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domingo, 2 de fevereiro de 2020

MÉDICO É ENCONTRADO MORTO EM SÍTIO NO INTERIOR DO RN

Médico infectologista Alfredo Passalacqua foi encontrado morto em sítio, neste sábado (1º) — Foto: Cedida

Infectologista Alfredo Passalacqua foi encontrado sem vida na noite de deste sábado (1º) em Governador Dix-Sept Rosado, no Oeste potiguar. Segundo Itep, ele foi vitima de infarto.

Por G1 RN
02/02/2020 13h11  Atualizado há 4 horas

O médico infectologista Alfredo Passalacqua, de 54 anos, foi encontrado morto noite deste sábado (1º) dentro do banheiro de sua casa de campo no município de Dix-sept Rosado, na região Oeste potiguar. Segundo o Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep), a causa da morte foi um edema agudo de pulmão e infarto do miocárdio.

O sítio onde o caso aconteceu fica às margens da RN-117, na zona rural do município. Um comunicado emitido pela família informa que o velório do médico ocorre até as 18h deste domingo (2) na Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Centro de Mossoró. Em seguida, o corpo de Alfredo será cremado na cidade de Fortaleza, no Ceará, em cerimônia reservada para parentes.

Além de ser o profissional responsável pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Wilson Rosado, do Hospital Maternidade Almeida Castro e da Liga Mossoroense de Combate ao Câncer, Passalacqua era professor da Faculdade de Ciências da Saúde (FACS) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Natural do Rio de Janeiro, Passalacqua atuava em Mossoró há mais de 20 anos. Ele conquistou o diploma de medicina pela Faculdade Técnico-Educacional Souza Marques e se tornou especialista em Infectologia pelo Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião.

A Universidade Estadual do Rio Grande do Norte publicou uma nota e anunciou que a direção da Faculdade de Ciências da Saúde determinou que não haverá expediente na segunda-feira (03) e na terça-feira (04), em luto.

"Com um trabalho reconhecido na área da Saúde, sobretudo no controle e prevenção de doenças infectocontagiosas, a morte do professor Alfredo causa comoção na comunidade médica e acadêmica. Neste momento de dor, a UERN se solidariza com familiares, amigos, pacientes e alunos do professor", informou.

LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.
r-mail: franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

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VOLANTES E FACÕES CABO LEONÍDIO E A CABEÇA DE MANOEL MORENO

Como combater os cangaceiros, gente nascida nas caatingas, acostumados a seus caminhos espinhentos, corpo e alma construídos de carências? Felipe Borges comandante do batalhão especial de repressão ao banditismo, concluiu que com soldados trazidos da capital, e vestidos com bota, perneiras, calças culote, dólman, talabartes e chapéus de massa é que não era. O tenente decide usar o próprio sertanejo, quase parentes dos cangaceiros, na busca de informações e combates.

 cel. Felipe Borges de Castro da PM baiana

É tempo de convocações, algumas forçadas, dos conhecedores das trilhas sertanejas. As volantes agora tem os mesmos adereços e equipamentos dos cangaceiros. A caatinga agora fica confusa: não se distingue mais amigo de perdição. E essa mesma indistinção é usada como estratégia de luta.

O cabo Leonídio, conhecido por sua habilidade de encontrar rastros em qualquer tipo de terreno e de, sobretudo, saber diferenciar um rastro de outro, foi convidado a integrar a força pelo seu talento ímpar.

Tal habilidade é puro aprendizado de artimanhas; segue-se o rastro na busca maluca pelo que se poderia chamar de o não rastro, isto é, a observação de uma folha verde no chão, (folha verde não cai, só se alguém mexeu no galho) Uma pedra fora do lugar, (a noite o orvalho lava a pedra e se ela sai do lugar logo se nota a marca dela no chão, a areia em volta, marcada pelo sereno), Chão varrido, (alguém passou, deixou marca e depois tentou apagar varrendo o chão com folhas), pedaços pequenos de roupa nos espinhos e lixo, restos de papel, palha de cigarro, restos de fumo picado que caiu da mão, coisas dificultosas para para os olhos urbanos, menos competentes.

O cabo Leonídio tinha aprendido estas coisas cuidando do gado alheio, desde criança acostumada a correr com boi bravo nos espinhos. E foi promovido a cabo por merecimento. É calado, sisudo e tem um olho torto que olha de lado.


 O cabo Leonídio trabalhou com Zé Rufino,
mas passou a maior parte do tempo sob as ordens de Odilon Flor
e a este fez um grande favor: Cortar as cabeças dos cangaceiros mortos.
- Era dia de são João, às nove horas da noite. Nós demos um combate na fazenda Gararu, em Sergipe. Chovia bala, depois silêncio. Os bandidos tinham ido embora. Procuramos pelos cantos para ver se tinha ferido. O combate tinha sido tão cerrado que não tinha dado tempo de ninguém sair carregando baleado. Encontramos três cangaceiros mortos: Manoel Moreno, a mulher dele Áurea e Gorgulho. Quando foi de manhã, o sargento Odilon juntou a tropa e disse:
- Vamos cortar as cabeças dos defuntos.
Mas ninguém quis ir. Não quiseram ir porque, você já sabe, cortar o pescoço de uma pessoa é preciso que a pessoa também tenha a cara dura, porque se na for, não corta não.
Então ele virou-se para mim e disse: nego, vem cá, apanha aqui este facão e vá onde ta os cangaceiros, corte a cabeça e traga. Então eu fui e respondi pra ele: sargento, o senhor já mandou todo mundo; nenhum quis ir, só eu é que posso cortar? O senhor podia ir, porque o senhor tem mais costume do que eu. Ele então disse: eu quero é que você corte.
Aí eu apanhei o facão e fui. Quando eu peguei no cabelo do cabra, balancei, fechei a cara pro lado assim e sentei o facão, pá-pá, cortei, e joguei pra lá; peguei a mulher, cortei a cabeça da mulher. Peguei no outro cabra, cortei também a cabeça. Peguei todos os três, levei: Pronto, chefe, ta aqui.
 Manoel Moreno

As cabeças cortadas pelo cabo Leonídio.
Depois de uns dias, eu senti assim um remorso. De vez em quando, à noite quando eu dormia, sonhando com Manoel Moreno, um pouco assim de nervoso comigo, e coisa. E ele me apareceu um dia, me pegou dormindo. Pela abertura da rede e veio com um punhal em cima de mim; eu então pelejei, não pude fazer nada, gritei: cabra mata o homem, cabra, me dá as armas, cabra, até que dentro do quarto ( eu estava deitado perto da rede de uma criança, meu filho que hoje está em são Paulo), então eu tranquei os pés, a mulher levantou-se, tirou o menino da rede e ficou de lado quando eu ajuntei, pensando que o cabra estava me sangrando.
Levei a rede de uma vez só, agarrei-me nela, pensando que fosse o bandido, levei uma pancada na cabeça, (bati com a cabeça na parede) aí foi que me acordei, cansado, sufocado, sem fôlego, com o aperto que o cabra me deu. Bom, aí eu fiquei, coisa e tal e disse ao sargento Odilon: sargento, eu to me me vendo aperreado com Manoel moreno. Ele então disse: Você vai comigo daqui uns dias na casa de Pedrinho. Então eu fui. Cheguei lá, o Pedrinho fez lá um remédio pra mim e perguntou como era. Eu disse então os sintomas e depois de uns dias foi desaparecendo. Odilon me ensinou um defumador, umas coisas que o Pedrinho ensinou a ele e mandou eu tomar este defumador e com isto desapareceu. Não vieram mais me aperrear.
 Depois da noite na rede a alma de Manoel Moreno tornou a aparecer; e aparecia com os braços estendidos, as mão para cima, pedindo:
Leonídio, cadê minha cabeça que você cortou?

Referencial teórico: Soares, Paulo. Gil. Vida paixão e mortes de Corisco, o Diabo Louro.

Trancrito pelo confrade Ronnyeri Batista, síndico da comunidade do Orkut Cangaço, Discussão Técnica

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FOTOS QUE AINDA CHOCAM O QUE SOBROU DE MANUEL MORENO, SUA ESPOSA ÁUREA E O CABRA GORGULHO


Subgrupo de Lampião eliminado enquanto festejavam  na Fazenda Poço da Volta, em Porto da Folha/SE. Foram executados pela volante baiana do Sargento Odilon Flor, a 23 de junho de 1937, durante as festas de São João.

Fonte: Livro Guerreiros do Sol, Frederico Pernambucano de Mello.

Créditos:
Ivanildo Alves  da  Silveira
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC e do CARIRI-CANGAÇO
Natal / RN


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ALAGADIÇO - FREI PAULO - SERGIPE UM POVOADO RICO DE HISTÓRIAS, MAS ESQUECIDO

Por: Vivianne Paixão

Quem pega a rodovia 235, com destino ao município de Frei Paulo, a 71 quilômetros da capital, corre grande risco de passar despercebido por uma minúscula placa: “Alagadiço a 8 Km”. Uma identificação tímida, que contrasta com a grandiosidade da riqueza histórica e cultural do povoado. Foi lá que Virgulino Ferreira, o Lampião, esteve por quatro vezes e deixou naquelas bandas o seu capanga Zé Baiano, também conhecido como “Pantera Negra dos Sertões” e considerado um monstro impiedoso.


Toda essa saga está retratada no livro “Lampião e Zé Baiano no povoado Alagadiço”, do pesquisador Antônio Porfírio de Matos Neto, natural da região. Registro de um patrimônio sergipano “poupado” do seu devido valor pelo Estado, que poderia muito bem transformar Alagadiço em mais um destino turístico (e, por que não dizer, gerador de emprego e renda) da rota do cangaço.

 
"O povo daqui é carente demais e a única maneira que acho que iria ajudar a melhorar a vida dele seria através do turismo.  A rota do cangaço de Xingó deveria existir aqui também. Temos uma narrativa incrível em que seis conterrâneos conseguiram acabar com um dos bandos de Lampião e eu estou buscando de todas as maneiras possíveis trazer essa rota para a nossa comunidade, que está disposta a contar e recontar toda a sua história”, avisa Porfírio. (Foto)


A derrocada de Lampião começou por volta de 1930 neste pequeno povoado de Frei Paulo, hoje com cerca de três mil habitantes. Conta a história que o Rei do Cangaço entrou pela primeira vez acompanhado de dez cangaceiros, fazendo a maior arruaça, derrubando portas, roubando jóias e alguns pertences dos moradores. “Ele chegou na minha casa eu era criança. Perguntou se meu pai estava, me assustei e perguntei a ele se meu pai o conhecia. Ele logo me deu um grito mandando eu chamá-lo. Depois ele ainda mandou que eu lavasse as ‘percatas’ (sandálias) do bando e que eu tirasse leite da vaca, coisa que eu nem sabia como fazia”, rememora a dona de casa Ivete Matos, 81 anos.

Alagadiço tinha uma posição privilegiada e, por não possuir destacamento reforçado da polícia, favorecia o trânsito dos bandidos de um lado a outro do Estado. Assim, Lampião andava tranquilamente pela redondeza. Em 1932, ele retornou ao povoado. Desta vez não molestou ninguém, apenas levou algumas coisas dos moradores. Um ano depois, Virgulino entrou de novo em Alagadiço e foi diretamente à casa de Antônio de Chiquinho querendo obter informações sobre a volante que pretendia acabar com o seu bando.

Zé Baiano

No ano de 1934, Lampião apareceu em Alagadiço pela última vez, deixando essa região sob o comando do grupo de Zé Baiano. Filho natural de Chorrochó, ele passou a aterrorizar os moradores daquele local. Coube a esse destemido cangaceiro a posse das terras compreendidas entre os municípios de Frei Paulo, Ribeirópolis, Pinhão e Carira, em Sergipe, e ainda Paripiranga, na Bahia.

O “Pantera Negra dos Sertões” era um negro, alto, forte, nariz achatado, queixo comprido, cabelos ruins e maltratados, que usava óculos e tinha uma voz grossa. Após ter ficado sabendo da traição amorosa da sua companheira, a qual ele assassinou a pauladas, passou a marcar mulheres indefesas com um ferrão de iniciais “J.B.”, como se fossem gados. Requinte de perversidade.

Com fama de impiedoso, o famigerado “ferrador de mulheres” era tido como um dos mais ricos do bando – formado por Demudado, Chico Peste e Acelino. Durante anos cometeu atrocidades, saqueou e impôs a sua própria lei em Frei Paulo e municípios vizinhos. A polícia não descansava procurando os temíveis bandidos que se escondiam em casas de fazendeiros. Estes, se não contassem à polícia, eram chamados de coiteiros, e se falassem eram apelidados de dedo duro na boca do cangaceiro.

A mata era o maior refúgio desses facínoras. No corpo de uma árvore – viva até hoje – eles silenciavam suas armas e na chamada “Toca da Onça”, na Fazenda Caipora, evitavam o ataque de inimigos com troca de tiros, já que de lá de cima tinham uma visão panorâmica e privilegiada de toda a região.
Certa vez, o inesperado para Zé Baiano aconteceu. Por ser coiteiro do seu bando, o comerciante Antônio de

Chiquinho, cansado das perseguições da polícia – chegou até a ser preso – e da desconfiança dos cangaceiros, tramou um plano para eliminar o grupo do impiedoso “ferrador”. E foi numa entrega de alimentos, solicitada pelo Baiano, que o comerciante convidou os conterrâneos Pedro Sebastião de Oliveira (Pedro Guedes), Pedro Francisco (Pedro de Nica), Antônio de Souza Passos (Toinho), José Francisco Pereira (Dedé) e José Francisco de Souza (Biridin) para, juntos, darem fim ao bando. No dia 7 de julho de 1936, os seis amigos conseguiram dar cabo aos quatro temíveis bandoleiros na Lagoa Nova (localidade de Alagadiço). Os conterrâneos mantiveram o feito em sigilo durante cerca de 15 dias, temendo a represália de Lampião contra o povoado.

Antônio de Chiquinho, certo de que Lampião voltaria a Alagadiço para se vingar da morte do seu amigo, preveniu-se do embate e perfurou as paredes da sua casa – hoje uma creche comunitária –, tendo assim melhor visão da rua para atirar quando ele aparecesse. Porém, para a sua sorte, Virgulino Ferreira resolveu deixar pra lá o acerto de contas graças a Maria Bonita, que o alertou sobre a presença de um canhão no povoado, onde cabia um menino dentro acocorado – um minicanhão que, inclusive, está guardado no acervo do historiador Antônio Porfírio.


Ações de Porfírio

O autor do livro “Lampião e Zé Baiano no povoado Alagadiço” cresceu ouvindo as histórias que eram contadas pelos mais velhos e, muito curioso, mergulhou fundo em cada narração. Diante de tanta riqueza cultural, resolveu organizar todas as informações em um livro. “Eu não podia deixar morrer a nossa cultura. Foram seis civis filhos de Alagadiço que conseguiram acabar com quatro bandidos de Lampião, e isso é que é importante destacar”, comenta Porfírio.

A produção independente de “Lampião e Zé Baiano no povoado Alagadiço” foi vendida por completo. “Para minha surpresa o meu livro esgotou as vendas. Foram mais de dois mil exemplares”, relata o pesquisador que, além da publicação, construiu um museu dentro do seu próprio sítio. “Essa também foi outra grande surpresa, porque eu não esperava que viesse tanta gente visitar. Vêm pessoas de outros estados, curiosas para saber da história. Isso é gratificante”, diz Porfírio.

O escritor adquiriu os materiais do museu dentro do próprio povoado, dos lugares onde os cangaceiros se escondiam ou dos próprios moradores. Algumas peças foram compradas fora de Sergipe. “Muitos punhais, armas e indumentárias dos cangaceiros eu encontrei aqui, dentro do tronco de uma árvore e na Lagoa Nova. Também tenho no acervo o minicanhão que salvou Alagadiço de ser exterminado por Lampião, e três cartas escritas por Dadá, mulher de Corisco, ao compadre Joãozinho de Donana, que criou a filha deles por dois anos na cidade de Pinhão”, relata.

Na Lagoa Nova, onde Zé Baiano e os seus capangas tombaram, Porfírio construiu o "Memorial do Cangaço de Alagadiço", também com recursos próprios. “O dono da fazenda me cedeu o espaço e eu contratei os pedreiros para construir. É uma construção bem simples. Na verdade o que deveria ser construído mesmo era um grande e bonito mausoléu”, lamenta o historiador.

Porfírio também construiu no seu sítio uma biblioteca. “Um lugar onde o povo daqui, principalmente os adolescentes, possa ler mais sobre a história do seu povoado. Ainda não estou com o acervo completo, tenho apenas dois mil livros, sendo a maioria especializada em literatura sergipana. Se engana quem acha que a comunidade pobre não gosta de coisa boa. A minha biblioteca, graças a Deus, é muito freqüentada pelos moradores”, garante.
Segundo o pesquisador, todas essas suas iniciativas foram pautadas com o intuito de resgatar a cultura e a cidadania dos seus conterrâneos. “O povoado aqui não tem atrativo nenhum e essas coisas servem como divertimento para eles. Uma história bonita como essa de Alagadiço tem que ser trabalhada”, diz Porfírio, que pretende, em breve, colocar um circo também dentro do seu sítio. “É para eles terem oficina de teatro. Vou aplicar o método Paulo Freire, com a pedagogia do oprimido”, explica.


Memória

Ante a alta relevância dos fatos ocorridos em Alagadiço, o cineasta de Fortaleza, Wolney Oliveira, não perdeu a oportunidade e gravou um longa-metragem na localidade, que irá às telas do cinema no próximo ano, quando a morte de Lampião completa 70 anos. Ao que tudo indica, as pessoas de outros estados vão conhecer Alagadiço antes mesmo que os próprios sergipanos.

Enquanto isso, toda a riqueza cultural do povoado de Frei Paulo permanece guardada nas lembranças dos seus moradores mais antigos e no livro de Antônio Porfírio. “Eles eram rapazes pacíficos, apenas entraram na luta porque um amigo deles botou, mas eles não faziam mal a ninguém, eram meninos direitos e não eram de briga. Tive nove irmãos e só esses dois morreram devido a luta. Foi logo depois da morte de Zé Baiano que deu uma febre forte em um, e no outro deu uma doença braba, e disso eles morreram”, recorda Uília de Almeida, 103 anos, com relação aos seus irmãos Toinho e Dedé, cangaceiros do bando de Zé Baiano.
Lembranças que muitas vezes assustam até mesmo quem nunca viu Zé Baiano, muito menos Lampião.  
“Eu escuto direto uma zoada como se estivessem andando nas ruas, fazendo a maior bagunça. Ouço eles andando de carro de boi e também um monte de gados e cavalos correndo e acabando com tudo. Mas só escuto, não vejo nada. Só fiquei assustado uma vez quando vi um vulto passando, aí eu cacei a cabeça e não achei”. Conta o roceiro José Gilson de Oliveira, 57 anos, dono da fazenda na Lagoa Nova, onde Zé Baiano foi morto e teve sua cabeça decepada.

Guerra de Canudos

Considerado hoje um dos principais povoados do município de Frei Paulo, Alagadiço teve sua origem por volta do século XIX, pelo senhor João Pereira da Conceição, que organizou uma praça e denominou o local, por ser uma área bastante alagada, principalmente no período chuvoso.

Um fato interessante da história do povoado foi o ocorrido com um dos seus primeiros moradores, o senhor João Sabino dos Santos, que, após desertar da batalha de Canudos, foi ali residir, em 1896. O governo da Bahia o procurava para cumprir prisão, como fez com todos os desertores. Foi quando, no final da batalha, localizaram-no desfrutando da paz e aconchego ao lado de sua mulher, Angélica dos Santos, grande devota de Nossa Senhora da Conceição, a quem fez a promessa de rezar uma novena se lhe fosse concedida a bênção de seu marido não ser preso.

Prece atendida, Sabino dedicou-se à construção de uma capelinha e Angélica adquiriu uma bela imagem de Nossa Senhora da Conceição para cumprir a promessa de nove dias de festa cristã. Celebração que acontece até os dias de hoje no mês de dezembro.

Publicado em 02/11/2008 no Jornal da Cidade, SE. 

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SÓ COMO ARQUIVO - SEU GALDINO FALA A SEU LEODORO O VALOR QUE TEM A TORNOZELEIRA ELETRÔNICA.


Por José Mendes Pereira

Dia de vacinação contra a febre aftosa. Seu Galdino e seu Leodoro juntaram o gado que estava no campo e o tangeram em busca do curral da fazenda do seu Galdino. Os técnicos do governo estadual já estavam à espera. Queriam bater Record naquele ano, porque em anos passados morreram muitos animais em todas as propriedades, e foi por falta de cuidado do governo, tardou com o fornecimento das vacinas contra a febre aftosa. Além dos funcionários Estadual seu Galdino convidou 8 homens dispostos na segurada dos animais para a vacinação, e tudo ocorreu muito bem. Nenhum imprevisto. Finalmente, o gado dos dois pequenos fazendeiros ficou são e salvo de uma possível epidemia da doença que tanto assola este sertão brasileiro.


Após os trabalhos concluídos todos foram à mesa na sala única da casa grande para fazerem um café reforçado, com leite, queijo, carne assada, e como sobremesa do homem camponês espécie feita de gergelim pisado com rapadura preta do cariri e farinha. Terminado o café cada um tomou rumo às suas casas e o pessoal do governo dirigiu-se para o carro e pé na estrada, porque outros fazendeiros estavam à sua espera para cumprir a vacinação.

Sob o alpendre da casa ficaram apenas os dois fazendeiros seu Galdino e seu Leodoro orgulhosos e crentes que a aftosa naquele ano não visitaria os seus rebanhos. Dona Dionísia serviu-os com café, em seguida seu Galdino falou sobre os assaltos que por último vinham acontecendo nas propriedades de outros fazendeiros, que por felicidade, os larápios ainda não tinham os visitados para subtraírem os seus animais. Principiou falando sobre tornozeleiras:

- Compadre Leodoro, tem muita gente por aí diz que essa tal de tornozeleira eletrônica usada nas canelas de ladrões, inventada recentemente para monitorar preso não tem nenhum valor. Mas se todos soubessem o seu enorme valor não conversavam besteiras...

- O que me diz compadre Galdino? O senhor também acredita que ela tem utilidade mesmo?

- Sim senhor...!

- Pois me diga para que ela serve, compadre Galdino. No meu entender não tem valor o que o gato enterra... Eu até fiquei suspenso, porque o senhor é um homem entendido e de repente surge com uma dessa dizendo que a tornozeleira serve...


- Eu tenho a resposta aqui na ponta da língua compadre, e tenho certeza que o senhor irá concordar comigo..., pois sim, imagina quanto ganha pela venda delas o sujeito que a inventou, recebe uma valiosa quantia paga pelo direito dos seus direitos autorais e pela patente. A fábrica ganha milhões para fabricar a tornozeleira. O político que a negocia com o fabricante ganha propina em torno de 10%, e, além disto, recebe uma porção de tornozeleiras grátis e com notas fiscais falsificadas para vender ao governo, que ele também está envolvido nessa desonestidade. Ela só não serve mesmo é para monitorar preso, que com facilidade, tira da sua canela e põe num jumento, numa égua qualquer e vai trabalhar a noite nas suas atividades de bandidagens.

- Compadre Galdino, o senhor está quase me convencendo...

- Verdade, dizia seu Galdino. Outro dia eu cheguei a uma casa e vi uma senhora de muita idade com uma tornozeleira atacando à sua canela fina. Perguntei por que ela estava usando aquele troço em sua perna e ela me disse que tinha sido o seu neto que havia comprado em uma farmácia, e que era muito bom para regular pressão alta e diabete.

- Pois diga compadre Galdino, o neto enganou a pobre da velhinha.

- E ainda tem gente que diz que a tornozeleira não serve pra nada.

- O senhor me convenceu compadre Galdino. Eu vi o quanto ela serve depois das suas explicações. Só não serve para monitorar preso...

- Oh, sim! – Atalhou seu Galdino em risos

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PASSARINHOS CANGACEIROS DE POÇO REDONDO

*Rangel Alves da Costa

Difícil de imaginar um pássaro levando no bico um punhal, um mosquetão, uma faca afiada, um rifle, uma cartucheira repleta de balas cuspideiras de fogo. Realmente difícil imaginar a ave escondida entre as folhagens e ramarias e num instante fazer espanar adiante o grito, a dor e o sangue. Qual passarinho seria capaz de fazer assim, tão humanamente agindo e mais parecendo um bombardeiro em meios às catingueiras e carrascais?
Mas assim acontecia. Assim acontecia nos tempos do cangaço, onde cada integrante do bando passava a ostentar um nome de guerra, alcunha ou apelido. Quem era Timóteo, por exemplo, na vida cangaceira passava a ser Perfumado, Cabriola ou Estrangeiro, dentre muitos outros nomes. Denominações até poéticas, exóticas, inocentes, cordiais, mas apenas para ocultar a verdadeira feição destemida, a voracidade em pessoa, o barbarismo em forma de gente. Ao invés de Besta-Fera, escolhia-se Querubim. Mas nada de anjo. Apenas a fera de sangue no olho e ferro nos dentes.
Por escolha do próprio Virgulino Ferreira da Silva, o Capitão Lampião, vez que este - em sua maestria de estrategista até repetia velhos apelidos em novos cangaceiros, de modo que as baixas fossem menos percebidas e a sensação de unidade de grupo tivesse continuidade -, procurava amenizar as durezas da vida cangaceira a partir de apelidos singelos e até contrastantes com a realidade. E assim foram surgindo as alcunhas, e hoje mais famosas que os próprios nomes.
A povoação sergipana e sertaneja de Poço Redondo teve nada menos que 34 filhos seguindo as veredas de Lampião. Foi igualmente fecunda tanto no fornecimento de rapazes e mocinhas ao bando como em apelidos sublimes demais para o destino escolhido. Numa ligeira observação, os filhos cangaceiros de Poço Redondo formaram fauna, flora, higienização e muito mais. De Sabiá a Cajarana, de Cravo Roxo a Sabonete, tudo é de Poço Redondo. Mas por que Delicado ser nome de um feroz cangaceiro? Cabia delicadeza no cangaço? Supõe-se que Zumbi não era dos mais simpáticos.


Fora os nomes de pássaros que logo adiante citarei, vejam que salada de apelidos que adornaram aqueles filhos de Poço Redondo: Delicado (João Mulatinho, irmão da cangaceira Adília) Demudado (Zé Neco), Coidado (Augusto), Cajazeira (José Francisco do Nascimento, o Zé de Julião), Novo Tempo (Du, irmão de Sila), Marinheiro (Antônio, também irmão de Sila), Elétrico, Penedinho (Teodomiro), Bom de Vera (Luís Caibreiro), Moeda (João Rosa), Alecrim (Zé Rosa), Moeda (João da Guia), Sabonete (Manoel Rosa), Borboleta (João Rosa), Quina-Quina (Jonas da Guia), Ponto Fino (José da Guia), Zumbi (Angelino), Cravo Roxo (Serapião), Cajarana (Francisco Inácio), e Santa Cruz. E ainda outros.
Mais de perto, interessei-me pelos nomes de passarinhos dados àqueles jovens sertanejos. Sabiá (João Preto), filho de Zé Bié e Dona Antônia; Canário (Bernardino Rocha), filho de Dona Virgem e Cante; Zabelê (Manoel Marques da Silva), filho de Antônio Marques da Silva e Maria Madalena de Santana; Mergulhão (Gumercindo, filho de Paulo Braz São Mateus e irmão de Sila); Lavandeira (filho de Virgem de Pemba); Beija Flor (Alfredo Quirino), filho de Quirino da Lagoa do Boi; e Azulão (Luís Maurício da Silva). E ainda houve um Borboleta (João Rosa). Borboleta, um lindo e multicolorido inseto, dando nome a uma fúria humana.
Como visto, um bando, uma revoada de passarinhos, uma ninhada de voejantes cortando os céus catingueiros e nordestinos. Vai um Sabiá, vai um Canário. Segue um Zabelê e logo ao lado um Mergulhão. Voando vai Lavandeira e bem à frente o Beija Flor. E também o Azulão. Tudo pássaro, tudo passarinho. Uma lindeza de avoantes, a mais linda das revoadas. Assim seria se em cada pássaro não estivesse um homem aprisionado em seu destino de luta, de guerra e de sangue. Maldosos e perversos sim, mas também pelo instinto de sobrevivência. Muito mais a luta pela sobrevivência do que a esperanças de dignas conquistas.
Canário, por exemplo, é passarinho bonito, de penas amareladas, de canto belo e voo plangente. Simboliza o ouro, a vitória, a conquista. Já o outro Canário, o cangaceiro, era tido como carrancudo e um dos mais feios do bando de Lampião. Ao invés da suavidade e singeleza do pássaro, este possuía ilimitada ferocidade e transformava suas poucas palavras em atitudes brutais. O Canário cangaceiro foi derrubado de seu voo na mata em 1938. Seu algoz, o também cangaceiro Penedinho, não usou badoque ou peteca baleadeira. Ao invés disso, lançou mão de arma de fogo e, atirando pelas costas, fez espanar sem pena as penas passarinheiras.
Já Zabelê, meu tio-avô Manoel Marques da Silva, possuiu história e destino muito parecido com o do pássaro de igual nome. O passarinho Zabelê, como se sabe, é ave de terno canto, um tanto recluso, tido até como poeta das aves. Bem assim o Zabelê cangaceiro, pois tido como versejador, romântico e reservado. Estava na Gruta do Angico em 1938 quando ocorreu a chacina. Salvou-se, contudo. E salvou-se, talvez em voo passarinheiro e para local tão distante que nunca mais apareceu em Poço Redondo, seu berço familiar.

Escritor
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FOGO DAS GUARIBAS – 93 ANOS


Geracina Gomes da Silva, esposa de Chico Chicote. — em Porteiras - Cariri -Ceará

01.02.1927 – 01.02.2020
O importante papel das Mulheres no Fogo das Guaribas

No Fogo das Guaribas só havia duas mulheres dentro da casa grande do Tenente-Quartel-Mestre da Guarda Nacional, o coronel Francisco Pereira de Lucena, Chico Chicote: Dona Geracina Gomes da Silva, esposa, e Josefa Inácio de Lucena (Zefinha), sua filha. Nenhuma serviçal da casa estava na hora; aquelas duas tiveram importante papel no decorrer do tiroteio que durou 31 horas.

Chico Chicote atirava com vários rifles e fuzis a seu dispor: dona Geracina e a filha foram encarregadas de os municiarem. Chico Chicote só atirava! E de tanto atirar, os armamentos ficaram com os canos incandescentes. As duas mulheres foram também encarregadas da refrigeração dos armamentos em latas de água, ali postas para isto, possibilitando a Chico Chicote, seu filho Vicente Inácio de Lucena (Vicente Chicote) e os cabras Mané Caipora e Sebastião Cancão, atirarem continuamente, como se fossem muitos defensores. Elas foram poupadas da morte, e presenciaram a bárbara morte do chefe da família.

Josefa Inácio de Lucena (Zefinha), filha de Chico Chicote. — em Porteiras - Cariri -Ceará.

Não houve tempo de se alimentarem. Somente a luta tenaz e a resistência heroica estavam na agenda daquele pequeno grupo de quatro homens e duas mulheres, sustentando um fogo desigual contra policiais de três Estados. Nunca se viu coisa igual antes! Guaribas jamais será repetida, porque Chico Chicote morreu!

Por Bruno Yacub Sampaio Cabral

A Munganga Promoção Cultural
O Brejo é Isso!

Fonte bibliográfica:

- NEVES, Napoleão Tavares; Cariri – Cangaço, Coiteiros e Adjacências, Crônicas Cangaceiras; pág. 62; Editora Thesaurus; Brasília – DF, 2009;

- Diário Oficial dos Estados Unidos do Brazil; Ano XXXVII – 10° da República – N° 309; 15 de novembro de 1898; pág. 3872.


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A FAMÍLIA DE JONAS ALVES DA SILVA ESTÁ À SUA PROCURA...


Por Lúcia Rocha

A família de Jonas Alves da Silva está à sua procura, há 40 anos. Se alguém souber dele, avise.


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S.O.S. ACEU


A antiga sede do Cube Ypiranga, hoje ACEU - Associação Cultural dos Estudantes Universitários - pede socorro por sua restauração.
       

O assunto foi retomando neste sábado, dia 1 de fevereiro, no grupo Relembrando Mossoró, no Whatsapp, quando o médico mossoroense, Landsberg, tocou no assunto. Lindomarcos Faustino, autor com mais de vinte livros publicados sobre Mossoró e um dos administradores do Relembrando Mossoró, postou fotos da situação atual do prédio e comentou que o Relembrando Mossoró vai dobrar as mangas e para lutar pelo Aceu e fez um desabafo: "Uma turma precisa fazer isso, vamos começar essa semana a pensar numa campanha visando limpeza, chamar a imprensa, eu sozinho não posso, preciso dos amigos. Sempre pensei ali montar um encontro de artistas de Mossoró, uma biblioteca, casa cultural. Vamos à luta!".


A professora Isaura Amélia entrou para o debate dizendo que o ACEU deve ser restaurado conforme projeto elaborado por engenheiros e arquitetos da UERN e emenda parlamentar de bancada já incluída. "Há dois ou três anos procurei a pró Reitoria de extensão e o reitor -  Pedro Fernandes - para conversar sobre a possibilidade de implantar no ACEU a Pinacoteca de Mossoró. A equipe da infra estrutura da UERN juntamente com professores da pró reitoria de extensão fizeram um conceito de uso do espaço e elaboraram um projeto de restauração, sendo que na parte de baixo funcionaria a Pinacoteca de Mossoró e, no pavimento superior, a Escola de Artes Cênicas. O orçamento da restauração ficou em torno de R$ 1 milhão. O deputado Beto Rosando me disse recentemente que na emenda de 2019, encaminhada para UERN o ACEU estava incluído".
        
Em seguida, a professora Isaura Amélia postou algumas fotos dos encontros com o reitor Pedro Fernandes e o deputado federal, Beto Rosado, bem como com o grupo da pró reitoria de extensão. 


Alguns membros do grupo deram sugestões e Isaura Amélia encerrou o assunto dizendo o seguinte: "São excelentes as sugestões à destinação desse imóvel e da alçada da UERN. Mas na verdade, todos nós podemos dar pitacos. Até onde sei no projeto de restauração não se inclui descaracterização do imóvel. O deputado Beto Rosado, na verdade, já arregacou as mangas quando cumpriu seu papel de parlamentar, que defende Mossoró e a UERN. Os recursos destinados, registe-se, emenda de bancada, inclui todos os palarmrntares do Estado".


O professor Walter Fonseca lamentou que o ACEU está abandonado e informou que a última reforma/recuperação do Ypiranga-Aceu foi feita por ele quando reitor da UERN há mais de vinte anos. "Muito triste com seu abandono. A UERN através de Canindé Queiroz lutou muito para ficar com a sua posse".


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