Senta que lá
vem história; várias vezes me perguntaram como Virgulino Ferreira da Silva
(1898-1938), o Lampião, apareceu em minha história. E, depois, se transformou
no meu livro mais vendido e conhecido, Os homens que mataram o facínora - a
história dos grandes inimigos de Lampião (hoje na Realejo
Livros e duas edições na Record) e no documentário Acordo com Lampião? só
na boca do fuzil, em uma parceria com o amigo brilhante cineasta Marcelo Felipe
Sampaio. Pois vou aproveitar esse post, com essa foto do Rei do Cangaço em
Juazeiro do Norte, em 1926, numa controversa visita a Padre Cícero, para
explicar. Nasci em Araripina e vivi minha infância em Trindade, cidades do
sertão pernambucano. Naquele tempo, tanto meu pai, seu Moacir, quanto meu avô,
o paraibano-cearense Joaquim Pereira, contavam histórias do Lampião. Eram todas
lendas, claro, eles não eram pesquisadores. Me interessei pelo personagem a
partir das histórias deles e da literatura de cordel que comprava na feira.
Assim, fui acumulando material sobre o personagem e este fenômeno histórico. Na
Livraria Saraiva, onde trabalhei, tive acesso ao primeiro livro sério sobre o
personagem, Lampião, o rei dos cangaceiros, de autoria do brazilianista Billy
Janes Chandler. Um dia, já jornalista e trabalhando no extinto Diário Popular,
soube que seria lançado um livro sobre o cangaceiro, do qual participavam a
neta dele, Vera Ferreira, e o grande Amaury Antonio Correa de Araújo, um dos
maiores pesquisadores da história de Lampião. Fui ao lançamento, comprei o
livro, que se chamava O espinho do quipá, Lampião, a história, e me tornei
amigo de ambos. De Vera, só por algum tempo, e do Amaury por muitos anos.
Comecei a escrever reportagens e, um dia, tive a ideia de fazer o circuito
lampiônico em umas férias do Dipo. Convidei o meu colega excelente fotógrafo Nario Barbosa e, para minha surpresa, ele topou na hora. Era um pernambucano,
terra onde nasceu Lampião, e um sergipano, terra onde ele morreu, em busca de
sua história. Ficamos um mês percorrendo as trilhas dele pelo sertão e voltamos
com um material muito vasto. Fiz algumas matérias para pagar a viagem com
frilas e, ao voltar, pensei: por que não escrever um livro? foi o que fiz e a
obra foi um sucesso, me levando pela primeira vez ao Jô Soares. Ao escrever o
livro, com minha filha Julia ainda pequena, cheguei a ver o próprio Lampião ao
meu lado, me observando. Claro, foi uma criação da minha mente, focada no
personagem. Enfim, saiu o filme que, também, a exemplo do livro, está se
revelando um sucesso. Se Lampião foi herói ou bandido? bandido, não há dúvida,
mas a polícia era tão cruel quanto os cangaceiros. Enfim, devo a este
bandoleiro minha entrada para valer no mundo dos livros. Agora, já são 15 e
sairão mais uns dois ou três nesse ano, abraços a todos e todas!, grato pela
paciência!
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