Por Guilherme Machado historiador/pesquisador
O primeiro dos
grandes bandos independentes foi o de Antônio Silvino (1875), pernambucano que,
desde jovem, na última década do século XIX, se dedicara ao cangaço a serviço
da família Aires. A partir de 1906, afastou-se das lutas políticas e dos
conflitos entre famílias, passando a lutar pela dominação armada de áreas do
sertão. Atuou em Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, espancando, assassinando,
cobrando tributos e saqueando. Ferido em 1914, durante combate, foi preso e
condenado a trinta anos de prisão em Recife, sendo indultado em 1937.
Virgulino
Ferreira, o Lampião, o mais famoso de todos os cangaceiros, assumiu a chefia de
seu bando em 1922. Por causa da organização e disciplina que impunha seus
cabras, raramente era derrotado, além do fato de aparecer perante a população
sertaneja como um instrumento de justiça social, procurando, dessa forma,
justificar seus crimes, que atingiam pobres e ricos indistintamente. Morreu em
combate em 1938. Outros cangaceiros famosos foram Jesuíno Brilhante
(1844-1879), cearense, morto em luta com a polícia; Lucas da Feira, baiano,
enforcado em 1849; José Gomes Cabeleira, pernambucano, e Zé do Vale, piauiense,
igualmente enforcados nas últimas décadas do século XIX.
Os três tipos
de cangaço muitas vezes coexistiram. O defensivo e o político ocorreram por
todo o país e sobrevivem, a bem dizer, até os dias atuais. O independente,
porém, tem localização certa no tempo, pois surgindo em fins do século XIX,
praticamente desapareceu em 1939, com a morte de Corisco, o Diabo Louro, o mais
famoso chefe de bando depois de Lampião.
A extinção
desse fenômeno social foi conseqüência sobretudo da mudança das condições
sociais no país, das perspectivas de uma vida melhor que se abriam para as
massas nordestinas com a migração para o Sul, e das maiores facilidades de
comunicação, entre outros fatores. Mais de dez anos antes da morte de Corisco
já os nordestinos começavam a migrar para as fazendas paulistas de café, em
longas viagens a pé; de 1930 em diante, a industrialização no Sul, a abertura
de novas frentes agrícolas, como a do norte do Paraná, e a interrupção da
imigração estrangeira tornaram mais intensa a demanda de braços do Nordeste,
trazendo, como conseqüência, uma intensa migração para o Rio de Janeiro e São
Paulo.
Extensa é a
bibliografia sobre o cangaço, de estudos sociológicos à reportagem documental.
Na literatura, destacam-se o romance O Cabeleira (1876) de Franklin Távora, e
as obras de José Lins do Rego, Jorge Amado, Raquel de Queiroz e Guimarães Rosa,
este último autor de Grande sertão, veredas, considerado o maior romance já
escrito sobre os cangaceiros. No cinema, sobressaíram O cangaceiro (1953) de
Lima Barreto e Deus e o diabo na terra do sol (1964) de Gláuber Rocha.
Fonte: facebook
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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