“Cajarana é
nome de fruto que é cajá e que é manga ao mesmo tempo, de casca lisa e fina”,
denominação mais que apropriada ao sertanejo que recebeu tal apelido, pois
esteve dos dois lados da mesma moeda no tempo do cangaço. Quer dizer, foi
cangaceiro e depois caçador de bandoleiros nas caatingas, que tanto conhecia no
passo a passo de que lado estivesse.
Seu nome de
batismo era Francisco Inácio da Silva, mas comumente conhecido como Chico
Inácio. Nasceu enraizado numa afamada e portentosa família do então distrito de
Poço Redondo: a Família Vito, trazendo no sangue também laços dos Clemente,
família esta de presença constante na história do cangaço em Poço Redondo. Era
irmão de João Inácio e outros.
Seu pai era
Inácio Vito (irmão de Pedro Vito das Pedras Grandes, de Zefa de Clemente, de
Badu e de Canuta de Zé Vicente, dentre outros. A família de Chico Inácio vivia
estabelecida na região da atual povoação poço-redondense de Santa Rosa do
Ermírio (nas proximidades do Couro e Lagoa Escondida), mas espalhada também
além da divisa, principalmente na Ponta da Serra, já adentrando nas terras da
baiana Serra Negra (a mesma Serra Negra do Coronel João Maria de Carvalho e do
posto de comando da tropa de Zé Rufino).
Pela
configuração geográfica, o moço Chico Inácio muito convivia com a presença dos
cangaceiros na região da divisa de Sergipe e Bahia, local de passagem
costumeira de Lampião e seu bando. E também de soldados das forças volantes.
Uma região, pois, insegura e ameaçadora. De qual lado ficar? Muito indagava
Chico Inácio. Mas o cangaço era uma demonstração de força e até de proteção,
também dizia a si mesmo. Um dia resolveu enveredar no cangaço, e assim fez. Foi
aceito e logo recebeu a alcunha de "Cajarana".
Mas a vida no
Cangaço era mais difícil do que ele imaginava. Segundo relato de Antônio Neto
Aboiador (importante membro da família Clemente), um antigo problema numa perna
começou a importunar o já cangaceiro Cajarana, principalmente pelo peso dos
apetrechos que tinha de carregar. Ficava cada vez mais insuportável conviver
nas durezas da caatinga naquela situação. Pensou e pensou no que fazer para
sair daquele meio aterrorizante e doloroso.
Coronel João Maria de Carvalho
Como conhecia
a fama e o poder do Coronel João Maria de Carvalho e sua influência perante
Lampião, não teve dúvidas de que o Coronel da Serra Negra seria sua tábua de
salvação. E assim aconteceu, mas não antes que resolvesse fugir. Sua
desesperada e agonizante fuga foi de cena cinematográfica. Segundo o referido
Antônio Neto, Cajarana se afastou um pouco dizendo que precisava urinar. Uma
vez no mato, ficou observando se a "cangaceirama" se afastava. Ao
perceber que já iam muito adiante, então resolveu correr, mesmo com o dolorido
na perna.
Quanto mais
corria mais olhava pra trás, quando de repente percebeu um cachorro vindo em
correria em seu encalço. Lembrou que trazia um pedaço de carne no embornal,
então foi cortando o alimento e jogando em direção ao cachorro, que parava para
comer, e assim foi se afastando cada vez mais até não se sentir mais
perseguido. Em seguida, na mesma correria, foi bater à porta do casebre de um
parente que morava na região.
Imaginou que
logo os cangaceiros estariam vasculhando por ali à sua procura, mas assim não
ocorreu. Já se sentindo em segurança, logo tratou de mandar um recado a seu
pai, pedindo que fosse urgentemente procurar o Coronel João Maria para dizer
que precisava se entregar.
O Coronel da
Serra Negra assegurou que nada lhe aconteceria se fosse se entregar, mas que
dali em diante passaria a servir a Zé Rufino. Quer dizer, um ex-cangaceiro indo
pro outro lado. Sendo Zé Rufino também comandado por João Maria, nenhuma
objeção foi imposta ao ex-cangaceiro, tão somente que ao invés de volante, de
caçador de cangaceiro, ele seria informante, em virtude do problema na perna.
Ex-cangaceiro Cajarara
E assim Chico
Inácio, o ex-cangaceiro Cajarana, foi vivendo os seus dias. Não sabia, contudo,
que o episódio de sua fuga jamais seria esquecido por Lampião. E assim porque,
ao fugir, o então cangaceiro levou consigo as armas e tudo do cangaço que
carregava, fato jamais perdoado pelo rei cangaceiro. E Lampião esbravejava:
“Ainda quero ver Cajarana como ‘taba’ de pirulito, todo furadinho”.
Assim, pode-se
dizer que Chico Inácio teve vida dupla no contexto do Cangaço, vez que primeiro
foi cangaceiro e depois se tornou informante da volante. Na vida pessoal,
arrumou casamento, mas enviuvou anos após. Casou novamente, e desta feita com
Elzira, com quem teve outros filhos, dentre os quais Zé Acrísio, Nélson e
Zelino. Com a nova família, Cajarana fixou residência nas proximidades da sede
de Serra Negra, na localidade conhecida como Malhada da Onça.
Seu filho Nélson e Antônio Neto Aboiador (de camisa escura).
Na Malhada da
Onça, o ex-cangaceiro viveu durante cerca de quarenta anos, e onde faleceu. A
casa ainda existe e é cuidada por seu sobrinho Augusto Inácio. Nas fotos
abaixo, o próprio ex-cangaceiro e o local onde está sepultado no cemitério da
Ponta da Serra, na antiga Serra Negra da Bahia. Ao lado da sepultura avista-se
o seu filho Nélson e Antônio Neto Aboiador (de camisa escura).
Foram dias
intensos com a literatura! Analisando prefácio enviado pelo escritor Ysnaldo
Paulo, trocando ideias com O artista plástico Dênis Marques, colocando seu
trabalho no primeiro capítulo do mais recente romance, o AREIA GROSSA,
selecionando algumas ilustrações histórica, pra enriquecer o livro, voltando a
corrigir a pente fino e até com uso de lupa, respondendo a amiga Risomar sobre
o trabalho que ela estar fazendo e abordando o livro O Boi, a Bota e a Batina; História
Completa de Santana do Ipanema, nem sobrou tempo algum para a crônica da
segunda-feira. Hoje mesmo, ainda estarei na Praça do Bairro São José para
conceder entrevista e ser filmado visando o belíssimo projeto da esposa do meu
amigo, advogado Paulo César.
Assim, cheio
de compromissos até o pescoço, aguardo o resultado de uma consulta política
para a praxe de uma audiência política. Mesmo assim vou fazendo a lista de mais
de 60 personagens reais que viveram nas imediações da Rua do Curral de Zé Quirino,
entre 1956 e 1976, que foram resgatados e ficarão imortalizados no romance
social AREIA GROSSA. Teremos os testemunhos dos prezados companheiros
escritores, Luís Antônio, o Capiá e João Neto Chagas (João do Mato, João Neto
de Dirce) que viveram à época e não desconhecem o epicentro do romance e nem os
perímetros geográficos onde ocorre a trama. Estamos planejando um encontro a
três para reforçarmos o valor histórico do livro misterioso.
Outrossim,
estou aguardando o momento adequado para o lançamento oficial dos quatro
romances do ciclo do cangaço, de uma só vez: Fazenda Lajeado, Deuses de
Mandacaru, Papo-Amarelo e Ouro da Abelhas. Alguns desse, já foram motivo
de apreciações literárias do blog do Malta Net. Já tem gente interessada nesses
romances para o cinema. Mas, enquanto isso, vamos tentando bater à porta certa
para trazer a lume Padre Cícero, 100 milagres nordestinos – Inéditos. E
assim, o Sertão vai se revezando entre Sol abrasador, céu nublado e serenos de
chuvas. Às vezes, uma tristeza danada toma o espaço, invade o coração da gente,
outras vezes, surge a esperança tão verde quanto à bandeira nacional.
Elizeu Rodrigues - imagem do acervo de Jailson Rodrigues de Souza.
Comunicamos o
falecimento de ELIZEU RODRIGUES GOMES, conhecido por todos por: (Elizeu Cambista). Faltavam poucos dias (menos de um mês), para ele completar 100 anos.
Neste dia 9 de janeiro de 2025, completa-se 93 anos do grande combate das volantes com o grupo de cangaceiros comandado por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, no Morro das Pedras Brancas, na Fazenda Maranduba dos Soares, no atual Município de Poço Redondo. O evento ficou conhecido como "O Fogo do Maranduba". O Sítio, as Aroeiras e a Maranduba eram três fazendas que, no tempo do Cangaço, pertenciam aos Soares do Maranduba, meus antepassados.
"O Fogo do Maranduba", ocorrido naquele dia 9 de janeiro de 1932, foi um dos três maiores combates do Cangaço com as volantes. Assim como o combate da Serra Grande em Pernambuco e o combate do Serrote Preto em Alagoas.
Depois de invadir Canindé, quando aconteceu aquela tragédia da ferração das mulheres do Canindé Velho, Lampião estava no Morro das Pedras Brancas, depois de abastecer os vasilhames de água nas pias do Maranduba, com a sua cabroeira, provavelmente no rápido descanso do almoço. Ali foi cercado e atacado por duas tropas das volantes da polícia. Uma comandada pelo capitão Liberato de Carvalho da Serra Negra (que depois chegou à patente de general do Exército Brasileiro) e a outra comandada pelo nazareno de Nazaré do Pico, Manoel Neto.
Lampião reagiu com os seus cangaceiros. O tiroteio iniciou um pouco depois do meio dia e estendendo-se até por volta das cinco horas da tarde. Inicialmente, o tiroteio se deu como recepção às volantes, nas pedras brancas (quartzo leitoso) e culminando na tragédia das trincheiras dos umbuzeiros. Lampião saiu vencedor, mesmo com um número menor de cangaceiros. E Liberato e Manoel Neto fugiram. Sete soldados das volantes morreram ali entre os sete pés de umbuzeiros, no lado oeste das Pedras Brancas. Da tropa de Liberato da Serra Negra morreram Pedrinho de Paripiranga, Manoel Ventura, João de Anizia(João Cavalcante) e Elias Marques. Da tropa de Manoel Neto morreram mais três soldados das volantes: Hercílio Nogueira, Adalgiso Nogueira e Antônio Benedito da Silva. Apenas dois cangaceiros da parte de Lampião foram mortos no local do combate, Sabonete e Caatingueira. E o cangaceiro Quina-Quina ficou gravemente ferido, indo a óbito dias depois do evento "O Fogo do Maranduba".
A dimensão do combate "O Fogo do Maranduba" foi gigantesco.
Ali estavam envolvidos aproximadamente 150 homens entre volantes e cangaceiros. Além dos 7 volantes e 2 cangaceiros mortos no local, muitos feridos foram socorridos.
Uma área de caatinga de quase 150 metros ficou com marcas de balas. Como diz a minha mãe, nos "arredó do lugá do fogo" ficou tudo "queimado de bala", cacheiro, tronco de umbuzeiro, braúna... Ainda hoje, nessa área, cápsulas das balas da época podem ser encontradas.
Antônio Soares, filho de Maria da Invenção, neto da Matriarca do Maranduba Maria do Rosário, estava no local do tiroteio. Estava conduzindo um burro de carga com potes d'água e alimentos para os cangaceiros. Quando começou o tiroteio, as mulheres, que estavam um pouco afastadas dos umbuzeiros, gritaram para dizendo o nome: "corre Tonho Soares!". O mundo do Maranduba estremeceu. Tonho Soares desabou no oco do mundo. Atravessou o rio São Francisco e foi para no Juazeiro do Norte, na terra do Padre Cícero. Talvez trilhando desesperado o mesmo caminho ja feito por sua mãe Maria da Invenção, que a cada dois anos, deixava o Maranduba e o Curralinho e ia em romaria ao Juazeiro do Norte.
Depois da refrega do Maranduba, quando a noite caiu, ali estirados ficaram os mortos. E os feridos foram levados para Curralinho em busca de socorro pelo caminho das águas. Liberato e Mané Neto se instalaram na beira do rio, em Curralinho.
Ali, mandaram prender todos os filhos de Maria da Invenção e uma caçada ao coiteiro Tonho Soares, que, provavelmente, já estava do outro lado do rio, a caminho do Juazeiro. Três homens dos Soares foram presos, inclusive Lê Soares, o pai das cangaceiras Rosinha e Adelaide. Foram levados, presos, para o quartel de Canindé. Sendo soltos no dia seguinte, no dia 11 de janeiro, graças à influência de Maria da Invenção.
O Maranduba dos coiteiros e coiteiras, dos grandes vaqueiros e das cangaceiras Adelaide, Rosinha e Áurea. O Maranduba, Território de Maria do Rosário.
Vejo que atualmente ainda há uma pequena mancha de caatinga original ali no Maranduba. E vejo também o Morro das Pedras Brancas e os Sete Pés de Umbuzeiros, um próximo do outro, vivos ainda, resistindo no tempo, como testemunhas daquele grande combate. Os umbuzeiros, todos os sete, serviram de trincheiras para os cangaceiros.
Até recentemente, naquele local, próximo dos umbuzeiros, poucos metros depois do Morro das Pedras Brancas eram encontradas, e ainda podem ser encontradas, cápsulas de balas. E, ainda ali mais adiante, ao lado do caminho antigo que dava acesso ao cemitério antigo do Sítio dos Soares do Maranduba e das Pias, está a Cruz dos Nazarenos, local onde foram enterrados os volantes (grande parte naturais da Vila de Nazaré do Pico-PE) e, dizem algumas versões, que também estão sepultados os dois cangaceiros. E ainda nas imediações estão as pias (cavidades nas rochas) ainda armazenando quase 500 litros de água captados das chuvas.
Todos nós, os poço-redondenses, precisamos conhecer a nossa história, os nossos lugares históricos e de memória. Conhecer o Maranduba, em seus detalhes, in loco, como se deu o combate e as lendas que surgiram depois daquele combate, A Grota do Angico, a História do Quilombo Serra da Guia, as Pia das Panelas, o Riacho do Quatarvo, os nossos Sítios Paleontológicos, as pinturas rupestres do Morro da Letra e do Morro dos Mestres, as cachoeiras, os monolíticos da Pedrata, as furnas da Serra da Guia, os achados arqueológicos, é importante para o fortalecimento das nossas raízes e da nossa cultura sertaneja.
O Maranduba é um sítio histórico de grande importância na História do Nordeste Brasileiro.
O significado do topônimo Maranduba. Em tupi-guarani, Maranduba significa literalmente: notícia da guerra (do barulho) (¨marᨠ= guerra + ¨anduba ¨ = notícia).
*Manoel Belarmino dos Santos – escritor, cordelista e graduando em jornalismo pela Universidade Estácio.
(Antes de começarmos a nossa historinha alerto aos amigos leitores que, o que eu escrevi, não se refere a nenhum tipo de críticas com ninguém. É somente para divertir a nossa vida. O professor João Maleável é mais um dos meus personagens, mas sem humilhar ninguém. Durante o tempo em que eu trabalhei em sala de aula, vivi no meio de bons professores e competentes, além do mais, amigos).
Nos últimos anos, o João Maleável se sentia meio cansado e precisava com urgência de férias. E para isso, ele tinha direito. Sim senhor! Quase quinze anos de serviços. Podia se afastar de suas atividades, pelo menos por um período de seis meses. E se quisesse, ausentar-se-ia por nove meses. Isso era uma opção dele.
E às pressas, procurou um substituto. Carlos Maia. Um primo carnal e de grande confiança. "- É meu primo carnal. Filho de um irmão do meu pai e filho de uma irmã da minha mãe, dizia ele apresentando o novo mestre ao diretor da escola".
O Carlos Maia, um jovem que ainda não tinha experiência em sala de aula, mas, sempre fora de muita responsabilidade em tudo que tomava de conta. E por sinal, acadêmico de letras, em uma das universidades do Rio Grande do Norte. Um grande homem letrado, como dizia o mestre.
Quando o nosso professor entregou o material ao novo mestre, isto é, ao substituto, ele se pôs a observar os quadrinhos da presença no diário, e notou que o veterano fazia a chamada da seguinte maneira: Um "(P)" e um "(O)". Sem entender aquela desastrosa chamada, o futuro dono da sabedoria resolveu pedir uma explicação ao grande professor polivalente.
- Professor, eu estava observando a maneira que o senhor usa para fazer a chamada, e achei muito interessante e engraçada! Quando o aluno estava presente, suponho eu, o senhor colocava um"(P)". Tudo bem! Até aí eu entendi direitinho. Mas quando o aluno não estava presente, o senhor colocava um "(O)". Professor, me dê uma explicação para o significado do diabo deste "(O)"!
O João Maleável cheio de orgulho, metido a inteligente, não só inteligente, mas inteligentíssimo, e com a confiança de que nada estava errado, que sempre fez aquele trabalho certíssimo, e que se dedicava por total e com responsabilidade, olhou bem no fundo do olhar do primo, balançou um pouco a cabeça, dando a entender que o parente talvez não fosse ser feliz na nova profissão, puxou o colarinho da camisa, e com um sorriso largo e aberto, respondeu-lhe:
- Ó meu grande Deus todo poderoso! Primo, não me decepcione diante dos meus amigos professores! É"ozente", primo!
-Sim!..., Sim!..., Sim!..., Sim! Entendi, primo! - Confirmou o marinheiro de primeira viagem com um sorriso sarcástico e fantasioso.
(O que é que é isso, João Maleável?)
Minhas Fantásticas Histórias
Se você não gostou da minha historinha, não diga a ninguém, deixa-me pegar outro. Mas se gostou, diga aos seus amigos para que eles a conheçam também.
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
O que significa essa foto com essas pessoas em uma praia? Quando e onde ela foi feita? Quem são as pessoas que estão nessa foto?
Artigo originalmente pulicado na Revista Bzzz Número 110, nov. e dez. 2024, páginas 20 a 29.
Ela foi realizada em 10 de janeiro de 1931, na praia de Areia Preta, Natal, e entre os que foram fotografados estava a matriarca de uma das mais importantes famílias potiguares, Branca Pedroza, e seus três filhos, cujo um deles seria prefeito da capital potiguar e governador do Rio Grande do Norte, Sylvio Piza Pedroza. Já os homens clicados eram dois italianos, dos mais importantes aviadores do mundo naquela época e que lideraram uma esquadrilha de doze hidroaviões hidroavião Savoia-Marchetti S.55A que voaram desde a Itália até Natal, em um voo de grande destaque mundial. Além disso, eles trouxeram do seu país o presente mais importante que Natal já recebeu em sua História, a Coluna Capitolina. Esses homens também eram membros proeminentes de uma ditadura que propagava uma ideologia política nefasta, de caráter ultranacionalista, fortemente autoritário e altamente sanguinário. Era o fascismo implantado por Benito Mussolini na Itália. Ítalo Balbo era Ministro da Aviação desse governo, sendo um dos principais executores da política de aviação italiana no período fascista..
Balbo e sua equipe iniciaram no final da década de 1920 diversos estudos para a realização de grandes voos com várias aeronaves, algo até então nunca realizado e que repercutiria nas ações da Itália Fascista em todo o mundo. Um desses voos teve como destino o Brasil.
No dia de Natal de 1930, Balbo e seus comandados chegaram na Ilha de Bolama, no arquipélago dos Bijagós, na Guiné Portuguesa, atual Guiné Bissau. Ficaram alguns dias realizando testes de decolagem e, com o resultado dessas provas, na madrugada de 5 de janeiro de 1931, segunda-feira, decolaram para várias horas depois amerissarem no Rio Potengi, em Natal. No percurso, houve problemas sérios com perdas de aeronaves e a morte de cinco homens.
Enquanto eles realizavam seu voo, em Natal, na Catedral de Nossa Senhora da Apresentação, na Praça André de Albuquerque, foram colocadas no alto da sua única torre duas grandes bandeiras do Brasil e da Itália. Escoteiros se posicionaram naquele local equipados com binóculos e lunetas. Tinham ordens expressas para quando avistassem as primeiras aeronaves informassem imediatamente o sineiro da velha igreja, que começaria a badalar os sinos pesados para que o povo fosse informado da chegada dos hidroaviões Savoia-Marchetti.
Pessoas se aglomeraram no cais do Porto de Natal, na Av. Tavares de Lira e nos prédios e casas às margens do Rio Potengi. Quem tinha alguma coisa que flutuasse estava dentro do rio, o que deu muito trabalho para o pessoal da Capitania dos Portos, pois o plácido Potengi tinha de ser liberado para a amerissagem das aeronaves.
O general italiano Aldo Pellegrini havia desembarcado em Natal no começo de dezembro para preparar a chegada de Balbo e dos seus aviadores. No dia 5 de janeiro esse militar ficou muito tempo em uma estação de rádio montada pelo Telégrafo Nacional no bairro do Alecrim, na Rua Coronel Estevão. Paulo Pinheiro de Viveiros nos conta em sua placa denominada “Presença de Roma em Natal” (1969), que essa estação possuía transmissores de ondas curtas de 250 e 500 watts e o responsável era Augusto Mena Barreto. Quando ficou certo que as aeronaves estavam chegando, o general Pellegrini foi para a Ribeira e por onde passou recebeu manifestações entusiásticas de carinho.
Os jornais comentaram que várias pessoas vieram de outros estados para acompanhar a chegada da esquadrilha italiana. Sei que por aqui se encontravam Antenor de França Navarro, então Interventor Federal da Paraíba, acompanhado de vários elementos do seu governo. Por volta das três horas o comércio e as repartições públicas fecharam suas portas e a massa de gente cresceu nas ruas. Finalmente, por volta das quatro horas os escoteiros na catedral viram surgir em direção ao norte os primeiros hidroaviões S.55A e logo os sinos começaram a badalar.
“Giovinezza” no Rio Potengi
Às duas da tarde daquele 5 de janeiro inesquecível, a esquadrilha passou por Fernando de Noronha e pouco mais de duas horas depois, para delírio da multidão, as primeiras aeronaves sobrevoavam Natal. Balbo mencionou em seu livro “Stormi in volo sull’oceano” (pág. 206) que chegou à capital potiguar às quatro horas e trinta minutos da tarde e assim descreveu: “Neste momento todo o cansaço desaparece. Estamos em voo por cerca de 18 horas. Quando tocamos as águas de Natal, a cabeça fica um pouco confusa e nossos ouvidos estão zumbindo, mas nosso coração está leve e brincalhão”. Nas páginas seguintes o aviador deixou registrado que após desligarem os motores ouviram o badalar de vários sinos das igrejas de Natal e registrou: “São os bronzes de Natal, a própria cidade de sonho, com um nome curto e deslumbrante” (pág. 207).
Antes mesmo de colocarem os pés na terra, flutuando a bordo dos S.55A no Rio Potengi, Balbo e seus homens ouviram um outro som, esse mais familiar, que os deixaram maravilhados. Assim Balbo falou: “As alegres fanfarras de “Giovinezza” já tocam e saúdam nossa vitória”. A “Giovinezza” era o hino oficial do Partido Nacional Fascista Italiano e no cais da Tavares de Lira ela foi tocada pela Banda da Polícia Militar.
Balbo e a maioria dos seus homens desembarcaram trajados à moda fascista – calças brancas, camisas negras, luvas e botas marrons. Os jornais apontaram que o ministro italiano foi apresentado com ar fatigado, olheiras, mas afável, sorridente e a todo momento externando agradecimentos. Em meio às autoridades brasileiras e italianas que receberam os aviadores, estava o industrial Fernando Gomes Pedroza, um apaixonado pela aviação.
O comandante afirmou em seu livro que desembarcou muito cansado e sem demora foi logo de carro para a Vila Cincinato, residência oficial do governador do Rio Grande do Norte. Uma verdadeira carreata, na época chamada de “corso de carros”, seguiu atrás do veículo do comandante italiano. Após chegar à residência, Balbo se trancou e foi descansar, mas lá fora uma multidão se formou na calçada para tentar ver o líder fascista italiano. Já os oficiais ocuparam a antiga sede da Escola Doméstica, na Praça Augusto Severo, que estava toda ornamentada, iluminada, com várias bandeiras italianas e brasileiras e sem alunas, pois estavam de férias. Os sargentos foram alojados num prédio recém-construído pela administração do porto. Esses últimos almoçaram no Hotel Avenida, na Tavares de Lira, pertencente ao “majô” Theodorico Bezerra.
Camisas Negras no Palácio Potengi
No outro dia, Ítalo Balbo foi até a sede do Telégrafo Nacional, na Av. Tavares de Lira, 88. Ali foi atendido por Augusto Gonçalves Marques, chefe da estação, onde Balbo lhe agradeceu o apoio nas comunicações durante o voo e depois passou a enviar telegramas. Consta que o primeiro foi para Alberto Santos Dumont, na França, com os seguintes dizeres: “Tocando na sua bela terra depois de um voo transatlântico, eivo-vos, pioneiro das empresas aeronáuticas, a minha calorosa saudação”. O segundo telegrama foi para Mussolini, onde transmitiu as últimas notícias e informou que os membros da esquadrilha “voltavam o seu pensamento devotado ao Duce”. Finalmente escreveu para o ditador Getúlio Vargas uma mensagem de agradecimento, mas sem tantos salamaleques.
Natal estava em verdadeiro êxtase. Para aonde Balbo e seus homens seguiram eram acompanhados por muita gente. Na passagem dos aviadores o povo ecoava vários “Vivas” a Balbo, Mussolini e à Itália. O movimento das pessoas foi tão grande que até os soldados do 29º Batalhão de Caçadores do Exército fizeram a guarda e a contenção nos locais onde eles se hospedaram e circularam. Enfim, eram figuras de destaque em todos os jornais do mundo e com uma atração que hoje em dia, talvez, só se compare às astronautas. Uma noite os italianos participaram de um jantar de “50 talheres” na Escola Doméstica.
Atracado no Porto de Natal estava o contratorpedeiro Lanzerotto Malocello. Do seu porão foi discretamente retirado um grande e pesado engradado. Este foi levado para uma área próxima ao porto, onde trabalhadores locais construíram uma grande base de alvenaria com três metros de altura e um imenso círculo no centro.
No Palácio do Governo, os italianos foram recebidos pelo então interventor federal Irineu Joffily e o interventor da Paraíba, Antenor Navarro, que ergueram brindes de champanhe pelo sucesso da empreitada de Balbo e seus comandados. Nessa ocasião, Balbo, general Giuseppe Valle e o coronel Umberto Maddalena estavam vestidos com uniformes de gala, mas vários italianos envergavam as nefastas camisas negras fascistas.
Na noite de 7 de janeiro, todos os aviadores foram para o salão nobre do Aeroclube de Natal, para um recital. Foram recebidos pelo casal Fernando e Branca Pedroza e se juntaram as autoridades, entre essas os interventores Joffily e Navarro. De início, Alberto Roseli, um rico comerciante de origem italiana que vivia em Natal há muitos anos, leu uma saudação a Balbo e aos aviadores. Após, um grupo de alunas do último ano da Escola Normal cantaram entusiasticamente a “Giovinezza”, para delírio e encanto dos militares italianos. Todos se colocaram de pé, cantando o hino com vigor e realizando a saudação fascista.
Depois, houve as apresentações musicais de alunos do Instituto de Música do Rio Grande do Norte, escola fundada pelo maestro Waldemar de Almeida. Entre os que se apresentaram estavam Dulce Cicco, Maria da Glória de Vasconcelos Sigaud, Odila Garcia, Anadyl Roseli, Eurídice Vilar Ribeiro Dantas, Dulce Wanderley, Ivone Barbalho. Waldemar de Almeida tocou ao piano a “Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro”, uma composição do pianista e compositor norte-americano Louis Moreau Gottschalk. Para orgulho de Fernando e Branca Pedroza, o jovem Fernando Pedroza Filho também se apresentou, tocando ao piano as obras “Gavota” opus 123, da compositora e pianista francesa Cécile Chaminade, e o Prelúdio nº 20, de Frédéric Chopin.
Outro que se apresentou foi um garoto de nove anos chamado Orianne Corrêa de Almeida, primo de Waldemar de Almeida, que tocou uma “Marcha Militar” de Franz Shubert. Tempos depois esse garoto seria conhecido apenas como Oriano de Almeida e se tornou um dos maiores pianistas da história da música brasileira. Segundo me informou o professor Claudio Galvão, autor do livro “O Céu Era O Limite: Uma Biografia De Oriano De Almeida” (2010), não dá para cravar que essa exibição no Aeroclube em 7 de janeiro de 1931 tenha sido a primeira de Orione, provavelmente ele já tinha feito outras em Natal, mas o garoto chamava atenção pela precocidade que, talvez, tenha visto Balbo e seus comandados.
A Coluna Romana
No dia 8 de janeiro de 1931, uma quinta-feira, foi seguramente o mais movimentado dos italianos em Natal. De manhã cedo ocorreu a missa campal presidida pelo Bispo Dom Marcolino Dantas, com saudação aos aviadores que chegaram a Natal, homenagem aos que morreram na travessia e também a memória do falecido aviador italiano Carlo Del Prete, que esteve em Natal em 1928 junto com o colega Arturo Ferrarin. Estavam presentes todos os tripulantes dos hidroaviões, os militares do Lanzerotto Malocello, autoridades potiguares e italianas, além de uma multidão de natalenses, principalmente os moradores da região da Ribeira e das Rocas. Durante a realização da missa, uma aeronave Breguet, da companhia de aviação francesa Latécoère, fez evoluções sobre a audiência e a multidão. Então, novamente a “Giovinezza” foi excetuada na capital potiguar e dessa vez pela banda do 29º Batalhão de Caçadores. Realmente esse hino, que não era o hino oficial do então Reino da Itália, estava fazendo um sucesso danado por aqui.
Em seguida, Dom Marcolino benzeu uma Coluna Romana de estilo coríntio, feita de mármore cinza, com cinco metros e oitenta centímetros de altura, uma base de três metros quadrados e confeccionada há mais de dois mil anos. Ela foi originária do Templo de Júpiter, na Colina do Capitólio, ou Monte Capitolino, uma das sete elevações sobre as quais foi fundada a cidade de Roma. Essa era uma das quatro colunas romanas existentes no Novo Mundo e foi um presente do regime de Benito Mussolini à cidade do Natal. Inclusive, a razão oficial para Natal receber um presente tão interessante e importante tinha relação com a passagem de Del Petre por aqui.
Após Ferrarin e Del Petre partirem de Natal em seu voo histórico de 1928, ocorreu um acidente aéreo no Rio de Janeiro e Carlo Del Petre faleceu, fato que gerou enorme repercussão mundial. No ano seguinte Arturo Ferrarin lançou um livro intitulado “Voli por Il Mondo”, onde conta detalhes do voo e descreveu de maneira muito positiva sobre como agiu o Governo do Brasil em relação a morte de Del Petre e como ele e seu amigo foram recebidos em Natal. A repercussão dessa obra então teria gerado no governo Mussolini, ao menos em parte, o desejo de realizar a doação da coluna romana para Natal. Evidentemente que razões estratégicas, ligadas à expansão da aviação comercial italiana no Brasil, também explicaram a doação desse importante monumento histórico.
Após a missa, Balbo e os militares italianos estiveram na Praça Augusto Severo, onde prestarem uma homenagem ao aviador potiguar, que morreu em seu balão “Pax”, na cidade de Paris em dia 12 de maio de 1902. Balbo solenemente colocou uma coroa de flores na base da estátua de bronze do antigo aviador, abraçou seu filho Sérgio Severo Maranhão e todos os italianos realizaram a saudação fascista.
A noite, novamente os italianos e a sociedade natalense estiveram no Aeroclube, onde os italianos foram apresentados a dança do Maxixe. Conhecido como “Tango Brasileiro”, o Maxixe era uma dança de salão onde um casal se apresentava com bastante sensualidade dos movimentos corporais, o que causou grande furor na arcaica sociedade brasileira. É bem verdade que no início de 1931 essa dança andava meio fora de moda nas grandes cidades brasileiras, mas naquela noite no Aeroclube ninguém se importou muito com isso. Bem, tudo indica que nessa noite, enquanto a maioria dos aviadores assistiam, ou se arriscavam, no Maxixe no Aeroclube, o comandante Ítalo Balbo e alguns poucos oficiais se dirigiram para a casa do rico industrial potiguar Fernando Pedroza.
E o Banho na Praia de Areia Preta?
A mansão dos Pedroza se localizava onde atualmente existe o encontro das Avenidas Nilo Peçanha e Getúlio Vargas, bem próximo do Hospital Universitário Onofre Lopes. Então, para saber mais desse encontro e sobre os anfitriões, procurei o funcionário público Antônio Carlos Magalhães Alves, mais conhecido em Natal como Toninho Magalhães, filho de Elza Pedroza e neto de Fernado e Branca Pedroza. Toninho me narrou que seu avô Fernando Gomes Pedroza nasceu em 30 de março de 1886, no chamado Casarão dos Guarapes, na zona rural da cidade potiguar de Macaíba. A família Pedroza possuía muitos recursos, tendo Fernando ido estudar na Inglaterra e junto com ele seguiu o natalense Manoel Augusto Pereira de Vasconcelos. Um dia Fernando e Manoel viajaram para a Suíça, onde duas irmãs de Manoel estudavam em uma tradicional escola feminina daquele país. Nesse encontro, Fernando conheceu uma moça chamada Branca Fonseca Toledo Piza, natural de Sorocaba, São Paulo e amiga das irmãs de Manoel. Não demorou e o namoro começou entre Fernando e Branca, tendo logo resultado em casamento. Vieram viver em Natal e Fernando Pedroza cresceu na exportação de algodão, a principal fonte de riqueza do Rio Grande Norte durante décadas.
O casal frequentemente viajava para a Europa e acompanhou o desenvolvimento cada vez mais intenso da aviação nas primeiras décadas do século XX. Muito desse interesse vinha do fato de Fernando ser sobrinho de Augusto Severo. Não podemos esquecer que Fernando, Manoel Pereira de Vasconcelos e Juvenal Lamartine, então governador potiguar, foram alguns dos fundadores do Aeroclube de Natal. Em uma viagem a Inglaterra, Fernando adquiriu dois biplanos de treinamento Blackburn Bluebird para a escola de aviação do Aeroclube, que era tocada pelo oficial naval e hábil piloto Djalma Cordovil Petit. Com toda essa paixão pela aviação, não é surpresa e sua esposa tenham feito o convite a Ítalo Balbo e alguns oficiais para irem a sua casa..
Certamente deve ter sido um encontro bem interessante e positivo. Tanto que no outro dia, 10 de janeiro, enquanto Balbo e seus oficiais aguardavam a chegada do último S.55A de Fernando de Noronha, ele e o coronel Umberto Maddalena foram aproveitar a praia de Areia Preta. Estavam acompanhados de Dona Branca Pedroza, seus filhos Fernando, Sylvio Piza Pedroza e a caçula Elza Piza Pedroza, e quem fez a foto foi Fernando Pedroza. Todos se mostram muito alegres e molhados, realizando aquilo que é muito normal e natural aos natalenses – Levar para as nossas belas e calientes praias, os visitantes que vem de perto e de longe. Ali já não estavam mais dois dos membros mais importantes do Partido Fascista Italiano e renomados aviadores do seu tempo. Eram apenas dois turistas italianos deslumbrados com nossas belezas naturais e recebendo atenções que tão bem sabemos ofertar a quem nos visita.
Já Ítalo Balbo, após completar com sucesso o voo para o Brasil, realizou entre julho e agosto de 1933 um voo com vinte e cinco hidroaviões S.55X, com destino final aos Estados Unidos, sendo essa uma empreitada de enorme repercussão internacional. Balbo levou adiante a construção de um culto político em torno da aviação, tendo alcançado enorme popularidade em todo o planeta, mas sendo considerado politicamente um forte rival de Mussolini. Então a situação de Balbo começou a declinar ante o Regime Fascista.
Ajudou nessa situação os inimigos poderosos que fez por ser pró-judeu e, com o passar do tempo, cada vez mais antialemão. Eventualmente, ele se convenceria de que uma aliança com a Alemanha de Adolf Hitler traria ruína ao estado italiano, argumentando que a Itália deveria, em vez disso, ficar do lado de sua antiga aliada, a Grã-Bretanha. Diante dessas situações, o regime fascista impôs a Balbo que ele assumisse o cargo de governador da Líbia, no Norte da África, então colônia italiana. Ali ele se encontrava quando, em setembro de 1939, estourou a Segunda Guerra Mundial, com a entrada da Itália no conflito em 10 de junho de 1940.
Balbo participou da invasão do Egito por forças italianas, mas dezoito dias depois, ele estava morto, abatido por fogo amigo enquanto tentava pousar seu trimotor S.79 em Tobruk, Líbia.
A Força Aérea Britânica, a famosa RAF, ao saber da morte de Balbo lançou uma mensagem de condolências em homenagem a “um aviador galante que o destino colocou do lado errado”. Teóricos da conspiração culparam Mussolini pela morte de Balbo, embora nenhuma evidência real de um plano de assassinato tenha sido descoberta. Em um epitáfio irônico de uma vida extraordinária, certamente teria divertido Italo Balbo que, durante a Batalha da Grã-Bretanha, os pilotos da RAF rotineiramente usassem seu nome para descrever qualquer grande formação de bombardeiros alemães.