. Mas Lampião nunca revelava, por questão de segurança interna do grupo, os segredos que se foram com ele. Com a morte do chefe, aquela forma de Cangaço se extinguiu. Restaram, na ocasião, os grupos de Corisco e Dada, que não conseguiram levar a diante a forma de cangaço que Lampião manteve no sertão por mais de 20 anos e outros. Com a morte de Corisco, Dada revelou muito pouco a quem se interessou em saber alguma coisa sobre o grupo de cangaceiros, ou não foi perguntada, escondeu verdades com receio de ser envolvida com a justiça ou mesmo para não envolver as pessoas que estavam ligadas ao cangaço.

De igual forma Balão, Zé Sereno, Vinte e Cinco e muitos outros que sobreviveram à Angicos, não contaram os seus crimes por receio de serem presos, ou mesmo de serem mortos por aqueles que antes apoiavam de uma forma ou de outra os grupos de cangaceiros. Hoje se analisa esses depoimentos e salta aos olhos as contradições de ambas as partes, tanto de cangaceiros, como de volantes, bem como daqueles que foram os responsáveis pelo sucesso do ataque policial a Grota de Angicos.

1. Quais armas foram usadas em 28 de julho de 38 em Angico?

As armas que foram usadas foram o fuzil Mauser modelo 1898, 1908, Metralhadora Bergman 24, 32, possivelmente a Winchester 44.40, facas, facões e punhais. Ambas as partes em confronto portavam revólveres em calibres variando do 32 ao 44 e pistolas Luger 7,65, 9mm. As Armas que entraram em combate na Grota naquela madrugada de 28 de julho de 1938, fizeram parte da listagem das armas objeto da nossa palestra no Cariri Cangaço II. Por exclusão, possivelmente não tomaram parte na luta, a metralhadora *Hotchkiss, o bacamarte, o fuzil 'chuchu', o Manlicher, a Conblain.

2. O primeiro tiro, partiu de que tipo de arma? Qual o alcance do projétil e em que distancia se podia ouvir o estampido?

Possivelmente de um fuzil mauser, calibre 7 mm de um volante. Declino o ano da arma. O soldado errou o tiro no Cangaceiro Amoroso, imaginamos ser em distância de menos de 5 metros, e com certeza não deu somente um tiro, deu vários, de igual maneira todo o grupo de soldados, depois do primeiro tiro, abriu fogo nutrido em cima de Amoroso, que saiu em desabalada carreira. Amoroso morreu anos depois de maneira trágica. O alcance do projétil dessa arma é para 2400 metros. Para atirar em um homem isolado seu alcance de precisão é de 600 metros. E para um grupo de homens é de 1200 metros. O tiro de combate em um confronto bélico é de 300 metros. A velocidade da bala é de 700m/s e a força do projétil na boca do cano é de 300 Kg ( seis sacos de cimento).

O som derivado do estampido da arma pode ser ouvido em variadas distâncias, dependendo do fator local, aí incluindo temperatura, velocidade do vento, pressão atmosférica e naturalmente o estado de concentração e de saúde do ouvido de quem houve. Normalmente o som do estampido pode ser ouvido entre 1,5 Km até 3 Km de distancia.

3. Na sua opinião, independente de Amoroso ter sido atingido há 50 ou 100 metros do restante do grupo, daria para se ouvir o som do tiro?

Sim. Amoroso estava aproximadamente a 80 metros de distância de Lampião e a 60 metros de Maria Bonita. Ocorre que após este tiro a tropa (28 homens) atirou nos alvos previamente estabelecidos. O soldado Noratinho estava com Lampião na mira de sua arma e Maria Bonita estava correndo quando recebeu um tiro nas costas, bala que saiu pela frente. Caiu, levantou e saiu correndo novamente quando recebeu um outro tiro a curta distância, de lado, no ventre, indo cair próximo a Lampião. Em um combate os estrategistas se utilizam destas condicionantes para um ataque em que se visa alcançar sucesso, com menos perda possíveis: cerco - surpresa - velocidade e força. Quem cai nessa armadilha dificilmente vencerá uma luta. Nisso João Bezerra foi perfeito.

Além do mais o ataque foi ao amanhecer, quando os cangaceiros estavam se levantando, se espreguiçando, ou fazendo suas necessidades, a sua higiene. Uma pessoa nessas circunstâncias está sonolenta, sem reflexos, seus sentidos ainda não estão alertas, tempo depois de acordar e levantar e aos poucos é vão entrando na realidade da vida que o cercam, para bem depois tomar um café, fumar um cigarro, bater um dedo de prosa com alguém ou com o grupo, tratar sobre as atividades para aquele dia, quais sejam remendar o equipamento, desmontar e lubrificar o armamento, afiar facas, tratar algum ferimento, realizar o asseio corporal, tomar um banho, e até mesmo voltar a dormir por debaixo de uma fresca ramada. Mas se ainda estiver dormindo e entrar na bala, será um Deus-nos-acuda.

Juliana Pereira

4. A volante levou muitas armas, me refiro ao peso das mesmas, dada a circunstâncias, levando-se em consideração a distancia e as condições geográficas, no caso muito íngreme?

A polícia levava o equipamento de costume que não era pesado, uma vez que o soldado saía para uma operação e depois de poucos dias retornava para sede. Bem diferente do Cangaceiro cujo equipamento necessário pesava bem mais que 24 Kg, (no mínimo). No dia 27 de julho, a noitinha, os soldados não sabiam para onde iam e nem quem iriam combater. Ficaram sabendo horas antes do combate quando já deslocavam para a Grota que o ataque seria contra Lampião. Essa medida foi adotada pelos oficiais como medida de segurança, para evitar que a operação chegasse aos ouvidos de Lampião. Se o deslocamento da polícia fosse de dia e nas vistas de pessoas de Piranhas e ao longo do rio, com certeza Lampião seria avisado a tempo.

Após o combate João Bezerra foi conduzido ao porto por dois homens, uma vez que estava ferido e mesmo por segurança uma vez que os Cangaceiros estavam espalhados por todos os lados. O restante, 45 homens, trouxeram com folga e certa vantagem o equipamento dos cangaceiros. Acredito que remar, e subir o rio até Piranhas foi o maior transtorno encontrado pela tropa, que faminta, com sede e muito cansada - estava a mais de dezoito horas sem repouso. Mas a alegria pelos troféus que conduziam em suas canoas apagavam qualquer sinal de enfado, pois os soldados orgulhosos e felizes não acreditavam que tinham matado o Cangaceiro mais famoso e o homem mais valente do sertão.

5. Como militar, como o senhor pensa que foi a estratégia usada pelo Tenente João Bezerra? Lampião morrera por falta de sorte ou atenção/descuido?

A morte de Lampião não foi por acaso. Lampião foi vítima de uma manobra policial que deu certo entre tantas outras que não deram certo. Lampião não era fácil de ser encontrado. Quem o ajudasse de alguma forma era sustentado a peso de muito dinheiro e sabia muito bem que se o delatasse e fracassasse na tentativa, pagaria bem caro com a vida sua e de seus familiares. Além do mais entre os coiteros e informantes de Lampião cada um vigiava as atitudes dos outros. Pelo lado de Lampião, ele mesmo mantinha um certo segredo em não revelar entre eles quem era ou deixava de ser para que se fosse pego um coitero, não houvesse a denúncia de todos. Mesmo dentro da polícia, com certeza, havia informantes que poderiam avisar Lampião para que se cuidasse daquele ou outro coiteiro. Dinheiro é tudo e tudo é por dinheiro. Assim como Lampião aliciava as autoridades e policiais em seu favor, a policia também aliciava e fingia que fazia corpo mole com alguns informantes seus. O objetivo da policia era Lampião e não o coiteiro. Aquele coiteiro que a polícia sabia que era amigo de Lampião, ficava de “molho” para troca de informações, estratégia utilizada pela própria policia para descobrir o paradeiro do procurado, que era quem realmente interessava.

Depois, em pressão, a coitero assumia o compromisso de cooperar com a policia – fato esse que ficava somente com o comandante da tropa e não chegava aos ouvidos dos soldados, uma vez que dentre os soldados havia aqueles que tinham parentes Cangaceiros. O próprio vaqueiro Domingos dos Patos, que foi o canoeiro que atravessou em canoa o bando de Lampião para Sergipe, trabalhava na fazenda do pai da Dona Cyra, esposa de João Bezerra, o comandante que queria pegar Lampião. Na volante que matou Lampião e Maria Bonita estava um soldado parente dela.

Os coadjuvantes vitais...


Joca Bernardes, ou Joca da Fazenda Capim, era um desse coiteiros, que descoberto, tinha se comprometido com o Sargento Aniceto, a cooperar naquilo que soubesse contra os cangaceiros. Joca era coiteiro de Corisco e ficou sabendo da chegada de Lampião pela boca do cangaceiro 'Vila Nova' – só não sabia onde ele estava.

 Joca Bernardes

Com as compras de Pedro de Cândido de queijos fabricados por Joca e já encomendados, em grandes quantidades, Joca denunciou Pedro ao sargento Aniceto. Pedro era aquele coiteiro que estava na mira da polícia, tinha tido vários encontros com o Tenente Bezerra, mas estava de “molho” para uma ocasião futura e propícia e essa hora havia chegado.


Sgto. Aniceto Rodrigues

Mesmo assim ao receber o telegrama em Pedra do Delmiro o Tenente João Bezerra não alarmou o pessoal e marcou um encontro com o Sargento na metade do caminho entre Piranhas e Pedra do Delmiro, onde os comandantes das frações fizeram conferência dentro do mato, quatro horas depois da saída de Pedra e três horas depois da saída do caminhão com o Sargento Aniceto de Piranhas.

Era aproximadamente 16 para 17 horas da tarde. Mas ainda faltavam as confirmações que o Tenente tanto esperava. Antes da saída de Pedra passou um telegrama para ele mesmo, dizendo que alguém avisara ele que Lampião estava para os lados de Moxotó.

Mas alguém de Moxotó enviara de fato um telegrama a ele sobre o aparecimento de cangaceiros na região de Moxotó, só que não eram cangaceiros, mas a tropa do próprio Sargento Aniceto.

O Tenente antes de seguir destino para o encontro com o Sargento e de telegrama na mão gritou a pleno pulmões no meio do pessoal civil aglomerado, entre eles estavam alguns suspeitos de serem coiteiros de Lampião: vou combater o cego no Inhapi. Essa informação que a força tinha ido para o Moxotó chegou ao entardecer a Lampião no coito de Angicos, tendo Lampião brincado e dado risadas, pilherando afirmou: então pode dormir de cueca.

A força ainda se encontrou com Joca que relatou tudo ao Tenente, depois ainda na incerteza se deslocou até um ponto com segurança para então mandar buscar Pedro que relatou tudo o que sabia, e sabia até demais, sabia onde o pessoal dormia e por onde estavam os sentinelas, se é que haviam. Mesmo assim o Tenente ainda desconfiava de tudo aquilo, porque Lampião não era fácil de ser pego assim tão facilmente. Avaliando o tamanho do efetivo de cangaceiros e se deixando levar pelos desconhecidos chegou a querer desistir da operação – só um temerário atacaria Lampião naquelas circunstâncias – e mesmo porque já sabia que Lampião o tinha ameaçado de morte - aquilo tudo poderia ser uma armadilha.

Mas no momento de indecisão entra em cena a figura do Aspirante Ferreira de Melo, que contestou a ideia de atacar os cangaceiros somente pela manhã, de dia e com seus 16 homens iria mesmo assim atacar Lampião. Se tivesse ido, ele mataria Lampião somente com esses homens, uma vez que Pedro conduziu a Policia até a menos de dez metros da barraca de Lampião e ainda apontou Lampião que estava em pé, fora da barraca.

No mais a sorte de Lampião se acabara naquele dia, o destino pôs ponto final em sua vida naquela manhã. Na hora do início do tiroteio se ele estivesse deitado dentro da barraca ou mesmo a alguns metros por detrás das pedras teria escapado, mas veria a sua mulher ser morta a vinte metros de distância. Dado o primeiro tiro naquela manhã, Lampião não teve tempo para raciocinar, para saber o que poderia ser - uma arma disparou por acidente ? – alguém deu um aviso ? – tudo isso e mais poderia pensar que despertava no interior das toldas, não imaginavam que estavam cercados pela polícia e fugir daquele local era a salvação de suas cabeças.

Quem cercou Lampião naquela manhã sabia o que estava fazendo e era assim que sempre procedia: o quadrado mortífero. Só não conseguiu a exterminação total dos cangaceiros porque o alvo era Lampião e além do mais a mata espinhenta ao redor da grota e a hora do ataque, o amanhecer, sem os raios do sol, dificultava em muito quem precisava enxergar alvos e necessitava da claridade para ajustar a mira das armas e abrir fogo. Depois outro fator que contribuiu para a fuga dos cangaceiros foi a fumaça originada pela queima da pólvora por ocasião dos disparos das armas em conflito, que cobriu a grota como um manto de morte.

Negligência???

Negligência ? sim. Descuido ? sim, a começar pela escolha do local. Nada de lugar com uma só boca, como falaram depois quem escapou para contar história. Não foi isso que matou Lampião. Lampião foi morto por uma estratégia militar, num jogo de informação e contrainformação utilizado até hoje nos meios policiais. Aquele lugar, aquela gruta não é local para defesa, mas as cercanias, no cimo dos morros sim. Homens bem distribuídos , em locais previamente marcados, acordados, vigilantes, e sóbrios, impedem qualquer efetivo que se aventure a abater quem estiver no interior da furna.

Quem estiver no interior da furna terá tempo suficiente para escapar ileso de qualquer ataque que venha a sofrer, desde que a força atacante se encontre previamente com sentinelas postados a mais de cem metros de distância da furna. Além do mais o local não serve para esconderijo porque do meio do rio se enxerga com relativa facilidade o rolo de fumaça que sobe das fogueiras onde eram cozinhadas as comidas, e deveria haver mais de uma. Não é crível que 45 homens comam de um mesmo fogo.

Quanto maior a fogueira, maior é o rolo de fumaça, maiores serão os odores que exalam das carnes assadas, do café requentado, do fumo dos cigarros de palha. E o som dos vozerios compartilhados, das músicas, das toadas, das gargalhadas, dos casos contados, dos acontecidos, das boas empreitadas com ganhos fáceis, e aquele cabra que implorou para não morrer ?, aquele rosto desfigurado pelo assombro da morte, quando a ponta do punhal sangrador foi afundando devagarinho na base do pescoço ? – motivos de comemorações e de alegrias para aquele bando de gente impiedosa não faltavam.

Não se pode culpar Lampião por isso ou aquilo, ou pelo que deixou de fazer, mesmo porque o bando não era uma milícia organizada, com estratégia de defesa e ataque, as manobras de guerra a bastante tempo não eram postas em práticas depois que Antonio Ferreira e Sabino haviam desaparecidos. As orientações do chefe eram quase sempre as mesmas: não enfrente os macacos – fuja ! A policia, sabendo desse proceder dos cangaceiros, se sentia motivada a se aproximar dos grupos e de abrir fogo sobre eles, com a certeza que correriam abandonando o campo da luta.

Fugiam não por medo, mas por economia da munição, cara e escassa, pela preservação da própria vida, além do mais o que se ganharia em matar uns poucos macacos – depois desses viriam mais e mais numa sequência de mortandade que nunca terminaria. Por isso a melhor defesa residia simplesmente na grande mobilidade, nas andanças, percorrer grandes distâncias em poucas horas, e nessas poucas horas estarem em vários lugares diferentes – assim a informação dos delatores não chegaria aos ouvidos da polícia com tempo suficiente para ser transformada em uma ação planejada a ponto de surpreender o grupo.

Outro fundamento do grupo era sumir sem deixar rastros, ou deixar vestígios bem visíveis que conduziriam os soldados a um lugar determinado, culminando em uma emboscada. Outras vezes os rastros não levavam a lugar nenhum e a volante ficava bobando no meio da catinga. Na maioria das vezes os grupos de cangaceiros sumiam por meses e ninguém sabia por onde andavam, até que um caçador informava a pista deles, na maioria das vezes falsa e sem sentido, às vezes a mando dos próprios cangaceiros para despistar uma ação de assalto a alguma localidade.

Portanto, a escolha de Angicos como ponto de reunião, mesmo que seja para passar uma semana, foi um erro mortal, mesmo com a desculpa do tratamento de Maria Bonita em Própria, ou para tratar operações futuras, ou pela necessidade de aproximação com a água devido presença de mulheres, nada justifica a desatenção para com o fator segurança do chefe em particular e do grupo em geral. Caso fosse irremediavelmente necessário a permanência na área - isso até não seria considerado um problema desde que os homens fossem dispostos estrategicamente ao redor, no cimo dos morros, no leito do riacho, em vigilância constante e protegendo quem estava no fundo daquele buraco.

6. Levando-se em condição ao que já leu, Lampião morreu conforme a literatura oficial contou e conta?

Ninguém sabe ao certo como Lampião morreu. Um repórter do Rio de Janeiro chegou a falar com os soldados que atiraram no rumo de Lampião, mas esse repórter não aprofundou o assunto, mesmo porque o momento era de festa, de alegria e a segurança era necessária, ou mesmo talvez como precaução, cautela com receio de uma vingança posterior por algum grupo de cangaceiros. Naquela ocasião ninguém poderia supor que o cangaço terminaria pois outros grupos ainda operavam como o grupo de Zé Sereno, Corisco, Labareda e Pancada. Em minha opinião a ocasião mais propicia de se saber a verdade era aquela em que os homens estavam eufóricos, comemorando e não tinham tempo de enfeitar a história, aumenta-la, diminuí-la, ou fantasia-la.

Por isso que eu fico com as declarações do Comandante da volante proferidas três dias depois do ocorrido em Santana de Ipanema – sede da volante- quando ainda ferido deu declarações a esse repórter do Rio de Janeiro, em uma página de 25 linhas, como tudo aconteceu, em Angico - depois o Tenente baixou ao hospital para ser tratado.

7. Terá havido envenenamento ou alguma substancia capaz de deixar o bando sonolento ou mesmo sem reflexo?

Muita bebida alcoólica ingerida e a despreocupação que tudo estava bem. Essa ideia do envenenamento, creio eu, foi proferida por alguém do grupo para diminuir o feito da polícia e com a certeza de que mais tarde seria essa a verdade definitiva que deveria perdurar, a de que os cangaceiros foram mortos por uma procedimento vil por parte da policia, que não teve coragem de enfrentar os cangaceiros em uma combate leal - mas não foi nada disso - foi bobeira mesmo, e bala, muita bala para cima do pessoal dorminhoco e descuidado.

8. Porque escapou tantos cangaceiros, se estavam em total desatenção quando atacados? Porque só um policial foi atingido, posto que os cangaceiros já houvessem sido surpreendidos em ataques anteriores e mesmo assim saíram ilesos ou mesmo deixaram uma baixa maior na volante?

Porque o alvo do ataque era Lampião e a volante cercou a gruta. Quem estava espalhado pelas encostas dos morros e mesmo nos cimos, de lá mesmo escapou, alguns passando por cima da própria polícia. Não houve retaguarda porque a desorganização foi geral e não houve um líder de coragem para voltar e atacar os policiais que faziam festa no fundo do buraco. Mesmo porque muitos estavam desequipados, desarmados, a maioria feridos, arranhados pelos espinhos, desmuniciados, chocados ao saberem que Lampião, Maria Bonita e Luiz Pedro haviam havia morrido - noticias levadas por Zé Sereno que assistiu a morte do pessoal que estava na gruta ao redor de Lampião.

Quanto ao soldado que morreu até hoje não se sabe como. Foi fogo amigo ? – foi fogo de algum inimigo dentro da polícia ? foi fogo de algum cangaceiro ? – dizem que foi Elétrico que baleou aquele soldado, sendo em seguida metralhado por João Bezerra – Elétrico não morreu de tiro, foi esfaqueado por um soldado da volante, procedimento esse que muito contrariou o Chefe que determinara a morte do cangaceiro a tiros e não a faca.

"Não houve um líder de coragem para voltar e atacar os policiais que faziam festa no fundo do buraco"

Há uma versão que foi o soldado 'Mané Véio' que viu o soldado sofrendo por ter levado um tiro no quadril e aí aliviou as dores do mesmo matando-o com um tiro. Note que o soldado foi imediatamente sepultado naquela mesma tarde, sem autópsia – ninguém deu importância ao fato – entretanto levaram para exame a cabeça dos cangaceiros. Isso por si só demonstra que alguém queria que a morte do soldado passasse despercebida pelas autoridades. Morto em combate o corpo do soldado deveria ser examinado por um legista.

Mas mesmo assim, nesse caso se o mesmo tivesse levado tiros pela frente ou por detrás, se por acaso fossem encontrados em seu corpo os projéteis como se iria descobrir o autor ou autores dos disparos ? As únicas armas de calibres diferentes que atiraram foram as metralhadoras de João Bezerra e do Aspirante Ferreira de Melo, em calibres 7,63 ou de 9 mm. Teriam que ser examinados os projéteis encontrados no corpo do soldado pela balística – trabalho esse que naquele tempo ainda não tinha chegado ao interior do sertão.

O cangaceiro Balão assumiu publicamente a morte do soldado em declarações ao Dr Amaury, (Assim Morreu Lampião) afirmando que o soldado tinha acabado de matar o cangaceiro Mergulhão e estava dando coronhadas na cabeça do mesmo, e em ato subsequente encostaram o cano das armas e que disparam ao mesmo tempo, sendo que nele, Balão, não acontecera nada e que o soldado caíra morto. Com relação a escapar de ataques, vai depender muito como estava o dispositivo do grupo no terreno e a forma de como foram atacados. Em se tratando da Gruta de Angico quem estava lá embaixo não tinha como escapar – a policia estava perto demais – para uma bala de fuzil, em tão pouca distância, não há mandinga que sustente o corpo fechado.

9. Por que Lampião não usou a sua estratégia, já bastante conhecida e testada quando ouviu o primeiro tiro, se é que ouviu?

Não a usou porque ali naquele momento não deu tempo para nada, foi tudo muito rápido, além do mais depois que se aperta o gatilho de uma arma daquela e ela estiver apontada para alguém, não há tempo para mais nada. Quem leva tiro um tiro de fuzil, não escuta o som do tiro que o mata.

10. Qual seu parecer sobre o episódio Angico?

Angico é um mistério – o combate de Angicos é o resultado de um belíssimo trabalho policial – Angicos serve para reflexão para quem vive da lida das armas, que mais hoje, mais amanhã a lei baterá as portas de quem vive as margens da lei, quem quiser ser vitorioso sempre permaneça ao lado da lei, porque o crime de uma forma ou de outra não compensa - é uma ação incerta e a lei, vitoriosa contra o crime - é sempre certa.

Entrevista publicada pelo www.cariricangaco.com sítio do Coroné Severo

*ADENDO

Como não tenho autoridade nem conhecimento necessário para maiores contestações faço apenas uma simples observação que inclusive já foi destacada em outro artigo por nosso amigo e colaborador Fábio Costa e que se faz novamente necessária. É quanto à grafia correta para a temível metralhadora: O correto é HOTCHKISS e não "HOTKISS". Prova rápida e interessante é que se você procurar no Google ocorrências para "Hotkiss" vai encontrar somente referencias à sex shops e sobre a tradução literalmente. 

Os leitores que desejarem opinar fiquem a vontade para assinalar outros pontos.

ATT. Kiko Monteiro 

ALGUMA CONVERSA

*Rangel Alves da Costa

Não sei, realmente não sei o que motiva pessoas postarem fotos nas redes sociais, principalmente no Facebook, de modo até irreconhecíveis. Fotografias editadas demais, totalmente transformadas em photoshop, que chegam até a descaracterizar totalmente a pessoa. E depois, será que vai aparecer assim no mundo real, na rua, nos encontros do dia a dia? Não precisa ser assim. O normal da pessoa é ser normal. Quando muito uma maquiagem para realçar ou embelezar, mas não para transformar cinquenta anos em pele de neném.
As redes sociais também possuem o dom da conversão religiosa. Chega até espantar o quanto pecadores falam em Deus em suas postagens. Frases de feito, imagens, orações, tudo como se fossem as pessoas mais devotadas do mundo. Para quem não as conhece até que passa, até que dá para acreditar em toda aquela crença devocional. Mas para quem sabe de quem se trata, e que de religiosidade não guarda nada, só há que imaginar que está redimindo seus pecados através de postagens. Ou praticando até mesmo fake news da fé.
Também essa história de bunda arrebitada no facebook já está demais. Senhoras, novas e novinhas, todas parecem não querer mostrar outra parte do corpo senão a bunda. Seja bunda grande ou pequena não importa, pois importa mesma exagerar na pose para dizer que tem a bunda generosa. Mas por que assim? Por que isso, hein? Os seios não mostram tanto, pois certamente acham demasiada erotização. Fotos de calcinhas de vez em quando aparecem, mas não tanto quanto as bundas se entregando aos olhares. Todo mundo sabe que o brasileiro aprecia uma bunda bem feita, torneada, rechonchuda, mas não precisam vulgarizar tanto.


Falando em bunda, outro dia alguém comentou que faz parte dos tempos modernos que a mulher ande praticamente nua, com roupas diminutas e beiradas do bumbum à mostra, e sempre de modo provocativo. Não contestei, não disse nada, mas também não aceitei. Como, de fato, não aceito. A mulher é sexy, sensual, erótica, gostosa, até mesmo vestida em macacão ou recoberta de burca. É o jeito de a mulher ser - e nunca erotizada para se mostrar - que a torna sensual e atraente. Uma mulher se torna bela de roupa simples, de chinelo no dedo, sem ser além do que é em sua simplicidade. A beleza da mulher nunca está no seu corpo à mostra ou no seu jeito escandaloso de se mostrar, mas na aparência de uma dignidade tão bela que a torna apaixonante.
E agora sobre um assunto de difícil aceitação para a maioria das pessoas. Mas antes uma indagação: Nos dias atuais, seria possível amar, namorar, com o outro conviver, sem que o sexo seja a finalidade maior do relacionamento? Para muitos certamente que não, vez que concebem a relação sexual como prevalência maior entre dois. Mas eu não. Eu não penso assim. O sexo possui importância fundamental, pela fruição do prazer, mas não estando acima de tudo. Ora, se o prazer do namoro ou do relacionamento fosse somente o sexo, quase nenhuma importância teria o próprio prazer da presença, do afeto, do carinho, do abraço, do diálogo, do convívio, das coisas simples e singelas que entre dois é possível fruir. Que tal um cafuné, um deitar no colo e ser acarinhado, receber um dengo, ter a certeza de quem está ao lado igualmente ama?
O sexo não é tudo. Nunca foi tudo. O relacionamento perde o sentido e logo se desgasta se apenas o sexo for buscado. Pessoas que verdadeiramente amam gostam da presença, gostam do carinho, gostam de sentir calor pertinho do outro. Pessoas que verdadeiramente amam sentem amor até na distância, na saudade, na vontade de reencontrar. Pessoas que verdadeiramente amam possuem um olhar que convida, que cativa, que faz curar. Pessoas que verdadeiramente amam se regozijam do amor até mesmo em pensamento. E se sentem felizes pelo fato de que seus corações, por amor, pulsam sorridentes, alegres, contentes.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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O CAMINHO DAS PEDRAS, JA CONHECES MUITO BEM.

Assis Nascimento e Leila Rosado no Casarão de Padre Cícero 
  
Caro Severo 


Tenho visitado o blog diariamente. Estás de parabéns, pelo belíssimo trabalho aqui contido. O caminho das pedras, ja conheces muito bem.

Vamos manter bem acesa a chama do Cariri Cangaço. "O maior evento do Brasil" no gênero. Disso não temos dúvida.

Um forte abraço para voce e Danielle, e um muito obrigado por todas as gentilezas. Até 2010 - 2011 - 2012... e por aí vai.

Assis Nascimento
Mossoró - RN

Publicado em 2009


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LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE

Por Honório de Medeiros
Dr. Sérgio Dantas, à nossa direita; a seu lado Vera Ferreira

“Lampião e o Rio Grande do Norte”, cujo subtítulo é “A história da grande jornada”, de Sérgio Augusto de Souza Dantas, Gráfica Editora, exposto à venda nas livrarias de Natal, é uma obra seminal. Não é possível mais, a partir do lançamento, tratar do Cangaço, seja no Rio Grande do Norte, seja de uma forma geral, sem uma consulta à obra.

Mossoró é assunto importante, no livro. Não pode ser diferente. Mesmo tratando da incursão do bando de Lampião ao Rio Grande do Norte, desde sua entrada pela Tromba do Elefante, margeando Luis Gomes, até sua saída, no rumo de Limoeiro do Norte, Ceará, a ida a Mossoró é onipresente, por que o quixó preparado por Massilon e o Cel. Isaias Arruda, de Aurora, Ceará, no qual Virgolino – assim mesmo, com “o”, como nos previne o Autor – é parte fundamental do trabalho.

As informações colhidas durante quatro anos de pesquisa, perambulações, visitas, entrevistas, cruzamento de informações, consulta à literatura hoje vastíssima sobre o cangaço estabelece um contraponto interessante com o estilo do Autor. Para coroar, um valioso acervo fotográfico é colocado à disposição de quem adquiriu o livro.



Em relação a Massilon, acerca do qual mantenho permanente interesse, Sérgio Dantas, jovem juiz norteriograndense agrega informações valiosíssimas, dentre elas o “raid” que esse personagem singular empreendeu nos costados do Jaguaribe e Cariri logo após o episódio de Mossoró. Isso significa dizer que a lenda segundo a qual Massilon, mesmo antes da célebre foto de Limoeiro, Ceará, já se separara de Lampião e teria ido embora para o Norte, não é verdadeira. Alguns, inclusive, diziam que o cangaceiro que aparece na foto tirada em Limoeiro não seria, na realidade, Massilon.

Detalhada, a história da marcha espanta pela riqueza de detalhes. Assim, ficamos sabendo da passagem de Lampião por todo o território do Rio Grande do Norte cidade por cidade, povoado por povoado, sítio por sítio, fazenda por fazenda. Os acontecidos nas cercanias de Martins e Umarizal, antiga “Gavião”, são relatados com precisão. E tudo quanto aconteceu em Apodi, antes da chegada de Lampião, protagonizado por Massilon, recebe tratamento de pesquisador sério e interessado.

A descrição geográfica e sociológica dos lugares pelos quais passou o bando de cangaceiros merece respeito. Através dela é possível perceber o dia-a-dia daquelas comunidades existentes no início do século XX. E a descrição dos mal-tratos, arruaças, bebedeiras, torturas físicas e psicológicas comove e revela a sensibilidade do Autor.

Ângelo Osmiro, Aderbal Nogueira e Honório de Medeiros, no Cariri Cangaço

Agora resta esperar que a obra semeie críticas e informações outras, alguma correção de rumo – se for o caso – para retornar ainda mais rica para o acervo dos historiadores e sociólogos do Brasil. É assim que ocorre quando uma obra deixa de pertencer ao Autor, por sua importância, e passa a fazer parte do referencial bibliográfico ao qual pertence.

Honório de Medeiros
honoriodemedeiros.blogspot.com


O "GRÃO-MESTRE" DAS PESQUISAS SOBRE O CANGAÇO E DA LITERATURA CANGACEIRA.

Antônio Amaury Corrêa de Araújo. Um dos mais importantes nomes ao que se refere aos estudos e pesquisas sobre o fenômeno cangaço. Autor de inúmeros livros e trabalhos. Quase setenta anos de sua vida dedicados ao resgate histórico. Realizou centenas de entrevistas com personagens e testemunhas da história do cangaço. Entrevistou personagens importantes como Sinhô Pereira, Tenente João Bezerra, Zé Sereno, Sila, Dulce, Criança III (Vitor Rodrigues Lima), Balão II (Guilherme Alves), Dadá companheira do cangaceiro Corisco, Mané Velho (Antônio de Jacó) apontado como o carrasco de Angico, entre tantos outros. Realizou inúmeras viagens ao Nordeste com o intuito de resgatar a história e trazê-la "refinada" aos estudiosos e interessados pelo tema. Atualmente grande parte dos assuntos sobre o cangaço que temos conhecimento devemos aos seus esforços e o trabalho que foi realizado por esse homem jamais será superado, sequer igualado, por nenhum outro pesquisador ou estudioso do fenômeno.

Ao longo da vida participou de diversos programas de rádio e televisão, sempre tendo o cangaço como assunto abordado. Sempre abriu as portas de sua casa para todos aqueles que ao longo dos anos o procuraram para sanar dúvidas ou buscar informações para a elaboração de seus trabalhos. Foi um dos responsáveis pela minha introdução, ocorrida há mais de trinta anos, no campo das pesquisas e estudos sobre o cangaço.

Atualmente o Mestre-Cangaceiro, afastado dos trabalhos, trava uma batalha pessoal contra uma enfermidade que o atinge e encontra-se em gradativa recuperação. Lutando com todas suas forças para superar essa fase difícil, que não tenho dúvidas de que passará.

Hoje (10/06/2019) durante visita em sua residência encontrei o "velho cangaceiro" bem mais disposto, animado, lúcido e comunicativo do que na última vez que o visitei há pouco tempo atrás. Um homem que apesar dos anos vividos permanece forte e "duro" como uma quixabeira e altivo como todo velho e bom cangaceiro deve ser.

Agradeço aos familiares do doutor Antônio Amaury Corrêa de Araújo pela calorosa receptividade costumeira e desejo uma breve recuperação da saúde daquele que tanto nos presenteou ao longo de quase sete décadas com seus trabalhos e suas obras referentes ao cangaceirismo.

Geraldo Antônio De Souza Júnior

PIRANHAS, PATRIMONIO NACIONAL . DIÁRIO DE VIAGEM - PIRANHAS DIA 27, 16H 45MIN


Saimos de Nazaré, percorremos  mais 40 km até Floresta, 65 Km para a Petrolândia do amigo Bin Laden, 55 km para o entrocamento para Paulo Afonso, passamos pela emblemática Delmiro Gouveia, Olho D'agua do Casado e por fim, as 16h e 15min, chegamos a princesa do Velho Chico: Piranhas.

Piranhas é simplesmente linda, parece que foi tirada de um conto de fadas para o sertão das Alagoas, para o baixo São Francisco; é a única cidade do semiárido nordestino a ser tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional. Lá atras era chamada de Tapera ainda no século XVIII tendo sua emancipação em 03 de junho de 1887. "Conta-se que, num riacho da Tapera, um caboclo pescou uma grande piranha e quando chegou em casa, lembrou que tinha deixado a faca e falou para o filho: "vá ao porto da piranha e traga o meu cutelo", e assim a antiga Tapera virou a promissora Piranhas.





Piranhas mantem um patrimonio arquitetônico invejável, as pequenas casas e pousadas com suas fachadas coloridas e extremamente bem cuidadas; as ruas de paralelepipetos, limpas e bem sinalizadas, suas igrejas, praças, seu Museu do Sertão, o majestoso Velho Chico e seu pequeno porto: Dali saiu João Bezerra na noite de 27 de julho de 1938 rumo a Angico...

Atualmente a cidade em sua parte histórica é movida pelo turismo. Bares e botecos de fino gosto e comida muito boa, unida a calma e tranquilidade do lugar, fazem de Piranhas o quinto destino turistico de Alagoas. Todos os anos recebe milhares de turistas, notamente em função de sua grande ligação com o tema Cangaço. Mas seu grande visitante apareceu ainda no século XIX, ainda em 1859 foi visitada pelo Imperador D. Pedro II, e a partir dali ganhou impulso comercial com a navegação a vapor pelo Rio São Francisco e posteriormente, a chegada da estrada de ferro construída pelos ingleses.

Sejam bem vindos a Piranhas...
Amanhã: Angico e muito cangaço!


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