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segunda-feira, 27 de abril de 2020

LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.

O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:
 josebezerra@terra.com.br
(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799

 Pedidos via internet:

franpelima@bol.com.br

Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345
E-mail:   lampiaoaraposadascaatingas@gmail.com

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.

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LAMBRETTA: BREVE HISTÓRIA DO SCOOTER ITALIANO QUE CONQUISTOU O MUNDO

Por Marcel Ahless  Em 20/07/2019

A marca rival da Piaggio nasceu após Ferdinando Innocenti perder tudo na Segunda Guerra Mundial.

Durante a Segunda Guerra Mundial a Europa viu-se devastada pelas bombas e invasões de exércitos. 

Na Itália, que é a tônica destas linhas, na qual os aliados travaram batalhas contra o exército alemão, surge nos entulhos uma ideia que revolucionaria o mercado da duas rodas na Europa. No mesmo país, o Brasil teve participação na invasão com as Forças Expedicionárias Brasileiras, fazendo com que capitães norte-americanos elogiassem os soldados pela destreza na hora de sitiar as cidades.

Sem mais delongas, trata-se de uma breve história de um scooter icônico: a Lambretta.



LAMBRETTA ‘NASCE DAS CINZAS’

Ferdinando Innocenti, criador da Lambretta, esteve envolvido com construção e infraestrutura durante boa parte de sua vida.

Após a ‘Segunda Grande Guerra’, assim como muitos italianos, viu-se sem dinheiro. O país passava por crise econômica.

Innocenti viu a oportunidade de criar um veículo de mecânica simples, pequeno e econômico. Para que isso se concretizasse, ele contatou Pier Luigi Torre e Cesare Pallavicino, ambos engenheiros aeronáuticos.

O primeiro modelo construído por Ferdinando Innocenti e seus engenheiros foi o Modelo A, em 1946. Seu nome era Lambretta 125M.

A fabricação em série do scooter aconteceu em Milão, no bairro de Lambrate, nome este que ficou conhecida como uma marca.


LAMBRETTA 125M: MODELO A; ESPECIFICAÇÕES

Os componentes cromados e o design chamavam atenção pelas ruas de Milão, com suas pequenas rodas de 7 polegadas. 

O primeiro modelo não tinha suspensão, e seu pequeno motor 125 era de apenas 3 velocidades.

Um ano depois, surgiu a primeira atualização da moto, o scooter Lambretta 125B, já com suspensão traseira.

O sucesso da marca foi imediato, e surgiram os modelos Lambretta 125LC, na qual a estética é parecida com as modernas de hoje.

Posteriormente, outros, como 15FC, 125FD e a Lambretta 125LDA. Esta última com partida elétrica, incomum para o ano de seu lançamento, que é 1954.

MARCA

Lambretta é um desses casos dos quais o produto transfaz-se em sinônimo de marca. Poucos devem saber, mas o nome da marca é Innocenti, como seu criador. Lambretta é nome dado aos modelos das motos.

Dentre tantos lançamentos nos anos recorrentes, a Innocenti teve uma rival no início que disputam até hoje o mercado de scooters: a Piaggio.

A ‘guerra’ entre as duas marcas tiveram o gênesis na década de 1950, com os modelos Vespa (Piaggio) e Lambretta (Innocenti).

O mercado italiano para as duas marcas ficou pequeno, e a briga ficou séria também no restante da Europa.


O ciclomotor Lambrettino 48 deu início ao ritmo de produção da fábrica. No fim da década de 1950, a Lambretta 150 LD série 3 sobressai entre os outros modelos pelas vendas na Grã-Bretanha. À mesma época, a Lambretta 175 chegava a 103 Km/h.

FOTO: Atriz italiana Elsa Martinelli

Cada vez mais inovando, a Innocenti lança o modelo LI 125 em 1958, com paralamas fixos. O mercado britânico contribuiu para melhorias no scooter italiano, com um público cada ano mais exigente.

Em resposta, surgem os modelos Lambretta TV 200, de 1963 e as edições especiais, a saber:

Lambretta Rallymaster LI 150 – equipada com acessórios e design esportivos;

Lambretta LI 150 Special ‘Marcapasso’ – preparada para corridas;

Lambretta Cento – voltada ao público feminino, lançada em 1964.

Ainda na Inglaterra, aos anos 60, surge a subcultura Mods Movement, em oposição a outras subculturas igualmente associadas a motocicletas, como Café Racer e Scrambler.

Os Mods faziam uso dos scooter Vespa e Lambretta pelas ruas de Londres.

Esse movimento é retratado no filme Quadrophenia (1979), do diretor e roteirista Franc Roddam.

FOTO: Cena do filme Quadrophenia (1979).

Nessa época, portanto, os scooters Vespa e Lambretta saíam da fábrica com possibilidades para customização, algo que o público britânico gostava.

MERCADO INDIANO

Pelos anos de 1971 a 1972 a marca tornou-se do governo indiano, sob a gerência da Scooters India Limited. Não obteve o mesmo sucesso dos primeiros anos. O fim da gestão aconteceu em 1977, com a série GP.

RESSURGIMENTO

Décadas depois, sem novos modelos e novidades, alguns grupos fizeram tentativas de reviver os tempos áureos da marca italiana, sem sucesso.

Mas aconteceu em 2017, com a reinterpretação austríaca do estúdio KISKA que trouxeram à Lambretta armas páreas para competir com a Vespa novamente.


Com isso, foram lançados modelos remetidos às décadas de 1950 e 1960, com a essência que levou a Innocenti pela Europa.
Foram lançados os modelos:

Scooter 125;
Scooter 200;
Série de Lambretta V-Special 4 tempos e transmissão CVT.

O design retrô ganhou tecnologia atual, como:
Iluminação em LED;
Entradas USB;
Tela de LCD;
Capacete com as cores e logotipos da marca.


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SANTANA: QUARTETO E TERCETO

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de abril de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.300

A Emancipação de Santana do Ipanema, lembrada na semana passada, faz repensar sua arquitetura no Bairro Monumento e Centro Comercial da cidade. O quarteto arquitetônico do Bairro Monumento, parece amplamente assegurado na paisagem urbana de Santana. O casarão construído para ser hospital que virou quartel e depois escola, continua em plena atividade escolar sempre conservado. O antigo Grupo Escolar Padre Francisco Correia, também continua na ativa com recente reforma em suas dependências. O edifício primeiro do quarteto, a igrejinha/monumento que deu nome ao bairro, sempre conservou o seu patrimônio interno e externo. E o prédio do Tênis Club Santanense, apesar da crise do divertimento em casa, prorroga sua existência em mãos de pessoas abnegadas. Avaliamos como pontos seguros no histórico do século passado.
CASARÃO DO DEUS MERCÚRIO (FOTO: B. CHAGAS).
Mas como anda o terceto arquitetônico do Centro Comercial? Os três imponentes edifícios erguidos pelo coronel Manoel Rodrigues da Rocha na época de vila? Como está o Casarão de Esquina de primeiro andar vizinho à Matriz de Senhora Santana? E o casarão do deus mercúrio, primeira moradia do coronel? E o casarão morada definitiva de Manoel Rodrigues? Todos fechados cada um com seus problemas particulares. Entretanto a preocupação com a História não é por que eles estão fechados ou abertos, mas pelo problema da deterioração que não perdoa casas fechadas. O casarão de esquina foi uma espécie de “Shopping” da época, espaço enorme transformado em vários compartimentos para aluguel. Sua parte inferior continua abrigando uma dezena de lojas. E a superior?
A casa grande do deus mercúrio (tem estátua do deus mercúrio no seu frontispício, importada da França) já foi biblioteca pública em sua parte de primeiro andar. E a casa famosa onde morou o coronel (vai de uma rua a outra) já hospedou pessoas ilustres como o coronel Delmiro Gouveia e vários governadores do estado. Não sabemos se existe algum plano de conservação de parte da prefeitura local, uma vez que os prédios pertencem a particulares.
Esperamos apenas que o terceto arquitetônico do Comércio não siga o mesmo destino do casarão do padre Bulhões na foz do riacho Camoxinga.
Os edifícios simbolizam a nossa luta de vila em busca do progresso trabalhoso do sertão. Foi essa luta que a transformou em Rainha. Não percamos a coroa.


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SERTÕES, ROÇAS E VIDAS

*Rangel Alves da Costa

No passado sertanejo, de canto a outro a mataria fechada tomava conta de tudo. Depois, com o povoamento, muita mata foi derrubada para que os roçados permitissem a plantação. O plantio garante a sobrevivência de muita gente. Daí que as roças ainda fazem parte da paisagem logo depois da cidade.
Roças que se estendem pelas beiradas das estradas, cortando veredas, adentrando a caatinga. Roças maiores, roças menores, casinhas, casebres, casas de tijolo e barro, currais, chiqueiros, terreiros de galinhas, pastagens para a sobrevivência dos bichos.
As roças, ou o viver em propriedades interioranas - ou mesmo em fazendas, como costumeiramente se chama -, possuem um cheiro próprio. Não só o cheiro de mato, da terra sertão, mas um aroma tão próprio quanto suas paisagens. Cheiro de bicho misturado ao estrume. Cheiro de curral e de boi berrando.
Também o cheiro do barrufo subindo após a primeira chuva forte caída. Cheiro de sequidão, de fogaréu tomando tudo, alastrando calor e mormaço pelas suas distâncias. Mas também o cheiro da panela no fogo e o que o de comer de cada dia passa a exalar. E que cheiro de amanhecer: o perfume bom do mato em flor.
A roça tem cheiro de tudo de bom. Mas só quem vive na roça ou nela possui cancela ou porteira de entrada, para reconhecer cada cheiro. O café não apenas o café cheirando, o cuscuz no é apenas o cuscuz cheirando, a tripa na banha de porco não é apenas a tripa na banha de porco cheirando. Há uma magia em cada aroma que só sabe sentir aquele que com a roça convive.
Mas a roça é mesmo um mundo estranho. E muito estranho mesmo ao forasteiro ou desconhecido. Falando com o bicho, há que se imaginar que o roceiro malucou de vez. A senhorinha falando com a planta, logo se diz que está abilolada, ruim da cabeça. E o que dizer quando o menino vai logo cedinho despejar leite do peito da vaca no seu pratinho de estanho com farinha seca?


A paisagem da roça sempre traduz o clima da região. Às vezes, tudo é avistado vicejando, verdejante, numa moldura que tanta alegria causa aos olhos e ao coração. Noutras vezes, apenas a terra esturricada, as plantas entristecidas, os bichos magros gemendo suas fomes e sedes.
Mas não há como desejar que tudo de repente se transforme. O sertão é assim mesmo. Algum tempo de chuva e até muitos anos sem cair sequer um pingo d’água. E tudo isso fica bem demonstrado na feição de cada roça e até de seu humilde e singelo habitante. A feição sertaneja vai se modificando segundo o tempo lá fora e mais adiante.
Ora, o homem da roça, ainda que viva num mundo que tanta ama, vive entremeado de alegrias e sofrimentos. Entristece demais quando a seca aperta e sequer sabe o que fazer para dar água e alimentar seu rebanho. Mas também um sorridente e cheio de contentamento se a invernada foi boa e o seu mundo retomou o verdor molhado.
De qualquer modo, relembrar a roça é trazer à memória o cesto de palma, a porteira rangendo do curral, os estrumes tomando os solados, os berros e os mugidos, o voo dos passarinhos ao entardecer. Recordar a roça é rebuscar o sabor do leite quente tirado do peito da vaca naquele momento e derramado em prato de estanho já com tiquinho de farinha.
Recordar a roça é ter na memória o mandacaru, o xiquexique, a palma, a jurubeba. É relembrar as veredas espinhentas, as estradas empoeiradas, os caminhos que vão se encurvando e se espalhando. É em pensamento avistar a tem-tem guardiã, a galinha ciscando pelo quintal, o cachorro correndo por dentro dos tufos de mato.
Recordar a roça é sentir o cheiro do cuscuz ralado ainda no escurecido alvorecer. É se envolver pelo aroma do café torrado e peneirado em quintal, então fumegando por cima do fogão de lenha. É ouvir o chiado da banha de porco na frigideira e o cheiro forte da tripa de porco, do toucinho, do bucho, do pedaço de carne de sol.
Recordar a roça é mesmo na distância ouvir o vaqueiro cuidando de seu rebanho, vaqueirando seu bicho de pasto e curral, ecoando seus aboios e toadas para alegria das vastidões. É avistar o suor da luta, o cansaço do animal, a roupa vaqueira sendo pendurada pelos cantos da casa. O gibão, a perneira, a sela, o estribo, tudo.
Contudo, verdadeiramente recordar o sertão é jamais desapartar de seus clarões do dia ou da noite. Ter a lua grande, bonita, imensa, de dourado brilhoso, espalhando seus fulgores e canções pelas noites tão singelas e cativantes. Mas também o sol raivoso, voraz, cheio de queimor e abrasamento. E entre as duas luzes, a brandura do amanhecer e do entardecer. Em momentos assim, as roças e os sertões se transformam totalmente. Tornam-se apenas poesias.

Escritor
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VOZES DOS FILHOS DE NAZARÉ - PARTE 2

Por Aderbal Nogueira


Os filhos e netos dos Nazarenos falam o que pensam de sua história e o que esperam do futuro de seu torrão natal.

Categoria

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CORDEL NO EMBALO DAS REDES

Por Dalinha Catunda

1
Meu cordelzinho matuto
Das feiras do meu sertão
Hoje reina absoluto
Tem farta divulgação
Com seu jeitão enxerido
Agora todo exibido
Brilha na televisão.
2
Aparece ledo e belo,
Nos mais diversos canais.
Sem deixar de ser singelo
Vai estampando jornais
Com sua xilogravura
Mostrando sua cultura,
Que nunca será demais.
3
Um programa especial
No “Globo Rural” ganhou.
E no “Salto Pro Futuro”,
O seu valor realçou.
Lá no “History Channel”,
Os detalhes do cordel
Vi que história revelou.
4
Hoje é tema de novela,
Este cordel encantado,
De rainhas e princesas,
E do cangaço falado.
Tem no reino da poesia
Um passado de magia
Que revejo resgatado.
5
Como eu fico orgulhosa
Em ver o meu matutinho,
Sendo bem reconhecido
Mesmo fora do seu ninho.
Está fazendo bonito,
No cordel eu acredito
Pois é ele meu caminho.
6
Escutei cordel em feiras
E rodas de cantoria.
Em encontros com poeta
Onde reinava alegria.
Agora mais abrangente
Continua ele imponente
Disseminando magia.
7
A internet chegando,
Vestiu asas no cordel,
Que voou pra todo canto,
Como um alado corcel,
Com toda desenvoltura,
Aproveitou a abertura
Para firmar seu papel.
8
Um dia virou folheto
O que era apenas oral.
Chegou à televisão,
Também revista e jornal.
Hoje na internet brilha
Vai seguindo a nova trilha
Neste mundo virtual.
9
Na internet hoje impera,
A real democracia,
Lemos o contemporâneo,
E o antigo se aprecia
Com a multiplicidade
O cordel vira verdade
Que na rede contagia.
10
O cordel de trajes simples
Ou bem vestido a rigor
Sempre será respeitado
Sempre terá seu valor
Pois trazendo erudição,
Ou apenas inspiração
Traz na rima seu calor.
11
O cordel de trajes simples
Residiu no interior.
Nas emissoras de rádio
Na boca do locutor.
No sorriso e na alegria
Nas noites de cantoria
E na voz do cantador
12
Cordel vestido à rigor
Seu espaço conquistou
Usando terno e gravata
Na escola ele entrou
Traz no seu falar polido
Um linguajar tão sabido
Que o professor adotou
13
Este cordel que desponta,
E chegou para ficar.
Inserido nas escolas
E ajudando a ensinar
Traz na bagagem magia
É o novo que contagia,
Ajudando a educar.
14
Quais as faces do cordel?
Quem poderá me dizer?
Não diga que é só matuto
Pois nisso eu não posso crer!
Não diga que é erudito
Pois também não acredito.
Mas tudo poderá ser.
15
O Cordel é um alento
Para o forte Nordestino.
Cultivador de saudade
Um eterno peregrino.
Que leva no coração
As histórias do sertão,
A saga do seu destino.
16
É a gritante saudade
Da farinha no surrão.
A saudade da paçoca
Bem pisada no pilão
Da pamonha, da canjica
Do amor a terra que fica,
Grudado no coração.
17
É a cantilena brejeira
De quem viveu no sertão.
Tudo que passou um dia
Vivendo no seu torrão
Morando na capital
O cordel vira jornal,
A fonte de informação.
18
O cordel é identidade
Do homem do interior
Que veio para cidade
Estudou pra ser doutor
Mas apesar de formado
Recorda bem o passado
E as raízes dá valor.
19
Preso com os pregadores
Pendurado em cordão.
Avistava-se o cordel
Lá nas feiras do sertão.
Agora bem editado,
E ricamente ilustrado
Não falta divulgação.
21
Se o cordel tem oração,
Tem reza tem ladainha.
Tem a saga de um povo
Que incansável caminha
Registrando sua história
Para guardar na memória
O que oralmente retinha.
22
Vi a internet chegar
Para o cordel socorrer
E zombar de quem dizia
Que o cordel ia morrer.
Acompanhando o progresso
Um cordel sem retrocesso
Hoje só faz é crescer.
23
O cordel incorporou
A mulher nessa cultura
Agora ela pinta e borda
Entende a literatura
Sabe como interagir
Ver o leitor aplaudir
Sabe manter a postura.
24
Eu sou Dalinha Catunda,
Também me assino Aragão.
Sou amante da poesia
Que germinou no sertão
Em Ipueiras nascida
Ao cordel eu dou guarida
Pois ele é minha paixão.
*
Cordel e foto de Dalinha Catunda


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JORNAL O GLOBO, 5 DE OUTUBRO DE 1975

O último dos cangaceiros do nordeste vai ser solto

Depoimento de Marcos Alexandre da Costa, vulgo Curió
transcrito por Antonio Correa Sobrinho

Preso desde 1945, Curió está na Penitenciária Agrícola de Itamaracá, trabalhando no viveiro e recebendo Cr$ 30,00 por semana, mas, antes disso passou 27 anos na antiga Casa de Detenção de Recife. Embora ele conte uma história diferente, os registros da Penitenciária mostram que Curió foi condenado por quatro crimes – e não por sua atuação no bando de Virgulino Ferreira – pois todos os crimes foram praticados após a morte de Lampião e a dispersão do bando.

Dos quatro processos que envolvem o nome do ex-cangaceiro, dois são por assassinatos praticados em Alagoas e no Maranhão e os outros dois por furto e latrocínio nos municípios pernambucanos de Canhotinho e Nazaré da Mata. Mas Curió declara que antes de 1945 esteve preso em Alagoas porque se entregou:

- Foi no mesmo ano em que a Polícia matou Lampião – explica Marcos Alexandre da Costa – eu e mais 19 jagunços resolvemos nos entregar ao comandante do II Batalhão de Polícia de Alagoas, porque o bando tinha ficado sem chefe e nós queríamos acabar com as perseguições. Fiquei preso dois anos, até 1940, e depois o Presidente da República mandou soltar todo mundo. Aí viajei para São Paulo e foi entre as visitas que vinha fazer aqui no Nordeste que pratiquei os quatro crimes, porque faziam pilhérias comigo.

Curió acha que somente com emprego certo poderá terminar a vida tranquilo e parado num lugar porque desde menino sempre gostou de andar pelo mundo.


 
 Curió aos 34 anos, 
quando entrou pra cadeia...

GANHAS O MATO

Ele entrou para o bando de Lampião em 1934, com 27 anos, mas antes morava em Recife e negociava com cereais no Mercado de São José. O desejo de viver andando pelo mundo e o fato de ter matado duas pessoas durante uma briga levaram-no a sair da capital pernambucana e “ganhar o mato”.

Em Alagoas encontrou o bando de Lampião e, através de Velocidade, Pinga Fogo e Santa Cruz todos seus amigos e cangaceiros, foi logo aceito no bando para trabalhar como cargueiro, “a pessoa que ia fazer as compras quando o bando parava em alguma cidade”.
 O cabra Velocidade após as entregas
- Com o grupo eu fiquei até o dia em que mataram o chefe. Ganhei o nome de Curió porque gostava muito de subir em árvores, feito passarinho.

Curió conta que no dia da morte de Lampião estava dormindo juntamente com 21 cangaceiros a uma distância de um quilômetro do local onde se encontrava o chefe, Maria Bonita e mais nove jagunços.

- A Polícia matou todos eles e nós, quando ouvimos os tiros e corremos para lá só tinha gente morta, as cabeças de Lampião e Maria Bonita cortadas; mas tudo foi traição do tenente João Bezerra, que se dizia amigo do chefe e tinha jogado dados com ele no mesmo dia em que cometeu o crime.

 

 ... E após 30 anos de prisão, 
esperando a sonhada liberdade.

ATAQUES DO GRUPO

Com o bando de Lampião, o ex-cangaceiro viajou por quase todo o Nordeste, “desde a Paraíba até São Luiz do Maranhão e tudo feito a pé ou a cavalo”. Mas sobre os ataques do grupo às cidades em que chegava. Curió nada explica. Diz apenas: - Lampião só matou para se defender e era amigo de todo mundo, dos policiais e dos fazendeiros, andando livre por todo canto.

Para Curió, Lampião é um ídolo; honesto, corajoso “e também não gostava muito que a gente andasse com mulheres porque tinha medo que começasse a falta de respeito”.

- Dinheiro – afirma Curió – foi coisa que nunca faltou. Lampião sempre dividia tudo com os jagunços, mas nada era roubado. Sempre ganhava o dinheiro e eu acho que os fazendeiros era os que davam, sem precisar brigar. Ele não se arrepende do tempo do cangaço, somente dos crimes que cometeu depois. Acha que a vida de lutas no sertão era uma aventura onde “se matava para não morrer”.


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VOZES DOS FILHOS DE NAZARÉ PARTE I

Por Aderbal Nogueira


Os filhos e netos dos Nazarenos falam o que pensam de sua história e o que esperam do futuro de seu torrão natal.
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