Seguidores

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Moção Honório de Medeiros

Por: Wescley Rodrigues
Kiko, Wescley, Juliana e Narciso

Caros(as),

Abaixo segue a moção de apoio do pesquisador Honório de Medeiros em prol do restauro da casa grande do sítio Jacu.

Cordialmente

Prof. Wescley Rodrigues


Natal – RN, 09 de julho de 2013.

Caros senhores,

Se torna desnecessário apresentar uma longa digressão acerca da necessidade da restauração e tombamento da Casa do Sítio Jacu, assim como da necessidade da criação do Museu do Cangaço em Nazarezinho.
            
O fundador da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), disse, por mim, tudo quanto eu gostaria de expressar acerca desse assunto.
            
Acrescento, apenas, algo muito particular constatado por mim, na condição de quem passou pelo serviço público em cargos de ponta tanto em nível federal, quanto estadual ou municipal, se me é permitida essa imodéstia, qual seja que nada é tão relevante, no sentido de firmar o nome do gestor público para o presente e a posteridade, quanto seu compromisso com a cultura.
            
As obras passam e deixam no ocaso, em curto espação de tempo, aqueles que as empreenderam. A cultura, entretanto, é algo vivo, dinâmico, que se recicla e perpetua, sem deixar de expressar, em todos os seus instantes, os nomes dos que a ela se dedicaram.
            
Não por outra razão na Europa e nos Estados Unidos há grandes museus, galerias, festivais de arte e música com o nome de seus instituidores, permanentemente lembrados pelo ávidos consumidores de cultura - algo muito próprio dos dias atuais.
            
Então vamos nos dar as mãos e construir cultura para a história, construindo história para a cultura.

Prof. Me. Honório de Medeiros
Escritor e Advogado

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
Wescley Rodrigues

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CANGAÇO - III (Artigo)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

  
Nesse passo, não há que se negar que a rebeldia cangaceira se manteve atuante por tanto tempo, com as vitórias e reveses próprios de toda luta, porque teve a colaboração de uma rede de poder então estabelecida. Eis que o cangaço foi amigo do coronel, do latifundiário, da autoridade política, de gente com grande influência no sistema dominante. E dizem que até mancomunado com o seu algoz perseguidor, que era a volante, através de seu comando. Daí o seu poder de continuidade de luta em situações tão adversas e em meio tão inóspito.

O cangaço, pois, principalmente o bando de Lampião, foi auxiliado por gente muito poderosa. Inegável que o Capitão possuía uma rede de influência de inestimável valia. O próprio Padre Cícero Romão, o Padim Ciço de Juazeiro, havia, em nome da Guarda Nacional e com a pretensão de combater a Coluna Prestes (o que jamais aconteceu), lhe outorgado a patente que ostentava. Mantinha contatos, através dos seus amigos coronéis, com as lideranças governamentais e políticas. Não se pode negar que o poder também agia com cumplicidade na questão cangaceira.


Logicamente que era uma relação das mais perigosas, entremeada de falsidades e delações, num verdadeiro jogo de proteção e espionagem. Mas nem todos agindo com traição, ainda que muitos fizessem o jogo duplo. Na verdade, Lampião possuía um pacto tão forte com a oligarquia que bastava enviar uma missiva por um dos coiteiros e tudo o que desejava era providenciado. Quando a coisa era pouca, logo chegava um carregamento de armas e munições, dinheiro vivo e tudo mais que o bando precisasse. Mas se a urgência era pra resolver problema maior, então o coronel passava a interceder perante as outras autoridades.

Não há como pensar diferente. O grupo comandado por Virgulino não era pequeno e nem vivia sempre escondido nas brenhas sertanejas, de modo que não pudesse ser encontrado e dizimado pelas forças policiais. Por mais que trilhassem veredas de difícil descoberta, certamente que os seus perseguidores conheciam seus coitos e esconderijos. Neste aspecto, também se diga que o sertanejo amedrontado também delatava o bando. Havia os amigos fiéis e as falsidades em cada canto.

Desse modo, se o bando de Lampião, por exemplo, não teve o seu fim antecipado, isto se deve à proteção que possuía das autoridades e poderosos. Ora, numa estrutura hierárquica de mando, bastava que um coronel dissesse que na sua região não admitia perseguição ao bando do Capitão que toda força policial freava o seu passo. Sem esquecer também da possível amizade havida entre o líder perseguidor e o líder dos perseguidos. Acho tal hipótese pouco provável, principalmente diante do ocorrido em Angico naquela madrugada sangrenta. Mas enfim.

No conceito do cangaço, entretanto, certamente seria descabido afirmar acerca do cotidiano da luta por entre veredas espinhentas, em meio às armadilhas da mataria, debaixo da lua bonita e do sol inclemente. A vida cangaceira em si era muito mais difícil do que se possa imaginar. É fantasioso pretender caracterizar um cotidiano de perseguições, ataques, defesas, contra-ataques, temores, absoluta vigilância e desconfiança de tudo, como algo romântico e atrativo. Muito pelo contrário, a realidade vivenciada era de extremo espanto, ainda que a vida de vez em quando encontrasse espaço para a cantiga matuta, a celebração da existência e os amores escondidos.

Mas até quando iria essa luta inglória? Até quando o bando de Lampião continuaria, ao modo do preá e do bicho afoito do mato, correndo de lado a outro, trilhando veredas catingueiras e fugindo das arapucas para sobreviver? Muitos estudiosos afirmam, e também vejo como verdade, que o Capitão já estava cansado disso tudo. Não desistido, não derramado o balaio de sonhos impossíveis, mas simplesmente compreendido que já estava na hora de descansar. Talvez de vez em quando olhasse para os seus, para os tantos meninos e meninas ainda na flor da idade, e pensado quanto era injusto e cruel continuar naquela vida de contínuo desassossego. Era demasiada inquietação em tudo que se fazia. Um sofrimento infindo.

Talvez também o Capitão soubesse que jamais sairia vivo da mata sertaneja, que jamais poderia ter outra vida senão de arma na mão, de olho atento à moita adiante, na desenfreada correria pela sobrevivência. E, se assim pensou, também percebeu que não adiantava mais sair de um refúgio a outro. Pressentindo que o seu fim estava próximo, vez que os céus sertanejos pressagiam as coisas da vida e da morte, ali na Gruta do Angico permaneceu esperando a vela ser acesa. Foi acesa, deu estampidos e se apagou. E também o Lampião.

Mas voltemos ao problema da justa e abrangente conceituação do cangaço. Foi dito que a conceituação deve envolver alguns aspectos essenciais para a compreensão do seu contexto. Apontei, dentre outros fatores, algumas premissas que devem ser observadas, e que foram o fato gerador ou o ponto de nascedouro do cangaço, as motivações para o seu surgimento e existência, e, por último, o seu significado no contexto histórico brasileiro.


Do mesmo modo, foi observado que o fato gerador foi a eclosão no sertanejo de sua força de indignação e revolta. Chegou ao ponto de insuportabilidade, e daí em diante se deu o início da luta armada. Contudo, foram as motivações que levaram à insuportabilidade. E tais motivações foram apontadas como sendo, dentro outras,  as perseguições, as injustiças sociais, rixas particulares e indignações contra o sistema estabelecido. Por último, na tentativa de estabelecer o seu significado, foi dito que o cangaço, diante das relações que manteve com o poder, alcançou a relevância histórica que mantém até hoje.

Mas se não foi nem movimento nem fenômeno, o que teria sido o cangaço? Se não deve ser caracterizado como banditismo nem como um reles covil de brutais assassinos, qual a melhor feição a lhe ser dada? Difícil asseverar com precisão, mas creio que uma insurgência armada levada adiante por rebeldes sertanejos contra o sistema estabelecido. Tanto diante do poder pessoal, gerador de disputas internas, como do poder governamental. Este injusto e escravizador.

Mas que não se tenha como conceito. Esta missão confiarei aos estudiosos e pesquisadores. Sou incapaz de fazê-lo com precisão. Sou apenas um matuto de Poço Redondo, filho de um caipira também de lá, de Alcino Alves Costa, o Caipira de Poço Redondo. Este sim, este soube refletir e analisar com maestria o mundo cangaceiro.

(*) Meu nome é Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou autor dos seguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e "Evangelho Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas Sertanejas" e "O Livro das Palavras Tristes"; contos em "Três Contos de Avoar" e "A Solidão e a Árvore e outros contos"; poesias em "Todo Inverso", "Poesia Artesã" e "Já Outono"; e ainda de "Estudos Para Cordel - prosa rimada sobre a vida do cordel", "Da Arte da Sobrevivência no Sertão - Palavras do Velho" e "Poço Redondo - Relatos Sobre o Refúgio do Sol". Outros livros já estão prontos para publicação. Escritório do autor: Av. Carlos Burlamaqui, nº 328, Centro, CEP 49010-660, Aracaju/SE.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 
http://mendespereira.blogspot.como
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com

MOÇÃO ANA PAULA

Por: wescley Rodrigues
Wescley Rodrigues

Caros amigos(as),

Segue em anexo a moção de apoio da pesquisadora Ana Paula, em prol do tombamento e criação do museu do cangaço na cidade de Nazarezinho.

Atenciosamente

Prof. Wescley Rodrigues

Juazeiro do Norte, Ceará, 09 de julho de 2013

Exmº. Sr. Prefeito Salvan Mendes e vereadores
Do município de Nazarezinho, Estado da Paraíba,

Na contemporaneidade mais do que nunca devemos fazer com que a história do cangaço seja difundida, haja vista, este foi um dos períodos mais conturbados da história do Nordeste brasileiro. Falar do cangaço é expressar nossa cultura, pois o legado cultural deixado por homens e mulheres dos sertões nordestinos é enorme. De modo algum o cangaço foi apenas violência. Do cangaço herdamos a indumentária do homem valente que enfrenta as adversidades dos sertões; herdamos a música e a dança; herdamos a medicina popular; herdamos uma culinária típica do nosso Nordeste; herdamos a ousadia de homens e mulheres que desafiaram as estruturas de uma sociedade patriarcal, coronelística, elitista, paternalista e acima de tudo desigual.


O cangaço faz parte de nossas vidas, representando nossa própria identid ade, sendo assim não podemos deixar à margem uma história de tamanha relevância. É imprescindível conhecermos cada vez mais o legado dos cangaceiros que a seu modo fizeram “justiça”. Mais do que nunca é fundamental nos debruçarmos sobre a história do cangaço que sem dúvida alguma ainda possui muito a ser desvendado. Nos quatros cantos do Nordeste o cangaço se fez presente e com bastante peculiaridade cada estado desta região tem um legado cultural e histórico a ser contado através das inúmeras temáticas abordadas pelos mais diferentes pesquisadores. Sejam historiadores, sejam antropólogos, sejam economistas, sejam sociólogos, sejam geógrafos, todos buscam trazer à tona a história intrigante do cangaço.


Desta maneira, o estado da Paraíba não pode ficar à margem e, por isso é crucial o tombamento da casa do cangaceiro Chico Pereira, localizado no Sítio Jacu, no município de Nazarezinho, no estado da Paraíba. Além do tombamento desta valiosa casa é necessária ainda a construção de um museu para tornar a história do cangaço ainda mais conhecida, admirada e, consequentemente levar um número maior de pesquisadores a escrever sobre esta dinâmica história, a qual mesmo de depois de tantos anos continua chamando nossa atenção. Com o tombamento e a construção do museu o município de Nazarezinho só tem a ganhar com o turismo-histórico-cultural que irá crescer significativamente, isto sem falar no maior e mais importante aspecto que é o conhecimento aprofundado da história do cangaço no estado da Paraíba, legando a nossos jovens o ingresso em cursos universitários tais como: história, geografia, sociologia, letras, artes, entre tantos outros. Portanto, pedimos aos Podres Executivo e Legislativo municipal de Nazarezinho, localizado no estado da Paraíba que se sensibilizem com esta causa que é mais do que justa!


Saudações,
Ana Paula Monteiro Martins
Graduada em História pela Universidade Regional do Cariri-URCA Especialista em História do Brasil/ URCA
Pesquisadora do Coronelismo nas cidades de Crato e Juazeiro do Norte, Ceará.


Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço: 
Wescley Rodrigues

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Iniciativa do professor Wescley Rodrigues

Por: Antonio José de Oliveira
Antonio José de Oliveira

Caro Mendes:

Como registrei anteriormente (e que você atenciosamente postou), a iniciativa do jovem professor 

Wescley Rodrigues, Paulo Gastão e a professora Ana Lúcia

Wescley Rodrigues com referência ao tombamento e reforma da velha casa de Chico Pereira, é de grande importância, não para fazer apologia à violência, como ele mesmo deixou claro, mas para não ficar no esquecimento os fatos ocorridos nas nossas terras sertanejas.

Veja que outros grandes pesquisadores estão dando apoio à iniciativa, e creio que o ilustre prefeito e a  câmara de vereadores da Cidade de 


Chico Pereira vão sensibilizarem-se e atender a solicitação desses estudiosos do cangaço. Cangaço esse, que não queríamos que acontecesse, mas como diz o escritor Rangel Costa, os fatores foram muitos para o surgimento do fenômeno - cangaço.

Grato,
Antonio José de Oliveira
Povoado Bela Vista - Serrinha - Ba.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Baseado na saga de Zé de Julião...

“Aos Ventos que Virão” será lançado hoje em Sergipe


Sinopse: Poço Redondo, 1938. A pequena cidade do interior de Sergipe entra inadvertidamente para a história como o palco da morte de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião. Junto com ele, morrem também o Cangaço e toda uma era da História do Brasil. E inicia-se a perseguição dos cangaceiros remanescentes, agora sem líder, nem direção.

Zé Olímpio (Rui Ricardo Diaz) é um destes cangaceiros. Ele sabe que não terá um minuto de paz enquanto o Sargento Isidoro (Edlo Mendes) estiver em seu encalço. Para ele, a única saída é abandonar a fazenda de sua família e tentar vida nova em São Paulo. Ao lado da esposa Lucia (Emanuelle Araújo) , Zé Olímpio engrossa o coro dos milhões de nordestinos que migram para o sudeste brasileiro e conseguem umemprego na construção civil.

Agora, Zé Olímpio começa outras lutas. Contra o preconceito, o subemprego e a intolerância. E onde a construção de Brasília pode despontar como uma nova esperança.
Esperança que o leva a entrar na política e viver as consequências da fragilidade de nossas instituições que fazem da justiça um mero sonho voltado… aos ventos que virão.

Com duas datas já programadas para a pré-estreia e lançamento em Sergipe, “Aos Ventos que Virão” (direção e roteiro de Hermano Penna) será exibido em Aracaju e no município de Poço Redondo nos dias 10 e 11 de julho, respectivamente.  Em Aracaju – o lançamento acontecerá no Cine Vitória, às 19h e no município de Poço Redondo, será realizada na Praça de Eventos, às 20h.

Além da presença do diretor Hermano Penna, estão confirmados: o ator Rui Ricardo Diaz (que faz o papel de Zé Olimpio e também protagonizou o personagem principal em Lula, O Filho do Brasil ); a atriz Emanuelle Araújo (no papel de Lúcia, esposa de Zé Olímpio); Luiz Miranda (como Nêgo de Rosa); Orlando Vieira (como Zé de Antão) além de membros da equipe que ajudaram na realização do filme.

O filme que teve diversas cenas gravadas no sertão sergipano e trata da trajetória do ex-cangaceiro “Zé Olímpio”.  O diretor que tem intimidade com as paisagens e histórias dos sertões e interior Brasileiro – um dos seus clássicos “Sargento Getúlio” também foi filmado Sergipe adentro – considera importante lançar o filme não só em Aracaju como  no município de Poço Redondo, pois será um retorno a toda comunidade que participou do filme.  O personagem central da trama, Zé Olimpo, migra para São Paulo após sobreviver ao cangaço e depois de um tempo decide entrar para política. O contexto do filme nas décadas de 40 e 50 marca também a construção de Brasília e as esperanças que eram provocadas no imaginário popular. A película conta ainda entre elenco diverso como Edlo Mendes (no papel de Sargento Isidoro); Gideon Rosa (Filemon) e  atores sergipanos.

 
Rui Ricardo Dias na pele do cangaceiro "Cajazeira".

Um mosaico de memórias e histórias escutadas  em andanças pelo universo do sertão.  Essa é apenas uma das possíveis definições do diretor Hermano Penna para “Aos Ventos que Virão”. E um desses fragmentos tem no cerne na história do ex-cangaceiro Zé de Julião.

Trechos de uma entrevista com Hermano Penna:


Aquela primeira pergunta que todos fazem: Como surgiu a ideia do filme “Aos Ventos que Virão”?´

Hermano Penna – A primeira ideia de fazer este filme eu tive quando comecei a realizar “A Mulher no Cangaço”, em Poço Redondo, isso em 1976. Foi quando conheci o historiador Alcino Alves, que me contou a história de um certo Zé de Julião, que foi o cangaceiro Cajazeira, do bando de Lampião, subgrupo do bando de Zé Sereno.

Trata-se de uma história oral, que na época não constava em nenhuma literatura. Ele e Enedina, sua mulher, formaram o único casal legalmente casado da história do Cangaço. Zé de Julião era filho do maior fazendeiro da região e Poço Redondo, alto sertão sergipano, o que derrubou de uma vez por terra a tese que o Cangaço era apenas um fenômeno das camadas pobres e do pequeno lavrador revoltado. Hoje sabemos que tinha até neto de barão entre os cangaceiros.

Após a tragédia de Angicos (na qual morreram Lampião, Maria Bonita, e outros cangaceiros, inclusive Enedina) e o fim do cangaço, Zé de Julião sai do cangaço e vai retomar a vida. Mas por ódio, por vingança e pelo ouro que os cangaceiros haviam amealhado, ele passa a ser perseguido. Foge para o Rio de Janeiro, e mesmo sendo letrado – fato raríssimo em todo o Cangaço – vai trabalhar na construção civil. Primeiro como ajudante de pedreiro, depois como mestre de obras e por fim como um pequeno empreiteiro. Retorna ao sertão para assumir a herança deixada pelos pais. Com o tempo engessa na política e vive intensamente suas contradições.


O seu personagem, Zé Olímpio, é baseado neste Zé de Julião?

Hermano Penna – Num primeiro momento era, mas com o tempo foram feitos tantos tratamentos de roteiro que hoje, no máximo, podemos dizer que alguns episódios do filme são fatos reais, e apenas alguns deles vividos por Zé de Julião. “Aos Ventos que Virão” é um mosaico de lembranças pessoais e de muitas histórias escutadas em andanças e vivências. A do Zé de Julião é apenas uma destas histórias.

Só para dar uma ideia, o primeiro tratamento de roteiro foi aprovado pela Embrafilme em 1982. Fui fazendo vários tratamentos de roteiro, cada vez mais abandonando a história real de Zé de Julião, e cada vez mais incorporando as minhas próprias imagens, vivências e ideias do sertão. O filme é uma mistura de memórias… das minhas e das deste cidadão. Especificamente sobre o Zé de Julião, estou fazendo um documentário que vai se chamar “Muito Além do Cangaço”.

 

Mas o filme começa exatamente quando o Cangaço acaba. Não é um filme sobre Cangaço.

Hermano Penna – Exatamente, não é sobre o Cangaço nem sobre cangaceiros. Sempre evitei marcar o filme com símbolos visuais que o ligasse a um regionalismo tradicional, e principalmente ao Cangaço. O filme dialoga com o fracasso histórico de nossas instituições em construir uma ordem social que contemple, através da justiça para todos, a plena cidadania. Sei que só os mais atentos espectadores terão essa leitura do filme, mas creio também que é da opacidade da obra de arte que surgem as mais ricas e variadas leituras.

Os lançamentos contam com o apoio do Governo de Sergipe, secretarias de Estado da Comunicação e da Cultura e Banese.

Pesquei no: Portal Infonet
e no Blog do Filme

http://lampiaoaceso.blogspot.com