Publicado em 30/07/2014 por Rostand Medeiros
Theodore Van Kirk, também conhecido como “Dutch” (holandês), morreu nesta segunda-feira (29/07/2014) de causas naturais na Park Springs Retirement Community, em Stone Mountain, Geórgia, Estados Unidos. Ele era o último membro de um grupo de homens que realizaram um evento que mudou radicalmente a história da humanidade.
Capitão Van
Kirk, à esquerda, o coronel Paul Tibbets ao centro e o major Thomas W. Ferebee
em 1945, depois do voo do “Enola Gay” a Hiroshima. Crédito Força Aérea dos EUA,
via Agence France-Press – Getty Images
Van Kirk tinha
24 anos quando exercia a função de navegador do bombardeiro quadrimotor B-29
Superfortress e foi este avião que largou a bomba atômica denominada
“Little Boy” sobre a cidade japonesa de Hiroshima.
“Little Boy”
O fato
aconteceu há 69 anos, mais precisamente às oito e quinze da manhã do dia 6 de
agosto de 1945.
Nas primeiras
horas da madrugada daquele dia, pilotado pelo coronel Paul Tibbets e tendo uma
tripulação de 12 homens, um B-29 batizado como “Enola Gay” decolou da Ilha de
Tinian, no Arquipélago das Marianas, no Oceano Pacifico. A aeronave levava no
seu interior uma bomba de urânio construído sob um extraordinário sigilo na
área do Projeto Manhattan.
Boeing B-29
“Enola Gay” em Tinian – Crédito Força Aérea dos EUA, via Agence France-Press –
Getty Images
O capitão Van
Kirk trabalhava nas suas cartas de navegação, em uma pequena mesa atrás do
banco do coronel Tibbets. Em um tempo bem anterior ao GPS, de vez em quando Van
Kirk seguia para a área do compartimento de bombas com um sextante na mão, ali
se posicionava em um domo de plástico transparente e buscava conferir se a rota
da aeronave estava correta guiando-se pelas estrelas.
Quando o
“Enola Gay” chegou a Ilha de Iwo Jima o sol começava a aparecer no horizonte.
Deste ponto o B-29 começou uma subida para 9.500 metros de altitude. Às oito e
quinze da manhã chegaram ao Japão e a Hiroshima, uma cidade que era sede de uma
importante concentração militar do exército nipônico e possuía 250.000
habitantes (um pouco menor do que atualmente é a população de Mossoró-RN).
O bombardeador
do avião, o major Thomas W. Ferebee mirou no alvo principal da bomba, a Ponte
Aioi. As habilidades de navegação do capitão Van Kirk tinha trazido o “Enola
Gay” ao seu alvo com apenas alguns segundos de atraso na conclusão de um voo de
seis horas e meia. O major Ferebee então lançou a “Little Boy” e o coronel
Tibbets executou uma volta com o B-29 para evitar os efeitos da explosão.
43 segundos
depois do lançamento, a cerca de 550 metros acima do solo, a porta do inferno
foi aberta. Morreram 78.000 pessoas instantaneamente, um número que quase
triplicou até o final do ano de 1946. O “Enola Gay” foi fustigado por um par de
ondas de choque. Uma potente luz branca encheu a cabine e Van Kirk comparou
esta luz a um flash fotográfico.
Aquela foi a
primeira vez na história que uma bomba atômica foi usada em combate. A segunda
ocasião foi três dias depois, na cidade de Nagasaki, onde cerca de 80.000 foram
mortos.
Hiroshima
Entre manter
uma resistência insana, ou ser gradativamente exterminado pelos Estados Unidos,
o governo japonês decidiu se render, acabando oficialmente a Segunda Guerra
Mundial.
Van Kirk se
aposentou do serviço militar em 1946, tendo recebido entre outras condecorações
a Estrela de Prata e a DFC-Distinguished Flying Cross. Ele se formou em
engenharia química e fez um bacharelado pela Universidade Bucknell e tornou-se
um executivo de marketing da empresa DuPont.
Muitas pessoas
viram a tripulação como heróis de guerra, que salvaram a vida de milhares de
militares americanos diante da resistência fanática que os japoneses certamente
realizariam com a invasão do seu território metropolitano e anteciparam o fim
da guerra. Em uma entrevista muito depois do dia 6 de agosto de 1945, Van Kirk
defendeu o momento e a razão do bombardeio. Afirmou que “-Todo mundo condenou,
especialmente os jovens” e completou apontando que estes mesmos jovens “-Não
estudavam o suficiente para saber por que soltamos a bomba. Mas quem largou a
bomba sabia que havia uma guerra acontecendo e que a única maneira que eu sei
como ganhar uma guerra é forçar o inimigo a se submeter”.
Mas se não
demonstrava maiores arrependimentos pelo que realizou Van Kirk igualmente
afirmou, ao conceder uma entrevista em 2005 a Associated Press, que diante de
sua experiência durante a Segunda Guerra Mundial ele gostaria de ver as armas
atômicas abolidas.
Van Kirk será
enterrado no próximo dia 05 de agosto, em sua cidade natal, Northumberland, na
Pensilvânia.
Fonte – ABC /
AFP / NYT
Postado em História, Segunda
Guerra Mundial Arquipélago
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Mountain,Thomas
W. Ferebee
Extraído do blog: Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros - http://tokdehistoria.com.br/
http://blogdomendesemendes.blogsot.com
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