Por Analucia Gomes
Lampião dirige
carta ao então governador do estado de Pernambuco, Júlio de Melo, que lhe fora
entregue pelas mãos de Antônio Guimarães, chefe de polícia do estado num
momento qualquer de sua trajetória. O conteúdo do texto escrito por Lampião
rezava os motivos da partilha do estado entre o litoral e o sertão. Ficaria o
mar por conta do governador e o sertão segundo o mando do chefe cangaceiro.
Senhor
governador de Pernambuco,
Faço-lhe esta
devido a uma proposta que desejo fazer ao senhor para evitar guerra no sertão e
acabar de vez com as brigas. Se o senhor estiver no acordo, devemos dividir os
nossos territórios. Eu que sou capitão Virgulino Ferreira Lampião, Governador
do Sertão, fico governando esta zona de cá por inteiro, até as pontas dos
trilhos em Rio Branco.
E o senhor, do
seu lado, governa do Rio Branco até a pancada do mar no Recife. Isso mesmo.
Fica cada um no que é seu. Pois então é o que convém. Assim ficamos os dois em
paz, nem o senhor manda seus macacos me emboscar, nem eu com os meninos atravessamos
à extrema, cada um governando o que é seu sem haver questão. Faço esta por amor
à Paz que eu tenho e para que não se diga que sou bandido, que não mereço.
Aguardo a sua
resposta e confio sempre.
Capitão Virgulino Ferreira Lampião, Governador do Sertão (MACIEL, 1988, p. 38).

Nenhum comentário:
Postar um comentário