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quinta-feira, 21 de maio de 2020

AINDA A TRADIÇÃO

Clerisvaldo B.  Chagas, 21 de maio de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.308

Agora que todos possuem celular, virou moda no sertão, editar vídeos e enviá-los às redes sociais. São as feiras livres, as de gado, de galinhas, de peixes, até açougues, enchentes e até mesmo cenas cotidianas da roça. Esses vídeos também vão mostrando a redescoberta de tradições como a do carro de boi. Cada cidade sertaneja, atualmente está inventando festa de carreiro. É encontro, é festival, é procissão... E assim o secular carro de madeira, volta ao cenário estadual, brasileiro e mundial como um museu vivo do transporte, da arte e da História. O momento também traz outras novidades embutidas nesses festejos que antes eram raridades. Agora chove de carros de Carneiro, de bode, de jumento e pasmem, até carros de cachorro. O Sertão de Alagoas está contaminado de festas de carros de boi e similares.

CARRO DE CARNEIRO. (CRÉDITO NA FOTO).
O interessante é que o artesão do carro de boi, faz o carro de carneiro com a mesma perfeição, amor e capricho do primeiro. E se a grande alegria do carreiro é ouvir o seu carro cantar durante o transporte de mercadorias, o carreiro do carrinho de carneiro igualmente já pode se orgulhar em dizer que seu carro é cantador. Para isso é preciso ser confeccionado por quem entende. Ao se colocar  peças não recomendadas é fracasso garantido no chiado monótono que dá vida ao veículo. Nessas festas locais, contemplamos filas extensas de carros de carneiro com muito mais de um quilômetro de extensão, tendo como condutores dos carros, adultos, adolescentes de ambos os sexos e crianças.  Todos conduzem vara de ferrão porque o negativo também é repassado para a criançada.
Quer participar? Fique antenado na época do evento em cada município: Olivença, Poço das Trincheiras, Inhapi, São José da Tapera, Santana do Ipanema e talvez outros mais. Entretanto, gostaríamos que fosse divulgado na íntegra, o fabrico caprichoso de um mestre artesão, pela grande mídia. É um talento extraordinário que deve compensar quando os condutores capricham no trato com os bichos e não omitem sequer uma peça dos seus acessórios: correia de ponta, trela, sininho...
Ô sertão velho de guerra!
Orgulho em ser nordestino.

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