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sábado, 13 de junho de 2020

LAMPIÃO E MASSILON EM MOSSORÓ

 Por José Mendes Pereira
Massilon

Diz o jornalista Alexandre Gurgel que o verdadeiro nome do cangaceiro Massilon era Benevides Leite. Este havia nascido lá pras bandas de Luís Gomes, aqui no Estado do Rio Grande do Norte.

Adquiriu um pseudônimo para si, “Massilon”, e o porquê ninguém sabe explicar.  Apesar de ter se tornado cangaceiro, mas antes era um jovem que gostava de preservar as suas amizades com os que lhe rodeavam, pois ainda não havia exposto as suas maldades contra ninguém. Os seus bons divertimentos eram: frequentar diariamente casas onde eram colocadas cartas de baralhos sobre a mesa; e gostava muito de estar presente a bares para ingerir bebidas alcoólicas, principalmente uma boa cachaça.
              
Massilon Leite era obcecado pela almocrevaria, trazendo algodão para Mossoró, e com os bons lucros que lhe rendeu durante as suas viagens como comboieiro, transportando algodão para Mossoró, sobre o  lombo de animais, posteriorente conseguiu ser proprietário de um caminhão, e, a partir daí, começou a transportar o produto no seu automóvel.  Mas infelizmente ele foi obrigado a deixar a vida de caminhoneiro, devido às estradas não ofereciam boas condições para rodar. 
            
Certa vez, lá em Belém do Brejo do Cruz, no Estado da Paraíba, em confronto com a polícia Massilon assassinou um soldado, e temendo ser justiçado, conseguiu fugir em direção às caatingas, e lá se incorporou ao bando de Lampião. O tempo foi se passando e aos poucos ele foi se tornando um homem paparicado pelo capitão. 
             
Mais ou menos no mês de abril, ou possivelmente no princípio do mês de maio de 1927, Massilon já se sentindo um homem de confiança de Lampião, e confiante de alguns acordos feito com Décio Holanda e o coronel Isaías Arruda, ambos cearenses, fez-lhe a proposta ao rei para juntos fazerem uma invasão a Mossoró, afirmando o cangaceiro que era a maior cidade potiguar, sendo bem estruturada, com um comércio que rendia muito, e além do mais tinha bancos com bons movimentos, e com certeza, assaltando-a, sairiam daqui com os bolsos e bornais abarrotados de dinheiro.

Mas diz ainda Alexandre Gurgel que Massilon era apaixonado por uma das filhas do prefeito Rodolfo Fernandes, e sendo astucioso, sabendo que se os seus compassas aceitassem invadir Mossoró, ataque que ele tinha plena certeza que daria certo, seria uma boa oportunidade para levá-la consigo para as caatingas do nordeste. 

Mas Lampião não sabia que o maior interesse de Massilon pelo ataque a Mossoró era a paixão irresistível que ele tinha pela filha do prefeito. É claro que se ele antes tivesse tomado conhecimento desse desejo incontrolado do assecla pela moça, com certeza, não teria dado a mínima atenção às suas palavras, e nem tão pouco vindo a Mossoró. 
              
E para que o plano de atacar a cidade potiguar desse certo Lampião confiava em alguns bandidos que conheciam bem a região, os quais eram: Um senhor de nome Cecílio Batista, mais conhecido por Trovão, que em anos remotos havia morado na cidade de Assu, e já era dono de um currículo de maldades arquivado na delegacia de polícia, sendo por desordens. José Cesário, que vulgarmente era chamado “Coqueiro”, que antes ganhava o seu ordenado mensal prestando serviços em Mossoró. Júlio Porto, um dos antigos motoristas da firma algodoeira “Alfredo Fernandes”, com a alcunha de Zé Pretinho. E um dos idealizadores do ataque a Mossoró, o Massilon, que não poderia estar de fora, que tinha conhecimento de todas as estradas que faziam chegar à cidade mossoroense. 

O professor Romero Cardoso em: “Massilon Benevides Leite e o ódio de Décio Holanda contra Chico Pinto”, publicado em páginas do blog Sertão informado, em 17/06/2010, diz o seguinte: “Décio Holanda era genro de Tylon Gurgel, homem respeitado na região do Apodi, cujos domínios se efetivavam principalmente em Pedra da Abelha, hoje município de Felipe Guerra (RN). Cearense de Pereiro, Décio Holanda possuía hábitos e valores nada louváveis, como cultivar ódio em grau exponencial, não conseguindo perdoar desafetos ou pessoas que o desagradassem. Era vingativo ao extremo, movido por verdadeira sede de revanche. Amigo de ex-comboieiro de nome Massilon Benevides Leite, Décio Holanda foi um dos mentores que fomentaram o aliciamento de séquito de bandidos objetivando atacar Mossoró. Aurora, no Ceará, um dos redutos dominados pelo poderoso “Coronel” Isaías Arruda, foi outro ponto estratégico de apoio à empreitada que resultou na tentativa audaciosa de ataque à segunda cidade potiguar, em 13 de junho de 1927”. 
             
Em minha humilde opinião o maior culpado da invasão a Mossoró foi o Massilon, pois se ele não a conhecesse, Lampião não teria tomado conhecimento das riquezas da cidade. 
             
Romero Cardoso diz que o ataque a Mossoró foi previsto para ser realizado no mês de maio. Mas quando o bando de Lampião tomou direção ao Rio Grande do Norte, houve combate em Belém do Rio do Peixe, que atualmente é a cidade “Uiraúna”, no Estado da Paraíba, e lá os resistentes estavam empiquetados na torre da igreja, que do esconderijo conseguiram assassinar dois valiosos cangaceiros do respeitado bando de Lampião. 
             
O rei se sentindo vencido e quase sem munição disse aos seus comandados que seria melhor retornarem ao Ceará para a fazenda do coronel Isaías Arruda, e lá, com certeza apanhariam mais munições e armas. 
                
Assim que os cangaceiros se prepararam com munições e armas, mesmo receoso para fazer a invasão em Mossoró, Lampião se decidiu ao duvidoso ataque. E no dia 02 de maio de 1927 a malta partiu de Pernambuco em direção ao Rio Grande do Norte, pisando nas terras da Paraíba, limitando-se com o Ceará, em direção à cidade de Luiz Gomes, sendo esta localizada nas terras potiguar.

Bando de Lampião em Juazeiro após a derrota e Mossoró

O respeitado bando de Lampião não se encontrava completo, pois Massilon comandava uma parte dos cangaceiros ainda no Estado do Ceará, e que antes de pisarem nas terras do Rio Grande do Norte, eles teriam que assaltarem a cidade de Apodi, sendo esta distante de Mossoró 76 km, também no mesmo Estado e no mesmo percurso. 
               
Feito o assalto os bandidos teriam que se juntarem a Lampião em um lugar combinado por ele, onde juntos, deveriam fazer reunião para tomarem rumo a Mossoró. E assim que se juntaram, a partir daí começaram as desordens dos asseclas por onde passavam, e se sentindo donos das localidades, invadiam fazendas, lugarejos e cidades, roubando tudo o que encontravam no percurso. Fizeram grandes estragos com o auxílio do fogo e prendendo aqueles que dispunham de bens materiais, e com eles aprisionados, exigiam o pagamento do resgate. É óbvio que Lampião só os soltaria se o regate fosse pago. Do contrário, seriam mortos pelas suas mãos vingativas. 
                
Em minha opinião acho difícil que Lampião tenha anotado em sua agenda a possibilidade de algum dia atacar Mossoró, simplesmente por três razões: 
              
1 – Lampião não era conhecedor das terras do Rio Grande do Norte, e principalmente Mossoró que fica já próxima ao litoral; 
              
2 – A padroeira da cidade é a Santa Luzia e se tem informação que ele mesmo sendo facínora, era um dos seus admiradores, e com certeza, não tinha em sua mente pensamentos guardados para lutar contra ela, depredando e assassinando pessoas que viviam sob o seu olhar; 
              
3 – É do conhecimento de muitos que Lampião dizia que era um dos seus lemas: não invadia cidades que tivessem igrejas com duas torres, é o caso da catedral de Santa Luzia. 
              
Mas talvez, mesmo temendo isso Lampião e o bando, juntos, fizeram reunião, no intuito de chegarem a mais desenvolvida cidade do Rio Grande do Norte. Combinaram e partiram para a grande empreitada.
               
Eu acredito que Lampião não era muito de confiar em coiteiros e cangaceiros, que com certeza, eram faca de dois gumes. Mas caiu nessa, de ter ouvido a conversa de Massilon. 
               
E já decidido, partiu com a sua saga para a perigosa invasão, sendo os bandos comandados por: Benevides Leite o Massilon, José Leite de Santana o Jararaca, Sabino Gomes e o cangaceiro Vinte e Dois; mas todos eram subordinados ao estado maior, que era formado por Lampião, e Sabino Gomes. 
              
O grupo de cangaceiros era grande, mas depois da frustrada invasão a Mossoró, a maior parte se desligou do grupo, inclusive Massilon e seu irmão Pinga Fogo, que se debandaram sem nunca mais darem notícias onde estavam morando.

(Há um vago comentário que após a invasão de Mossoró Massilon foi embora para Goiás, e posteriormente para São Paulo. Nos anos 50, ele foi visto no nordeste, sendo dono de um caminhão novo, e com motorista particular. Mas essas informações não foram reconhecidas pelos grandes escritores e pesquisadores). 

 Os facínoras entraram pela cidade
de São Sebastião 
               
No dia 12 de junho do mesmo ano, o bando de Lampião invadiu a cidade de São Sebastião, atualmente Governador Dix-Sept Rosado, esta distante de Mossoró 34 km, e como um estágio, se preparando para a tão falada invasão a Mossoró, lá o bando humilhou os moradores, deixando-os intranquilos, saqueando os objetos valiosos. E, além disso, fizeram uma vítima, sendo esta indefesa.

Os cangaceiros apoderaram-se da estação ferroviária, cortaram os fios do telégrafo e dominaram a cidade por completo, fazendo com que os moradores abandonassem as suas residências e tomassem destinos às matas para se protegerem dos absurdos dos facínoras.

Coronel Antonio Gurgel do Amaral

Ao entrar nas terras mossoroense Lampião imaginou desistir de fazer a invasão. Mas já que com tanta dificuldade havia colocado os pés nas terras do município potiguar, resolveu atacá-la. E sem mais pensar, enviou um bilhete ao prefeito, este escrito pelas mãos de um dos  prisioneiros,  Antonio Gurgel do Amaral, que foi obrigado a escrevê-lo, usando as palavras de Lampião.

 "Meu caro Rodolfo Fernandes. 
     Desde ontem estou aprisionado do grupo de Lampião, o qual está aquartelado aqui bem perto da cidade. Manda, porém, um acordo para não atacar mediante a soma de 400 contos de réis. Penso que para evitar o pânico, o sacrifício compensa, tanto que ele promete não voltar mais a Mossoró..."

Ao receber o bilhete de Lampião levado a sua casa através de um dos compassas do facínora, Rodolfo Fernandes mandou pelo capanga uma bala embrulhada num papel. E ao entregá-la, disse-lhe que dissesse ao capitão Lampião que ele não mandasse ninguém. Ele mesmo entrasse na cidade e viesse pessoalmente contar a quantia solicitada.
      
Ao chegar ao local em que eles estavam arranchados lá pras bandas do Saco, atualmente bairro Belo Horizonte, em Mossoró, Lampião perguntou ao mensageiro o que havia dito o prefeito. O mensageiro retirou de seu bornal uma bala enrolada num papel e o entregou, dizendo-lhe que Rodolfo Fernandes havia mandado lhe dizer que ele mesmo entrasse na cidade e fosse pessoalmente apanhar a quantia solicitada.

     O coronel Rodolfo Fernandes de Oliveira

Lampião ao receber o provocante recado e se sentindo desconsiderado disse que o prefeito estava mesmo o provocando, e iria mostrar aquele cabra safado que ou rindo ou chorando ele entregaria o valor solicitado. E ainda disse que não queria menos. Só aceitava a quantia solicitada.
     
Com esse desrespeito do prefeito Rodolfo Fernandes com Sua Majestade, ele sentiu que a coisa não era de brincadeira, e viu que as chances de sair de Mossoró vitorioso, seriam impossíveis. Mas como já havia cutucado o cão com uma vara curta, não desistiria mais da invasão.
     
Conta Alexandre Gurgel que para decepção de Lampião o prefeito havia organizado um grupo de defensores, composto por policiais e civis. Não tendo aonde se alojarem para protegerem Mossoró e se protegerem dos estilhaços de balas, que com certeza a guerra iria acontecer, os combatentes se valeram de São Vicente, pedindo-lhe que o perdoasse, mas cedesse a sua igreja para dar início ao combate. Alojaram-se nos prédios, estação ferroviária, no cemitério e na torre da igreja São Vicente, onde lá serviu de esconderijo para muitos homens armados.
    
Como não chegou em suas mãos confirmação  do envio da quantia solicitada, ao meio dia e meia Lampião escreveu o segundo e último bilhete, e novamente incumbiu o capanga para que o levasse às mãos do prefeito. E já irado, disse que se não fosse atendido a segunda solicitação através do bilhete, com certeza iria fazer uma devastadora invasão, e não se responsabilizaria pelos estragos.
  
“Cel. Rodolpho, 

Estando eu aqui pretendo é drº (dinheiro). Já foi um a viso, ai pª (para) o Senhores, si por acauso rezolver mi a mandar, será a importança que aqui nos pedi. Eu envito de Entrada ahi porem não vindo esta Emportança eu entrarei, ate ahi penço qui adeus querer eu entro e vai aver muito estrago, por isto si vir o drº (dinheiro) eu não entro ahi, mas nos resposte logo.
        
Capm. Lampião.
  
Mas o prefeito zeloso com a sua função e amante de Mossoró achando que Lampião queria tomar valores na força e na bala, não aceitou as suas solicitações, e a partir daquela hora em diante, Mossoró ficaria sob o comando de Deus, pois seria o que Deus quisesse. 
       
Agora sim, data de 13 de junho de 1927. Finalmente Mossoró teve a infelicidade de receber a majestade Lampião, entrando pela comunidade do Saco, e veio depredando o que encontrava na sua frente.
      
Como segurança para ele e o seu bando, fez como prisioneiros dois senhores de nomes: Pedro José e Azarias Sobreira. E para conservá-los vivos, pediu como adiantamento sete contos de réis.  Caso não fosse atendido o seu pedido, os dois iriam passar pelas suas mãos vingativas, executando-os. 
      
Finalmente às três horas da tarde Lampião e seu famoso bando aproximaram-se mais ainda de Mossoró. Os cangaceiros esconderam os reféns numa velha choupana, deixando como segurança alguns cangaceiros. Os outros deram início à caminhada até a cidade, e como proteção para que não fossem atingidos por balas lançadas por supostos atiradores, que possivelmente já haviam se posicionado para a defesa, seguiram protegidos pelos reféns da Passagem das Oiticicas. 
        
Lá na igreja do Alto da Conceição novamente se protegeram. Mas como Lampião estava sem sorte, e para felicidade dos familiares das vítimas, principalmente os prisioneiros, por falta de cuidado por parte dos guardas de Lampião, felizmente os reféns se ocultaram das vistas dos cabras, e se mandaram em busca de lugares seguros para que eles não mais os encontrassem. 
       
Como a maioria das pessoas é supersticiosa com a data 13, com certeza não estava bom para Lampião. E já se arrependera, chegando a dizer a Sabino Gomes que ele não sabia o porquê de ter ouvido a conversa de Massilon, quando o incentivou a invadir Mossoró. E ainda lhe disse: "- Cidade que tem igreja com duas torres Sabino, não é para bico de cangaceiros”. 
       
Mas Sabino Gomes estava confiante, e o encorajou dizendo-lhe: -Tenha paciência capitão! Nada está perdido. A nossa vitória será após o tiroteio que não demorará mais acontecer. E tudo irá ser favorável a nós”.

Sabino Gomes
          
Como em todo Brasil o dia 13 se comemora a data do religioso Santo Antonio e em Mossoró não é diferente, pois a invasão foi feita nesta data de junho em 1927. O dia todo, a população que ficou na cidade já havia feito a sua fogueira na intenção de homenageá-lo ao anoitecer. 
       
Mas para atrapalhar os planos de Lampião no final da tarde Deus mandou uma chuva fina, fazendo com que dificultasse um pouco o combate. Mas os combatentes estavam protegidos no cemitério, prédios, na estação ferroviária, e vários escondidos na igreja de São Vicente. 
      
Enquanto o sino badalava anunciando um possível derramamento de sangue, de ambas as partes, os bandidos tentavam amedrontar os defensores com os cantares do mulé rendeira, canção que era usada por eles em todas as invasões.
       
E sem mais se demorarem, os cangaceiros deram início ao tiroteio, tentando como ponto de partida, invadir a casa do prefeito Rodolfo Fernandes, que esquinava com a igreja de São Vicente.
     
Os que ficaram na cidade estavam em pânico, pois os atiradores eram de ambas as partes. Mas muitos moradores se debandaram com as suas famílias para outras localidades. Inclusive a cidade de Areia Branca, que fica distante 76 km de Mossoró, serviu como berçário para as famílias mossoroenses, levadas em vagões do trem, autorizada pelo diretor da rede ferroviária de Mossoró, o Sr. Eduardo Galvão de Sabóia, segundo Manoel Tavares de Oliveira em: “Estrada de Ferro – Mossoró...”, coleção mossoroense.
      
Os cangaceiros sentindo que a cidade estava preparada com fortes combatentes deram início a uma espécie de humilhação como: pulos em exageros, fortes berros, além de relinchos e cocoricós, imitando galos, no intuito de amedrontarem os resistentes e alguns moradores que ficaram na cidade.
      
Cuidadosamente vieram se protegendo pelos cantos das casas, nas ruas que dão acesso ao pátio da igreja. Mas o prefeito havia se organizado, evitando um confronto sem sucesso, e ordenou aos colaboradores voluntários que espalhassem pela cidade uma porção de areia e caixotes, além de vários fardos de algodão, que com certeza seriam uma excelente barreira.
       
Conta Alexandre Gurgel que se os armamentos eram poucos, muito menos era a munição. E se caso a munição se acabasse, os resistentes findariam nas mãos dos cangaceiros, e com certeza, irados, não perdoariam, e os mataria sangrados como era de costume Lampião matar os prisioneiros de combates. 
       
O cangaceiro Sabino Gomes querendo ser o mais destemido, invadiu a rua sem nenhuma cobertura pelos seus companheiros. E sem muita demora, logo uma bala o alvejou, rebolando o seu enfeitado chapéu ao chão. E em seguida, outra bala o atingiu, e desta vez deslizou nas suas perneiras.
       
O cangaceiro Colchete querendo imitar Sabino Gomes, atravessou a rua em busca de uma das laterais da casa do prefeito, e logo recebeu um tiro na cabeça, já ficando pronto para os mossoroenses realizarem o seu enterro.

Jararaca

Jararaca que atrás caminhava, e não querendo que os mossoroenses ficassem com as riquezas do facínora assassinado, caminhou em direção ao corpo, mas foi alvejado com tiros que saíram da torre da igreja.
      
Um dos defensores de Mossoró, o civil Manoel Duarte, que mesmo despreparado para tal fim, acertou o Jararaca no peito direito, e com o impacto da bala foi ao chão. Mas sem demora se levantou e saiu se protegendo como pôde. Mas não levou sorte. Outro tiro recebeu, e desta vez foi atingido na perna.

Manoel Duarte
                
Assim como lá em Sergipe, lá na grota de Angicos, no dia 28 de Julho de 1938, 11 anos antes aconteceu em Mossoró, no dia 13 de junho de 1927, pois o cheiro de pólvora queimada e o azedume do sangue derramado ao chão dos cangaceiros, não era para qualquer um despreparado suportar sem que não tivesse um desmaio. A cidade estava desesperada. Sim senhor! Era coisa triste! 
               
O cangaceiro Menino de Ouro também sem nenhuma cobertura, querendo ser valentão, cuidou de ir até a lateral da igreja, no intuito de atirar nos resistentes que se amparavam na torre. Mas foi atingido com um tiro certeiro na barriga. E não aguentando as dores, em seguida ele abandonou o combate e desapareceu, fugindo para o acampamento lá no Saco. 
               
Sabino Gomes lá baleado e perdendo muito sangue, aproximou-se de Lampião e lhe disse que em toda sua vida de bandoleiro, nunca tinha atacado uma cidade tão brava quanto era Mossoró.
              
Lampião arrependido, disse-lhe que um cangaceiro tão experiente quanto ele, mas mesmo assim havia caído nas informações de um aspirante de cangaceiros. E ainda lhe disse que na cidade até os santos atiravam neles. Mas mesmo sentindo que iria sair daqui derrotado, Lampião queria mais. E gritava para os seus comandados que fossem à luta e não desistissem.  Era como se ele dissesse assim: “Barco perdido, bem carregado”. 
              
Momentos depois Sabino Gomes não passava bem, e encostou-se a Lampião dizendo-lhe que estava baleado, e precisava com urgência sair do tiroteio, pois o ferimento estava sangrando muito. E sem mais se demorar, saiu do combate se escorregando em direção à choupana.  Era longe, mas mesmo assim ele conseguiu chegar.
              
Lá pelas tantas ouviram um apito, indicando a desistência de Lampião. E o bando disparou numa desesperada carreira com medo da violência dos nossos heróis combatentes. 
             
Tempo depois, a maioria dos cangaceiros já se encontrava no coito. Seis cangaceiros estavam baleados. Sabino Gomes era um dos tais, mas não corria perigo de vida. Menino de Ouro sofrendo muito com o ferimento, gritava exageradamente. Mas logo cuidaram de amenizar as suas dores com um curativo preparado com pimenta malagueta. Lampião tentava acalmá-lo, mas as dores eram insuportáveis.
             
Assim que fizeram  o curativo no Menino de Ouro, montaram-se nos seus cavalos e partiram com os reféns, tomando rumo ao Ceará, amparando-se em um sítio de nome Baixa da Broca.  Todos estavam pesarosos pela morte de Colchete, e o cruel Jararaca baleado que eles não sabiam o seu paradeiro. E nem Mossoró tinha conhecimento que um dos cangaceiros de Lampião se encontrava enfermo nas matas.
             
Jararaca baleado, foi se arrastando, seguindo os trilhos do trem e aproximou-se da ponte ferroviária. Mesmo o ferimento sangrando, enfiou-se às águas do rio, e do outro lado se escondeu numa moita, deparando-se com uns vigias que faziam serviços rotineiros. 
             
Ao vê-los, pediu para que um deles fosse arranjar material de curativo, dizendo-lhe que trouxesse pimenta malagueta para ele esmagá-la e colocar dentro do ferimento. Ainda garantiu que quando retornasse com o medicamento caseiro, lhe pagaria pelo serviço prestado.  
              
Na saída do vigia  Jararaca apontou a arma para matá-lo, pois achava impossível que ele voltasse sem a polícia. Mas desistiu, baixando a sua maldita arma. Imaginou que o vigia poderia voltar sozinho. 
             
O vigia incumbido da compra de medicamentos, ao sair da presença de Jararaca, em vez de ir à farmácia, foi direto ao destacamento policial. E lá comunicou o esconderijo de um suposto cangaceiro. Meia hora depois, a polícia chegou e cercou a área. Ele foi dominado com facilidade, pois estava muito debilitado. Prenderam-no e o conduziram para a cadeia pública de Mossoró.
              
Lampião continuou correndo em direção ao Estado do Ceará. E em uma fazenda de nome Jucuri, distante 21 km de Mossoró, o bando prendeu um comerciante do lugar, um senhor de nome Manoel Freire, e passaram a exigir por ele uma quantia de 10 contos de réis. Caso não fosse atendido o seu pedido, o matariam. Mas logo os familiares fizeram arrecadação da quantia solicitada e entregaram ao capitão Lampião. E ao recebê-la, colocou no seu bornal e o liberou. 
              
No dia 14 de  junho do mesmo ano, Lampião e o bando chegaram ao sítio Lagoa do Rocha, lugar pertencente às terras do Estado do Ceará, onde lá pernoitaram como se nada tivesse acontecido. Neste lugar, Menino de Ouro perguntou a Lampião se já tinha saído do Rio Grande do Norte. Lampião o respondeu que sim. Ele não conseguindo mais suportar as dores causadas pelo tiro, pediu a Lampião que fosse feita a sua execução. 
             
Lampião aceitou  o seu pedido, e ordenou que um dos cabras desse-lhe o  tiro de misericórdia.  E assim foi feito, sendo Menino de Ouro enterrado por eles no locar. 
            
15 de junho, entraram em Limoeiro, exigindo do vigário da cidade de nome Padre Vital Lucena, uma quantia de 2 contos de réis da população. Como foram atendidos, não fizeram desordens e nem se demoraram.  E às 6;00  horas da noite, foram embora. 

Vamos leitor, saber o que aconteceu com Jararaca?

Segundo o escritor e jornalista do Jornal “O Mossoroense”, Geraldo Maia, José Leite de Santana nasceu no dia 05 de maio de 1901, em Pajeú das Flores, lá no Estado de Pernambuco. De físico avantajado, de estatura mediana, moreno-escuro, e de temperamento fora do comum. E com esse tipo violento, saiu às carreiras de sua cidade, amparando-se na capital de Maceió, lá no Estado de Alagoas. 

Jararaca
              
Nos anos vinte, do século vinte, sentou praça no exército. Mas não gostando da vida nas forças armadas, desistiu da farda para vestir as lindas e enfeitadas roupas do cangaço. 
              
Mais ou menos no ano de 1925, antes de ser contratado pela Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia, do famoso Lampião, o José Leite de Santana mostrava a sua força e coragem pelos sertões de Pernambuco. E lá, já era alcunhado por Jararaca, e chefe de um bando de cangaceiros, que sem nenhuma piedade, eles assaltavam fazendas, comboieiros, assassinavam, incendiavam casas e depredavam o que viam pela frente.
             
Este, ao se incorporar ao bando de Lampião, levou em sua companhia oito asseclas, sendo já famoso por ser valente, bom atirador e lutador de faca. E com isso, fez com que Lampião o entregasse um subgrupo de cangaceiros.

Vamos leitor, assisitir a execução
de Jararaca? 
                                                                                                                                     
Diz ainda o jornalista  Geraldo Maia, que no depoimento baseado que Pedro Sílvio de Morais, um dos integrantes da escolta que matou o cangaceiro fez ao historiador Raimundo Soares de Brito, disse-lhe o seguinte: “- Pelas onze e meia horas da noite, de um luar claro e frio, do mês de junho, uma escolta composta de oficiais, sargentos e praças, conduziu em automóvel o bandido, dizendo que ele iria ser trancafiado na cadeia de Natal. No momento da saída, e ao dar entrada no carro, Jararaca disse que tinha deixado as alpargatas na prisão, e pediu ao comandante para mandar buscá-las, pois não queria chegar à capital com os pés descalços". 
              
O tenente-comandante então disse que em Natal lhe daria um par de sapatos de verniz. Quando os automóveis pararam no portão do cemitério São Sebastião (Mossoró), Jararaca interrogou-os: 
             
- Mas isto aqui é o caminho de Natal? 
             
Como resistisse descer do automóvel, um soldado empurrando-o deu-lhe uma pancada com a coronha do fuzil.
              
No cemitério mostraram-lhe uma cova aberta lá num canto, e um deles perguntou-lhe: 
              
- Sabe para que seja isso? 
              
Saber de certeza não sei não. Mas, porém estou calculando. Não é para mim?   
              
Agora, isso só se faz porque me vejo nestas circunstâncias, com as mãos inquiridas e desarmadas! Um gosto eu não deixo para vocês: é se gabarem de que eu pedi que não me matassem. Matem! Matem que matam, mas é um homem! Fiquem sabendo que vocês vão matar o homem mais valente que já pisou neste...
              
Mas o  Jararaca não teve tempo de dizer o que queria. Um soldado por trás dele deu-lhe um tiro de revólver na cabeça. Ele caiu e foi empurrado com os pés para dentro da cova.
               
Observação: “Existem alguns textos contados diferentes do que afirmou Jararaca quando estava prestes a ser executado. Mas apenas os autores usaram sinônimos, sem fugirem do que disse Jararaca. O importante é não criar fatos diferentes do que aconteceu na hora da execução do bandido”.

                
Dizem os historiadores  que o grupo de Lampião sofreu violenta perseguição no Estado do Ceará pelas tropas do major Moisés, dos tenentes: Laurentino, Abdon Nunes e Agripino do Rio Grande do Norte e Quelé da Paraíba.
              
Massilon vendo seus  planos indo por água abaixo, abandonou o bando de cangaceiros. E a partir daí, os que restaram sofreram tanto que acabaram fugindo para a Bahia, aonde chegaram apenas oito companheiros famintos e esfarrapados. Foram eles:
             
Sobre esta imagem acima, Ivanildo Régis afirma que Ivanildo Silveira, pesquisador e colecionador do cangaço, faz a seguinte observação: “Embora a identificação dos cangaceiros da foto acima seja um tanto polêmica, consultando especialistas, é quase unânime que a legenda mais que mais se aproxima da realidade, é a seguinte: Lampião, Ezequiel, Virgínio, Luiz Pedro, Mariano, Corisco, Mergulhão e Alvoredo.
Um pouco da biografia deles:
1 - Virgulino Ferreira da Silva, “o Lampião”, ou ainda o patenteado “capitão”. Nasceu em 1898, no Estado de Pernambuco. Era filho de José Ferreira da Silva e Maria Sulena da Purificação. Depois de mais de vinte anos como chefe de cangaceiros, foi abatido juntamente com a sua rainha Maria Bonita e mais nove cangaceiros, na madrugada de 28 de julho de 1938, na grota de Angicos, lá no Estado de Sergipe. Um dos maiores líderes de cangaceiros.
              
2 - Ezequiel Ferreira da Silva, o Ponto Fino (irmão de Lampião); Nasceu no ano de 1908, no Estado de Pernambuco. Foi abatido no dia 23 de abril de 1931 – no tiroteio da Fazenda Touro, povoado Baixa do Boi, no Estado da Bahia, ponto conhecido como Lagoa do Mel.
3 - Virgínio Fortunato da Silva, o Moderno. Ex-cunhado de Lampião. Nasceu em 1903 e faleceu em 1936, aos 33 anos de idade.
Segundo o escritor e pesquisador do cangaço de nome Franklin Jorge, há suspeita, não comprovada, que Virgínio era da cidade de Alexandria, no Estado do Rio Grande do Norte.
Era companheiro de Durvalina, que com a sua morte ela amasiou-se com Moreno.  Durvalina faleceu no dia 30 de junho de 2008. Moreno faleceu no dia 06 de setembro de 2010.               

4 - Luiz Pedro do Retiro, companheiro de Neném do Ouro. Ele foi abatido juntamente com Lampião, Maria Bonita e mais oito cangaceiros, na madrugada de 28 de julho de 1938, na grota de Angicos no Estado de Sergipe. Dizem que quem o assassinou foi o policial Mané Véio. 
5 - Mariano Laurindo Granja, companheiro de Rosinha.  Entrou para o cangaço em 1924. Foi um dos poucos que em agosto de 1928, cruzou o Rio São Francisco, em companhia de Lampião, em direção à Bahia. Foi morto no dia 10 de outubro de 1936. Segundo Alcindo Alves em: (... – Mentiras e Mistérios de Angicos), o ataque foi entre os municípios de Porto da Folha e Garuru, região conhecida como o Cangaleixo. A pesquisadora do cangaço, Juliana Ischiara, afirma que Rosinha foi morta a mando de Lampião. Era filha de Lé Soares e irmã de Adelaide, esta última sendo companheira de Criança, e parenta próxima de Áurea, companheira de Mané Moreno.  Sendo Áurea filha de Antonio Nicárcio, que era primo/ irmão de Lé Soares.
6 - Cristino Gomes da Silva Cleto, Corisco, companheiro da cangaceira Dadá. Ele foi abatido no dia 25 de maio de 1940, pelo tenente Zé Rufino, na fazenda Cavaco, em Brotas de Macaúbas, no Estado da Bahia. Dadá foi ferida e presa. Ela faleceu em 1994. Com a morte de Corisco, finalmente o cangaço foi enterrado com ele.
7 – Mergulhão foi abatido juntamente com Lampião e mais nove cangaceiros, na madrugada de 28 de julho de 1938, na grota de Angicos, no Estado de Sergipe. (Não tenho maiores informações sobre este cangaceiro).
8 - Hortêncio Gomes da Silva, o Arvoredo. – Desligou-se do bando no momento do ataque a Jaguarari, no Estado da Bahia. Fez dois meninos como reféns. Mas eles conseguiram o dominar, desarmando-o. Em seguida mataram-no a facadas. Achando que o serviço ainda não tinha sido concluído, degolaram-no e cortaram as suas mãos. Após o trabalho concluído acionaram a polícia. (Não tenho maiores informações sobre este cangaceiro).

Fontes de Pesquisas:

O cangaceiro Massilon – Por Alexandre Gurgel - 31/03/2005. 
O cangaceiro Jararaca – Por Geraldo Maia. 
Massilon, Délio Holanda e Chico Pinto – Por Romero Cardoso. 

Pequenas e úteis informações:

Alcindo Alves, Kidelmir Dantas. José Cícero, Ivanildo Silveira, Juliana Pereira Ischiara, Franklin Jorge, Manoel Tavares, Ivanildo Régis.

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2ª EDIÇÃO FLORO NOVAIS HERÓI OU BANDIDO?


Mais um livro na praça: FLORO NOVAIS: Herói ou Bandido? De Clerisvaldo B. Chagas & França Filho. Este livro estará disponível a partir de amanhã no Cariri Cangaço São José do Belmonte e segunda feira dia 15/10 Para todo Brasil. 

Preço R$ 40,00 com frete incluso. 124 páginas. Franpelima@bol.com.br e fplima1956@gmail.com e Whatsapp 83 9 9911 8286.

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CASA DA CULTURA



Diretor, Luís Bento de Sousa
Luís Carolino.
APOIO. Prefeitura Municipal de Jati-Ce
( JATI em Boas Mãos ).
ADM. María de Jesus Diniz Nogueira
( Neta ).

INVASÃO E RESISTÊNCIA
( 93 - ANOS ).

Em 1927, Mossoró era uma Cidade grande para época, com pouco mais de 20 mil habitantes. O grupo de cangaceiros, chefiado por Virgolino Ferreira da Silva (Lampião), tinha cerca de 80 cangaceiros. Missão impossível, tentativa frustada em querer saquear uma Cidade desse porte.

Era final de tarde do dia 13 de junho, dia de Santo Antônio, quando o bando começou a percorrer as ruas vazias de Mossoró. O prefeito da Cidade Rodolfo Fernando, um grupo de Militares e parte da população civil, entricheirados em pontos estratégicos da Cidade, reagiram ao ataque. O bando acabou fugindo, missão fracassada, deixando para trás homens feridos, como José Leite de Santana (Jararaca) que foi preso no dia seguinte, morto e sepultado no dia 18.

" José Leite de Santana (Jararaca)
Buíque Pe, 05 de Maio de 1901
Mossoró 18 de Junho de 1927.

Obs: segundo fontes informativa de Sebastião fialho Sigueira ( Bastim ), José Leite de Santana o Cangaceiro (Jararaca), apelido batizado por Lampião, esteve no então Macapá, hoje Jati-Ce em 02 de Março do ano de 1926 em viagem a Cidade de Juazeiro do Padre Cícero Romão Batista.

Pesquisador.
Luís Bento de Sousa
Luís Carolino.


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FUNERAL DE JOSÉ LOURENÇO


Por Cariri das Antigas

Após os fatos do Caldeirão e da Mata dos Cavalos, o Beato José Lourenço montou em Exu, no Pernambuco, o Sítio União, onde viveu até fevereiro de 1946.
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Acometido de peste bubônica, o beato encantou-se em 12 de fevereiro de 1946. O pranto dos homens e mulheres que viviam no União, foi derramado pelas muitas léguas que separam Exu e Juazeiro. A pé, trouxeram seu corpo para a terra do Padre Cícero, e aqui o beato não teve direito a missa de corpo presente. Tanto na capela de São Miguel, quanto na do Socorro, somente portas fechadas, os padres negaram.
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O enterro se deu no Cemitério do Socorro, após as exéquias improvisadas, e até hoje seus restos mortais lá repousam.
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TEXTO: @robertojunior.cda
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FOTOS: Acervo de Renato Casimiro e Daniel Walker.



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13 DE JUNHO DE 1927. ASSIM SE PASSARAM 93 ANOS.

JR de Afonso

Foi exatamente uma segunda feira, às 17:00 horas, um final de tarde chuvoso que Lampião e seus bandos (eram dois bandos juntos) entravam em Mossoró RN, pela primeira e última vez.

No dia 2 de maio de 1927, Lampião e seu bando partiram de Pernambuco em direção ao Rio G Norte. Atravessaram a Paraíba próximo à fronteira do Ceará, com destino a cidade potiguar de Luiz Gomes RN. Antes, porém, atacaram a cidade Paraibana de Belém do Rio do Peixe.

Lampião não contava com o bando completo. O cangaceiro Massilon que era um dos seus chefes, estava com uma parte dos bandidos no Ceará, e pretendia atacar a cidade de Apodi RN, já no RN, no dia 11.06.27. Depois do assalto, deveria se juntar a Lampião em lugar predeterminado, onde deveriam terminar os preparativos para o grande assalto que neste caso seria Mossoró.


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NASSILON EM MOSSORÓ

Por Aderbal Nogueira\
https://www.youtube.com/watch?v=ylKYS7eGUIY&feature=share&fbclid=IwAR3ATKe4qnk74EE55OwS1XHWcvdqHChsO9-8ORSwRSoi0eNeYezx97HbX5E


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O ATAQUE DE LAMPIÃO À MOSSORÓ - Um mistério quase centenário

Por Honório de Medeiros
Escrito em outubro de 2012.

Parte da resistencia: Foto in: Estações Ferroviárias.com.br
Em dias do início do mês de maio do ano da graça de 1927, pelas terras do Rio Grande do Norte que confrontam com aquelas da Paraíba, lá no alto Sertão desses estados, mais precisamente as que ficam entre as cidades de Uiraúna e Luís Gomes, vindos de Aurora, no Ceará, Cariri velho de Nosso Senhor Jesus Cristo, eles, os cangaceiros, entraram no território potiguar.

Era uma horda selvagem com aproximadamente uma centena de homens, para o mais ou para o menos, imundos e bestiais, a cavalo, fortemente armados, portando rifles, fuzis, revólveres, pistolas, punhais longos e curtos, e farta munição. Vinham ébrios, ferozes, e sedentos de violência, sem qualquer outro propósito que não a rapinagem, pura e simples. E assim entraram.

Durante os quatrocentos quilômetros e quatro dias que durou a epopéia, deixando e voltando à Aurora após alcançarem Mossoró,  desenharam, com a ponta dos cascos dos cavalos ou a face externa das alpargatas com as quais pisavam o chão, como que um movimento cujos contornos lembram o de uma flor de mufumbo, cujas laterais seriam as margens da Serra de Luís Gomes e Serra do Martins, por um lado, e, pelo outro, as margens do serrame do Pereiro, limites com o Jaguaribe, Ceará adentro.

Espalharam o terror por onde passaram. Humilharam, surraram, feriram, extorquiram, sequestraram, furtaram, roubaram, mataram... Em toda a história do cangaço, complexa e específica por si mesma, nada há igual. Não foi um ataque qualquer a um arruado, vila ou povoação. Nem mesmo a uma cidade pequena.

Foi um ataque a uma cidade de grande porte para os padrões da época, bem dizer litorânea, a segunda maior do Rio Grande do Norte, com quatro igrejas, três jornais, agência do Banco do Brasil, população que rivalizava com a da capital do Estado, um comércio rico e pujante, que funcionava como centro para o qual convergiam paraibanos, norte-rio-grandenses e cearenses, e, por intermédio do porto de Areia Branca, ao qual se chegava pelo Rio Mossoró ou Apodi, caso necessário, o Brasil todo.

Mossoró não acreditava que tal ataque pudesse se concretizar. O Governo do Estado do Rio Grande do Norte também não. Era inconcebível. O Brasil, representado por sua capital, o Rio de Janeiro, quedou perplexo. Tanto anos depois é possível algo novo quanto às causas que levaram Lampião a empreender esse ataque?

Os cangaceiros acima foram nominados por Jararaca, a quem a fotografia foi mostrada enquanto ele convalescia, preso em Mossoró, pouco antes de morrer.

De antemão, que se diga: não é consenso que haja mistério quanto às causas do ataque de Lampião a Mossoró. Ao contrário. Excetuando-se algumas vozes isoladas aqui e ali, outras ouvidas aos sussurros em Mossoró [1], é prática corrente atribuir à ganância de Lampião, Isaías Arruda e Massilon – este com papel secundário, a existência do episódio.

Entretanto ao estudarmos com atenção redobrada, até mesmo com obstinação, o acervo do qual dispõem os pesquisadores, constata-se a existência de questões, dúvidas, perplexidades, que insistem em aparecer desafiando o passar dos anos e a natural inércia originada das versões consideradas consumadas.

Levando-se em consideração todas essas questões, após tê-las colhido, assim é que, a seguir, dando-lhes o tratamento mais racional e factual possível, buscando a isenção necessária à qual se deve ater quem busca encontrar a melhor explicação entre várias concorrentes, são elas elencadas, analisadas e colocadas à disposição do leitor, para que este possa fazer sua escolha ou, se não for o caso, meramente ser colocado a par de suas existências.

Há, portanto, e basicamente, quatro teorias acerca das causas do ataque de Lampião a Mossoró:
(I) O ataque a Mossoró resultou da ganância do Coronel Isaías Arruda e de Lampião, no que foram secundados por Massilon;
(II) O ataque a Mossoró resultou unicamente da cobiça de Massilon.

(III) O ataque a Mossoró resultou da paixão de Massilon por Julieta, filha de Rodolpho Fernandes;

(IV) o ataque a Mossoró resultou de um plano político.

Qual delas é a verdadeira?
[1] Notável exceção é o pesquisador Marcos Pinto, autor de “DATAS E NOTAS PARA A HISTÓRIA DE APODY” natural de Apodi, mas residente há muitos anos em Mossoró.

Como era a cidade na época da invasão

Mercado Público de Mossoró, poucos anos após o ataque de Lampião.

Em 1926, com mandato previsto até 1928, era Presidente da Intendência [1] de Mossoró, Rodolpho Fernandes de Oliveira Martins, tendo como Vice seu parente próximo Hemetério Fernandes de Queiroz. Os outros intendentes eram Luís Colombo Ferreira Pinto, Francisco Clemente Freire, Antonio Teodoro Soares Frota, Manuel Amâncio Leite e Francisco Borges de Andrade.

Mossoró, segundo Raul Fernandes [2], em 1927 competia com Natal, a capital do Estado. Enquanto esta tinha 30.600 habitantes, aquela possuía 20.300.

A denominada “Capital do Oeste” era ligada ao litoral por uma estrada de ferro que se estendia até o povoado de São Sebastião, atual Dix-Sept Rosado, na direção Oeste, percorrendo quarenta e dois quilômetros, enquanto, por ela, estradas de rodagem convergiam de vários recantos, percorridas por caminhões que, aos poucos, substituíam o transporte animal.

Possuía a cidade o maior parque salineiro do país. Três empresas descaroçavam e prensavam algodão, produto denominado, na época, e por muito tempo ainda, de “ouro branco [3]”.

Centro comercial importante, em Mossoró se comprava peles, algodão e cera de carnaúba. Exportava-se, pelo porto de Areia Branca, tudo quanto era trazido pelos longos comboios de mercadorias chegados do interior da Paraíba e do Ceará, que voltavam levando sal e produtos oriundos de centros mais avançados.
Havia energia elétrica, que alimentava várias indústrias nascentes, assim como repartições públicas federais e estaduais, além da agência do Banco do Brasil, que era o único estabelecimento de crédito da região.

Na cidade circulavam três jornais: ‘O Correio do Povo’, o ‘Nordeste’, e ‘O Mossoroense’, este o mais antigo do Município, e um dos mais antigos do Brasil, fundado em 1872. O ensino era ministrado por intermédio de estabelecimentos para ensino secundário – a Escola Normal e a de Comércio, e em dois colégios com internato – o Diocesano Santa Luzia para rapazes, e o Sagrado Coração de Maria, dirigido por religiosas franciscanas, portuguesas, para moças.

PERFIS

Dona Bernadete – Maria Bernadete Leite Duarte – guardava, aos oitenta e cinco anos, a beleza dos traços que a fotografia – tirada no verdor de sua mocidade – pousada em cima da cristaleira antiga, muito bem conservada, revelava.

Ela nos recebeu a mim, Carlos Duarte e Cleilma Fernandes, estes do jornal mossoroense “Página Certa”, e Paulo Gastão, fundador da Sociedade Brasileira de Estudo do Cangaço – SBEC, em sua residência, no dia 18 de dezembro de 2006, em um final de tarde tipicamente sertanejo, tornado mais fresco pela presença do vento Nordeste e mais agradável pelo lanche com o qual nos brindou após a entrevista.


Dona Bernadete é filha de Manoel Duarte, (Foto acima) um dos heróis da resistência a Lampião em Mossoró.
“Nasci em Mossoró”, diz-nos ela, “em 1921, e aqui morei até 1950.
Quando completei quinze anos fui estudar na Escola Doméstica em Natal. Minha mais antiga lembrança de Mossoró é dos meus pais. Minha infância foi igual à de todas as crianças daquela época: pulei corda, brinquei de roda, de boneca, gostava de bonecas de pano, fazia teatrinhos, aperreava o pavão de Dona Filomena de Seu João Carrilho...
Dormíamos cedo, às 19h00min. Tomávamos café da manhã às 07h00min, almoçávamos às 11h00min e jantávamos às 17h00min. Comíamos pão, biscoito, leite de vaca, ovos, cuscuz, coalhada no café da manhã; feijão de arranque temperado com carne, cebola, alho, coentro, cominho, arroz, farofa no almoço; mugunzá, cuscuz, coalhada no jantar. Comíamos frutas e bolachas pretas.

Já mocinha, escutávamos, enquanto arrodeávamos a Praça do Pax, a banda no coreto. Os rapazes ficavam em pé, de frente para a parte interior da praça. Às 21h00min todo mundo ia embora.

Frequentávamos o Clube Ipiranga e íamos ao cinema diariamente com meu pai, Manoel Duarte. Eu adorava os musicais. Gostava também muito de ler historinhas, o "Tesouro da Juventude".

Quando eu estudei em Natal, na Escola Doméstica, saia nos finais-de-semana para a casa da esposa de Rodolpho Fernandes. Lembro-me da passagem do Zeppelin e do Hindenburgo por Natal. O Hindenburgo, que era mais grosso, ficava parado, suspenso no ar e soltava malas para o pessoal da terra.

Quando da invasão de Mossoró papai levou a família para Tibau e voltou para participar da resistência. Rodolpho Fernandes era compadre de papai, padrinho de meu irmão Antônio Leite Duarte. Nunca ouvi falar na história de Massilon ser apaixonado por Julieta, filha de Rodolpho.

Papai ficou na casa de Rodolpho, na parte de cá (que dava para a Igreja de São Vicente) e havia outros na Igreja. Estes não alcançavam os cangaceiros postados na parede lateral da casa de Alfredo Fernandes, esquina com a Avenida Alberto Maranhão, mas apontaram Colchete que já estava com uma garrafa de querosene na mão para jogar nos fardos de algodão. Papai atirou em Colchete e Jararaca. Muita gente correu da luta.”
Dona Iracema – Iracema de Assis Duarte – com seus oitenta e poucos anos, magra, espigada, alerta, faz coro ao depoimento de Dona Bernadete.Estamos na calçada em frente à casa na qual ela mora sozinha. Não quer sair de lá, em hipótese alguma, e se render ao chamado dos filhos.

É o dia 19 de dezembro de 2006 e estamos quase ao lado da histórica sede da Prefeitura Municipal de Mossoró, antiga residência de Rodolpho Fernandes, na Avenida Alberto Maranhão, cujo tráfego, mesmo àquela hora crepuscular, não esmorece. Passantes vão e vêm. Não se dão conta de que há setenta e nove anos atrás o movimento, naquela avenida, se deu por motivos bem diferentes dos habituais.

“A casa em frente à de Alfredo Fernandes era de João Hollanda”, lembra Dona Iracema. “Os fundos davam para a casa de João Marcelino (Foto abaixo) – o médico que cuidou de Jararaca.


Naquele tempo, no entorno da Igreja de São Vicente havia a casa da esquina da Rua Francisco Ramalho com a Alberto Maranhão do lado de cá (no alinhamento da Igreja); havia a minha casa (várias geminadas vizinhas ao palacete de Rodolpho), a de seu Artur Paula (palacete cuja frente dava para a lateral da casa em frente aos fundos da Igreja) [1], a casa onde hoje funciona a Escola 13 de Junho, outra de umas catequistas...

Não havia pudim, bolo, doces na minha infância. Era rapadura, cocada, pão doce, bolacha preta. Galinha aos domingos. Coalhada de manhã para o pai. Não havia o hábito da verdura. A hora das refeições era essa mesma que Bernadete falou. E as brincadeiras também. Meninos não participavam. As brincadeiras: escravos de Jó, tique, esconde-esconde, teatro infantil (representavam contos de fadas).

O cinema era o Almeida Castro, no Grande Hotel. Esse Grande Hotel concentrava a nata da sociedade nos grandes eventos. Os filmes eram mudos.

Uma das trincheiras estava localizada no prédio do Grande Hotel, local em que funcionava o Cine-Teatro Almeida Castro, de Francisco Ricarte de Freitas. 
In Blog Memória Fotográfica

Manoel Duarte, um homem muito sério, achava graça com os retratos dos heróis nas trincheiras. Dizia que a máquina fotográfica era muito boa, pegava fulano e sicrano em Areia Branca... Zé Otávio – o que fotografou as trincheiras – era o fotógrafo da época. Os Fernandes [2] eram os ricos de Mossoró. Dizia-se que Tertuliano era o mais rico.”

É dezembro de 2006. Irmã Aparecida nos recebe, a mim e a Carlos Duarte, em seu gabinete no Colégio Sagrado Coração de Maria – o Colégio das Freiras, onde estudaram e estudam as filhas das elites de Mossoró, geração após geração.

Irmã Aparecida tem o mesmo tipo físico de Dona Bernadete e Dona Iracema. Nela, entretanto, o hábito de comandar se deixa perceber através das frases pontuadas de forma mais incisiva, como a evitar contestações. Irmã Aparecida, apesar da idade, ainda comanda o Colégio. Nada leva a crer, observando-se sua agilidade física e mental, que a aposentadoria esteja próxima.
“Merendávamos às 09h00min: coalhada, copo de leite, ovos batidos, fubá de milho com mel, ou gema de ovo com mel de abelha. Almoçávamos às 11h00min. Não se conhecia feijão preto e não se comia bode porque fedia. Comia-se melhor no campo que na cidade. Nas refeições, silêncio: era preciso manter-se o respeito.

À mãe competia a educação. O pai quase nunca se metia. Os castigos: ficar atrás do guarda-roupa e a palmatória. A educação era feita através da tradição oral: não mentir, por exemplo. Rezava-se o ofício, particularmente, todos os sábados. Mas não se misturava moral com religião. A diversão dos homens era jogar sueca. A dos meninos irem para o terreiro. Líamos, quando muito, os livros didáticos. Assistíamos filmes mudos pelo menos duas vezes por semana.

As grandes famílias de Mossoró eram os Fernandes, os Leite, os Duarte. Ainda não havia Rosado. Não se sabia quem eles eram. Os ricos eram Costinha Fernandes, João Marcelino, Miguel Faustino, Tertuliano Fernandes... Entretanto tão instigante quanto essas entrevistas a respeito da Mossoró da década de 20 do século passado é a leitura das “Memórias” de Sebastião Gurgel [3].
Em seu diário, no qual começa, no ano da invasão de Mossoró, portanto escrevendo em março de 1927, alude, desde logo, à inauguração, em 1º de novembro de 1926, do serviço da estrada de ferro Mossoró/São Sebastião (atual Governador Dix-Sept Rosado). Informa que o inverno está sendo bom e que a estrada de ferro progride até Caraúbas. Em julho noticia a invasão de Apodi por Massilon, a 10 de maio, e a de Mossoró, a 13 de junho, por Lampião e seu bando.

É avaro nas informações e mais ainda na análise do fato. “Convém”, escreve ele em seu diário, “consignar um voto de louvor aos Srs. Cel. Rodolfo Fernandes, prefeito da cidade, Julio Maia, que melhor que outro qualquer dirigiu a defesa, Mirabeau Melo [4] que como encarregado do telégrafo, prestou enormíssimo serviço, Dr. Gilberto Studard Gurgel, tenente Abdon Nunes, Cornélio Mendes, João Fernandes, etc.”

Trincheira do telégrafo. Foto de José Octávio Pereira Lima. Embora a imagem não esteja nítida, é possível detectar, no centro da mesma, as figuras dos clérigos Padre Mota e o Cônego Amâncio Ramalho. Fonte: Blog Memória Fotográfica

E acrescenta, irônico: “Eu, já se sabe, nestas ocasiões, sou sempre o herói da retirada”.

Ainda em julho relata um acontecimento “sensacional – o casamento de Monsenhor Almeida Barreto com a senhorita Maria Nazareth de Oliveira.” Imaginemos o impacto que tal acontecimento deve ter suscitado na provinciana Mossoró do início do século XX! Somente em outubro de 1927 Tião Fernandes volta a escrever em seu diário. Critica o governo do Ceará por não tomar providências contra o cangaço. Registra ter deixado suas duas filhas em Natal, para estudarem na Escola Doméstica. Em dezembro, no dia 4, lembra que

“Em virtude de uma lei séria que garante o voto à mulher, nesta semana (passada) requereu o título de eleitora do município, a professora dona Celina Viana, sendo ela a primeira eleitora do Brasil.”

 E, também, que “Em substituição do presidente da intendência Rodolfo Fernandes que morreu no dia 10 de setembro, foi eleito para o mesmo lugar Luiz Colombo Ferreira Pinto.”
[1] A casa onde residia Joaquim Perdigão, casado com Julieta Fernandes, filha de Rodolpho Fernandes.
[2] Em curiosa crônica escrita para “O Mossoroense”, em 12 de março de 1950, assim se refere aos Fernandes, ao aludir a Mossoró e seus capitalistas, Djalma Maranhão: “Fortunas imensas cimentadas no comércio do algodão e na indústria do sal. Vicente Fernandes e Alfredo Fernandes, capitães de indústria, legando aos seus descendentes Paulo, Pedro, Ezequiel, Xavier, Ademir e mais uma dúzia de jovens milionários, uma organização que é um verdadeiro estado dentro do Estado do Rio Grande do Norte;” (“NOVAS IMAGENS DE MOSSORÓ”; MAIA, Jerônimo Vingt-um Rosado; Coleção Mossoroense; Volume CVIII; 1980; Mossoró, RN).
[3] “MEMÓRIAS DE UM COMERCIANTE E BANQUEIRO (DIÁRIO)”; GURGEL, Sebastião; Coleção Mossoroense; Série “C”; volume 1293; novembro de 2002; livro III; Mossoró, RN.
[4] A quem se refere Paulo Fernandes, filho de Rodolpho Fernandes e ex-Prefeito de Mossoró, de forma acrimoniosa, em carta transcrita neste livro endereçada a Nertan Macedo.
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[1] Prefeito, à época.
[2] “A MARCHA DE LAMPIÃO”; FERNANDES, Raul; 2ª. EDIÇÃOEd. Universitária – UFRN; 1981; Natal, RN.
[3] “No Rio Grande do Norte, a produção algodoeira do século XX refletiu todos os momentos de favorabilidade ou não das conjunturas.
[4] Confiantes na crescente demanda do produto e na consequente elevação dos preços, os grandes e pequenos proprietários do Seridó, Oeste e Trairi encheram suas terras com a lucrativa malvácea. Por causa dos seu alto valor, o algodão passou a ser chamado de ‘ouro branco’. Um município seridoense recebeu essa denominação, em 1918, para homenagear a planta tão valorosa (SOUZA, Itamar de; “A REPÚBLICA VELHA NO RIO GRANDE DO NORTE”; EDUFURN – Editora da UFRN; 1ª edição; Natal; 2008).
Continua...