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domingo, 2 de dezembro de 2018

NO XAXADO COM LAMPIÃO A OCTOGENÁRIA ALZIRA MARQUES RECORDA OSBAILES ANIMADOS, ORGANIZADOS PELO REI DO CANGAÇO

Por Denize Guedes*
Noite de sábado para domingo, fim de setembro de 1936. Faltava só passar o pó no rosto, espalhar o perfume atrás da orelha e calçar as alpercatas. Cabelos negros e encaracolados na altura da cintura, dentro do seu melhor vestido, a menina de 12 anos, que, se os pais se descuidassem, trocava o estudo pela dança, estava pronta para o seu primeiro baile no alto sertão sergipano com o bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

Não havia escolha, só mesmo confiar na bênção da tia de criação antes de sair de casa engolindo o medo.

“Eles mandavam apanhar a gente. Vinha aquela ordem e tinha de cumprir. Se não, causava prejuízo depois”, conta Alzira Marques, que completa 86 anos em agosto. Ela lembra detalhes das incontáveis festas cangaceiras a que foi em fazendas que já não existem mais e que deram lugar à planejada Canindé de São Francisco, com o início da construção da hidrelétrica do Xingó, em 1987. Canindé Velho, como a sertaneja chama o local onde nasceu, à beira do Velho Chico, foi demolida por conta da usina, hoje fonte de renda para a cidade – atrai quase 200 mil turistas por ano com o Cânion do Xingó.

O auge de Lampião em Sergipe vai de 1934 a 1938, quando o cangaceiro foi morto ao lado de Maria Bonita e outros nove do bando, em 28 de julho, na Grota do Angico, município de Poço Redondo. “Este é o estado onde ele encontrava mais proteção, aliando-se aos poderosos locais, como o coronel Hercílio Porfírio de Britto, que dominava Canindé como se fosse um feudo”, explica Jairo Luiz Oliveira, da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. “São os chamados coiteiros (quem dava proteção ao cangaço), políticos de Lampião. Melhor ser seu amigo que inimigo.”

Foi nas terras de Porfírio de Britto que Alzira mais arrastou as sandálias. “Na primeira vez, encontrei Dulce, que foi criada comigo em Canindé Velho e tinha virado mulher do cangaceiro Criança. Eles também eram de muito respeito e nunca buliram com gente minha. Pronto, não tive mais medo”, relembra. Temporada de baile era fim de mês, quando as volantes da Bahia e Pernambuco – as polícias mais algozes no rastro de Lampião – voltavam a seus estados para receber o soldo. “Aí os cangaceiros viam o Sertão mais livre para fazer festa”, diz.

Dia de dança, Alzira tinha de sair e voltar à noite para não levantar a suspeita dos vizinhos. Às 22 horas, punha-se a andar 2 quilômetros até o local onde um coiteiro escondia os cavalos. Outras meninas iam junto. Montavam e seguiam morro acima por uns 15 minutos. “Quando a gente chegava, ia direto dançar o xaxado, forró, o que fosse, até 4 horas da manhã.” Mesmo caminho de volta, chegava com um agrado do rei do cangaço: uma nota de 20 mil réis. “Era tanto do dinheiro, mais de 300 reais na época de hoje. Dava tudo para minha tia.”

Apesar de festeiro, não era sempre que o líder do bando dava o ar da graça. Quando ia, porém, não se fazia de rogado: no mato à luz de candeeiro, onde o arrasta-pé comia solto, brilhantina no cabelo, dançava com as moças do baile sem sair da linha. Média de 20 homens para 15 mulheres. “Ninguém era besta de mexer com a gente. Eles nos respeitavam demais. Lampião era o que mais recomendava: ‘Olha o respeito!’” Maria Bonita – que para Alzira “não era lá essa boniteza, Maria de Pancada era mais bonita” – não tinha ciúme.

O cangaceiro mais conhecido do Brasil gostava de cantar e levava jeito para compor. Quem não se embalou ao som de Olé, mulher rendeira / Olé, mulhé rendá? Ou de Acorda, Maria Bonita / Levanta, vai fazer o café? Alzira conta que era comum ele pedir ao sanfoneiro Né Pereira – outro intimado do povoado – para tocar essas canções, enquanto ele mesmo cantava. “Letra e música dele, além de ser um exímio tocador de sanfona”, confirma Oliveira.

Os bailes eram como banquetes. “Tinha comida e bebida de toda qualidade. Peixe, galinha, porco, carneiro, coalhada, bolo, cachaça limpa”, diz Alzira. Outro ponto que se notava era o aroma: os cangaceiros, que podiam passar até 20 dias sem tomar banho, gostavam de se perfumar. O coronel Audálio Tenório, de Águas Belas (PE), chegou a dar caixas de Fleurs d’Amour, da marca francesa Roger & Gallet, para Lampião. “Era perfume do bom, mas misturado com suor. Subia um cheiro afetado. A gente dançava porque era bom”, afirma a senhora, que se entrosava mais com Santa Cruz e Cruzeiro.

Mais de 70 anos depois, Alzira ainda sonha com aquelas noites e sente falta da convivência com os amigos: muitas festas aconteciam em Feliz Deserto, fazenda que Manuel Marques, seu então futuro sogro, tomava conta. Não raro, o brilho da prata e do ouro das correntes, pulseiras e anéis dos cangaceiros visitam sua memória, assim como a imagem de Lampião lendo a Bíblia num canto da festa. “Ele era muito religioso.” No seu pé de ouvido fica o xa-xa-xá das sandálias contra o chão, som que deu nome ao xaxado, segundo Câmara Cascudo, ritmo tipicamente cangaceiro que não se dança em par.

Testemunha de um período importante da história do País, conta que nunca teve vontade de entrar para o cangaço nem considerava Lampião bandido: “Não era ladrão, ele pedia e pagava, fosse por uma criação, por um almoço. Agora, se bulissem com ele, matava mesmo”. Na cidade é conhecida como a Rainha do Xaxado. No último São João, que antecipou as comemorações do centenário de nascimento de Maria Bonita (8/3/1911), foi uma das homenageadas.

Balançando-se na rede na entrada de sua casa, satisfeita com os dez filhos, 40 netos e 37 bisnetos, Alzira aponta para um dos locais onde dançou com Lampião: uns 100 metros adiante, a Rádio Xingó FM. “Continua lugar de música.” Mas e Lampião, dançava bem? “Ah, ele dançava bom.”

(Foto: Cesar de Oliveira)

*A repórter viajou a convite do Ministério do Turismo e da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa).

Publicado originalmente na coluna Brasilianas, edição nº 604 da essencial revista Carta Capital. 
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“LAMPIÃO NA PARAÍBA – NOTAS PARA A HISTÓRIA” É A MAIS NOVA E IMPECÁVEL CONTRIBUIÇÃO DE SÉRGIO DANTAS


Para adquirir esta obra entre em contato com o professor Francisco Pereira Lima através deste e-mail: franpelima@bol.com.br

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O BOTADOR DE ÁGUA DA FAZENDA ARACATI.

Benedito Vasconcelos Mendes 

Toda a água utilizada na casa grande (sede da Fazenda Aracati) vinha de uma cacimba cavada na areia do leito seco do Rio Aracatiaçu, que distava uns dois quilômetros da casa. Um lote de cinco jumentos graúdos e gordos da raça Pêga, três machos e duas fêmeas, cada um levando quatro ancoretas de paubranco, com capacidade para 25 litros cada, transportavam toda a água de beber e para o gasto (água para lavar louça, para banho, para dessedentar as aves domésticas (galinhas, perus, patos, capotes e marrecas) e para outras finalidades. 

Na cozinha ficavam duas cantareiras, uma com duas grandes jarras de boca larga e feitas de barro para guardar água para cozinhar e outra com dois pequenos potes de água de beber. No canto do banheiro, sobre um pequeno elevado de cimento, localizava-se uma grande jarra com capacidade para 4 latas (vasilhame de querosene de 18 litros) de água para banho. No fundo do alpendre, na lateral direita da casa, defronte à porta que dava para o quintal, situavam-se duas grandes jarras de água para abastecer os animais (aves, cachorros, gatos e as gaiolas dos passarinhos). Toda água que chegava da cacimba era coada em um pano de tecido de algodão (algodãozinho), com elástico. Cada pote tinha uma tampa de madeira, que era colocada sobre o pano de coar. A água para banho era retirada da jarra com o auxílio de uma cuité, a água para os animais, com uma cuia de cabaça grande e a água do pote de beber com uma caneca de zinco de borda dentada, para evitar que alguém bebesse diretamente na caneca. Sobre o pote, pendurado na parede, havia um porta copos, que mantinha as canecas de alumínio com a boca para baixo. Cada caneca tinha o nome da pessoa gravado, com a ponta de uma faca. No banheiro, o vaso sanitário não tinha descarga, sendo necessário despejar uma ou duas cuias grandes de água, para fazer a limpeza. A assepsia do ambiente era feita com creolina. 

O botador d’água era o Seu Galdêncio, irmão da mulher do vaqueiro Chicó, solteirão, que naquela época já aparentava uns 75 anos de idade e que toda vida morou na casa da irmã. Ele era muito vagaroso e seu único trabalho era abastecer a casa com lenha e água. Ele tangia os animais com as ancoretas vazias até a cacimba e lá, com o auxílio de um grande funil de zinco e uma cuia, enchia as ancoretas com água da cacimba e voltava para a casa do meu avô. Os jumentos eram muito mansos e afeitos a este tipo de trabalho. Cada animal carregava uma sinetinha de bronze no pescoço. Os jumentos eram milhados em mochilas de couro curtido de boi. O Seu Galdêncio usava um relho (chicote) de tanger burro, mas não batia nos animais, pois estes obedeciam o comando de voz e o estalo do chicote no chão. 

Seu trabalho de cortar e transportar a lenha era realizado uma vez por semana. Ele cortava a lenha no mato e depois ia buscar nos animais, com cambitos sobre a cangalha. Ele mantinha a foice e o machado bem amolados, pois ele os afiava em uma grande pedra de amolar, existente na sombra de um Juazeiro, no terreiro da casa. 

As roupas da casa de meus avós, roupa de vestir (calças, camisas, cuecas, lenços, pijamas, vestidos, anáguas, combinações, calcinhas, sutiãs e camisolas) e os panos de cama, mesa e banho (lençóis, redes, colchas de cama, toalhas de banho, toalhas de mesa, panos de prato e outros), eram lavadas com sabão preto (sabão da terra), sobre uma pedra no Rio Aracatiaçu. Depois de lavadas, as peças de roupa eram colocadas para corar no sol, estendidas sobre a areia do rio. Para levar e trazer as trouxas de roupa, da casa para o rio e vice-versa, a lavadeira, que era a irmã do botador d’água, usava os animais com as ancoretas que iam pegar água na cacimba, no leito do rio. As trouxas de roupa eram colocadas sobre as ancoretas. Dona Ritinha, quando ia bater (lavar) roupa no rio, levava para merendar um naco de queijo de coalho, um pedaço de rapadura e uma cabaça de água para beber. 

 Seu Galdêncio cuidava muito bem dos animais, tanto ofertando bons alimentos e boa água como evitando pisaduras (ferimentos) que pudessem ser provocados pela cangalha. A cangalha era colocada sobre uma esteira espessa de surrão de palha de carnaúba, cheia de junco (ciperácea que cresce nas lagoas). Nos cabeçotes da cangalha colocava-se dois ferros, um em cada cabeçote, para receber as aselhas das ancoretas. Cada jumento atendia por um nome e entendia o linguajar do Seu Galdêncio, principalmente o sinal auditivo para parar “aííí” e o estalo do chicote no chão, mandando iniciar a caminhada.


Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço Benedito Vasconcelos Mendes

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LUIZ BACCI É INTERNADO PARA CIRURGIA DE URGÊNCIA E DEIXA O CIDADE ALERTA

Por Paulo Victor

O jornalista e apresentador Luis Bacci foi internado às pressas neste sábado (01) no hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

Apresentador do Cidade Alerta, na Record, Bacci teve uma crise de apendicite e precisou se submeter a uma cirurgia de urgência. Segundo informações do colunista Flavio Ricco, do Uol, o jornalista não tem previsão de alta.

“A operação transcorreu normalmente. Ontem eu não estava bem, achei que era virose. 

Agora dependo do médico para me liberar”, disse Luiz Bacci em entrevista.

A publicação também destacou que Luiz Bacci apresentou o Cidade Alerta na sexta-feira (30) com sacrifício. Em recuperação, o apresentador desfalca o jornalístico, uma das maiores audiência da Record TV e que frequentemente tem batido a Globo na audiência.

https://portalovertube.com/2018/12/02/luiz-bacci-e-internado-para-cirurgia-de-urgencia-e-deixa-o-cidade-alerta/

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AGRADECIMENTO!


Por Wasterland Ferreira

Há cerca de uma semana tive a imensa satisfação de receber do meu queridíssimo amigo Aderbal Nogueira este documentário precioso: Angico, 80 anos depois.

O referido documentário foi inteiramente produzido por Aderbal, que é um dos maiores documentaristas do Brasil (certamente o mais importante documentarista do Nordeste), e dono da Laser Vídeo Produções, com sede em Fortaleza, Ceará.


Há uma semana Aderbal Nogueira deu-nos (a todos nós pesquisadores e estudiosos do Cangaço, e à todo cioso pela temática, enfim), a oportunidade de conferir a riqueza dos depoimentos colhidos por ele de alguns personagens históricos presentes no episódio funesto de Angico, onde morreram Lampião, Maria Bonita e mais 9 cangaceiros, além da morte do Soldado PMAL Adrião Pedro de Souza. Aderbal contou também com a colaboração de pesquisadores do quilate de um Jairo Luís de Oliveira, de Piranhas, Alagoas.


Desde quando o renomado historiador e escritor Frederico Pernambucano de Mello, tido como a maior ou uma das maiores autoridades no estudo histórico e científico do Cangaço no Brasil apresentou-se no programa Conversa com Bial (jornalista Pedro Bial), na Rede Globo de Televisão e divulgou seu novo livro intitulado "Apagando o Lampião. Vida e Morte do Rei do Cangaço", a ser lançado na próxima semana pela Global Editora, e mais, a revelação bombástica da identidade do suposto "matador do cangaceiro Lampião", e que seria o soldado Sebastião Vieira Sandes (integrante da tropa policial volante sob o comando do Aspirante PMAL Francisco Ferreira de Mello), e sobrinho-Neto da baronesa de Água Branca, Joana Vieira de Siqueira Sandes, reacendeu-se a antiga polêmica sobre a verdadeira identidade do militar que teria ganho os louros da glória de haver abatido o Rei dos cangaceiros e sobre como todos aqueles fatos inerentes a cuidadosa operação policial militar e que resultaram no extermínio a bala de parte da famosíssima quadrilha de bandidos realmente aconteceram.


Há quase 35 anos que li pela primeira vez sobre Lampião e o Cangaço, porém no início do próximo ano completarei exatos 30 anos de leituras, estudos e pesquisas sobre o assunto, e esse vídeo-documental de Aderbal Nogueira "abriu-me mais a mente" quanto ao que refere-se a morte do grande cangaceiro, e veio-me oportunamente poucos dias após visitar a Grota do Angico, em Poço Redondo, Sergipe, local que serviu de coito a Lampião e cenário da sua violenta morte.


Entretanto, ainda não me convenceu o fato exposto no documentário aludido pelo então soldado José Panta de Godoy (também integrante da Força Policial Volante sob o comando do Aspirante Francisco Ferreira), que foi o próprio Panta que ao atirar com um fuzil na cabeça de Lampião teria-o matado.


Contudo, parabenizo o grande amigo e Mestre Aderbal Nogueira pelo excelente trabalho desenvolvido e pelo ótimo documentário, quê é deveras esclarecedor. Muito obrigado, querido amigo!

Todavia, peço-lhe desculpas pela demora em posicionar-me aqui e isto volta-se aos afazeres e por toda uma gama de demandas pessoais e profissionais que tem-me afastado um pouco das Redes Sociais.

Aguardemos o novo livro de Frederico Pernambucano de Mello, meu Mestre maior e que já conheço-o há quase 25 anos.

Um grande, forte e fraterno abraço a todos.


https://www.facebook.com/search/top/?q=wasterland%20ferreira&epa=SEARCH_BOX

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ESPERANÇA BRASILEIRA: OS “BICUDOS” VOLTAM A CANTAR LIVRES NO HABITAT DA MATA ATLÂNTICA !!


Por Luiz Serra

Praticamente extinto, o pássaro Bicudo que teve destruído seu habitat, o Bicudo de canto célebre, mais parecido som de uma flauta, já está sendo observado nas matas de São Paulo, onde era considerado extinto.
Um grupo de pesquisadores do Ibama revelou que o pássaro criticamente ameaçado, teve cerca de 200 espécies soltas há dois anos, em trabalho do Museu de Zoologia de São Paulo.

Linda imagem

Parte dos animais foram doados por criadores e sobreviviam em cativeiro, nesta condição estima-se que haja milhares de Bicudos (em gaiolas e viveiros). Havia um consenso que somente a salvação do pássaro se daria por meio de criação em viveiros.

Primeiro foram dez casais libertados numa reserva protegida do Estado de São Paulo e passaram a ser monitorados por ornitólogos e protegidos pela polícia ambiental e guardas particulares.

O teste nos anos seguintes, saber se com a expansão a caça devastadora aos Bicudos não iria reaparecer.

Bicudo. Mata Atlântica SP. Bioma Legal

O motivo da caça, o canto especialíssimo que faz com que o pássaro seja vendido em média por R$ 80 mil chegando até a R$ 400 mil...

Tanto em São Paulo, quanto no Parque Nacional das Emas, Goiás, e ainda no sul de Mato Grosso, estão sendo observados “Bicudos” que já procriam no seu habitat natural.

Bicudo. Mata Atlântica SP. Bioma Legal

Para ouvir o canto do Bicudo em criatório: entrar no Youtube e teclar: “Bicudo Chumbinho Canto Flauta Goiano”.

No mais, é ler o poema de Mário Quintana:

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!

https://www.facebook.com/luiz.serra.14?fref=pb&__tn__=%2Cd-a-R&eid=ARDAjoBSn_wRzecGPOQfeMomy-g2qV-MQOnjISU_DFTx6t93XXxxVnRUrQdVJkUyHubXRANZUYYgGHsv&hc_location=profile_browser

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VAMOS AJUDAR QUEM NECESSITA!



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Nº. da conta bancária para depósito: 
Banco do Brasil agência 4687-6. 
Conta corrente: 8088-8.
Faça a sua doação a partir de 10,00 Reais. 
O dinheiro cairá em favor do Instituto Amantino Câmara.


Os idosos agradecem a sua colaboração.

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O CANGACEIRO VULCÃO

Por José Mendes Pereira

Vulcão é um cangaceiro diferente dos outros. Está sempre sozinho, vivendo o seu “eu” da maneira que ele bem pensa. Não gosta de conversa, e sempre procura não se entrosar com ninguém. Leva a sua vida isolada e pensativa, e até mesmo a sua aparência física, não se assemelha com ninguém. Diz Alcino Alves em seu “Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico” que Vulcão tinha uma cor morena, de corpo meio atlético, alto, corpulento e não é obeso, de cabelos lisos...

Como bom estrategista e observador o rei Lampião está de olho nele, e faz tudo para o Vulcão não perceber que ele está prestando atenção no seu comportamento. O rei precisa conversar com alguém sobre o comportamento daquele seu comandado. E chama o compadre Luiz Pedro e participa sobre o que vem tentando descobrir com urgência, o porquê do cangaceiro Vulcão está tão quieto, num lugar sem querer conversa com ninguém: E olhando para o Luiz Pedro diz:

- Compadre Luiz Pedro, eu não sei o que Vulcão está imaginando. Ele não fala com ninguém, não se entrosa com os outros e está sempre sozinho e pensativo.

- Eu vou ficar sempre de olho nele compadre Lampião, e logo direi o porquê de não querer se relacionar com os outros.

- Certo! Não desgruda o olho. Quero uma confirmação sem muita demora! – disse o compadre Lampião ao Luiz Pedro.

Neném do Ouro e Luiz Pedro

Assim que sai da barraca do capitão Luiz Pedro vai tentar vê-lo, mas foi inútil. O cangaceiro não está ali por perto. Sai procurando-o por todos os aglomerados de cangaceiros que se divertem jogando cartas, palestrando, brincando, mas infelizmente o cangaceiro Vulcão não se encontra por ali. Depois de percorrer todos os grupos Luiz Pedro vai até a barraca do cangaceiro Pancada e pergunta se por acaso não viu o Vulcão. A resposta é sempre negativa. Luiz Pedro  volta até a barraca do rei e diz que o cangaceiro Vulcão desapareceu do coito. Agora o que o rei deve fazer é ordenar que alguns cangaceiros fossem a procuras do fugitivo. Rapidamente  Lampião ordena que Luiz Pedro e outros vão atrás do Vulcão humano.

O motivo do desaparecimento do cangaceiro Vulcão é porque ele imagina outra maneira de viver no cangaço e de repente viu que não tão bom quanto ele imaginava. Estava enganado. Uma situação terrível de viver fugindo da polícia, matando, roubando, e isto não era para ele. Ia deixar aquela vida e voltar para a companhia dos seus pais, irmãos, parentes e amigos. Só tinha que enfrentar a suçuarana humana quando ele dissesse que não mais iria participar do cangaço.

E vendo que o Vulcão não está mais ali o certo é mandar cangaceiros à sua procura. Agora o Luiz Pedro, Zé Sereno e outros facínoras partem em busca do desconfiado com ordem do capitão. Luiz Pedro tem plena certeza para onde ele vai, e depois de andarem bastante, chegam à casa de um conhecido e perguntam se ele viu o cangaceiro Vulcão. Mas é negativa a resposta, que ninguém passou por ali antes deles. E logo adiante, ao encontrarem um viajante, esse afirma ter passado por um indivíduo assim, assim, assado muito diferente e que ia entrando em Canindé Velho de Cima. Sem se demorarem, os cangaceiros partem rumo ao local indicado pelo home desconhecido. A viagem tinha que ser rápida, porque caso eles se demorassem o Vulcão iria pegar transporte (balsa ou canoa), e não mais eles o alcançaria.

Vulcão continua fugindo ao destino que ele escolheu e depois de muito andar finalmente chega a Canindé Velho de China e vai para o porto e lá aguarda uma embarcação. Mas por sua infelicidade o barco não aparece e ele passa a sentir medo, coisa que fazia tempo que não tinha medo de nada. O Vulcão sabe muito bem do seu destino e se por acaso ele cair nas mãos dos perversos de Lampião que não são mais seus amigos, e sim inimigos, está lascado.

A noite chega e o Vulcão não está bem. Sente medo  e põe-se a pensar o que seria dele se os seus ex-comparsas o encontrassem por ali. Sabia muito bem que o seu final seria devastador. Está impaciente, com receio  de um possível encontro com os facínoras. Nenhum barco aparece para fugir o mais rápido possível dali. O seu destino negou-lhe a Presença da sorte ali por perto.

Uma voz conhecida diz com autoridade que ele está preso. O Vulcão tenta reagir de todas as maneiras, mas não consegue, porque são alguns cangaceiros que o seguram. Em seguida o Vulcão humano foi amarrado. A ponta de uma corda os cangaceiros amarraram o fugitivo, e a outra ponta foi amarrada em um dos seus cavalos. Vulcão não tem mais chance de se livrar daquela desgraça. A viagem até a presença do capitão Lampião é sofredora, porque os cangaceiros não têm um tico de dó do ex-companheiro.

Vulcão já está cansado e cai. Mesmo assim o cavalo é ordenado que siga. É a partir daí que o sofrimento do Vulcão começa. O corpo do miserável já está todo rasgado, sangue vivo sai pelas aberturas do corpo. Na caminhada vai ficando pedaço de pele do infeliz nos bicos das pedras, paus...

Lá mais adiante os malfeitores chegam a uma casa, a mesma que tinham passado antes e receberam respostas negativas. Lá está havendo um forró, e os facínoras bebem e dançam. O infeliz Vulcão já quase morto é amarrado com os braços para cima, temendo uma possível fugida, e voltam ao forró. Vez por outras alguns saem do forró e com a ponta do punhal furam o quase falecido. Vulcão não tem mais resistência nem para pedir que não o maltratem mais. Está com cheiro de velório. 

À noite para o Vulcão é terrível. Mas o Vulcão não vai ser morto ali. O capitão Lampião precisa do cabra em sua frente. Pela manhã, já todos cheios de pingas chegam com o miserável ainda vivo. Lampião está ali, aguardando a sua chegada. Mas ele ordena que o matem sem nem fazer uma revista no miserável. Os facínoras chicoteiam o cavalo que sai sem rumo arrastando aquele infeliz pelas terras do sertão sofrido. O estado que o Vulcão fica é triste se ver, porque o sangue sai por todas as partes do corpo. O cangaceiro Luiz Pedro quando percebe que o animal para, mande uma criança, "Hercílio Feitosa", que estava com eles ir buscar o animal.

Mesmo Vulcão tendo resistido todo este sofrimento, só morreu porque o Luiz Pedro o matou com um tiro de pistola. 

Hercílio Feitosa a criança que foi buscar o cavalo que arrastava "Vulcão", por ordem de Luiz Pedro, muitos anos depois, é quem narra esse triste e cruel fato ao pesquisador Alcino Alves Costa.

Fontes de pesquisa:

 “LAMPIÃO ALÉM DA VERSÃO – Mentiras e Mistérios de Angico” – COSTA, Alcino Alves. 3ª Edição. 2011

Sálvio Siqueira - http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2017/01/a-morte-de-um-desertor.html

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