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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

HERÓI DA TERRA

Autor José Di Rosa Maria

Desenho: Internet


Sou filho do semiárido

Herói da vida campeira

Primo do mandacaru

Irmão da carnaubeira.

Parente do juazeiro

Que atravessa o ano inteiro

Verde como um periquito

No chão que a seca castiga

Não se conhece quem diga

Que tem algo mais bonito.

 

Castigada pelo sol

Minha pele de vaqueiro

Tem a cor da substância

Da casca do cajueiro.

Odeio cortar caminho

Sou forte como o espinho

Da folha da macambira

Das minhas mãos calejadas

Conclusões precipitadas

Quem tem juízo não tira.

 

Deixando o campo assolado

No ano que a seca avança

Perco plantações e gado

Mas não perco a esperança.

De dar a volta por cima

Que a seca não desanima

Quem não se rende à quizília

Encaro a fome com calma

E arranco da fé da alma

O pão pra minha família.

 

Sempre que a estiagem

Perde a mira e sai de linha

Percebo que não há terra

Boa do tanto da minha.

Pra começar dar de tudo.

Só a fonte de estudo

De Deus conhece o segredo

Quem chega aqui todo errado

Ainda vai atrasado

Mesmo indo embora cedo.

 

Aqui só não vive bem

Quem não trabalha esperando

Que o governo lhe dê

O que estiver faltando.

Esperar por quem repete

Que dar, mas o que promete

Não tem quem veja chegar,

Pra mim e pra mais alguém

É coisa pra quem não tem

Coragem de trabalhar.


FIM.

José Ribamar Alves

Enviado em dezembro de 2017 pelo saudoso professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

José Romero

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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