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terça-feira, 16 de junho de 2015

SUSI RIBEIRO CAMPOS NORA DOS EX-CANGACEIROS SILA E ZÉ SERENO

Por Susi Ribeiro Campos

Boa noite amigo José Mendes Pereira, como lhe prometi, vou lhe escrever aos poucos, minhas lembranças de Zé Sereno e principalmente de Sila com quem realmente convivi.

Grupo de cangaceiros de Zé Sereno e Sila

Quando eu e meus pais chegamos à casa de Zé Sereno e Sila, em 1978, eles moravam em uma bela casinha branca, com um lindo jardim na frente, muito bem cuidado. Era o Bairro do Butantã/Vila Gomes em São Paulo. Um pedacinho do nordeste.

Havia uma pequena escada que levava à porta principal, tocamos a campainha e fomos recebidos por um senhor de meia idade, cabelos grisalhos, quase brancos, nos olhou fixamente e depois para mim e sorriu...é você a menina que gosta do cangaço?

Abri o portãozinho eu mesma e subi as escadas antes que meus pais e abracei o velhinho, sem saber que um dia aquele seria meu sogro, Zé Sereno.

 Zé Sereno e Sila saíram ilesos do massacre de Angico. Zé Sereno faleceu em 16 de fevereiro de 1981, no Hospital Municipal de São Paulo. 

Rimos todos. Sila veio apressada da cozinha onde estava preparando um lanche, sentamos na sala e passamos a tarde mais feliz que grandes amigos podem passar.

Seu Zé me mostrava fotos de quando estava no cangaço, havia também uma "fita" e um gravador que hoje nem me recordo mais como se chama, com seu depoimento para uma reportagem sobre o Massacre de Angicos.

 A ex-cangaceira Sila  faleceu em 15 de Outubro de 2005, também na capital Paulista.

Ouvia atenta. Era emocionante a forma, o tom de voz com a qual aquele senhorzinho falava na fita, lágrimas escorreram de meus olhos, Sila também se emocionou. Abracei muito os dois.

Seu Zé foi pegar seu chapéu, contava a história e o significado místico das estrelas e enfeites e das orações dobradas, que eram guardadas no mesmo, dos patuás, enfim, uma mistura do catolicismo predominante no cangaço com crenças regionais.

https://www.youtube.com/watch?v=fq-UpS76wuY

Peguei o chapéu e o segurei por longo tempo... tentava imaginar as lutas daquele povo sofrido. Rimos, ele o colocou em minha cabeça... caiu... rsrsrs era enorme pra mim.

Seu Zé Sereno havia retornado do hospital há pouco tempo, sua saúde não estava muito boa, mas sua memória era como a de um menino. Gostava de cozinhar, principalmente suas especiarias nordestinas, carnes, e sozinho. Não queria ajuda, quando ia para cozinha, ninguém podia meter a colher.

Susi Ribeiro Campos e Wilson Campos nora e filho dos cangaceiro Sila e Zé Sereno

Tenho lembranças dele, que guardo no coração, comigo, sempre sorriu, gostava muito de crianças e se apegou muito a mim e eu a ele. Pena que o conheci tão pouco, era humilde com todos, trabalhador, honesto... ao contar suas histórias, muitas vezes o vi chorar, sim, ele chorava, não sei se de emoção, mas tinha a grande coragem de chorar.

Após seu falecimento, meu esposo Wilson me contou que com os repórteres ele agia diferente. Não chorava e procurava ser discreto. Havia mesmo se apegado a mim e a meus pais; conversou muito com meu pai, ficaram amigos.

... Wilson Ribeiro filho de Sila e Zé Sereno

Meu querido sogro José Ribeiro Filho. Tenho orgulho de carregar o Ribeiro em meu nome, pois vem do pai de Wilson, o Grande Cangaceiro, Chefe de Sub-Grupo de Lampião Zé Sereno. Uma figura paterna que ficou gravada em minha mente.

Obrigada Seu Zé! Descanse na Paz que tanto merece, ao lado de sua Querida Mãezinha Nossa Senhora Aparecida e Nosso Senhor Jesus Cristo!

Susi Ribeiro Campos- nora de Sila e Zé Sereno

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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