Por Jefferson
Evandro Machado Ramos
Entre o final
do século XIX e começo do XX (início da República), surgiu, no nordeste
brasileiro, grupos de homens armados (conhecidos como cangaceiros). Estes
grupos, apareceram em função, principalmente, das péssimas condições sociais da
região nordestina. O latifúndio, que concentrava terras e renda nas mãos dos
fazendeiros, deixava a maioria da população as margens da sociedade.
Principais
características do cangaço, causas e consequências:
Podemos
entender o cangaço como um fenômeno social, caracterizado por atitudes
violentas por parte dos cangaceiros. Estes, que andavam em bandos armados,
espalhavam o medo pelo sertão nordestino. Promoviam saques a fazendas, atacavam
comboios e chegavam até a sequestrar fazendeiros para obtenção de resgates. Aqueles
que respeitavam e acatavam as ordens dos cangaceiros não sofriam, pelo
contrário, eram muitas vezes ajudados. Esta atitude, fez com que os cangaceiros
fossem respeitados e admirados por parte da população da época.
Os cangaceiros
não moravam em locais fixos. Possuíam uma vida nômade, ou seja, viviam em
movimento, indo de uma cidade para a outra. Quando chegavam às cidades, pediam
recursos e ajuda aos moradores locais. Aos que se recusavam a ajudar o bando,
sobrava a violência.
Como não
seguiam as leis estabelecidas pelo governo, eram perseguidos constantemente
pelos policiais. Nestes casos, costumavam fugir passando pela vegetação da
caatinga, repleta de espinhos. Usavam roupas e chapéus de couro para protegerem
seus corpos, durante a fuga. Além deste recurso da vestimenta, usavam todos os
conhecimentos que possuíam sobre o território nordestino (fontes de água,
ervas, tipos de solo e vegetação) para fugirem ou obterem esconderijos.
Existiram
diversos bandos de cangaceiros. Porém, o mais conhecido e temido da época foi o
comandado por Lampião (Virgulino Ferreira da Silva), também conhecido pelo
apelido de “Rei do Cangaço”. O bando de Lampião atuou pelo sertão nordestino
durante as décadas de 1920 e 1930. Morreu numa emboscada, armada por uma volante,
junto com a mulher Maria Bonita e outros cangaceiros, em 28 de julho de 1938.
Tiveram suas cabeças decepadas e expostas em locais públicos, pois o governo
queria assustar e desestimular a prática do cangaço na região.
Depois do fim
do bando de Lampião os outros grupos de cangaceiros, já enfraquecidos, foram
se desarticulando até terminarem de vez, no final da década de 1930.
Outros
cangaceiros famosos:
Outro
conhecido cangaceiro do período foi Virgínio Fortunato da Silva. Conhecido pelo
apelido de "Moderno", ele atuou nos Estados da Bahia, Alagoas e
Sergipe. Ele teve seu próprio bando, mas também esteve no bando de outro
cangaceiro famoso, conhecido como "Corisco".
Lampião
(centro) com os cangaceiros do seu bando (foto de Benjamin Abrahão Botto).
Jefferson Evandro Machado Ramos - Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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