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quinta-feira, 13 de agosto de 2020

UM NOVO LIVRO NA PRAÇA

Por José Mendes Pereira

O profesor, escritor e pesquisador do cangaço Honório de Medeiros apresenta a todos os escritores, pesquisadores e estudantes do cangaço que apreciam os estudos cangaceiros,  a sua mais nova obra, com o título "JESUÍNO BRILHANTE O PRIMEIRO DOS GRANDES CANGACEIROS". Fazia alguns anos que não era lançado livro sobre o cangaceiro Jesuíno Brilhante nascido na cidade de Patu, no Estado do Rio Grande do Norte. 



Se você leitor, ainda não conhece as aventuras de Jesuíno Brilhante, o cangaceiro "romântico" (assim o classificou o historiador Câmara Cascudo), não deixa de adquiri esta maravilhosa obra. 

E para este fim, basta entrar em contato com mariasenna1958@gmail.com

O livro custa R$ 50,00 + frete.

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SÉRGIO DANTAS E O ESPETACULAR “LAMPIÃO NA PARAÍBA – NOTAS PARA A HISTÓRIA”


O livro ‘LAMPIÃO NA PARAÍBA – NOTAS PARA A HISTÓRIA’ não foi concebido com a intenção de se tornar uma obra revolucionária. O objetivo do autor foi apenas elaborar um registro perene e confiável sobre a atuação do célebre cangaceiro em terras paraibanas. Com 363 páginas e cerca de 90 fotografias de personagens envolvidas na trama – e lugares onde os episódios ocorreram -, o trabalho certamente será de grande utilidade aos estudiosos de hoje e de amanhã.
Dividido em 19 capítulos, com amplas referências e notas explicativas, tenta-se recontar, entre outros, os seguintes episódios:
“A invasão a Jericó; fazendas Dois Riachos e Curralinho; o fogo da fazenda Tabuleiro; os primeiros ferimentos sofridos por Lampião; as lutas com Clementino Furtado, o ‘Quelé’; combate em Lagoa do Vieira; Sousa: histórico do assalto e breve discussão sobre as possíveis razões políticas para a invasão da cidade; a expulsão dos cangaceiros do município de Princesa; combates em Pau Ferrado, Areias de Pelo Sinal, Cachoeira de Minas e Tataíra; o cangaceiro Meia Noite; Os ataques às fazendas do coronel José Pereira Lima; morte de Luiz Leão e seus comparsas em Piancó; confronto em Serrote Preto; Suassuna e Costa Rego; a criação do segundo batalhão de polícia; Tenório e a morte de Levino Ferreira; ataque a Santa Inês; combates nos sítios Gavião e São Bento; chacina nos sítios Caboré e Alagoa do Serrote; Lagoa do Cruz; assassinatos de João Cirino Nunes e Aristides Ramalho; Mortes no sítio Cipó; fuga de paraibanos da fronteira para o Ceará; confronto em Barreiros; invasão ao povoado Monte Horebe; combates em Conceição; sequestro do coronel Zuza Lacerda; o assalto de Sabino a Triunfo(PE) e Cajazeiras (PB); mortes dos soldados contratados Raimundo e Chiquito em Princesa; Luiz do Triângulo; ataques a Belém do Rio do Peixe e Barra do Juá; Pilões, Canto do Feijão e os assassinatos de Raimundo Luiz e Eliziário; sítios Vaquejador e Caiçara; Quelé e João Costa no Rio Grande do Norte; combates com a polícia da Paraíba em solo cearense; o caso Chico Pereira sob uma nova ótica; Virgínio Fortunato na Paraíba: São Sebastião do Umbuzeiro e sítios Balança, Angico e Riacho Fundo; sítio Rejeitado: as nuances sobre a morte do cangaceiro Virgínio”.
A obra certamente não abrangerá o relato de todas as façanhas protagonizadas pelo célebre cangaceiro no estado da Paraíba. Muito se perdeu com o passar dos anos. Os historiadores de ontem, em sua maioria, não tiveram grande interesse em dissecar os episódios por ele protagonizados no território do estado.
A presente obra busca resgatar o que não se dissipou totalmente na bruma do tempo.

Lançamento em Natal do livro de Sérgio Dantas “Antônio Silvino – O Cangaceiro, O Homem, O Mito (2006)”.

LAMPIÃO NA PARAÍBA – NOTAS PARA A HISTÓRIA, Polyprint, 2018, 363 pgs. Disponível em outubro de 2018.
Sobre o autor: Sérgio Augusto de Souza Dantas é magistrado em Natal. Publicou os livros Lampião e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada (2005), Antônio Silvino – O Cangaceiro, O Homem, O Mito (2006), Lampião Entre a Espada e a Lei (2008) e Corisco – A Sombra de Lampião (2015).
PARA ADQUIRIR LAMPIÃO NA PARAÍBA – NOTAS PARA A HISTÓRIA,  VENDAS A PARTIR DE OUTUBRO DE 2018, SENDO REALIZADAS EXCLUSIVAMENTE PELO PROFESSOR FRANCISCO PEREIRA, DE CAJAZEIRAS, PARAÍBA, QUE ENTREGA PARA TODO O BRASIL PELO CORREIO.
CONTATOS ATRAVÉS DO E-MAIL fplima1956@gmail.com, franpelima@bo.com.br OU Whatsapp 55 83 9911-8286
https://tokdehistoria.com.br/2018/10/01/novo-livro-sobre-o-cangaco-na-paraiba-sergio-dantas-lanca-seu-quinto-livro-sobre-o-tema/
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MORRE O 15º MÉDICO EM DECORRÊNCIA DA COVID-19 NO RN

Por Bruno Barreto
George Gonzaga tinha 55 anos (Foto: reprodução)

Morreu hoje em Natal o médico George Gonzaga Bezerra. Ele vinha lutando contra os efeitos da covid-19 e não resistiu. É o 15º médico a morrer em decorrência da doença no Rio Grande do Norte. Ele tinha 55 anos e atuava no Hospital Santa Catarina e Policlínica, ambos situados em Natal. O Conselho Regional de Medicina emitiu nota de pesar. Confira:



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ACREDITE


Acredite e nunca se esqueça que a maior edição de livros do mundo está localizada na cidade de  Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte no Brasil, na América do Sul. Fundação Vingt-un Rosado.


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FUNDAÇÃO CULTURAL CABRAS DE LAMPIÃO


Por Anildomá Willans

O Museu do Cangaço dispõe de Loja de Artesanatos, Livros, Cordéis, CD's, Chaveiros, DVD's, Camisas, Canecas, dentre outros artigos alusivos ao Cangaço e Lampião. 

Atendemos pelo WhatsApp 87.99916.5897 para entrega em domicílio (Serra Talhada) e postagem. *Hoje destacamos os Livros: Maria Bonita de Antônio Amaury; A Dona de Lampião de Wanessa Campos e LAMPIÁO - Segredos e Confidencias de Antônio Amaury. 

*Adquira estes e outros títulos pelo WatsApp! 



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BANDIDO OU PATRIMÔNIO CULTURAL E TURÍSTICO?

Repercussão do Plebiscito da estátua de Lampião em Serra Talhada em 1991

Rostand Medeiros – IHGRN
Sou de uma família que foi vítima da ação de cangaceiros, através de um assalto ocorrido no dia 1 de fevereiro de 1927, na zona rural do município de Acari, na região do Seridó do Rio Grande do Norte. Sou bisneto de Joaquim Paulino de Medeiros, o conhecido “Coronel Quincó da Ramada”, proprietário da gleba Rajada, atacada nesse dia pelo bando do paraibano Chico Pereira e seus homens.
Desde tenra idade esse tema foi algo muito presente em diálogos familiares e em momentos de recordações sobre a nossa história familiar. Mas em 1991 o meu conhecimento sobre o Cangaço, esse tema tão específico da história do Nordeste, se limitava a alguns filmes, matérias televisivas e alguns poucos livros, que até hoje se encontram na estante da minha casa.
Nessa época, como até hoje, eu buscava aprender mais sobre o Cangaço e tentava compreender porque meus antepassados foram atacados. Mas era então tudo muito limitado.
Foi quando em 1991 aconteceu algo que chamou muito a minha atenção – A notícia da ocorrência de um plebiscito na cidade pernambucana de Serra Talhada, onde a sua população deveria decidir sobre a colocação, ou não, de uma estátua para o cangaceiro Lampião, em uma área pública do município.
A Serra Vermelha, no caminho para a Passagem das Pedras , na zona rural de Serra Talhada, área onde nasceu Lampião– Foto – Rostand Medeiros
A ideia partiu de uma fundação local, que desejava com isso prestar uma homenagem ao maior bandoleiro nordestino, nascido na antiga Vila Bela, atual Serra Talhada. Mas as famílias das vítimas de Lampião, algumas delas das mais tradicionais da cidade, rejeitaram a proposta.
Com toda a polêmica que se seguiu, a prefeitura local buscou promover uma consulta pública para que a população decidisse sobre o caso.
Cangaço – História e cultura nordestina

Morando em Natal em uma época onde a internet ainda era limitada, tentei acompanhar da melhor maneira todo o desenrolar do processo, inclusive através dos jornais, TV e rádios. Mas as informações eram difíceis. Logo surgiu outra surpresa – O alcance da repercussão e de todas as polêmicas do caso junto à imprensa nacional!

Os principais jornais, revistas e emissoras de televisão no Brasil colocaram o tema na pauta e a cidade de Serra Talhada foi alçada as manchetes dos principais meios de comunicação.
No dia 7 de setembro de 1991 houve o processo de votação. Ao final a Justiça Eleitoral, que se envolveu no plebiscito, declarou que 76% dos eleitores votaram pelo “sim”, contra 22% do “não” e 0,8% de abstenções. Mas a estátua de Lampião, da forma como foi pensada em 1991, nunca foi construída.
Para alguns essa votação buscou criar o uso mercadológico da memória de Lampião e do Cangaço naquela cidade. Entretanto foi inegável que para alguém como eu, que vivo há quase 600 km de Serra Talhada, aquele processo despertou em mim um maior interesse por estudar e conhecer mais sobre esse tema. Desejava sair urgentemente da simplória questão “-Lampião foi herói, ou bandido?” Um amigo sociólogo já tinha me dito que “Para entender o Cangaço eu precisava fugir desse discurso rasteiro e polarizado e sair pelas estradas do sertão”. Tinha razão!
Casa de dona Jocosa. Na trilha do cangaço – o sertão que Lampião pisou. Márcio Vasconcelos. Reprodução
Não foi a toa que um dos primeiros lugares que viajei para fora do Rio Grande do Norte com esse intuito tenha sido a área de Serra Talhada e Triunfo. Lugares para onde voltei muitas vezes, continuo com vontade de retornar e fiz ótimas amizades. E nem me chateei quando descobri que toda essa onda de plebiscito para colocação da tal estátua, foi inicialmente uma ideia da fundação para vender turisticamente a cidade de Serra Talhada. Parece que os resultados positivos extrapolaram muito o que se desejou.
Nessa busca por conhecer mais e mais sobre o Cangaço eu não perdi nada. Acabei descobrindo muito além das polarizadas polêmicas que tratam das sangrentas lutas dos cangaceiros.
Junto ao Sr. Antônio Belo, do Sítio Tigre, no pé da Serra de São José, Luís Gomes-RN. Em agosto de 2009 esse Senhor me deu um fantástico depoimento sobre a passagem da Coluna Prestes na sua região em 1926 e sobre a entrada do bando de Lampião no Rio Grande do Norte em 1927.
Descobri as belezas e os problemas da minha região. Descobri a força da nossa gente, do colorido do Nordeste, bem como as histórias de Padre Cícero e de Leandro Gomes de Barros. Descobri Canudos, o belo Rio São Francisco, muito mais do Seridó e das minhas raízes. Descobri também Luiz Gonzaga e Exu, o Beato José Lourenço do Caldeirão, o Pajeú, o Piancó, a Missa do Vaqueiro de Serrita. Descobri Clementino Quelé, Jesuíno Brilhante e Patu, o Saco dos Caçulas em São José de Princesa, a rota de Lampião no Rio Grande do Norte para atacar Mossoró e muito mais.
No alto da Serra Grande, onde ocorreu o maior combate da história do Cangaço em 1926.
Independente das polêmicas envolvidas em 1991, do resultado final da votação, da ideia de quem ganhou e de quem perdeu com o pleito, ou se a imprensa manipulou negativamente o plebiscito, ou das consequências para a política local, para o turismo da região e para a identidade da cidade de Serra Talhada, eu acho que aquele evento eleitoral, que logo completará 30 anos, teve como maior mérito colocar toda uma comunidade nordestina debatendo sobre uma determinada figura histórica e sobre um período de sua história.
Foto colorizada de cangaceiros. Realizada a partir de um original em preto e branco, é uma arte do professor Rubens Antônio, que realiza um primoroso trabalho nesta área.
Não sei se esse tipo de situação ocorrida em Serra Talhada foi um episódio inédito no Nordeste e nem sei dizer se houve nessa parte do Brasil outros debates sobre temas históricos que tenham gerado tanta movimentação. Por isso acho que vale a pena comentar e recordar o que ocorreu no sertão de Pernambuco em 1991.
Fino trabalho de Mestre Aprígio, de Ouricuri, Pernambuco, fotografado na Loja do Vaqueiro, em Caruaru – PE – Foto – Sérgio Azol.
Concordo quando dizem que a memória de um lugar não é para se tornar mercadoria barata e nem ser mercantilizada de qualquer jeito. Mas não posso esquecer que não foi só na cidade de Serra Talhada que Lampião se transmutou de bandido para patrimônio cultural e turístico. Um exemplo está no meu Rio Grande do Norte. Mesmo sem plebiscito, a cidade potiguar de Mossoró também buscou uma utilização cultural e turística em relação a memória do ataque que sofreu do bando de Lampião em 13 de junho de 1927. Essa iniciativa até hoje é um sucesso!
Combatentes de Mossoró em junho de 1927.
Por esses dias, mexendo nos meus antigos, amarelados e preciosos papéis sobre história da minha região, encontrei uma página do Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, que muito chamou a minha atenção na época. Adianto para os que conhecem mais sobre o tema Cangaço que a jornalista Letícia Lins cometeu deslizes em relação à história de Lampião. Mesmo assim eu decidi transcrever para os leitores do TOK DE HISTÓRIA esse texto, para trazer um pouco da efervescência que envolveu aquele plebiscito em 1991.
ESTÁTUA DE LAMPIÃO DESPERTA AMOR E ÓDIO NO SERTÃO
Texto – Letícia Lins
JORNAL DO BRASIL, domingo. 11 de agosto de 1991, 1º Caderno, página 17
S E R R A T A L H A D A. PE — “Nem herói, nem bandido, é história. Diga sim a Lampião”. Petista, fã de Karl Marx. Che Guevara e Fidel Castro, o ator Anildomá Williams, autor da inscrição pichada nos principais muros de Serra Talhada, já decidiu: com roupa azul, adornada com lenço vermelho no colarinho, embornal, cartucheira, chapéu de couro e rústicas sandálias, vai fazer boca de urna para ninguém menos que Virgulino Ferreira, o famoso Lampião, em plebiscito no próximo dia 7 de setembro, nesta cidade sertaneja, a 497 quilômetros do Recife.
O plebiscito, coordenado pela Casa de Cultura de Serra Talhada, tem um objetivo simples: consultar a população para saber se Lampião, o filho mais polêmico da terra, tem direito a estátua em Praça Pública, na cidade de onde partiu quase menino para o cangaço e a fama. A iniciativa movimenta gente como Anildomá, divide os 100 mil habitantes de Serra Talhada, desperta controvérsias nas cidades vizinhas, provoca irados editoriais em jornais de Pernambuco, Bahia, Alagoas e fez chegar uma enxurrada de cartas à Casa de Cultura, algumas de estados distantes, como o Pará. Não é Para menos: agitador do início do século, homem destemido que enfrentou a polícia e os coronéis de sete estados nordestinos, entre caminhos trilhados a pé no meio dos espinhos da caatinga, Lampião ainda hoje desperta ódios e paixões. É tido como um justo pelos sertanejos, às vezes, como um demônio. Outras, como um deus.
Cinquenta e três anos após sua morte seus conterrâneos falam dele como uma lenda viva, e não escondem a expetativa diante do plebiscito, do resultado ainda imprevisível, com muita gente a favor, muitos contra e quase ninguém neutro. Pesquisa do jornal mensal Correio do Vale, na qual não foram computados os votos brancos nem nulos, mostrou que 55,06% da população se posicionam a favor da estátua, enquanto 4,94% se colocam contra. Não é preciso apelar para os números. Uma circulada pelo Fórum, igreja, praças e sítios mostra que a divisão está em todos os lugares, até mesmo na prefeitura. “Tenho oito secretários e só dois são contra a estátua, porque suas famílias foram perseguidas por Lampião”, diz o prefeito Ferdinando Feitosa (PFL), sem esconder um elogio rasgado ao cangaceiro: “Mais do que um bandido, ele foi um produto do seu tempo, espezinhado e maltratado por seus ricos vizinhos fazendeiros”. Ardoroso defensor da colocação da estátua em praça pública, o vice-prefeito Giovani Santos de Andrade Oliveira diz que os motivos que empurraram Lampião para o cangaço ainda hoje fomentam inimizades no Nordeste; “Terra e honra no sertão viram questão”, justifica. Os dois receberam sinal verde do principal líder político da cidade, deputado federal Inocêncio Oliveira (PFL-PE), para apoiar o pleito.


FOTO – Sérgio Azol.
De fuzil em punho — Lampião é história, só que fez a história de forma diferente, de fuzil em punho — afirma Tarcísio Rodrigues, presidente da Casa de Cultura e organizador do plebiscito. A consulta popular já despertou o protesto do juiz José Machado de Azevedo, que promete lavar as mãos; — Uma estátua de Lampião é uma apologia do crime. — Diz que sua atuação se limitará a fenecer urnas virgens para o pleito, de consequências imprevisíveis, segundo ele.
É ruim exaltá-lo numa terra onde andar com revólver na cintura ainda é simbolo de status e demonstração de machismo. 0 promotor Euclides Ribeiro de Moura Filho, um cearense que anda com uma cópia da certidão de nascimento de Lampião na bolsa, discorda do juiz: — Não se pode olhar a figura de Lampião apenas à luz do direito. É necessário considerar-se o momento histórico em que ele viveu, quando as volantes da polícia que desbravavam o sertão também despertavam o medo na população — encerra o representante do Ministério Público.
Um sertanejo nordestino, seu filho e seu jumentinho com os caçuás – Fonte -http://portaldoprofessor.mec.gov.br
Lampião – Da briga com os Nogueira ao cangaço
“Cabra macho, que merecia morrer na ponta do fuzil, e não na covardia”, para o ex-volante Luís Flor, que lutou contra o cangaço durante quatro anos; “menino bom. Mas doido”, para o padre Cícero Romão, e um “príncipe”, para Antônio Silvino, cangaceiro que durante quase duas décadas reinou absoluto no sertão, Virgulino Ferreira era o terceiro de uma prole de oito irmãos, cinco homens e três mulheres. Nasceu na localidade de Serra Vermelha, antigo município de Vila Bela, Hoje transformado em Serra Talhada.
Como todos os pequenos proprietários do sertão do Pajeú, o patriarca José Ferreira e sua mulher viviam do plantio de milho, feijão e de algumas cabeças de gado. A produção era alternada; colhia-se nos anos de bom inverno e se perdia tudo durante a seca. Mas isso não chegava a desanimar os Ferreira, principalmente Virgulino. Ao ver o roçado esturricado, ele juntava 14 burros e saia cortando as estradas poeirentas do sertão, vendendo mercadorias de cidade em cidade, voltava com os caçuás (cestos de cipó) vazios, mas de bolsos cheios. A profissão, ainda hoje, é conhecida no Sertão e tem dois nomes: tropeiro ou almocreve.
Por esse motivo, desde menino Lampião começou a chamar a atenção dos pais, dos vizinhos e dos sete irmãos. Pouco a pouco foi mostrando outras habilidades, não só de bom mercador. Confeccionava artesanato em couro, principalmente arreios de montaria, e vendia nas feiras. Foi um pequeno episódio, comum no sertão, onde qualquer besteira se transforma em questão de honra, que fez tudo mudar, segundo lembram, hoje, não só os Ferreira, como os Nogueira, o clã inimigo.
Zé Saturnino – Arquivo do autor
Chocalhos — Ferreira e Nogueira eram vizinhos. Um parente dos Nogueira, José Saturnino, se mostrou “despeitado” quando viu que o gado dos Ferreira andava na caatinga com uns chocalhos bonitos, dourados, comprados em Juazeiro do Norte, no Ceará. Até então, todos os chocalhos que chegavam à fazenda Serra Vermelha eram negros e sem graça. No sertão — onde o gado é criado sem cercado — o chocalho funciona como um meio de o vaqueiro localizar bois, vacas e cabras. Saturnino amassou o chocalho do gado dos Ferreira, que perderam bois e vacas. Para não ficar por baixo, os Ferreiras deram o troco, amassando chocalhos do seu gado. Saturnino não gostou; capou o cavalo de Virgulino. Virgulino cortou os rabos das vacas de Saturnino. A briga cresceu e o juiz de Vila Bela obrigou os Ferreira a se mudarem. Foram morar no distrito de Nazaré, hoje Carqueja, com uma condição; nem visitavam Serra Vermelha, nem Saturnino entrava em Carqueja. Saturnino quebrou o acordo e os Ferreira não gostaram.
Começaram a fazer arruaças em Carqueja. Foram obrigados a se mudar, desta vez para Alagoas, onde um amigo de Saturnino — a pedido deste — matou o pai de Virgulino e feriu um irmão. Virgulino decidiu vingar-se. Integrou-se ao bando do cangaceiro Sinhô Pereira e depois começou a agir por conta própria, com seu próprio bando. Seu poder cresceu, ele passou a ser temido até pelos governadores. Em 1926, chegou a propor ao governo de Pernambuco dividir o estado em dois: à capital caberia a administração do litoral, enquanto ele reinaria, sozinho, no Sertão. De cangaço em cangaço, Lampião terminou por ter a cabeça colocada a prêmio por 50 contos de réis. Em 1938, seu bando foi desarticulado, ele e seuscompanheiros foram degolados e suas cabeças exibidas em praça pública.
Voto a favor do compadre
Ela tem 92 anos, quase não anda, não gosta de falar muito, mas há um assunto que sempre a empolga e sobre o qual, dependendo da disposição e da saúde, discorre horas seguidas: a vida e morte do compadre Virgulino Ferreira, seu querido Lampião. Ela quer mais é ver a estátua dele na principal praça da cidade, ou no topo da montanha mais alta da serra que dá nome ao município.
— Não botaram a estátua do padre Cícero no Juazeiro? Por que não Lampião aqui? Ele não era tão bom quanto o padre Cícero — diz Especiosa Gomes de Luz, que nunca apareceu em jornal, revista, nem foi ouvida por sociólogos, antropólogos, que costumam derramar ciência e erudição sobre o Cangaço. Para ela, Lampião não passou de um justiceiro: “Ele tirava de quem tinha muito para dar a quem não tinha nem um pouco”. Conta que costumava costurar para o bandido e o bando, e que ele nunca se utilizou da amizade para pedir abatimento no preço das roupas: “Ele pagava muito e bem, e ainda dava os retalhos para fazer calções para os meninos”.
Lampião
Especiosa guarda boas recordações do Cangaço: “Quando Lampião chegava com seu bando, era uma festa, os pais confiavam, davam as moças para os rapazes dançarem com elas, e Lampião nunca descasou nenhuma”. Ela mostra que as volantes – forças policiais do governo que combatiam o cangaço – despertavam mais medo e eram mais violentas que cangaceiros; “Quando eles vinham, faziam incêndios, acabavam com tudo”. Relata que muitas vezes Lampião deu dinheiro a quem não tinha – Para festa de casamento, batizado e até compra de terra – e diz que não chorou quando soube da morte dele: “Já estava degolado, não adiantava chorar. Só fiz rezar por ele”.

Marca de bala depõe contra
Luís Alves Nogueira tem 86 anos, anda com dificuldade, com auxílio de UMA bengala, já não enxerga por um olho e tem alguns lapsos de memória. Mas há um fato que presenciou a 65 anos que ele recorda com a nitidez de um filme em cores; a invasão da Fazenda Serra Vermelha por Lampião e seu bando, quando os Nogueiras reagiram a tiros contra os cangaceiros, em uma luta sangrenta que durou sete horas.
 — Eles bandalharam tudo, queimaram a casa da fazenda, incendiaram o gado ficou tudo uma carniça só — conta, na casa grande da Fazenda Serra Vermelha, que ainda hoje ostenta nas paredes as perfurações de bala daquele tempo, e que guarda como troféus de resistência os torrões de barro que sobraram do ataque a fogo a sua residência. Domingos, filho de Luís, é contra a estátua de Lampião cm Serra Talhada: “Por que não a de padre Cícero? Indaga ele, que costuma visitar com o pai a cova do avô, morto por Lampião dia 26 de fevereiro de 1926.
Aquele foi o resultado da volta do cangaceiro às terras da qual praticamente havia sido expulso por influência do fazendeiro José Saturnino, na década de 10. O patriarca José Ferreira e os oito filhos foram obrigados a se mudar para a localidade de Nazaré hoje distrito de Carqueja, município de Floresta. Depois, mais vez foram tangidos para Alagoas, onde o tenente José Lucena – amigo de Saturnino – matou o pai e feriu um amigo de Lampião. Foi a gota d’água. Virgulino, que já havia se integrado ao bando de Sinhô Pereira, outro histórico cangaceiro, e jurado por ter a pistola como advogado — por não ter encontrado um que o defendesse nas questões de terra de Serra Talhada, resolveu se vingar.

Pescado no Tok de História
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A VERSÃO DO GRANDE INIMIGO PEGADAS DE UM SERTANEJO - VIDA E MEMÓRIAS DE JOSÉ SATURNINO

Por Giuliano de Méroe (publicado originalmente em 2016)

“José Saturnino foi um ser humano com virtudes e defeitos como qualquer pessoa normal. Um homem honrado, um  cidadão de bem, honesto e respeitado que teve a desventura de ter sido o primeiro inimigo de Virgolino Ferreira da Silva, O Lampião.”
Escritor Antônio Neto, poderia dizer- nos como surgiu a ideia de escrever “Pegadas de um Sertanejo – Vida e Memórias de José Saturnino”?

Antonio Neto - Surgiu de uma conversa com o historiador José Alves Sobrinho, neto da irmã de José Alves de Barros, no inicio do ano de 2009, sobre a construção de uma biblioteca na Fazenda Pedreira, onde nasceu José Saturnino. A ideia foi concebida e o livro "Pegadas de Um Sertanejo. Vida e Memórias de José Saturnino" foi publicado em junho de 2015. Todo o dinheiro arrecadado com a venda dessa obra está sendo utilizado para a construção da  referida biblioteca.

Quem foi José Alves de Barros, conhecido como José Saturnino?

José Saturnino foi um ser humano com virtudes e defeitos como qualquer pessoa normal. Um homem honrado, um  cidadão de bem, honesto e respeitado que teve a desventura de ter sido o primeiro inimigo de Virgolino Ferreira da Silva, O Lampião. O livro "Pegadas de Um Sertanejo. Vida e Memórias de José Saturnino" traz sua verdadeira história, inclusive a genealogia de sua família e depoimentos, até então, inéditos, de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião e de José Saturnino.

Como nasceu a amizade entre José Saturnino e Lampião?

Seus pais eram amigos e vizinhos. Saturnino Alves de Barros e Alexandrina Gomes de Moura, pais de José Saturnino eram padrinhos de batismo de Antônio Ferreira, irmão de Lampião e testemunhas do casamento civil dos pais de Virgolino Ferreira da Silva. Foram criados brincando juntos e foi nesse contexto que nasceu a amizade entre os dois e permaneceu firme até a primeira desavença entre eles, em 1914.

Qual foi o motivo para o desentendimento inicial entre os dois?

Antonio Neto - A primeira desavença entre José Saturnino e Virgolino Ferreira aconteceu no início do ano de 1914, tendo como principal motivo a quebra, por parte José Saturnino, de um acerto entre eles, na pega de uma novilha indomada. Depois desse episódio, vários outros se sucederam que foram narrados no livro "Pegadas de Um Sertanejo.Vida e Memórias de José Saturnino".

Por que José Saturnino é considerado injustiçado?

Zé Saturnino sentia-se injustiçado quando o seu nome era citado em livros, jornais e revistas como sendo o responsável pelo ingresso de Virgolino Ferreira no Cangaço e pelo fato de alguns escritores e jornalistas não publicarem as entrevistas feitas com ele e, quando o faziam, suas palavras eram distorcidas com objetivo de colocá-lo na condição de vilão e Lampião na de herói.

Fale-nos sobre a colaboração das autoridades oficiais para a pesquisa e/ou obtenção de cópias dos documentos relativos aos eventos pesquisados.

Em minhas pesquisas sobre esse tema tive boa receptividade e expressiva colaboração por parte dos responsáveis pelos arquivos públicos detentores dos acervos da história do cangaço, tais como cartórios, arquivos públicos, memoriais da Justiça, arquivos gerais das Policias Militares dos diversos estados do Nordeste. Sempre fui cordialmente recebido e bem orientado pelos guardiões desses acervos, inclusive não havendo nenhum obstáculo na obtenção de cópias de documentos referentes aos eventos pesquisados.  

Quais os possíveis impactos de “Pegadas de um Sertanejo – Vida e Memórias de José Saturnino”, na opinião pública corrente e nos historiadores?

Esse é dos poucos livros que tenho conhecimento de ter sido escrito baseado em documentos oficiais e em processos-crime da Justiça contra Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião e o seu bando. Os possíveis impactos da opinião pública residem no fato de descobrir a outra face do Rei do Cangaço e de saber que ainda existem documentos que podem preencher as paginas em branco da historiografia do Cangaço.   Quanto aos historiadores, creio que o impacto será de reflexão, no sentido e atualizar os seus escritos sobre esse tema, uma vez que teve acesso essa documentação histórica, na época de suas publicações.  

O livro foi escrito em parceria com o autor e pesquisador José Alves Sobrinho, conte-nos como foi a dinâmica para escrita do livro?

Foi muito boa e com muito entusiasmo. Eu e José Alves Sobrinho caímos  em campo na busca de dados reais que resgatassem a história verdadeira de José Saturnino, desde o seu nascimento, em 15 de maio de 1894 até a sua morte, em 5 de agosto de 1980. José Alves direcionou seu trabalho para a obtenção de dados indispensáveis para a construção da genealogia da familia Alves de Barros, pesquisando e escrevendo sobre o tema. Enquanto enveredei pelas pesquisas em arquivos públicos, bibliotecas, memoriais da justiça, cartórios e arquivos gerais das policias militares dos estados do Nordeste. A cada  avanço na pesquisa, uma surpresa agradável com achados inéditos, como os depoimentos de José Saturnino e de Virgolino Ferreira, o Lampião, às autoridades de direito nos ditames da lei.  

O que mais o encanta nesta rica obra literária?

É a seriedade como foi escrita, considerando fontes verdadeiras e oficiais, tais como documentos antigos dos processos da justiça e boletins da Policia Militar de Pernambuco, enriquecendo o conteúdo  do livro "Pagadas de Um Sertanejo. Vida e Memórias de José Saturnino".  

Nossa entrevista está chegando ao final. Somos gratos por conhecer seu belo trabalho, que muito a enriqueceu. Qual a mensagem que você deixa para nossos leitores?

"Pegadas de Um Sertanejo. Vida e Memórias de José Saturnino"  foi escrito no intuito de resgatar a verdadeira história de José Saturnino. Essa obra é uma biografia regulada em critérios  da vida real do biografado. Os textos estão fundamentados, em processos judiciais, documentos cartoriais, e em livros de pesquisadores renomados e de estudiosos do cangaço.


Agradeço antecipadamente às criticas e opiniões que vierem a ser manifestadas sobre a nossa obra, e ao mesmo tempo o nosso apelo ao leitor especializado para assinalar e comunicar erros e omissões que por ventura forem constatados. Estarei à disposição do leitor para quaisquer esclarecimentos. Desejo a todos uma boa leitura.

Antonio Neto é Pernambucano de Serra Talhada, Graduado em Engenharia Civil e Pós - graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UFPE. Membro efetivo da Cadeira nº 28 da Academia Serratalhadense de Letras, da União Brasileira de Escritores(UBE-PE) e da Cadeira nº 40 da Academia Recifense de Letras. Autor de vários livros, entre estes, descatacam-se o Dicionário do Engenheiro(3 edições); Manual de Fiscalização de Cargas de Madeira; Um Punhado de Poesia; Pintando o Sete de Poesia; Cordel Cidadão; Engenharia Civil. Turma 1976; Solidônio Leite. “Vida e Obra de Um Gênio(2 edições); Pegadas de Um Sertanejo. Vida e Memórias de José Saturnino(2 edições); Participou de diversas antologias nas categorias: conto, crônica e poesia. Organizou e coordenou o I e II Encontro Pernambucano de Escritores pela UBE/PE. Quando Diretor Cultural do Clube de Engenharia de Pernambuco, organizou e coordenou a 1ª Semana de Arte e Literatura do Clube de Engenharia, em dezembro de 2010, ainda promoveu o concurso literário “Menção Joaquim Cardozo” versão 2010 e foi coordenador editorial da revista” 90 Anos de Engenharia no Brasil. Escreveu artigos para as revistas "90 Anos do Clube de Engenharia de Pernambuco". Editor e redator do informativo literário "Correio do Pajeú". Colunista da Revista de Literatura "Novo Horizonte" e do site www.caderno1.com.br, "Um dedo de Prosa", onde revela elementos dos  autos judiciais contra Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião. Enfim, escritor, pesquisador, biógrafo e poeta. 
                                                                      

Pescado em: Revista Academica

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