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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

LAMPIÃO E O FOGO DA FAZENDA FAVELA PARTE II

Por Raul Meneleu

Estivemos no encontro de estudiosos do cangaço, na localidade da Fazenda Favela onde Lampião preparou-se para receber uma força volante de Zé Saturnino e Manoel Neto. Segundo o livro AS CRUZES DO CANGAÇO nesse episódio da manhã de 11 de novembro de 1926 a Volante chegou na Fazenda Favela e nesse ataque morreram 6 soldados, 1 civil e 2 cangaceiros.  A Fazenda Favela compreendia uma vasta extensão de terras, localizada ao norte de Floresta. Conhecida por sua prosperidade, a propriedade mantinha um grande rebanho de animais e muitas plantações. O dono da fazenda, o Sr. Antônio Novaes, Tenente da Guarda Nacional, além de agropecuarista, possuia um armazém na cidade onde comercializava. Era considerado um homem rico e com grande influência política. 

Ao adentrar em terras pertencentes ao município de Floresta, o Governador do Sertão, com sua cabroeira infernal, cruzou as propriedades Campos Bons, Cachoeira, Exu, Arapuá e marchou na direção da fazenda Favela, do Tenente Antônio Novaes, distante oito quilômetros da cidade. Durante toda a manhã e tarde do dia 10 de novembro de 1926, Antônio Novaes permaneceu trabalhando no armazém, negociando as mercadorias, na cidade de Floresta. A horda de criminosos era composta de cerca de noventa e cinco cabras, estando entre eles a elite do cangaço: Antônio Ferreira, irmão de Lampião, Luiz Pedro do Retiro, Sabino Gomes, Corisco, Jararaca, Moita Braba (Ubaldo Pereira Nunes), Sabiá, Zé Marinheiro, Antônio Marinheiro, entre outros. Ao escurecer, Lampião chegou à Favela e se dirigiu para a velha casa da sede, no intuito de encontrar o Tenente e pedir guarida. Na residência se encontrava somente Dona Aninha, e seus filhos Totonho Novaes, Manoel Antônio Novaes e vários moradores. Lampião adentrou à residência, sentou-se na mesa da sala e começou a dialogar com Dona Aninha, levando ao conhecimento da matriarca a exigência do valor de um conto e quinhentos mil réis, além de comida para o bando. O chefe cangaceiro normalmente escolhia a melhor rês que tinha na propriedade e ordenava que matasse para alimentar o bando. Os bandidos ficaram arranchados nas duas casas. Lampião, Antônio Ferreira e alguns cabras, na sede, e os demais na nova construção. Dona Aninha serviu o jantar e em seguida os sicários foram se deitar, ficando sentinelas próximos das duas casas. Uma Força Policial comandada pelo Sargento José Saturnino e o Anspeçada Manoel Neto, com oitenta praças, vinham seguindo as pisadas do bando desde o riacho São Domingos. Passando na fazenda Icó, arrearam e passaram à noite, seguindo no encalço dos cangaceiros ao nascer do dia. Logo após, continuaram a caminhada e chegarem à fazenda Exu. Entre a fazenda Exu e a Favela, já à noite, a volante encontrou-se frente a Emiliano Novaes. Manoel Neto e Saturnino tentaram persuadi-lo na tentativa de descobrir o real paradeiro de Lampião, pois sabia das suas ligações e da amizade entre eles. Emiliano estava indo ao encontro de Virgulino e, sagazmente, conseguiu livrar-se da inquirição dos militares, negando veemente o conhecimento da localização do bando. Por intervenção de Zé Saturnino, Manoel Neto o liberou e o deixou seguir, já desconfiando que essa atitude causaria um enfrentamento com Lampião a qualquer momento, numa situação de supremacia do cangaceiro. Ao tomar conhecimento da vinda dos soldados, era pecuiiar o bandido preparar o seu grupo, já em situação estratégica, deixando homens na retaguarda, sendo dificilmente derrotado. Um emissário de Emiliano Novaes chegou à Favela e trouxe uma informação, dando ciência a Lampião da aproximação da Força Volante, vindo ao seu encalço. Determinado a enfrentar os militares, alertou os cabras, preparando a estratégia do combate que a qualquer momento poderia acontecer. Lampião preparou então a defesa, que foi bem sucedida. 

FONTE: Livro "As Cruzes do Cangaço"


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