Autor José Di Rosa Maria
Sou
filho do semiárido
Herói
da vida campeira
Primo
do mandacaru
Irmão
da carnaubeira.
Parente
do juazeiro
Que
atravessa o ano inteiro
Verde
como um periquito
No
chão que a seca castiga
Não
se conhece quem diga
Que
tem algo mais bonito.
Castigada
pelo sol
Minha
pele de vaqueiro
Tem
a cor da substância
Da
casca do cajueiro.
Odeio
cortar caminho
Sou
forte como o espinho
Da
folha da macambira
Das
minhas mãos calejadas
Conclusões
precipitadas
Quem
tem juízo não tira.
Deixando
o campo assolado
No
ano que a seca avança
Perco
plantações e gado
Mas
não perco a esperança.
De
dar a volta por cima
Que
a seca não desanima
Quem
não se rende à quizília
Encaro
a fome com calma
E
arranco da fé da alma
O
pão pra minha família.
Sempre
que a estiagem
Perde
a mira e sai de linha
Percebo
que não há terra
Boa
do tanto da minha.
Pra
começar dar de tudo.
Só
a fonte de estudo
De
Deus conhece o segredo
Quem
chega aqui todo errado
Ainda
vai atrasado
Mesmo
indo embora cedo.
Aqui
só não vive bem
Quem
não trabalha esperando
Que
o governo lhe dê
O
que estiver faltando.
Esperar
por quem repete
Que
dar, mas o que promete
Não
tem quem veja chegar,
Pra
mim e pra mais alguém
É
coisa pra quem não tem
Coragem de trabalhar.
FIM.
Enviado em dezembro de 2017 pelo saudoso professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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