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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

A PROMOÇÃO DE LAMPIÃO E A DEMISSÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.

 Por João Filho de Paula Pessoa

Em 1926, Lampião esteve em Juazeiro do Norte/Ce, para receber uma suposta patente de Capitão do Batalhão Patriótico Brasileiro, para combater a Coluna Prestes que percorria o Brasil e atravessava o Ceará naquela ocasião. A Incumbência de combater os revoltosos da Coluna Prestes no Ceará foi dada pelo Presidente da República, Arthur Bernardes, ao Deputado Cearense Floro Bartolomeu que residia em Juazeiro do Norte, e como este não estava tendo êxito com seu Batalhão em combater o Movimento de Luiz Carlos Prestes, que seguia Ceará à dentro, vindo do Piauí, teve a ideia de recrutar Lampião e seu bando para combater a coluna prestes.

Floro Bartolomeu convenceu Padre Cícero de seu intento e em nome do Santo Padre, a quem Lampião tinha muito respeito e devoção, convidou Lampião a se fazer presente em Juazeiro para receber a patente de Capitão, Armas, Munição e Fardamentos para empreender combate aos revoltosos.

Lampião, não poderia faltar com seu Padim Cícero e seguiu para Juazeiro com mais de cinquenta homens onde passou três dias memoráveis, como celebridade, se encontrou com Pe. Cícero e recebeu suas armas, munições e fardamentos mas restava receber sua prometida Patente de Capitão do Batalhão Patriótico Brasileiro, sendo que Floro Bartolomeu, que tinha idealizado o plano da promoção de Lampião à capitão, adoeceu à véspera da visita de Lampião à Juazeiro e viajou para o Rio de Janeiro para tratamento e faleceu, não havendo portanto nenhuma autoridade federal em Juazeiro para cumprir a promessa feita a Lampião, estando assim criado um grande e temerário impasse.

Diante daquela terrível situação e sendo certo que explicar e adiar a entrega de patente à Lampião não era uma opção, muito menos cancelar ou faltar com a palavra dada à ele, o que era impensável, os políticos e autoridades locais, em seus desesperos, tiveram a ideia de convocar o único servidor federal que existia na cidade, um agrônomo de nome Pedro de Albuquerque Uchôa que tinha a função de Ajudante de Inspetor Agrícola do Ministério da Agricultura em Juazeiro para assinar uma suposta patente de capitão por eles redigida e assim cumprir a promessa feita a Lampião.

O desavisado servidor foi acordado repentinamente à noite em sua casa por dois homens sisudos e fortemente armados, com Cartucheiras cruzadas, Longos Punhais na Cintura e Chapéus de Couro de aba batida, os famigerados Antônio Ferreira e Sabino Gomes, dois dos mais frios e cruéis cangaceiros do bando, e foi levado à presença de Padre Cícero que estava acompanhado de Lampião e recebeu a ordem da assinar as patentes de Capitão à Lampião e Primeiro e Segundo tenente à Antônio Ferreira e Sabino Gomes, ele ainda tentou argumentar que não tinha autoridade para aquilo, mas foi interceptado por Lampião que disse se que se o Padim Cícero estava dizendo que ele podia é porque podia, ouvindo em seguido de Padre Cícero, “assine” e assim ele assinou as patentes improvisadas sem demora, logo em seguida assistiu Lampião e outros Cangaceiros beijarem a batinha do Santo Padre e partirem.

Após este episódio o agrônomo Pedro de Albuquerque Uchôa foi chamado à Recife pra responder a um inquérito do Ministério da Agricultura para apurar aquele fato, onde ele, simplesmente declarou “Naquele momento eu lavraria até a demissão do presidente da República.” João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 08/12/2020.

Assista o filme deste Conto - https://youtu.be/fRBix7rPkf4

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