Por Francisco Frassales Cartaxo
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quinta-feira, 10 de abril de 2025
VINGANÇA NÃO !
RUA DA PRAIA
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de abril de 2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.223
Mais ou menos na década de 60, havia um enorme areal à margem esquerda do rio, em Santana do Ipanema, mais ou menos do tamanho de um estádio. Ficava exatamente entre o leito propriamente dito e um caminho ladeado com aveloz que ia do prédio da Perfuratriz – final da Rua São Paulo – ao beco de Seu Ermírio à jusante. O terreno repleto de areia grossa, trazida outrora pelas enchentes do rio, pertencia ao considerado “Torcedor Número Um” do time Ipanema, Otávio Marchante. Como há décadas o rio não botava cheia que invadisse o areal da margem, um cidadão chamado Seu Euclides, comprou o terreno a Otávio Marchante saiu construindo casitas pelo caminho citado ao longo do terreno. A fileira de casitas de um lado e do outro para alugar à pobreza, recebeu o nome do próprio dono de RUA DA PRAIA.
Com o tempo ali foi fundada uma associação de moradores, erguida uma igreja e, no lugar da Perfuratriz demolida, uma sede da associação com primeiro andar. No final da Rua da Praia, o filho do Senhor Euclides, Luiz, construiu um pequeno estádio dotando-o do que era possível para o lazer da comunidade. E assim, cerca de sete décadas depois, o rio Ipanema, abusado com tantas construções em seu Leito e no seu afluente, riacho Camoxinga, resolveu tomar o que era seu e saiu fazendo arrasos pelas suas margens urbanas, pintando o sete, mas sem matar ninguém. Agora as ruínas das casas da cheia estão sendo demolidas. Isso evita acidente com desmoronamento, cobras, ratos, baratas, escorpiões e outras mazelas.
E o que nós vimos, através da Internet, é de cortar coração. Uma comunidade inteira teve que se mudar para casas novas em região mais alta. Desde início eu já sabia que o terreno arenoso era do rio. Assim também houve vários desse erro em diversas partes da cidade. A propósito, essa região da margem do Ipanema, faz parte do quase epicentro do meu novo romance AREIA GROSSA, dramas sociais dos anos 60-70, drama social do século XXI. Por esses dias estarei convidando alguns escritores e autoridade para conhecermos o cenário completo inspirador de AREIA GROSSA.
ESTADUAL.
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de abril de 2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.222
O Colégio Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva e o seu entorno, estão situados sobre a foz entulhada do riacho Camoxinga que depois do entulhamento, procurou um desvio para chegar ao seu coletor, o rio Ipanema. A rua do Estadual e a rua, imediatamente por trás do Estadual, limitam o aterramento da antiga foz do riacho Camoxinga. (Tese geográfica, nossa). Os primeiros conhecimentos que tivemos da região foi como antiga estrada para a serra do Poço por ande trafegavam com animais de cargas, os primeiros habitantes da serra. Havia no centro do entulhamento que formou uma pequena planície de aluvião, a casa de fazenda do senhor Frederico Rocha que foi interventor municipal em Santana no ano de 1930 e que construiu a segunda praça de Santana, defronte a Matriz de Senhora Santa Ana e que levou o título de Praça Coronel Manoel Rodrigues da Rocha.
Na frente da casa branca de fazenda do senhor Frederico, chamava atenção um belíssimo “pé de príncipe” e que enfeitava a entrada da casa. O Exército comprou a fazenda, demoliu tudo e construiu o quartel que logo ficou ocioso e foi ocupado pela escola do estado. Nos bastidores se dizia que o lugar da construção, estava estrategicamente errado. Mas graças a Deus no lugar errado, o Colégio Estadual foi a primeira escola pública de Santana a funcionar com os falados primeiro e segundo graus. (Quinta série em diante).
PONTE DO ETADUAL GESTÃO ISNALDO BULHÕES. LIVRO 230. ANTES, LAJE À GUISA DE PONTE, GESTÃO GENIVAL TENÓRIO. LIVRO 230. ALUNOS VÃO VISITAR O ABRIGO SÃO VICENTE. GESTÃO ESTADUAL B. CHAGAS.
INACINHO E EU.
Por Geraldo Júnior
É sempre um grande prazer encontrar-se com os velhos e queridos amigos de longa data. Faz alguns anos que não nos víamos pessoalmente, mas a nossa amizade sempre permaneceu viva mesmo à distância. Recentemente tive a honra de participar junto com ele de uma matéria do Jornal O Globo que foi produzida pelo amigo jornalista Élcio Braga, onde foi abordada parte de sua biografia, assim como a história de seus pais, os ex-cangaceiros Moreno e Durvinha, que fizeram parte do bando de Lampião. A história do meu amigo Inácio Carvalho de Oliveira "Inacinho" é simplesmente uma das mais ricas e emocionantes ao que diz respeito aos "filhos do cangaço".
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ANILDOMÁ WILLIANS E EU.
Por Geraldo Júnior
Um reencontro com o amigo Anildomá Willians, diretor do museu do cangaço de Serra Talhada, Pernambuco. O maior e mais completo museu referente ao cangaço de toda a região Nordeste e sem contar que fica situado na cidade natal de Lampião. Indo ao Nordeste... visite o museu. História pura.
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PAULO VIEIRA E EU.
Por Geraldo Júnior
Em companhia do apresentador Paulo Vieira durante as gravações do quadro do Programa AVISA LÁ QUE EU VOU da TV Globo.
REENCONTRANDO AUTORIDADE DO CANGAÇO
Por Geraldo Júnior
Frederico Pernambucano de Melo
Reencontrando o mestre Frederico Pernambucano de Melo, nossa referência maior relacionada às pesquisas, estudos e documentação da história do cangaço. Autor de livros fantásticos à exemplo de "BENJAMIN ABRAHÃO: ENTRE ANJOS E CANGACEIROS", "A ESTÉTICA DO CANGAÇO", "GUERREIROS DO SOL", que serviu como referência para a produção da telenovela que está sendo produzida pela Rede Globo de Televisão e que leva o mesmo título do livro, entre tantos outros trabalhos que tratam sobre o tema em questão. Apesar de sua importância no meio em que atua, é um homem de extrema educação e simplicidade. Digno do meu mais profundo respeito e consideração.
Frederico Pernambucano de Melo e Geraldo Antônio de Souza Júnior
quarta-feira, 9 de abril de 2025
O FOGO DO COITÉ
Por Geziel MouraIgreja do Coité e Padre Lacerda
24 de novembro de 2017
LAMPIÃO: A RAPOSA DAS CAATINGAS – IMPRESCINDÍVEL E INDISPENSÁVEL PARA QUEM ESTUDA O NORDESTE BRASILEIRO
Pelo o saudoso José Romero de Araújo Cardoso
LAMPIÃO DOS PÉS À CABEÇA...
Por José Mendes Pereira
LAMPIÃO E O VELHO MACUMBEIRO – A PRAGA QUASE ACABOU COM O BANDO.
Por Histórias do Cangaço
https://www.youtube.com/watch?v=o4IdRsjk4CkDurante uma passagem silenciosa por uma vila esquecida no sertão, Lampião se depara com um crucifixo virado de cabeça pra baixo. A partir desse dia, nada mais foi como antes. O bando começa a sofrer perdas, visões, doenças e uma sequência de infortúnios inexplicáveis.
Corisco vê vultos, Maria Bonita sonha com rezas escuras, e Lampião sente na pele que há algo maior que bala perseguindo seus homens.
Com a ajuda de um velho padre, ele descobre a origem da maldição: um homem expulso da fé, escondido no mato, alimentando as sombras do sertão.
Esta é a história da noite em que Lampião não enfrentou soldados… mas sim as trevas invisíveis que rastejam entre as veredas do nordeste. ⚠️ Baseada em causos reais e lendas do cangaço. 🎥 Inscreva-se no canal para mais histórias como essa. ✝️ Fé, coragem e mistério no sertão.
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SE DOM PEDRO II VOLTASSE AO PLANETA...
Por José Mendes Pereira
Se Dom Pedro II voltasse a viver novamente aqui conosco viria que as nações mundiais se desenvolveram muito durante a sua ausência no globo, principalmente a sua amada terra Brasil, que fez o homem voar, fazendo piruetas sobre os ares...
Viria a Ponte do Rio Niterói construída sobre o mar, com 13,29 Km. Os Estados Unidos destruindo cidades inteiras com malditas bombas. Navios de grande porte, viadutos, enormes estátuas, a conquista do homem à lua, no ano de 1969, quando nela pousou.
Gigantescos telescópios captando o universo. O celular sem fio, a televisão, metrôs, bancos com caixas eletrônicos, computadores, instrumentos musicais afinados eletronicamente... Dom Pedro II viria uma porção de inventos, que apesar de ter sido rico e poderoso, não teve o prazer de possuir um desses ou vê-lo.
O desenvolvimento é assustador. Mas, ao sair para ver como anda a educação, com certeza encontraria falhas, não por parte do educador, mas por não ter havido mudança dentro de sala de aula.
Viria que as escolas ganharam: vice-diretor, supervisor, coordenador, professor de educação física, de vídeo, mas na verdade, biblioteca mais modernas, mas dentro da sala de aula, a educação continua do mesmo jeito. Os alunos sentados, o professor continua em pé, falando, falando, falando e os alunos escutando, escutando, escutando...
SALA DE AULA
Vendo que na sala de aula as aulas continuam com o mesmo método do seu tempo, com certeza, Dom Pedro II viria que não houve quase nada de mudança na educação, e sem pestanejar, diria:
"Meus queridos irmãos brasileiros e amados mestres:
A educação do meu inesquecível Brasil continua atrasada. É preciso mudar esse sistema arcaico e criar um novo método de lecionar. Não há desenvolvimento sem bons métodos educacionais para se repassar aos nossos queridos alunos, mesmo fora de sala de aula. Crie um novo método, talvez lecionando ao ar livre, ao caminhar, nos passeios, nas praias, nas grotas, nos piqueniques, nos museus, pedalando em bicicletas e sempre observando a natureza. Assim o aluno se tornará interessado e será seu grande amigo. Dentro da sala de aula o aluno se considera subordinado. Caminhando ele se sentirá livre e do tamanho do mestre e do meu querido Brasil".
Minhas fantásticas histórias
Se você não gostou da minha historinha, não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.
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terça-feira, 8 de abril de 2025
MARIA BONITA - SUA REPRESENTAÇÃO NA SÉRIE DA DISNEY POR ISIS VALVERDE.
Por Albin de Souza
A REVOLTA DO JUAZEIRO: INTERVENÇÃO FEDERAL E O SIMBOLISMO DO PADRE CÍCERO NO SERTÃO CEARENSE.
O texto
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Introdução
A Revolta do
Juazeiro, ocorrida no sertão cearense em 1914, foi um evento marcante na
história política do Brasil. A revolta foi desencadeada pela intervenção do
governo federal na política dos estados durante a Primeira República. Neste
contexto, o Padre Cícero Romão Batista emergiu como um símbolo de resistência e
liderança para os revoltosos. Este artigo científico tem como objetivo analisar
os principais eventos, causas e consequências da Revolta do Juazeiro, bem como
o papel desempenhado pelo Padre Cícero nesse movimento.
Abstract
The Juazeiro
Revolt took place in the hinterlands of Ceará in 1914, stemming from the
intervention of the federal government in state politics and featuring the
prominent figure of Padre Cícero. During the First Republic, Brazilian politics
were dominated by oligarchic groups that held power in their respective
regions. The transition to a republican system in Brazil also led to the
establishment of a federalist state, wherein each state enjoyed certain powers
and autonomy in decision-making, albeit under central government control. To
secure the necessary political support for governing the country, President
Campos Sales devised the so-called "politics of the governors,"
granting autonomy to oligarchic groups in each state in exchange for their
support in electing a president favorable to their interests.
Em 1914, o
Brasil estava sob a presidência do Marechal Hermes da Fonseca. Sob o seu
governo, foi implementada a "política das salvações", que expandiu
ainda mais os limites dos monopólios de poder estruturados pela política dos
governadores. Com essa medida, o presidente ganhou a capacidade de interferir
na política dos estados e impedir que grupos de oposição assumissem posições
indesejáveis, como os governos estaduais.
Como
consequência dessa medida, Hermes da Fonseca procurou impedir que oligarquias
opositoras no estado do Ceará assumissem o controle do governo estadual. Esses
grupos eram liderados pelo senador José Gomes Pinheiro Machado, que, apesar de
estar baseado na parte mais ao sul do país, exercia uma influência
significativa sobre os coronéis do Norte e Nordeste. Essa ação causou
insatisfação entre os políticos cearenses, tendo como figura proeminente o
Padre Cícero Romão Batista liderando a oposição.
O conflito
entre Padre Cícero e o presidente teve início em 1911, quando ele procurou
manter a família Acioly no poder na política do Ceará. No entanto, o governo
nacional interveio em 1912 e os retirou do cargo. No entanto, Padre Cícero
ainda ocupava os cargos de prefeito de Juazeiro do Norte e vice-governador do
estado.
Foi em 1914
que o coronel Marcos Franco Rabelo, o interventor federal nomeado, começou a
perseguir Padre Cícero, destituindo-o de seus cargos e ordenando sua prisão.
Essa medida foi imediatamente recebida com desaprovação dos grupos oligárquicos
do Ceará, que, liderados por Floro Bartolomeu, organizaram um batalhão composto
por jagunços (trabalhadores rurais armados) e romeiros para defender Padre
Cícero.
A expedição
ordenada pelo Interventor Franco Rabelo seguiu em direção a Juazeiro do Norte
para prender o padre, mas encontrou uma imensa muralha cercando a cidade. Essa
defesa era conhecida como o "Círculo da Mãe de Deus" e foi construída
em apenas sete dias. Foi suficiente para repelir as tropas do governo, que
tiveram que recuar e reunir reforços.
Ao longo de
vários confrontos, a vitória permaneceu com o grupo de rebeldes organizados em
Juazeiro do Norte. Floro Bartolomeu então viajou para o Rio de Janeiro em busca
de apoio, enquanto os rebeldes se dirigiram a Fortaleza com o objetivo de depor
o interventor. No Rio de Janeiro, eles obtiveram o apoio de Pinheiro Machado, e
em Fortaleza, Franco Rabelo foi realmente removido do poder.
Após a revolta
e a deposição do interventor no Ceará, o presidente Hermes da Fonseca convocou
novas eleições para o governo estadual, resultando na eleição de Benjamim
Liberato Barroso como governador e no retorno do Padre Cícero como
vice-governador.
Devido ao seu
envolvimento nesses eventos políticos, Padre Cícero foi excomungado pela Igreja
Católica no final da década de 1920. No entanto, sua influência no Ceará e na
região Nordeste garantiu que sua imagem como homem santo permanecesse intacta.
Até os dias atuais, ele é venerado pela população local e continua a atrair
milhares de pessoas para Juazeiro do Norte.
Desenvolvimento
Contexto
histórico da Primeira República e a política dos governadores
A Primeira
República, também conhecida como República Velha, foi um período da história
brasileira que se estendeu de 1889 a 1930. Esse período foi marcado pela
transição do regime monárquico para o republicano e pelas profundas mudanças
políticas, econômicas e sociais que o país vivenciou. A política da Primeira
República era dominada por grupos oligárquicos que detinham o poder em suas
respectivas regiões. Essas oligarquias eram compostas por grandes proprietários
de terra, cafeicultores e membros da elite agrária.
A política dos
governadores foi uma estratégia adotada durante a Primeira República para
garantir a governabilidade do país. Nesse sistema, o presidente da República
concedia autonomia aos governadores estaduais, permitindo que esses líderes locais
exercessem amplo controle sobre a política de seus estados. Em troca, os
governadores se comprometiam a apoiar o presidente nas eleições presidenciais e
a manter a estabilidade política no país. Essa troca de favores entre o
presidente e os governadores foi fundamental para a consolidação do poder das
oligarquias regionais e para a estabilidade do regime republicano.
Os
governadores, por meio dessa política, exerciam controle sobre os poderes
executivo e legislativo dos estados, indicando seus aliados políticos para os
cargos-chave. Essa prática resultava na concentração de poder nas mãos de
poucos grupos políticos e na perpetuação de uma estrutura de poder oligárquica.
Dessa forma, a política dos governadores, embora tenha contribuído para a
estabilidade política durante a Primeira República, também reforçou a exclusão
política e a falta de representatividade para grande parte da população
brasileira.
No entanto,
essa estratégia política gerava uma série de problemas, como a corrupção e o
nepotismo, além de dificultar a participação política de grupos não alinhados
com as oligarquias. Essa falta de abertura política contribuiu para o
fortalecimento do poder local e a perpetuação de práticas clientelistas e
autoritárias. A política dos governadores foi um dos principais pilares da
Primeira República, moldando a dinâmica política do país e estabelecendo as
bases para as tensões e conflitos que surgiriam ao longo desse período.
A política das
salvações e a ampliação do poder do presidente na política dos estados
Durante a
Primeira República no Brasil, a política das salvações foi uma medida
implementada com o objetivo de fortalecer o poder do presidente e ampliar sua
influência sobre os estados. Essa política consistia em estender os limites de
intervenção do governo federal na política local, permitindo que o presidente
interferisse diretamente na indicação de governadores e em outras decisões
políticas dos estados.
Com a política
das salvações, o presidente adquiriu maior controle sobre a composição dos
governos estaduais, podendo nomear interventores federais para atuarem como
representantes do governo central nos estados. Esses interventores tinham o
poder de destituir governadores e impor medidas que fossem do interesse do
presidente, garantindo assim uma maior centralização do poder político.
Essa ampliação
do poder do presidente na política dos estados gerou uma série de tensões e
conflitos com as oligarquias regionais. O presidente passou a exercer um papel
determinante na escolha dos governadores, interferindo nas disputas políticas
locais e impedindo a ascensão de opositores. Isso resultou em insatisfação por
parte das oligarquias e em resistência aos interventores federais, o que
culminou em conflitos e revoltas em diversos estados brasileiros, como foi o
caso da Revolta do Juazeiro no Ceará, em 1914.
Em suma, a
política das salvações representou um marco na consolidação do poder
presidencial durante a Primeira República. Essa medida contribuiu para a
ampliação da influência do presidente sobre os estados, mas também gerou
tensões e conflitos com as oligarquias locais, evidenciando a centralização do
poder político e as disputas pelo controle dos governos estaduais.
A tentativa do
presidente Hermes da Fonseca de impedir a ascensão de oposicionistas no governo
do estado do Ceará
Durante o
governo de Hermes da Fonseca, presidente do Brasil na Primeira República, houve
uma clara tentativa de impedir a ascensão de oposicionistas ao controle do
governo do estado do Ceará. O presidente, utilizando-se da política das
salvações, ampliou seus poderes e interferiu diretamente nos assuntos políticos
dos estados, visando garantir a lealdade de seus aliados e evitar que
adversários políticos ocupassem cargos importantes.
No caso
específico do Ceará, grupos oposicionistas liderados pelo senador José Gomes
Pinheiro Machado, mesmo baseados no extremo sul do país, exerciam grande
influência sobre os coronéis do Norte e Nordeste. Esses grupos representavam
uma ameaça ao controle político do presidente e de suas alianças regionais.
Como resposta,
Hermes da Fonseca adotou medidas para impedir que esses oposicionistas
assumissem o governo do estado do Ceará. Essas ações incluíram intervenções
diretas, nomeando interventores federais e exercendo pressão política sobre as
oligarquias locais, a fim de manter o controle dos cargos políticos do estado
alinhados aos seus interesses. Essa interferência do presidente gerou
insatisfação entre os políticos cearenses e desencadeou a Revolta do Juazeiro,
liderada pelo emblemático Padre Cícero Romão Batista.
A figura do
Padre Cícero como líder e símbolo da Revolta do Juazeiro
O Padre Cícero
Romão Batista desempenhou um papel fundamental como líder e símbolo da Revolta
do Juazeiro, ocorrida em 1914 no sertão cearense durante a Primeira República.
O padre era uma figura muito influente na região, exercendo não apenas um papel
religioso, mas também político e social. Sua posição de destaque na revolta foi
resultado de seu envolvimento em questões políticas e de sua defesa dos
interesses do povo sertanejo.
Padre Cícero
era conhecido por sua atuação em prol dos menos favorecidos e dos camponeses,
que encontravam na figura do padre um líder e protetor. Sua popularidade na
região e sua capacidade de mobilizar as massas foram fundamentais para a
organização e sucesso da Revolta do Juazeiro. Ele se tornou o símbolo da
resistência contra a interferência do governo federal na política local e da
luta contra as oligarquias dominantes.
A liderança
carismática e a devoção popular a Padre Cícero contribuíram para que ele se
tornasse uma figura emblemática não apenas durante a revolta, mas também ao
longo da história do Ceará e do Nordeste. Mesmo após a revolta, mesmo após sua
excomunhão pela Igreja Católica na década de 1920, sua imagem como homem santo
e defensor do povo permaneceu intacta. Até os dias atuais, Padre Cícero é
venerado pela população da região e sua cidade, Juazeiro do Norte, atrai
milhares de peregrinos em busca de sua proteção e intercessão.
O confronto
entre o interventor Marcos Franco Rabelo e os revoltosos cearenses
O confronto
entre o interventor Marcos Franco Rabelo e os revoltosos cearenses durante a
Revolta do Juazeiro, em 1914, foi um episódio marcante na história do Ceará e
da Primeira República. Rabelo, nomeado pelo governo federal, buscava controlar
a região e reprimir a resistência liderada pelo Padre Cícero e seus seguidores.
Enquanto isso, os revoltosos cearenses, liderados por figuras como Floro
Bartolomeu, organizaram uma defesa em Juazeiro do Norte para proteger o padre e
resistir à intervenção do governo.
A expedição
liderada por Rabelo rumou para Juazeiro do Norte com o intuito de prender o
Padre Cícero, mas encontrou uma forte resistência. Os revoltosos haviam
construído uma muralha defensiva chamada "Círculo da Mãe de Deus",
que cercava a cidade e impediu a penetração das tropas governamentais. Essa
barreira defensiva foi construída em apenas sete dias e se mostrou eficaz para
repelir os ataques iniciais.
Ao longo de
vários combates, os revoltosos cearenses conseguiram manter a vitória em
Juazeiro do Norte, frustrando os esforços do interventor. Floro Bartolomeu,
líder rebelde, empreendeu uma viagem ao Rio de Janeiro em busca de apoio
político, enquanto os revoltosos avançaram em direção a Fortaleza com o
objetivo de depor Rabelo. No Rio de Janeiro, conseguiram o apoio de José Gomes
Pinheiro Machado, importante político e líder influente na região. Em
Fortaleza, o interventor Marcos Franco Rabelo foi finalmente deposto, selando a
vitória dos revoltosos cearenses na luta contra a intervenção federal e
garantindo a retomada do controle político local.
A resistência
e a vitória dos revoltosos em Juazeiro do Norte
A resistência
e a vitória dos revoltosos em Juazeiro do Norte durante a Revolta do Juazeiro
em 1914 são episódios marcantes na história do Ceará e da Primeira República.
Liderados pelo carismático Padre Cícero, os revoltosos se organizaram em uma
defesa firme contra a intervenção do governo federal, representada pelo
interventor Marcos Franco Rabelo.
Ao cercar
Juazeiro do Norte com o chamado "Círculo da Mãe de Deus", uma muralha
defensiva construída em tempo recorde, os revoltosos conseguiram repelir os
avanços das tropas do governo. Essa muralha, erguida em apenas sete dias,
mostrou-se eficaz ao proteger a cidade e frustrar as investidas iniciais do
interventor. A resistência determinada dos revoltosos cearenses demonstrou sua
disposição em lutar pelo controle político e resistir às interferências
externas.
A vitória dos
revoltosos em Juazeiro do Norte foi um marco significativo na revolta. A
liderança firme de Padre Cícero, aliada à mobilização popular e ao apoio de
figuras políticas influentes, como José Gomes Pinheiro Machado, garantiu a
força necessária para enfrentar o interventor e suas tropas. A derrota de
Rabelo em Fortaleza, culminando em sua deposição, consolidou o triunfo dos
revoltosos cearenses e marcou um ponto de inflexão na Revolta do Juazeiro. Essa
vitória reafirmou a resistência do povo e a importância do protagonismo local
na luta contra a intervenção do governo federal. A busca por apoio político no
Rio de Janeiro e a deposição do interventor em Fortaleza. As eleições e o
retorno do Padre Cícero ao posto de vice-governador. A excomunhão do Padre
Cícero pela Igreja Católica e sua posterior veneração pela população.
Conclusão
A Revolta do
Juazeiro foi um importante episódio da história política do Brasil, ocorrido em
1914. Marcada pela intervenção do governo federal na política dos estados, essa
revolta teve como símbolo e líder o Padre Cícero Romão Batista. O evento
evidenciou a resistência das oligarquias locais às interferências do poder
central e demonstrou a força política e a devoção popular em torno do Padre
Cícero. Apesar de excomungado pela Igreja Católica, sua influência perdurou e
sua imagem como homem santo continua atraindo peregrinos e devotos até os dias
atuais. A Revolta do Juazeiro representa um capítulo significativo da história
do Ceará e do Brasil, destacando a luta pelo poder político e as dinâmicas
regionais durante a Primeira República.
Bibliografia
Zaluar, Alba
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Que se Deve Ler em Ciências Sociais no Brasil. São Paulo, Cortez/Anpocs.
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Civilização Brasileira. Tomo III, vol. 2. Rio de Janeiro/São Paulo, DIFEL.
DELLA CAVA,
Ralph. (1975), "Messianismo Brasileiro e Instituições Nacionais: Uma
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vol. VI, nº 1 e 2.
BRANDÃO,
Carlos Rodrigues. (1980), Os Deuses do Povo. São Paulo, Brasiliense.
http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/revolta-de-juazeiro/
http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Floro+Bartolomeu
Publicado por:
João Paulo dos Santos
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