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segunda-feira, 26 de agosto de 2019

MONSENHOR HUBERTO BRUENING


Por José Mendes Pereira - (Crônica 73)

Como eu não sou diferente dos outros seres humanos em 1972 eu me preparava para casar, isso porque é um desejo de todo ser que raciocina normalmente, um dia caminhar para o altar de uma igreja qualquer, levando consigo uma jovem, após isso, ser dono de uma casa, viver com a companheira que Deus os uniu, e juntos, construir uma honrada e linda família. 

Nessa época, eu morava no "Sindicato da Lavoura de Mossoró", porque eu já não mais residia na "Casa de Menores Mário Negócio", devido já ser de maior de idade. Naquele tempo, aquele que decidia casar era necessário um chamado banho, durante 5 noites, de segunda a sábado, nos horários a partir de 7:00 horas até às 8:00 horas. 

Catedral de Santa Luzia em Mossoró

Este banho era uma espécie de palestra, um padre ensinando como o homem deveria fazer como chefe de família, e quem me deu o dito banho em sua própria residência que ficava na mesma rua da Matriz de Santa Luzia, foi o Padre Huberto Bruening, que ainda não era Monsenhor. Este padre era pároco na Catedral de Santa Luzia em Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte. 

Padre Huberto era natural de São Ludgero, no Estado de Santa Catarina. Era filho de Reinaldo Bruening e de Isabel Rohden. Nasceu em 30 de Março de 1914. Era irmão do Padre Clemente Bruening, sobrinho do filósofo e teólogo Huberto Rohden, e primo irmão de Dom Afonso Niehues, que aqui em Mossoró, ele foi pároco por mais de 40 anos.

Numa sexta-feira que foi a última noite do banho assim que o padre Huberto Bruening terminou as explicações sobre a futura vida dois, e como chefe de uma casa e de família, olhando para mim com os olhos arredondados e arregalados por detrás dos seus óculos de graus, perguntou-me:

- Você se sente preparado para casar e tomar de conta de uma família mesmo? - Fez-me ele a pergunta meio trancado, como se estivesse duvidando da minha pessoa, que não estava preparada para  casar e tomar de conta de uma família

- Sinto-me, sim senhor..., preparado! - Respondi com firmeza ao pároco.

- Pois se você não estiver preparado e não tiver condições de sustentar uma família desista agora mesmo, e faça como eu, "crie abelhas".  

Dizia ele apontando em direção ao quintal da sua casa onde lá, ele criava abelhas jandaíra e abelhas africanizadas, uma espécie híbrida do cruzamento de abelhas-africanas com raças de abelhas europeias, são também conhecidas como abelhas assassinas, devido ao alto grau de agressividade e à capacidade de atacar coletivamente as possíveis ameaças às suas colônias.

- Mas repeti, dizendo-lhe que eu estava preparado para casar e tomar de conta de uma família.

- Eu preferi não casar, mas decidi criar abelhas. - Dizia-me ele. Elas são as minhas verdadeiras namoradas e companheiras! Com elas eu converso, eu as agrado e me sinto no meio delas como se todas fossem minha família. Entendeu? Quer casar mesmo?

- Quero, Monsenhor Huberto Bruening! Quero me casar!

E ele olhando com o olhar firme à minha direção, disse-me: 

- Depooois nãão diiiga queee o Paaadre Huberrrrto Brueninnng nãão lheee avisouuuuuu. - Dizia ele preparando um sorriso apenas no meio dos dentes, e com a sua voz compassada, cantando e alongando os fonemas de cada vocábulo.

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.

http://josemendeshistoriador.blogspot.com


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