Por Charles Bezerra Cabral
Foto da antiga Rio Branco, atual cidade de Arcoverde Pernambuco, década de 1920, Vendo-se os almocreves que desempenharam importante papel para o desenvolvimento de (Rio Branco) atual Arcoverde.
Contenda entre
os Ferreira e os Bezerras de São José de Princesa
Segundo
depoimentos do saudoso JOAQUIM BEZERRA LEITE (Joaquim de Santo Bezerra),
*10/05/1910 - +05/12/2005, pegos pelo autor desse blog, seu neto, o mesmo
contava que os Bezerras e os Ferreiras, Virgolino Ferreira da Silva (Lampião) e
seus irmãos, eram almocreves tangendo tropas de burros nas mesmas rotas
comerciais no início do século 20. Viajavam com frequência para as cidades de
Campina Grande na Paraíba, Rio Branco, hoje Arcoverde em Pernambuco, Araripina
no Pernambuco, Juazeiro no Ceará, entre outras cidades desses mesmos estados.
Numa dessas viagens entre 1915 e 1918, ele não sabia precisar o ano, num
acampamento de estrada para tropeiros que existiam as margens das estradas
dessas rotas, houve uma contenda entre os Bezerras, ANTONIO BEZERRA LEITE o
Patriarca e seus filhos com os Ferreiras, VIRGOLINO FERREIRA DA SILVA (Lampião)
e seus irmãos. No calor da contenda um dos irmãos de Virgolino ameaçou puxar da
cintura uma pistola semiautomática da época de fabricação americana que davam o
nome de "FN".
Entretanto, os Bezerras não se amedrontaram e da mesma
forma os filhos do Patriarca ANTONIO BEZERRA LEITE, e seus funcionários que
também andavam armados com pistolas semelhantes, também foram aos cabos das
suas respectivas pistolas. Mas com a interveniência do Patriarca ANTONIO
BEZERRA LEITE e de VIRGOLINO FERREIRA DA SILVA, os ânimos foram acalmados e a
contenda que poderia ter tido um final sangrento, teve um final ameno. Algum
tempo depois, VIRGOLINO FERREIRA DA SILVA por razões que todos conhecem entrou
para o cangaço em 1918, e os Bezerras por essa razão, sempre que sabiam que
Lampião se encontrava numa determinada rota, evitavam viajar naquela direção, a
fim de não dar de encontro com aquele que havia se tornado o terror do
nordeste.
Anos mais tarde, no final da década de 20, numa determinada festa da Padroeira
Nossa Senhora da Conceição em 08 de dezembro, ao final da tarde com os festejos
acontecendo em frente da igreja de São José, o velho Patriarca ANTONIO BEZERRA se encontrava na sua residência no alto dos Bezerras. Quando de repente
chegaram Lampião e doze homens fortemente armados, na sua porta. Não tendo nada
mais a dizer ou fazer, o velho Patriarca os cumprimentou e os convidou a entrar
na sua casa.
Lampião entrou sozinho e deixou os cabras no terreiro em frente a
casa. Dentro de casa e acomodados, o velho Patriarca temeroso, indagou a
Lampião o motivo da sua visita e ainda, se o fosse acertar aquela contenda de
então que ocorrera no acampamento de almocreve, ele nada podia fazer, a não ser
dizer a ele que os seus filhos se encontravam nos festejos em frente da igreja, e se o seu intento fosse esse, poderia descer aos festejos e ali concretizar o que
ele havia ido fazer ali. Pois o velho Patriarca achava que Lampião havia ido a
São José para matar os seus filhos.
Lampião imediatamente tratou de desfazer
essa ideia na cabeça do velho Patriarca, e finalizou que aquilo que havia
acontecido tinha ficado no passado, e que o motivo da sua estada ali, era para
fazer uma visita a um velho amigo das estradas empoeiradas. Assim sendo,
naquele dia acabou o temor do velho Patriarca e seus filhos em relação a
VIRGOLINO FERREIRA DA SILVA, vulgo "Lampião"
Por: Charles
Bezerra Cabral
francisco.charles@ipa.br
87-9921.1000
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Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
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