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domingo, 31 de agosto de 2014

AS BELAS CAVERNAS DE FELIPE GUERRA E A PASSAGEM DE LAMPIÃO E SEU BANDO


Poucos conhecem ou já ouviram falar da pequena e pacata cidade de Felipe Guerra, localizada na região do Brejo do Apodi, a 330 quilômetros da capital potiguar. Um lugar muito agradável, de pessoas trabalhadoras, tranquilas e extremamente acolhedoras, mas o que torna Felipe Guerra mais interessante é sua concentração de cavidades naturais, a maior do Rio Grande do Norte. 

Entrada da Caverna da Carrapateira, no Lajedo do Rosário, Distrito de Passagem Funda, Felipe Guerra-RN, local de abrigo de pessoas da região quando da passagem de Lampião para atacar Mossoró em 1927 – Foto – Solon R. A. Netto – Clique na foto para ampliar.

Já foram descobertas mais de 80 cavernas no município, ali foi descoberta uma das maiores cavernas do Nordeste do Brasil, a Caverna do Trapiá, com 2.250 metros de extensão. A maioria das cavernas de Felipe Guerra está localizada no Lajedo do Rosário e os acessos a elas são bem complexos, passando pelas fendas e pelas afiadas rochas calcárias do lajedo.

O autor deste texto em uma das cavernas de Felipe Guerra, com os equipamentos adequados para entrar nestes ambientes – Foto – Solon R. A. Netto – Clique na foto para ampliar.

Tive o privilégio de participar de varias atividades ligadas ao conhecimento do patrimônio das cavernas potiguares, mas adentrar nas cavernas é um desafio à parte. Em algumas é preciso descer por árvores que brotam de dentro da caverna, se esgueirar por entre pedras e rastejar por alguns bons e dolorosos metros para chegar até as galerias ou salões, que são as partes mais amplas das cavernas e onde são normalmente encontrados os espeleotemas.

Além das cavernas, Felipe Guerra ainda possui uma das maiores cachoeiras do Rio Grande do Norte, a cachoeira do Roncador e lugares de águas cristalinas para banho, como o Olho D’água, localizado em propriedade privada.

Na região rural de Felipe Guerra trabalhei algum tempo em um projeto que envolvia o IBAMA-CECAV/RN e a SEPARN (Sociedade para Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental do Rio Grande do Norte) e vi muita coisa bonita.

O bando de Lampião

Mas uma das situações que me impressionava era como os habitantes locais mantêm a lembrança viva das agruras sofridas com a passagem do bando do cangaceiro Lampião, em seu ataque a cidade de Mossoró.

Em uma destas cavidades que alguns habitantes conseguiram um abrigo prático para os terríveis eventos que ocorriam próximos a suas casa e deixou na lembrança das pessoas do lugar um respeito muito grande por estes ambientes. 

Um Lugar Tranquilo que Perdeu a Paz

Nas margens do Rio Apodi, na então pequena Pedra de Abelha, a vida seguia tranquila naqueles primeiros dias do mês de maio de 1927. A pequena vila era então um simples aglomerado humano, com pouco menos de 1.200 habitantes, sobrevivendo da cera de carnaúba, da pequena agricultura e da pecuária. Na época dos invernos mais fortes, a pequena vila sofria as enchentes provocadas pelo Rio Apodi, como foi o caso das cheias de 1912, 1917 e a grande cheia de 1924.

Casas antigas de Felipe Guerra. Foto – Rostand Medeiros – Clique na foto para ampliar.

Por esta época, Pedra de Abelha era um ponto de passagem de viajantes, tropas de burros, vendedores, vaqueiros e outros andarilhos que seguiam a estrada entre a pulsante e rica cidade de Mossoró e a progressista Apodi. Havia uma pequena feira que crescia a cada ano, sempre em ordem e em paz, pronunciando uma tendência de progresso para o pequeno lugar. Outra lembrança de boas perspectivas foi à passagem de alguns homens, de língua enrolada, que se diziam engenheiros, faziam medições e coletavam pedras no lajedo do Rosário, na Passagem Funda, um lugarejo a 8 km de Pedra de Abelha. Logo se espalhou a notícia que o lugar seria transformada em uma grande barragem, que haveria muitos empregos, que seria maior que a barragem de Pau dos Ferros e que a vida em Pedra de Abelha iria mudar para melhor. Mais a barragem não veio e a vida seguia tranquila.

No começo de maio chegam as primeiras das mais terríveis notícias que a região oeste do estado do Rio Grande do Norte iria conhecer. No dia 10, pela madrugada, o cangaceiro paraibano Massilon Leite e mais vinte bandidos atacaram Apodi, depois seguiram para Gavião (atual Umarizal) e na sequência, pilharam a pequena vila de Itaú. As notícias comentavam que apenas um cangaceiro fora preso próximo à cidade de Martins. Para a ordeira população de Pedra de Abelha, ficou o pensamento de que, se os cangaceiros haviam atacado Itaú, uma vila praticamente do mesmo tamanho do seu lugar, por que não atacariam o pequeno povoado a beira do Rio Apodi? Passou então a existir no seio da população uma forte intranquilidade.


Não era para menos que os habitantes da singela Pedra de Abelha ficassem ainda mais apavorados quando, em 10 de junho de 1927, chega a notícia de que, incentivado por Massilon Leite, Lampião cruzou a fronteira da Paraíba e entra no estado Potiguar. Seguindo a cavalo, com cerca de 60 cangaceiros (número que gera muita polêmica até hoje), em direção a Mossoró.

Avançando para o norte, promoveram um verdadeiro bacanal de destruição, rapinagem e terror. Roubaram, tocaram fogo em diversas fazendas, assassinaram os que reagiam, entraram em confronto com a polícia e fizeram alguns prisioneiros, do qual só libertariam mediante resgate.

Com a chegada das notícias cada vez mais assustadoras, a população de Pedra de Abelha tratou de procurar refúgio aonde houvesse condições. Muitos seguiram para a fronteira do Ceará, outros foram para propriedades de parentes mais distantes e outros que conheciam melhor a região, buscaram o abrigo das cavernas. É bem verdade que a população do sertão possui um medo respeitoso em relação às cavernas, mais naquele momento, este medo foi deixado de lado e a escuridão da caverna passou a ser um abrigo mais acolhedor do que a incerteza da luz do dia e a presença de cangaceiros na região.

O Abrigo

A caverna da Carrapateira fica localizada no Lajedo do Rosário, próximo ao atual Distrito de Passagem Funda e a pouco mais de mil metros da margem esquerda do Rio Apodi. Entre as várias cavernas deste lajedo, essa é a que apresenta a maior facilidade de penetração. Sua entrada tem formato oval, com quatro metros de altura e possui desenvolvimento horizontal, No seu início encontram-se alguns blocos caídos e deslocados, também presentes localmente no interior da caverna. 

O autor deste texto na Caverna da Carrapateira. Foto – Solon R. A. Netto – Clique na foto para ampliar.

Chama a atenção à forma bem como a natureza moldou o túnel principal, sendo muito largo e alto para os padrões das cavernas das proximidades. Sua sinuosidade apresenta contornos de fluxo d’água, marcados nas paredes bastante lisas, lavradas, de rocha calcária limpa e de cor amarelada, com níveis de sedimentação a mostra. Os espeleotemas encontrados são escorrimentos de calcita, cortinas, algumas estalactites e estalagmites. Na parte posterior do corredor principal, aparecem outros tipos de espeleotema muito comum nas cavidades da região; o couve-flor.

Foto – Solon R. A. Netto – Clique na foto para ampliar.

Conforme adentramos a caverna da Carrapateira, o chão vai apresentando uma menor continuidade, mostrando reentrâncias, blocos rolados, até desembocar em uma bifurcação, de onde a caverna segue para salões mais apertados, seguindo por condutos menores. Neste setor, tem-se uma clarabóia de poucos metros de altura, aproximadamente três metros. Por ela pode-se sair do interior com facilidade.
Pelas dimensões do seu interior, pela proximidade com o rio e como na região encontram-se diversas provas da passagem de grupos de caçadores e de coletores, entre 5.000 e 2.000 anos atrás, essa caverna é a que melhor poderia sugerir a possibilidade de algum indicio arqueológico. Contudo, não foram vistos pinturas ou evidências nesse sentido e sua litologia é o calcário.

Foto – Solon R. A. Netto – Clique na foto para ampliar.

Não foram encontrados vestígios da ocupação dos habitantes de Pedra de Abelha na caverna. Como a passagem de Lampião e seu bando no Rio Grande do Norte duraram apenas quatro dias, acredita-se que a ocupação da caverna tenha sido por curto espaço de tempo. Mesmo tendo sido apenas por quatro dias, a região oeste do Rio Grande do Norte nunca esqueceu este episódio.

O Avanço dos Cangaceiros

Neste meio tempo, o bando de Lampião seguia em direção a pequena Pedra de Abelha, passou ao lado da povoação de Gavião (atual Umarizal) e seguiu depredando as propriedades “Campos”, “Arção”, “Xique-Xique” e “Apanha Peixe” e nesta última propriedade, para a sorte dos refugiados escondidos na caverna da Carrapateira e da maioria da população de Pedra de Abelha, o bando foi dividido. As sete da noite, seguiu o cangaceiro Massilon Leite, para assaltar pela segunda vez, a cidade de Apodi, enquanto Lampião seguia para Mossoró. Em Apodi houve resistência da população, obrigando Massilon a fugir. Devido a esta divisão, Lampião seguiu em frente por outra estrada, passando paralelo ao povoado. A população respirou aliviada e Lampião seguiu o seu caminho.

A fazenda da foto chama-se Mato Verde, também atacada por cangaceiros sob o comando de Lampião e próxima a Felipe Guerra. Foto – Solon R. A. Netto – Clique na foto para ampliar.

Caminho que faria seu bando cruzar com o progressista comerciante e fazendeiro Antonio Gurgel do Amaral, proprietário de uma moderna fazenda em Pedra de Abelha, às margens do Rio Apodi, no atual Distrito do Brejo. Nesta propriedade foram empregadas muitas pessoas, o local possui uma estrutura muito moderna para a época, inclusive com eletricidade e mecanização. Antonio Gurgel havia acabado de chegar de uma viagem da Europa, aonde buscava trazer matrizes de novas raças bovinas para desenvolverem-se na região.

Sentado à esquerda vemos o coronel Gurgel

Assim que soube do avanço dos cangaceiros, seguira para a sua fazenda para organizar sua defesa. No meio do caminho, na localidade chamada Santana, foi preso por membros do bando. Era o dia 12 de junho e somente no dia 25, Gurgel seria libertado no Ceará, juntamente com outra refém. Por ser Gurgel um homem inteligente, de boa conversa, índole calma e que sempre procurou a tranquilidade junto aos bandidos, ele nada sofreu. Durante sua convivência forçada, escreveu um diário que é tido como um dos mais completos documentos sobre a vida e o dia a dia destes cangaceiros. No fim de sua provação Lampião lhe deu duas moedas de ouro para serem presenteadas a sua neta e, como pagamento de uma promessa feita pela sua liberdade, sua mulher construiu uma capela na Fazenda Santana, que continua de pé até hoje, bem como a sede de sua fazenda, na atual Felipe Guerra.

Mossoró, 13 de junho de 1927, a Derrota de Lampião

Na Segunda-feira, 13 de junho de 1927, dia de São Francisco, ás 16:30 da tarde, com o céu nublado, os cangaceiros atacaram a maior cidade do interior do Rio Grande do Norte. O seu Prefeito, Rodolfo Fernandes, praticamente sem ajuda do governo do estado, conseguiu reunir desde advogados, dentistas, comerciantes, padres e pessoas comuns, entrincheirando-os em vários locais.


Os cangaceiros foram derrotados depois de uma hora de combate, não mataram ninguém e perderam um cangaceiro na hora e outro, o temível Jararaca, foi ferido e capturado logo depois. Acabou assassinado pela polícia local no dia 20 de junho e o mais interessante foi que seu túmulo tornou-se um local de peregrinação religiosa popular.

Lampião sofreu a sua mais terrível derrota, comentou que “Cidade com mais de quatro torres de igreja não é para cangaceiro”. Sem conhecer o seu tamanho e a sua capacidade de defesa, acabou enganado pela promessa de Massilon de pouca resistência e muito dinheiro.

O seu ataque a Mossoró causou repercussão em todo país, sendo noticiado em muitos jornais, foi um verdadeiro choque, que impulsionou ainda mais a sua fama. Mesmo já sendo bem conhecido e frequentador de jornais cariocas, foi a partir deste episódio que o seu nome ficou muito conhecido no sul do país.

Após a derrota em Mossoró, o bando em Limoeiro do Norte-CE

Após fugir do Rio Grande do Norte, para onde nunca mais voltou, o bando seguiu para o Ceará, aonde pensavam que estariam protegidos e foram implacavelmente perseguidos. O mesmo ocorreu na Paraíba e em Pernambuco. Em 1928 cruzou o Rio São Francisco e conseguiu uma sobrevida de mais dez anos, praticando atrocidades na Bahia, Alagoas e Sergipe, aonde foi morto, com a sua companheira Maria Bonita, na Grota de Angico.

Aqui vemos o caminho ainda original da passagem dos cangaceiros, no sentido de quem segue para a cidade de Governador Dix Sept Rosado

Para a população de Pedra de Abelha, sempre que as notícias sobre Lampião surgiam, voltava as lembranças dos medos e aflições de junho de 1927. Com a sua morte (1938) e o desbaratamento do cangaço (1941), passa a existir um alívio intenso nesta população. Com o passar dos anos, ocorre o desaparecimento das vítimas sobreviventes dos atos cruéis dos cangaceiros e muitos dos descendentes destas vítimas deixam a região, emigrando para grandes centros. Falar sobre os fatos da época do cangaço deixa de ser um tabu. A partir dos anos 60, o mito deste cangaceiro o torna um dos personagens históricos mais famosos da cultura popular brasileira, aonde muitos lugares do País Lampião é encarado como símbolo de nacionalidade e o cangaço como um expoente de luta da cultura e do povo nordestino.

Para conhecer as cavernas de Felipe Guerra, muitas vezes devido a localização, só acampando para facilitar. Foto – Solon R. A. Netto

Apesar de possuir potencial turístico, em Felipe Guerra, a exploração das cavernas só é feita de âmbito científico e, assim, não existe estrutura alguma para a prática do chamado espeleoturismo. Quem quiser conhecer essas maravilhas, só participando de algum grupo de espeleologia ou então se aventurando naquelas cavernas de mais fácil acesso.

Como chegar a Felipe Guerra: A partir de Natal, pegar a BR-304 até Mossoró, seguida da BR-405 e RN-032. Contato: (84) 3329-2211 (Prefeitura de Felipe Guerra)

Bibliografia:

FERNANDES, Raul, A MARCHA DE LAMPIÃO, ASSALTO A MOSSORÓ. 3 ed. Natal, Editora Universitária, 1985.
NONATO, Raimundo, LAMPIÃO EM MOSSORÓ. 5 ed. Mossoró, Coleção Mossoroense, Fundação Vingt-Un-Rosado, 1998.
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira, HISTÓRIA DO CANGAÇO, 4 ed. São Paulo, Global Editora, 1991.
CHANDLER, Billy Jaynes, LAMPIÃO, O REI DOS CANGACEIROS, Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1980.
FACÓ Rui, CANGACEIROS E FANÁTICOS, GÊNESE E LUTAS, 7 Ed. Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 1983.
PERNAMBUCANO DE MELLO, Frederico, QUEM FOI LAMPIÃO, Recife, Editora Stahli, 1993.
DELLA CAVA, Ralph, MILAGRE EM JUAZEIRO, Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1976. 

Extraído do blog: "Tok de História" do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros

http://tokdehistoria.com.br/2014/08/29/as-belas-cavernas-de-felipe-guerra-e-a-passagem-de-lampiao-e-seu-bando/

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Disse Lampião na cidade de Capela enquanto estava com Enedina prostituta


"Esse quarto não cabe a metade dos cabras safados que meu punhal sangrou".

Lampião com a prostituta no quarto dela na cidade de Capela, no Estado de Sergipe, no dia 25 de Novembro de 1929, dizia isto por ser um quarto pequeno.

Fonte: facebook

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Lampião em Capela com "Enedina", a prostituta.


"Se o cumerço (comércio) tivesse (estivesse) aberto, iria comprar para voçe (você) um vestido de seda e um bom perfume".

Lampião com a prostituta Enedina, depois de tê-la, na cidade de Capela, no Estado de Sergipe no dia 25 de Novembro de 1929. Nesse período Lampião ainda era solteirão, ainda não estava em companhia de Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita.

Fonte: facebook

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Frei Damião não aceitava mãos de fiéis sobre sua cabeça

Por José Mendes Pereira
A foto pertence ao acervo do Raimundo Nunes

Frei Damião não aceitava mãos de fiéis sobre a sua cabeça, mas não era por orgulho, e sim porque aumentava o problema da sua escoliose. 

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Lembro-me que na década de 70, em uma das suas missões em Mossoró, à noite, no lago da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no grande Alto da Conceição, a fila de fiéis era enorme, e quando chegou a minha vez de ser abençoado pelo frei Damião, coloquei a minha mão sobre a sua cabeça. De repente com a sua mão, frei Damião tirou a minha mão que estava sobre a sua cabeça dizendo-me:

 "-Não ponha a sua mão sobre a minha cabeça!". 

Eu estranhei aquela atitude do religioso, vez que ele era e é considerado um verdadeiro santo entre os homens do nordeste brasileiro e de outras regiões do chão do Brasil.

Mas, posteriormente, não sei se era verdade, falaram-me que ele tinha sido advertido por um médico que tratava da sua escoliose, que não deixasse ninguém colocar a mão sobre a sua cabeça, porque aumentava mais ainda o problema. 

De fato! Uma, duas mãos sobre um corpo, não afeta. Mas milhares de mãos, mesmo uma de cada vez, na sequência, tem que pesar, e isso faz com que prejudique mais ainda o corpo que tem escoliose.

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Lampião com a prostituta em Capela - Sergipe


"Deixe a porta de frente e do fundo aberta. 
Se aparecer macaco por uma, ou outra, tenho que sair pro cima deles."

Lampião com a prostituta Enedina na cidade de  Capela, no Estado de Sergipe, no dia 25 de Novembro de 1929, quando entrou no pequeno quarto dela que tinha duas portas.

Fonte: facebook

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O CANGAÇO - O TROPHÉU NO TEMPO DE LAMPIÃO

Por Leonardo Mota

Zé Pinheiro, o celebérrimo facínora que tão sinistramente se afamou na sedição de Juazeiro contra o presidente Franco Rabello, era um cangaceiro perversíssimo, autor de dezenas de homicídios bárbaros. 


O seu renome se fez no período que mediou entre o obumbramento da estrella de Antônio Silvino e o fulgor infernal da triste glória de Lampião.


Conheci-o pessoalmente em Abril de 1914, quando a jagunçada do Padre Cícero passava pela cidade de Quixadá (Ceará). Acabou martyrizado nos sertões alagoanos por uns rapazes, cujo pae fôra por elle assassinado.

Romeiros e jagunços de Padre Cícero Romão Batista - oberronet.blogspot.com

Essa vingança foi terrível: convenientemente amarrado, não lhe deram pancadas nem tiros – esfolaram-no vivo, supplicio que o bandido supportou, rilhando os dentes e sem a humilhação do inútil pedido de misericórdia.

Quando Zé Pinheiro morava nos domínios do Padre Cícero, vivia também, a esse tempo, em Joazeiro, o Antônio Godê, outro cangaceiro famoso. O Godê era mais valente que Zé Pinheiro: este tinha apenas mais perversidade .

Incomodado com a fama do rival, Zé Pinheiro bravateou, um dia, que ainda havia de mostrar ao Godê quem dos dois era o homem mais homem. A ameaça chegou aos ouvidos de Antônio Godê que, sem dizer palavra, saiu ao encontro daquelle que assim jurara despachal-o, antes de tempo, deste para outro mundo. Encontrou-o a beber cachaça e a contar proezas, num quarto de feira. Approximando-se bateu-lhe levemente no ombro e pediu em tom camaradesco:

- Zé Pinheiro, meu cabôco, deixa eu ver a fralda de tua camisa!

- Que negócio é esse, Antônio Godê?

- Nada. É uma brincadeira, uma caçoada que eu quero te ensinar...

E, dando o exemplo poz para fôra das calças a camisa. Zé Pinheiro fez o mesmo e o Godê, dando forte nó com ambas as peças de roupas, falou, noutro tom:

- Agora que nós “estamo” amarrado um no outro e nenhum de nós pode correr, bate mão a sua faca, cabra severgonha, que chegou a hora se de decidir quem de nós dois é o home mais home!

E já empunhando a sua pajehuzeira, deu vários pannos no peito e no rosto do bandido acovardado, que não teve coragem de saccar o punhal e se desmanchou em desculpas e protestos de amizade. Cansado de o provocar, Antônio Godê, falou com desprezo:

- Eu não te mato, mundiça, porque cabra frouxo como tu um home como eu inzempla é assim como eu fiz agora. Mas olha: tu larga meu nome de mão, deixa de paléio com minha vida, senão eu te arranco o coração pelas costas! Tu cuida que eu não sou o negro Quintino, que se o Padre Cisso não chega tão depressa, tu tinha comido a língua do cadáver delle crua e com cachaça!

E poz termo a estranha xyphopagia, cortando com certeiro golpe de faca a união que ardilosamente conseguira para o duello mortal. Mas, cortando como? Por derradeiro escarneo, cortando do lado da camisa do Zé Pinheiro e pondo para dentro das calças, como trophéo, o nó cego que fizera...

Obs: Texto original acompanhando a ortografia utilizada na época.

Fonte principal: ?
Material encontrado no: facebook
Na página do pesquisador: Geraldo Júnior

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sábado, 30 de agosto de 2014

O ESPÓLIO DE "LAMPIÃO" E CANGACEIROS


O ESPÓLIO DE "LAMPIÃO" E CANGACEIROS

Após a morte de Lampião e mais 10, lá na Grota do Angico, no Estado de Sergipe, em 28 de Julho de 1938, muitos armas (punhais, fuzis, facão), objetos, joias, dinheiro, ouro, foram arrecadados por policiais, comandantes e, autoridades.


O comandante geral da polícia de Alagoas à época, Coronel THEODURETO CAMARGO NASCIMENTO, oficial do exército, ao morrer num apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, tinha em seu acervo: UM LENÇO DE SEDA COM FLORES BRANCAS, que pertenceu a Lampião, além de vários punhais. Foto acima.

Fonte principal: Jornal "O GLOBO"

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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O AMIGO DA TERRA

Por Rangel Alves da Costa*

O verdadeiro sertanejo sequer gosta de se afastar de sua casa, de seus arredores. A vida na cidade lhe parece estranha, insuportável, aterradora. Por isso não vê a hora de terminar suas compras, enganar o aió e embornal e pegar a estrada. Vereda espinhenta que o levará ao paraíso.

Dinheiro pouco, contado, comprou quase nada. Um pedaço de fumo, bala doce pra meninada, um corte de chita pra mulher, uma garrafa de pinga e as encomendas da cozinha sertaneja. Pouca coisa também, apenas um tico disso e daquilo. Arroz, farinha, açúcar, café, sabão em pedra, sal, colorau e tempero. E também um quilo de carne com osso, um quilo de bucho e outro de tripa.

Sabe que é pouco pra tanta boca, mas também sabe que fome de entristecer ninguém passa. Verdade que não há mais caça como antigamente, sequer o preá e a nambu são avistados pelas matarias. O jeito que tem é de vez em quando puxar no cangote de uma galinha e botar na panela. Galinha sempre gorda, criada ciscando à solta, é garantia de comida na mesa por dois dias.

A secura do lugar onde mora não permite a criação de porco, pois o bicho não ia engordar sem resto de comida, água pra se lambuzar e lama pra focinhar, mas possui quatro ou cinco cabeças de bode. Matar pra consumo próprio de jeito nenhum. A esperança é que ganhem uns quilinhos a mais para serem vendidos. Mas dinheiro pouco entra no bolso e sai pela mão.

Não vive contente com a pobreza, logicamente que não. Mas olha ao redor e avista situação muito pior, coisa de cortar coração. Nunca há fartura no prato, mas também não amarga o sofrimento de ter filho chorando de fome. E choro assim é ouvido de palmo a palmo, de lado a outro no seu sertão.


Pelas vizinhanças barriga cheia só do barro escavado da tapera, panelas e pratos vazios e olhares chorosos e entristecidos. Menino correndo atrás de calango para atirar na brasa e saborear, pai de família em tempo de endoidar. Sabugo de mandacaru novo até que é não é ruim, mas tudo seco, esturricado de vez.

Tudo isso acontecendo ao redor. E bem que podia ser com sua família. Dá uma vontade danada de chorar, e chora mesmo. Só que transfere as lágrimas e o sofrimento para o velho berrante. É assim que ao entardecer o berrante ecoa por aquelas paragens, chorando pelos seus irmãos de chão.

Tudo faz para mostrar força diante de tudo. Mas sofre na vida, sofre quando avista a terra seca e sem nenhum pé de pau verdejante, sofre quando a nuvem de chuva vai se dissipando ainda ao longe. O mesmo sofrimento de todos ao redor, a mesma dor suportada por todos.

Mas não arreda pé dali de jeito nenhum. Ali nasceu e ali há de morrer. Ali sua existência, sua razão de lutar pela vida, sua esperança sempre renovada na fé. A mulher se ajoelha perante o oratório, ele retira o chapéu do lado de fora, olha para o céu sertanejo e conversa com Deus: Olhai pra esse povo pobre do sertão, meu Senhor Jesus Cristo. Com as forças de Deus e do Frei Damião e do Santo Padim Padim Ciço, tudo ai de melhorar. E vai!

Não é outro senão a própria terra. Terra e homem se misturam num só, numa entranha inseparável. Ele o grão, a semente, a esperança de fruto que precisa enraizar. Ela o leito que acolhe, que mesmo esturricada cativa e afaga o seu filho. Homem cheirando a terra, terra com feição de sertanejo. E nada sobrevive quando lhe retira o coração.

Por isso mesmo que é tão amigo da terra, tão dependente dela pra tudo. Descalço caminha pela sua secura e sente a carícia do espinho, eis que as flores já estão diante do seu olhar. Tudo seco, fumaçando, mas é como se toda vastidão sertaneja fosse um jardim. E ele o jardineiro prometendo à planta morta que amanhã tudo será diferente. Tudo será melhor.

Amanhã talvez não. Mas um dia será. Com fé em Deus, em Frei Damião e no Santo Padim Padim Ciço.

Poeta e cronista
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Lampião na Zona em Capela - Sergipe


"Não pegue em nada, nas minhas armas, e nesse borná só pode se pegar depois de morrê Lampião"

Lampião com a prostituta Enedina no seu quarto, em Capela, no Estado de Sergipe, no dia 25-11-1929, quando ele foi tirar as coisas pra matar seus desejos com ela, e ela foi ajudá-lo. 

"De pé: Ezequiel, Calais, Fortaleza, Mourão e o menino Volta Seca. Sentados : Lampião, Moderno, Zé Baiano e Arvoredo". - http://portaldocangaco.blogspot.com

Ficando ele só camisa de meia, e alpercatas, deixando seu fuzil e punhal ao alcance de pegar. A poucos metros de cada porta do pequeno quarto, pelo lado de fora, Moderno e Arvoredo protegiam seu chefe.

Fonte: facebook

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O mais novo livro sobre o cangaceiro Jararaca


O mais novo livro sobre o cangaceiro JARARACA
Autor: Marcílio Lima Falcão

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Marcílio Lima Falcão

Marcílio Lima Falcão é professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), mestre em História Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e atualmente faz doutorado em História Social na Universidade de São Paulo (USP). Suas principais áreas de pesquisa são a História Social da Memória, Religiosidade e Movimentos Sociais no Brasil Republicano.

Enviado pelo poeta, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueana Kydelmir Dantas.

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O CANGACEIRO CORISCO ENTRE A VIDA E A MORTE

Foto do ano de 1940, em que aparece o famoso cangaceiro Corisco em seu leito de morte

O cangaço - o fim do cangaceiro. O surgimento da lenda.

Corisco era o apelido do cangaceiro Cristino Gomes da Silva Cleto (10 de agosto de 1907, Água Branca - Alagoas, 26 de maio de 1940, Jeremoabo - Bahia). Foi casado com Sérgia Ribeiro da Silva, alcunha de "Dadá". Corisco era também conhecido como Diabo Loiro.

MORTE

Em 1940 o governo Vargas promulgou uma lei concedendo anistia aos cangaceiros que se rendessem. Corisco e sua mulher Dadá decidiram se entregar mas, antes que isso acontecesse, foram baleados. O cerco contra o cangaceiro e seu bando foi no estado da Bahia, na cidade de Miguel Calmon, em um povoado denominado Fazenda Pacheco.

Corisco repousava em uma casa de farinha após almoçarem. O ataque foi comandado pela volante do Zé Rufino, juntamente com o Tenente José Otávio de Sena.

Dadá precisou amputar a perna direita e Corisco veio a falecer naquele mesmo ano, ou seja no dia seguinte, em 26 de Maio de 1940. Com as mortes de Lampião e Corisco, o cangaço nordestino enfraqueceu-se e acabou se extinguindo.

Corisco foi enterrado, no cemitério da consolação em Miguel Calmon, na Bahia. Depois de alguns dias sua sepultura foi violada, e seu corpo exumado tempo depois.

Seus restos mortais ficaram expostos durante 30 anos no Museu Nina Rodrigues ao lado das cabeças de Lampião e Maria Bonita, até ser definitivamente sepultado juntamente com seus restos mortais que foram recentemente cremados por seu filho, o economista Dr. Silvio Bulhões.

Comentários dos pesquisadores e amantes do tema Cangaço

O pesquisador Beto Maia disse:


"Muito triste que isto aconteceu, pois este tal de Zé Rufino foi mesmo para matar. Mas acho que se tivesse acontecido uma boa conversa, na minha opinião,  não precisaria ser desta forma".

A pesquisadora Cleoneide Braga também falou a respeito das maldades contra o cangaceiro Corisco:


"Entendi que sua morte se deu, quando, ainda, vivia em bandos. Será que seu assassino queria se promover?"

O escritor Sousa Neto deu sua opinião sobre o assunto em pauta:


"Zé de Rufina" o sanfoneiro que foi convidado a entrar no cangaço pelo próprio Lampião por três oportunidades e se recusou. Optou por entrar nas volantes, pois se apropriar dos pertences dos cangaceiros era para ele mais vantajoso e de certa forma "legal. 

A sua perseguição a Corisco foi para ficar com o dinheiro e ouro que o mesmo conduzia. Após "a campanha" como ele mesmo cita, comprou umas fazendinhas em Jeremoabo-BA".

Já a pesquisadora Francimary Oliveira reforçou o que opinou o escritor Sousa Neto:


"O Zé Rufino ainda poupou a vida de Dadá, o que interessava mesmo era os "pertences" de Corisco".

Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior

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