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domingo, 24 de novembro de 2024

ÁRVORE...

 Por Curiosidades da Terra

O valor de uma árvore.

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BELAS PAISAGENS FLORES CAFÉ E NATUREZA.

 Por Vitória Almeida


Incrível!

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SONHOS DE CRIANÇA E OUTROS POEMAS.

Autor: José Di Rosa Maria

Os queixumes da alma de um Aedo
Tocam fundo no senso de Jesus;
Seu desígnio na terra é uma cruz
Que de longe que ver treme de medo;
Cada mágoa sofrida é um segredo
Que ele esconde poupando a voz da dor,
Quem o trai tem pra Deus menos valor
Que o lixo jogado na valeta,
Cada lágrima dos olhos de um poeta
Tem um preço a pagar seu causador.

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O FILHO DE CORISCO

 
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VALORIZEM OS ESCRITORES DE POÇO REDONDO.

 Por Rangel Alves da Costa

 E ajudem o Memorial Alcino Alves Costa e a Casa de Pedra. O pacote abaixo (com seis livros) por apenas 180 reais, com frete incluso. 

Contato com Rangel Alves da Costa pelo Cel/Whats ,(79) 99830-5644.

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sábado, 23 de novembro de 2024

A FALTA DE POSTAGENS...

  Por José Mendes Pereira


Entenda amigo leitor, a falta de postagens é simplesmente a lentidão da internet.

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A FALTA DE POSTAGENS...

 Por José Mendes Pereira


Entenda amigo leitor, a falta de postagens é simplesmente a lentidão da internet.

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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

ENGANARAM O CANGACEIRO LAMPIÃO POR PURA COVARDIA.

 Por José Mendes Pereira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2023/09/a-patente-capitao-dada-lampiao-nao-foi.html

Eu que estudo cangaço e principalmente a era "lampiônica" não acredito que Lampião seria tão fácil para se mudar os seus ideais, porque, ele mesmo patenteado, jamais abriria mão da sua vida cangaceira, que há alguns anos vivia dela. 

"Em uma visita ao Juazeiro do Norte-CE, Lampião mesmo disse ao médico Dr. Otacílio Macêdo, que ainda era necessário trabalhar mais uns três anos...".

Mas quem sabe! Se tivessem tentado reformar o Lampião e o tratado como um cidadão, e ainda respeitado-o a partir dali como capitão,  e como um novo homem da sociedade, seria possível que nascesse um ser humano honesto, e até mesmo mais compreensivo, e quantas vidas teriam sido salvas, já que a raposa do sertão tinha deixado a vida de crimes? 

Mas o que fizeram? 

Prepararam uma patente sem filiação absolutamente a nada. Novamente traíram o jovem rapaz que tinha apenas 28 anos de idade, na época.

Para que o leitor entenda que esta foi uma grande invenção e humilhante contra Lampião, é que, para ser capitão do exército brasileiro, o sujeito primeiro tem que passar por estas "11" graduações: 

GRADUAÇÕES:

1 - soldado de 2ª. classe.

2 - soldado de 1ª. classe. 

3 - Cabo.

4 - 3º. sargento,

5 -  2º. Sargento. 

6 - 1º. Sargento.

7 - Suboficial.

8 -  Cadete.

9 -  Aspirante a oficial.

10 - 2°. Tenente 

11 - 1°. Tenente. 

12 - Capitão.

Todas estas 11 primeiras graduações no exército brasileiro, são para poder o militar chegar a ser Capitão do Exército. Lampião foi direto para capitão. Tão inteligente que era, mas não percebeu que aquele grupo de autoridades, estava o fazendo simplesmente de besta, de maluco, como se fosse um jovem totalmente analfabético.

Quando o capitão Lampião chegou em sua terra natal, Pernambuco, as autoridades policiais não aceitaram a sua patente de capitão. E o que fizeram? começaram a persegui-lo, como um simples marginal.

Se ele tivesse se revoltado pela tamanha covardia, sobre a patente sem nenhuma filiação com o exército brasileiro, e voltado ao Ceará para cobrar daqueles que em Juazeiro do Norte (a cidade não tinha nada a ver com isso), no meio da covardia das pessoas importantes de lá, mesmo sabendo que a patente de capitão do exército dada a Lampião não tinha nenhum valor, a surra e o seu punhal teriam trabalhados bastantes, obrigando "falsos nêgos" dançarem na peia ou talvez nus, mesmo sem saberem dançar.

Eu não entendo porque o amigo Lampião não percebeu que a esmola ofertada era tão grande para ele. Nunca foi nem soldado, e pulou do nada para 11 patentes, passando logo para capitão do exército! Bastante incrível!

"O que eu escrevi,

 não tem nenhum valor para a literatura lampiônica. 

São apenas as minhas inquietações, assim dizia o saudoso escritor Alcino Alves Costa". 

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O DIA DA PATENTE DE LAMPIÃO A CAPITÃO EM JUAZEIRO CE.

 Por Na Rota do Cangaço

https://www.youtube.com/watch?v=tsKRNHyfxCw

No dia 12 de março de 1926, o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva o Lampião recebeu a patente de capitão do Exército Patriótico, em Juazeiro do Norte CE, do Padre Cicero, ao qual Lampião tinha bastante respeito e devoção. Sua chegada na cidade de Juazeiro do Norte foi com festa sendo até mesmo entrevistado. Foi nesse oportunidade que Lampião reuniu pela ultima vez toda a família para tirar uma fotografia. Recebeu muita munição e ordens para combater a Coluna Prestes, que nessa época estava passando por toda a região, inclusive, com combates em Serra Talhada no final de fevereiro de 1926. NARRAÇÃO: SIZINHO JUNIOR Quer ajudar a manter esse singelo trabalho? Faça uma doação de qualquer valor pelo PIX e-mail. Conta Nubank Iniciais do nome que aparece A. M. L. E-mail do PIX sizinhojunior@hotmail.com Fotos de domínio Público e vídeo de Benjamim Abrahão Botto. Se você gosta do nosso trabalho e quer nos ajudar nessa caminhada. Siga-nos no instagram e participe do nosso dia a dia.   / narotadocangaco   Inscreva-se no nosso canal e deixe seu like.

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A PATENTE DE CAPITÃO

Por Aderbal Nogueira 

https://www.youtube.com/watch?v=aQVn1PH1KEQ

Amaury fala sobre a patente de capitão de Lampião em Juazeiro do Norte. Para participar da Expedição Rota do Cangaço entre em contato pelo e-mail: narotadocangaco@gmail.com Seja membro deste canal e ganhe benefícios:    / @cangacoaderbalnogueira   Parcerias: narotadocangaco@gmail.com #lampiao #cangaço #maria bonita #cangaceiros

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LAMPIÃO E SUA FALSA PATENTE DE CAPITÃO

 

https://www.youtube.com/watch?v=PdygbvAK2W0

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EXPEDITO SELEIRO

É beleza que tá no DNA, viu?! A riqueza de detalhes guarda nossa identidade nordestina e conta muita história costurada em couro colorido.

Elas são o xodó de vocês e a transformação de toda uma história. Quem diria que uma sandália de couro mudaria toda uma caminhada?

Das selas paras as sandálias, das sandálias para o mundo inteiro.



#espeditoseleiro #sandaliadecouro #arteemcouro #mestredacultura #cariri #novaolinda

https://draft.blogger.com/blog/post/edit/1718124674750994237/4781694383441552472

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SERRA TALHADA DE LAMPIÃO.

Por Anildomá Willans 

Sítio Passagem das Pedras - Serra Talhada - PE.

Histórias do meu sertão.
Aqui nasceu Lampião.
Pode vir nos visitar.













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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

LEYDE E LAURA

Sertanejo Raiz.

https://www.youtube.com/watch?v=PWcn8xSRmHo

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O CANGACEIRO PATURI

Autor do desenho - Itamar Nunes Art. 

O autor deste trabalho, nomeado apenas por vigário de Tacaratu de 1942 a 1945, percorrendo aquela região toda, de Itacuruba ao vale do Ipanema, das caatingas do Navio e Moxotó às ribeirinhas cidades de Piranhas, Pão de Açúcar, Traipu e Própria, dos vastos sertões baianos, a começar de Juazeiro, passando por Curaçá, Chorrochó, Jeremoabo e Glória, ao pequeno sertão sergipano — não encontrou outra opinião senão esta: — "Lampião morreu envenenado!"

Um testemunho de máxima importância no ato supremo da Tragédia de Angico.

Suficiente por si só, caso não bastasse os outros, que urdiram o texto deste capítulo, o mais intrincado e difícil de escrever, e os vinte e um argumentos anteriores em prol do envenenamento (Adendo II).

Os cangaceiros do coito sobreviventes, distantes do local onde tombaram as vítimas, na surpresa e confusão do momento, quase nada sabem dizer.

Conseguiu o autor anotar o depoimento, abaixo fielmente tras­ladado, mediante compromisso de não comprometer o declarante. Agora, trinta anos depois, com a prescrição legal, quase tudo pode ser revelado.

Do padre Magalhães, vigário de Geremoabo, esta declaração pessoal ao autor: — "Posso afirmar ex-fide que Lampião morreu envenenado".
 Ex-fide, expressão jurídico-canônica ajuramentaria, como se dissesse: "Juro diante de Deus", diferente do sentido jurídico-civil, que é apenas atestatório.

O mesmo pode dizer o autor a respeito do presente depoimento. As circunstâncias de ordem psicológica e sacramentai conferem ao depoimento valor incontestável, dir-se-ia absoluto, e invalidam o princípio jurídico do testis unius. Tão impressionante depoimento tornou-se o ponto de partida determinante do interesse das pesquisas do autor sobre Lampião.

O sono de Lampião

Lampião nunca dormia com o grupo. Desconfiado por natureza, ficava separado, sozinho. Um dos cabras de sua inteira confiança, muitas vezes escolhido na hora, chamado por ele de "sentinela-do-sono", lhe montava guarda. Perigos de fora e, pior ainda, de dentro havia, se se oferecesse fácil ocasião. Espreitavam-lhe a ambição de lhe tomar a chefia geral do cangaço, a glória de ser seu matador, o prêmio de... contos de réis oferecido por sua cabeça... Numa comunidade humana tudo pode acontecer. A vigilância teria de ser "eterna".

Aliás, o bando não dormia todo junto, não. Por ordem tática de Lampião, formavam-se grupos de dois ou três, espalhados, não longe uns dos outros. Assim, difícil o aniquilamento sob um ataque de surpresa. Em desde Maria Bonita, quando o cangaço foi aberto às mulheres, essas normas se tornaram mais severas, principalmente quanto aos casais. Nenhuma promiscuidade. A moral era rigorosíssima.

O começo 

Quando ele se apresentou era moço ainda, mas de cenho fechado no a pardavasco da pele e com ar de espanto. No antes, porém, era "menino saído". De família humilde, mas honrada, vivendo dos roçados e de umas poucas de criações, além da vaquinha amojada com bezerrinho, e do cavalo de fazer feira. Os irmãos, antes e depois dele, não vingaram sequer um mês. Apenas lhe fazia par a irmãzinha, mais nova do que ele, então na adolescência. Um dia, desses que surgem repetindo a mesma história, um triste acontecido virou o juízo e a pacatez do moço. Na ocasião em que a menina se achava so­zinha em casa, veio, sorrateiro, um tarado soldado da polícia e bilou com ela, à força. Acobertado pela farda e pela justiça, nem um padre-nosso teve de penitência, continuando nas suas funções e maldades. Pouco depois, o irmão vingava a honra da família, esfaqueando o miserável cujo nos braços de u'a mulher separada. Agora sim, a justiça enxergou e descobriu o criminoso — ele! E dos piores, porque matara uma "autoridade"! Caçado pela polícia, foi recebido por Lampião, que lhe trocou o nome por um de guerra — "PATURI", a fim de evitar perseguições à sua família e forjou-o cangaceiro de sua confiança.

O relato

Eis o seu depoimento, aliás, muito cru, tomado naqueles idos de 1942, quatro anos da morte de Lampião fazendo. Foram eliminadas repetições inúteis e difressões supérfluas. O linguajar, fonético e sintático, corrigido, deixa, entretanto, transparecer, raramente entre aspas, palavras e expressões comuns no sertão.

Pausadamente e,  por vezes, angustiado assim falou:

"Naquela derradeira noite do Capitão, eu fui escolhido para sentinela-do-sono. Tarde da noite, o Capitão e Maria Bonita, que estavam nas melodias, assopraram o candeeiro para dormir. Noite fria, serenando, estiando, serenando, assim...

Quando foi de madrugada, ainda escuro, Maria Bonita saiu da barraca, acendeu o fogo para ferver água na panela de barro. Botou dentro pó de café e pequenos tacos de rapadura. Logo o Capitão apareceu, de manga de camisa, escovando os dentes, de junto de uma pedra grande defronte da barraca. Alguns cangaceiros foram se achegando, sem armas, caneco na mão, para o café ali fumaçando. Devia começar primeiro pelo Capitão, era o chefe. Ele encheu o caneco e bebeu ligeiro, sem carne assada e farinha, sem nada, puro. Adespois os outros foram fazendo o mesmo. A gente tinha de viajar logo. 

A hora do café...

De repente, o Capitão soltou o caneco no chão. Parece que sentiu gastura, porque passou a mão rodando pela barriga. Deu uns passos largos, sem prumo e caiu na rede ainda armada na barraca. Deitou só o corpo, as pernas caídas do lado de fora. Eu ajutorando Maria Bonita a juntar os troços, que a gente ia sair cedo, vi tudo. Ela se queixava de dor de cabeça e os beiços queimando. Dizia que foi adepois que 'exprementou' o café para ver se estava bom de doce, um tiquinho de nada mo­lhado e 'ponido' na palma da mão para lamber. Aí, eu avisei a Maria Bonita. Ela, deixando a bacia, correu para ver. Eu corri também. Chegou logo Luís Pedro e Vila Nova.

Num instante, o Capitão virou a bola do olho para riba, ficando só o branco, e abriu a boca. Uma gosma suja, com escuma, saía escorrendo do canto da boca. Luís Pedro olhou o pulso e o coração e disse: — 'Tá morto!' Chorando, ele tapou com as mãos os olhos do Capitão e apanhou o chapéu dele. Aí eu disse: — 'É veneno!' Maria Bonita, aperriada, sacudiu a cabeça dele e os ombros. E ele sem ação, morto de mesmo. Tive, na hora, o maior des­gosto de minha vida, os olhos chorando. Maria Bonita, coitadinha!, toda agitada e desesperada, gritou: — 'Virgulino morreu!' Eu gritei repetido: — 'O Capitão morreu! O Capitão morreu!'

"É aí que a história bate com Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico, do escritor

Alcino Alves da Costa, que insiste em dizer que  lá na Grota de Angico, o ataque aos bandidos foi totalmente diferente"

Mergulhão, que estava deitado no pé da caraibeira, levantou-se todo espantado e perguntou alto: — 'O Capitão morreu?' Aí eu vi logo cangaceiros cair ali, de todo jeito, para frente, para trás, para os lados, de dejunto da panela de café. Maginei comigo mesmo:    — 'O veneno era forte que era danado!'

Eu acho que algum macaco da volante emboscada, com os gritos e os mexidos no coito, passou fogo em Amoroso. Ele tinha ido ver água talvez para o Capitão banhar o rosto. E quaje igual, outro tiro, que pegou Mergulhão. Atrás veio logo uma trovoada de bala! Aquele despotismo que nem deu tempo mais de pensar! Aí era o causo de se salve quem puder, como diz o outro. Assim de surpresa, bala para todo lado e naquele cafus, como era que a gente podia tomar posição e brigar? Aí me so­quei dentro de um buraco comprido e baixo, que eu sabia.

"Angico, escrito pelo escritor:

Paulo Medeiros Gastão, também tem a sua opinião, não concordando com que contara alguns depoentes".

Ficava no pé do morro, 'próximo' da gruta e atrás da barraca do Capitão. O buraco só dava para caber o corpo apragatado, a barriga no chão, sem poder se virar mais, muito apertado. Na frente tinha moita de mato tapando. Fiquei aí, os braços inco­modados, não tinha posição para botar eles. Mesmo querendo, eu não podia sair dali. Do lado de fora era bala por todo canto zinindo. Adespois, as pernas ficaram 'drumentes', moles, bambas só mulambo. Fiquei sem mexer. Mexia só os olhos e o baticum do coração. O resto estava morto. Vi a hora das balas me pegarem. Deixa que chegaram a açoi­tar a moita. Foi Deus e a Santíssima Virgem que me livraram. Dali de bem de riba, eu fiquei pombeando tudo pela brecha que fiz na moita. O horror era grande! As balas vinha de magote. Foi torada de bala a rede do Capitão, que caiu com todo o peso no chão. O pano da coberta da barraca avoou, ficando só as varas.

Vi Mergulhão cair. Adespois foi Maria Bonita caindo, as mãos cheias de sangue apertando a barriga. Luís Pedro deu uns tiros, mais arriou logo. Vila Nova correu. Não deu tempo de ninguém brigar. Não teve 'loita', não. Possa ser que mais algum cabra de lá de riba do riacho desse besteira de tiro, sem palpite, à-toa. A gente e o riacho todinho se acabando na bala. Não posso dizer nem o que foi. Era a confusão do inferno! Mas, não de­morou muito tempo, não. Foi ligeiro, ligeiro... coisa de meia hora.

Os macacos, qui nem urubus, deram em riba dos cangaceiros caídos, atrás do saqueio de dinheiro, ouros, jóias, outras coisas mais. Não tinham paciência de tirar os anéis dos dedos, corta­vam logo os dedos.

Sentado numa pedra, o comandante deu a ordem: — 'Cortem as cabeças dos cangaceiros!' Aí foi um alvoroço, todo o mundo gritando: — 'Cortar as cabeças!... Cortar as cabeças!...' Não sei como não morri vendo aquele horror! Parecia um bando de bicho do mato, de feras selvagens, dando gargalhadas e chaman­do toda nação de nome feio. Levantavam as cabeças dos mor­tos, segurando pelos cabelos, botavam o pescoço escanchado numa pedra — ficava uma coisa feia: a boca escancarada, os olhos arregalados! — e metiam o facão. Um macaco furando, furando, de pedacinho, com a ponta da faca no redor do pes­coço de um cabra até separar do corpo. Outro rolou o facão no pescoço e, quando puxou a cabeça, saiu a guela de dentro do corpo. Foi u'a mangação danada! Nenhuma cabeça era cor­tada de uma só vez. Davam mais de um golpe.

Vi uma coisa horrível, que nunca um cangaceiro fez e só bicho faz: os ma­cacos lamberem o sangue da folha do facão melado! A cabeça cortada era levantada pelo cabelo e mostrada, todos dando risa­da de gosto, mangando e dizendo nomes feios. Tinha cangaceiro meio vivo, mexendo os olhos e falando. Cortaram assim mesmo a cabeça deles com vida! A sangreira era medonha! Tudo mela­do: macaco, facão, pedra, chão, água, roupa, 'tudim'. Eu vi tudo, já era dia claro, de dia. Naquele meio, veio a ordem do coman­dante para acabar depressa. Ele estava sentado numa pedra, o pé amarrado, e muito zangado, acho que era de dor.

Eu tive dó quando um macaco levantou a cabeça de Maria Bonita, dependurada pelos cabelos compridos. O outro macaco, que tinha o facão na mão, perguntou meio espantado: — 'Inda tá viva, bandida? Cadê o dinheiro?' Ela respondeu bem fraquinho: — 'Não tenho, não'. — 'Então, lá vai...' E cortou o pescoço dela com duas 'facãozadas'. O corpo ficou batendo no chão como de galinha sangrada, e as pernas se descobrindo. Aí eles arregaçaram a saia dela para espiar o resto e começaram a bolir com as mãos, dizendo lérias. Tive tanta raiva que veio vontade de sair e avançar naqueles dois sujeitos safados, desculpe a má palavra.

Abaixo: Lampião. a direita, Luiz Pedro e a esquerda, Maria Binita

Chegou a vez do Capitão. Um macaco conheceu e disse: — 'É o peste do cego!' Danou uma coronhada de fuzil na cabeça e foi avisar o comandante. O outro ficou cortando o pescoço do Capitão em riba de uma pedra. Quando acabou, a cabeça escor­regou e rolou pela ladeira da pedra até o chão. Ele pegou ela e levou para mostrar ao comandante, que ficou cercado de ma­caco examinando e falando.

Tudo acabado, botaram as cabeças em três sacos, as bocas amarradas num pau. Sim, botaram, também, um corpo com ca­beça dentro de uma rede dependurada noutro pau. Tudo mode ser carregado, nos ombros de dois. Adespois os macacos foram se lavar nas poças mais de riba, de água limpa. Começaram a ir embora. O comandante numa cadeirinha feita dos braços de dois macacos. Levaram todo o saque. Foram su­bindo, um atrás do outro, feito formiga, pelo caminho do alto das Perdidas.

Fiquei ali deitado o dia todo. A cabeça zoava todinha, o corpo doía, quinem tinha apanhado uma pisa de cacete. Faltei cora­gem para sair dali. Eu via macaco pulando até pelos galhos mais altos dos pés-de-pau. Não tinha fome, não. Mas a sede era de matar, aperriando. 

Senti uma agonia doida. Mas, esperei, esperei... O silêncio muito grande. Os passarinhos assustados não voltaram mais. Fechava os olhos e enterrava a cara no chão com medo de ver as almas daqueles defuntos aparecerem sem cabeça. Fiquei tão assombrado que sentia algumas vezes o gume do facão passar no meu pescoço. Rezei tanto a Nossa Senhora do Desterro que cheguei a suar de pingar.

Tardinha, fui saindo com medo de assombração e de tudo. Caminhava de quatro pés, não podia ficar de pé causo das per­nas feito molambo e tremendo. Eu queria ficar fora da vista daquele açougue de carne de cristão. Subindo o riacho cheguei no dependo do alto, os joelhos esfolados. Me aprumei, fui an­dando, assim cambaleando, areado, até poder sair correndo, ligeiro ou devagar, a noite inteirinha, até chegar na casa de meus pais. Tava mais morto do que vivo. 

Passei aquele dia dei­tado tomando tudo o que era de meizinha que minha mãe pre­parava e me dava. Comida de panela comi bem pouquinho. De noite, já no outro dia, meu pai me levou para casa de um tio meu, viúvo, que morava sozinho, lugar mais seguro, um esqui­sito. Estou lá este tempo todim, fazendo planta, dando limpa, xaxando terra nos pés, colhendo legume e capucho de algodão. Também no cuido das criações. Sem sair pra nenhum lugar. Somente agora saí praqui causo minha mãe mandou pedir per­dão a Deus. Adespois desta conversa eu quero que seu vigário escute meus pecados na confissão e me comungue na missa".

O fim

Satisfazendo a curiosidade do leitor: Esse moço, que escapara da morte para contar a história, logo depois, feito embarcadiço de um vapor do rio São Fran­cisco, rumou para o Sul, sem documentos, de nome novamente trocado, para começar nova vida.

Nerton Macedo

Maiores informações, o leitor poderá acessar este endereço:

PATURI - O CANGACEIRO QUE NUNCA EXISTIU

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=WWLYdk3wu7c

Padre Frederico Bezerra Maciel e o nó que ele deu na história com a criação do suposto cangaceiro Paturi no evento de Angico. Além disso outras criações sobre o fato que são uma verdadeira obra de ficção. Vale ressaltar que a obra do padre como um todo é muito boa, e se não fossem essas invencionices seria sem dúvidas uma das melhores sobre Lampião. 

Link desse vídeo:  

• Paturi - O cangaceiro que nunca existiu.

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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

CANGAÇO: CANGACEIRO CANETA - BIOGRAFIA RESUMIDA

 Por Fatos na História

https://www.youtube.com/watch?v=6yzAG9rqlIs

Resumo biográfico do cangaceiro Caneta. Referências: " Cangaceiros de Lampião - de A a Z", de Bismarck Martins de Oliveira Imagens: Pinterest

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ADÍLIA - INÉDITO

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=Qd1FT2bxdDM

Vídeo gravado em 2001 com a ex-cangaceira Adília, por Paulo Gastão, Ângelo Osmiro, Lemuel Rodrigues e Paulo Moura, onde ela conta fatos inéditos da época do cangaço. Alcino Costa estava presente nesse dia. Para participar da Expedição Rota do Cangaço entre em contato pelo e-mail: narotadocangaco@gmail.com Seja membro deste canal e ganhe benefícios:    / @cangacoaderbalnogueira   Parcerias: narotadocangaco@gmail.com #lampiao #cangaço #maria bonita #cangaceiros

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