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quarta-feira, 22 de maio de 2019

MORRE AOS 70 ANOS O TRICAMPEÃO DE FÓRMULA 1 NIKI LAUDA

Por Jornal Nacional

Piloto que sobreviveu a um grave acidente, voltou às pistas e conseguiu o tricampeonato. Ao lado da família, em Viena, foi vencido por uma complicação renal.

Morreu, na segunda-feira (20), aos 70 anos, o tricampeão mundial de Fórmula 1, Niki Lauda.


Niki Lauda e a Fórmula 1 - uma relação que deixou marcas na pele. O ano era 1976, na pista de Nürburgring, na Alemanha. Durante quase um minuto, ele ficou queimando dentro do carro, respirando fumaça e gases tóxicos. O acidente foi tão grave que um padre foi chamado ao hospital para dar a extrema unção a ele. Mas o austríaco sobreviveu numa época em que a morte fazia parte do esporte tanto quanto vencer.
Quarenta e três dias depois, ainda com as feridas por cicatrizar, lá estava ele de volta num carro de corrida para disputar o título. Na última etapa daquele ano, com muita chuva no Grande Prêmio do Japão, decidiu abandonar a prova pensando na própria segurança. O inglês James Hunt foi campeão com apenas um ponto de diferença.

Uma história tão impressionante virou filme em 2013. “Rush: no limite da emoção” rendeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator para Daniel Brühl, que homenageou Lauda nesta terça (21) numa rede social.

"Foi o homem mais corajoso que eu conheci na vida", disse.

Na época do acidente, Niki Lauda já havia conquistado o título de 1975. 

Um ano depois de quase morrer, foi campeão de novo em 1977 e se tornou tricampeão em 1984.

Nas 14 temporadas na Fórmula 1, correu com nossos três campeões: Ayrton Senna, Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi.

"Niki Lauda, um grande amigo, supercampeão, supercorajoso, superdeterminado", lembrou Fittipaldi.

Após a aposentadoria das pistas, em 1985, Niki Lauda se dedicou à sua companhia aérea. Voltou à Fórmula 1 nos anos 90 como consultor de equipes como a Ferrari e a Jaguar. Mas foi na Mercedes que ele alcançou o maior sucesso, sendo parte atuante da equipe que domina a Fórmula 1 nos últimos anos.

Contratou Lewis Hamilton, que lamentou a morte nas redes sociais.

“Estou sofrendo para acreditar que você se foi. Sentirei falta das nossas conversas, risadas, os grandes abraços após vencermos corridas juntos”, escreveu.

Niki Lauda passou por um transplante de pulmão no ano passado. Desde então, a saúde dele nunca mais foi a mesma. Morreu nesta segunda (20), ao lado da família, em Viena, por complicações renais.

Neste fim de semana, todo o circo da Fórmula 1 estará em Mônaco, o circuito mais charmoso da temporada. E não vão faltar homenagens ao tricampeão.

No Boulevard Albert Premier, em um dia normal, o limite de velocidade é de 50km/h. Se ultrapassar pode levar uma multa de cerca de R$ 400 ou ter a carteira apreendida. Mas isso jamais em um domingo de GP. Os homens que escreveram e escrevem a história da Fórmula 1 passam por mais de 200km/h. Assim como Niki Lauda quando ganhou o Grande Prêmio de Mônaco em 75 e em 76.

No paddock, ele era reverenciado como alguém quase sobrenatural, que venceu a morte por teimosia e força.

“Ele tinha um ar de quando trabalhava, de ser duro, forte, de ter uma voz muito ativa, mas era um cara muito legal e também muito carinhoso”, contou Rubens Barrichello.

Afetuoso com todos à volta dele, mas também frio nas decisões e na determinação. Na Fórmula 1, Niki Lauda vai ser lembrado sempre como o piloto que comprovou o poder milagroso da força de vontade.

'Misturou talento, agressividade e consciência e se tornou uma lenda', diz Reginaldo Leme.

A Fórmula 1 era bem diferente na época de Niki Lauda. As pessoas eram mais dóceis, o ambiente mais amigável e o acesso mais fácil. Eu fui apresentado a ele pelo Emerson Fittipaldi, o que fez com que o nosso relacionamento fosse sempre muito bom.

Foram muitas as oportunidades que tive de entrevistá-lo. Na maioria das vezes, o tom era bem-humorado.

Como profissional era extremamente dedicado e exigente. Imaginem um piloto tendo chance de chegar à Ferrari, o sonho de todos, e, de cara, dizer que o carro era ruim. Isso caiu como uma bomba na Itália toda. Quase uma heresia. Mas foi atendendo o que ele queria que a equipe conseguiu ganhar o campeonato de 75.

No ano seguinte ele caminhava para o bicampeonato, até acontecer o acidente na Alemanha. O sacrifício todo que ele fez lutando para viver o transformou em uma pessoa de decisões ainda mais seguras. Por isso, não pensou duas vezes antes de abandonar a briga pelo título naquela corrida com chuva torrencial no Japão, porque tinha convicção de que havia algo mais importante do que vencer no esporte.

Viver foi sua maior conquista. Uma atitude que a imprensa italiana chamou de fraqueza, mas eu vi como prova de coragem. Tanto quanto aquela de voltar a um carro de corrida, apenas 43 dias depois de um acidente que o deixou entre a vida e a morte.

Niki Lauda representou muito para a Fórmula 1. Dos pilotos que vi em ação, foi o primeiro a misturar talento, agressividade e consciência. Muitos pilotos têm uma ou duas dessas qualidades. Ele somou as três.

Por isso se tornou uma lenda.


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