
Os dois
historiadores estiveram traçando um dos mais famosos Roteiros do Cangaço em
Paulo Afonso e demarcamos um dos mais famosos pontos da história em nossa
região.
Na Lagoa do
Mel colocamos uma cruz marcando o local da morte de Ezequiel e onde também
morreram 16 soldados.
PARA ENTENDER
UM POUCO MAIS DA HISTÓRIA SOBRE O LOCAL ONDE ESTIVEMOS E ONDE MORREU EZEQUIEL,
IRMÃO DE LAMPIÃO.....
Um dos mais
ferrenhos combates de Lampião na Bahia aconteceu em Paulo Afonso, no povoado
Baixa do Boi. Nesse confronto morreu, a principio, 16 soldados e
posteriormente, em fuga e perdidos, morreram mais 3 policiais.
O cangaço era
movido por tiroteios, mortes e ferimentos. Lampião foi grande estrategista e
astucioso, com uma grande capacidade de pressentir o perigo que constantemente
o rondava. O famoso cangaceiro vivia dividido entre os inúmeros combates e
mesmo tendo desenvolvido uma quase perfeita estratégia de segurança, contando
com o apoio dos numerosos coiteiros, tinha sempre a morte rondando seus dias e
sofreu consideráveis baixas em seu contingente. Entre seus maiores dissabores
ele sofreu trágicas perdas e ver alguns irmãos sucumbirem em combates sobre sua
proteção, foi doloroso. No campo de luta ele viu três irmãos morrerem. O
primeiro morto em combate foi o Livino ferreira da Silva, no abno de 1925, em
um tiroteio acontecido na fazenda baixa do Juá, próximo a cidade de Flores,
Pernambuco, com volantes paraibanas comandadas pelos sargentos José Guedes e
Cícero de Oliveira. Livino faleceu oito dias após esse tiroteio, com 29 anos de
idade.
O segundo
irmão a deixar o mundo dos vivos foi Antonio Ferreira, nascido em 1896 e morto
em janeiro de 1927, na fazenda poço do ferro, Tacaratu, Pernambuco, propriedade
do coronel Ângelo da Jia, em decorrência de um acidente ocasionado por Luiz
Pedro, que disparou sua arma acidentalmente atingindo o próprio amigo.
O terceiro
morto em combate foi Ezequiel Ferreira da Silva, o mais jovem irmão, nascido em
1908. Ezequiel passou a acompanhar Lampião em 1927, junto com o cunhado
Virgínio. Ele tinha o apelido de Ponto Fino, alcunha adquirida pela justeza do
seu tiro.
Sua morte
aconteceu em Paulo Afonso, Bahia, no povoado Baixa do Boi, terras pertencentes
na época a santo Antonio da Glória do curral dos Bois.
O tenente
Arsênio Alves de Souza chegou ás imediações do povoado Riacho com uma volante
composta por aproximadamente 20 soldados e tendo como guia os dois irmãos
Aurélio e Joví, que eram fugitivos da cadeia de Glória, preso pelo inspetor de
quarteirão, o senhor Pedro Gomes de Sá, pai da cangaceira Durvinha. A volante
chegou ao povoado riacho no dia 23 de abril de 1931, trazendo entre seu aparato
bélico uma metralhadora Hotchkiss. O primeiro contato do tenente no lugar foi
com Zé Pretinho e o jovem foi forçado a seguir com os policiais. Cruzaram o
terreiro de dona generosa Gomes de Sá, coiteira de Lampião e foram armar
acampamento na Lagoa do Mel, um tanque construído por Antonio Chiquinho.
Enquanto a
policia se preparava para passar a noite na lagoa do Mel, outras fontes
confiáveis de informações de Lampião se dirigiam para o povoado Arrasta-pé para
avisar ao Rei do Cangaço sobre a presença dos militares nas proximidades.
Lampião mandou avisar Corisco e Ângelo roque, que estavam arranchados bem
próximos e junto com eles combinaram um ataque aos soldados.
Ainda com o
escuro da noite, próximo ao amanhecer, Lampião recolheu alguns chocalhos com
Pedro Gomes e seguiu as veredas que davam a cesso a lagoa do mel.
No coito da
policia, prestes a amanhecer, o Zé Pretinho saiu com o intuito de pegar um bode
para fazer parte do desjejum de todos ali.
Com a
escuridão se transformando em luz, os soldados ouviram o tilintar de chocalhos
e imaginaram que seriam os bodes se aproximando para beber água (um dos
sobreviventes desse combate, o soldado José Sabino, ordenança do tenente,
relatou, anos depois, que realmente confundiram os chocalhos, achando que eram
alguns caprinos se aproximando para beber água na lagoa). Na verdade eram os
cangaceiros cercando o coito.
Despreocupados,
os policiais sofreram um forte e inesperado ataque, uma verdadeira chuva de
balas caiu sobre eles. Vários corpos caíram atingidos por balas mortais e
certeiras. A dificuldade encontrada pelos soldados foi que eles cometeram um
grande vacilo. A lagoa do Mel era rodeada por uma cerca de varas e eles haviam
dormido dentro do cercado. Quando eles tentavam transpor as madeiras se
transformavam em alvo fácil e caiam mortalmente feridos. Um exemplo dessas
mortes trágicas foi a do sargento Leomelino Rocha que morreu e ficou de pé
pendurado nas madeiras. Em um dos bolsos desse sargento lampião encontrou um
bilhete do coronel Petro indicando alguns locais onde ele se escondia.
O tenente
Arsênio diante o desespero do momento, conseguiu efetuar uma rajada de
metralhadora e acabou acertando a barriga de Ezequiel Ferreira. A arma depois
emperrou e o tenente conseguiu retirar o percussor (ferrolho) da arma e fugiu
levando a peça que deixaria a arma inutilizável.
Nesse dia
Lampião chorou amargamente a morte do irmão caçula e teve que enterrá-lo, com a
ajuda de Antonio Chiquinho, próximo a Lagoa do Mel.
Era a vida dos
que viviam pelo poder das armas, que tombavam no dia a dia, pelo aço lacerante
do pipocar das artilharias dos diversos grupos que traçaram as páginas do
cangaço no nordeste brasileiro.
João de Sousa
Lima
Paulo Afonso
12 de julho de 2018
Membro da
SBEC- Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço
Membro da
Academia de Letras de Paulo Afonso – cadeira 06
tenente
Arsênio de souza
Ezequiel
ferreira e Virginio
sargento
leomelino Rocha
Amaury,
Antonio Chiquinho (enterrou Ezequiel) e João de sousa Lima
https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste
http://blogdomendesemendes.blogspot.com