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domingo, 15 de janeiro de 2012

Lampião, Maria Bonita, o Cangaço: Um mito, uma lenda, uma grande história

Por: Antonio Galdino

Passados 110 anos do nascimento de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião e 70 anos de sua morte cresce a cada momento o interesse de estudiosos e pesquisadores do mundo inteiro em conhecer mais sobre esse sertanejo, menino nascido na aridez da caatinga nas terras de Vila Bela, hoje Serra Talhada, em junho de 1898.

Benjamim Abrahão
Maria Bonita e Lampião

Certamente teria sido mais um sertanejo anônimo, tocador de roças, sofredor das secas, sonhador com a fartura das invernadas, não tivesse ele vivido, "num ambiente de violência gerada pela disputa de terras entre famílias inimigas daqueles lugares", como diz sua neta Vera Ferreira. 



Muito já se escreveu sobre ele e são inúmeras as formas como é analisado pelos que se aprofundam no tema. Temido por muitos, amado por outros tantos, sua figura virou um mito e um mito nunca morre.

A sua coragem, a determinação e os apoios que sempre recebeu de importantes coronéis da época, de poderosos do governo e do 


Pe. Cícero Romão Batista, o fez sobreviver às agruras do sertão. Andou por quase todos os Estados Nordestinos, -Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Alagoas e Bahia, com seu bando que variava de tamanho e se dividia em outros muitos de acordo com esta sua necessidade de sobrevivência.

Exímio estrategista ganhou respeito dos que formavam o seu bando. Autores sérios falam de técnicas por eles utilizadas nos combates e nas fugas que deixavam malucos os soldados que se embrenhavam pela caatinga, à sua procura. Por isso que os que pesquisam com seriedade sobre Lampião refutam a informação publicada por outros escritores de que a Furna dos Morcegos, existente na margem alagoana do cânion do rio São Francisco, ao lado da Cachoeira de Paulo Afonso, teria sido um dos seus coitos. Argumentam esses historiadores, entre eles João de Sousa Lima, que a Furna dos Morcegos tem apenas uma entrada e saída de difícil acesso e que, ao seu lado funcionava, até 1961, a Usina Angiquinho, com trabalhadores se movimentando a todo momento o que faria do coito um alvo fácil para a polícia.

Em entrevista publicada no site mantido pela neta de Lampião, Vera Ferreira e no seu livro "De Virgulino a Lampião" ele, que foi almocreve e tinha inegável habilidade no trabalho com o couro, diz "Estou me dando bem no cangaço e não pretendo abandona-lo. Não sei se vou passar a vida toda nele. Preciso trabalhar ainda uns três anos... Depois, talvez me torne comerciante".

As muitas histórias sobre Lampião chamado pelo poeta Ivanildo Vilanova de "herói, bandido e louco", levou sua neta Vera Ferreira a escrever, com 


o escritor Antonio Amaury o livro "De Virgulino a Lampião", "parte da história desse nosso personagem passada a limpo", como escreveu na dedicatória ao exemplar que me ofereceu.

Outro escritor sobre Lampião, Oleone Coelho Fontes, em "Lampião na Bahia" diz que "Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi quem introduziu o cangaço na Bahia. Sabe-se até a data em que o fenômeno aconteceu, fato singularíssimo na história: 21 de agosto de 1928, depois do meio-dia".
E acrescenta Oleone: "Verdade é que se Lampião nunca tivesse invadido a geografia baiana jamais teríamos tido aqui o fenômeno cangaceirismo que assolou de modo endêmico o outro lado do rio."

E foi do outro lado do rio São Francisco, nas terras baianas onde Lampião reinou absoluto por mais 10 anos. Foi do lado baiano do rio São Francisco que Lampião encontrou um coito seguro no Sítio do Tará, apoiado por "um dos maiores criadores da região, o Sr. Odilon Martins de Sá, conhecido por Odilon Café", como narra João de Sousa Lima em seu livro "A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço".

Nesse livro, que será lançado no I Seminário do Centenário de Maria Bonita, João diz ainda que o "Sítio do Tará passou a servir de base quando os cangaceiros empreendiam suas viagens aos estados de Alagoas e Sergipe" e que ali também morava "um dos principais coiteiros de Lampião, Antônio Felipe de Oliveira, tio da cangaceira Maria Bonita".

Diz ainda João Sousa Lima que nessas andanças para Alagoas e Sergipe, "Lampião passava pela Malhada da Caiçara, onde morava Maria de Déa, que tinha casado com apenas 15 anos e estava separada do marido, Zé de Nenen." "Numa dessas viagens, diz João, Lampião, que seguia um pouco à frente do seu bando, acompanhado de Odilon Café, pisou o batente da casa de Zé Felipe e Dona Déa.

Odilon apresentou a Lampião Maria de Déa". Segundo esse autor, aconteceu ali, nesse primeiro encontro, o seguinte diálogo:

 - Você sabe bordar?
- Sei.
- Vou deixar uns lenços pra você bordar e volto daqui a duas semanas pra buscar!" 

"Dias depois, de surpresa, os cangaceiros reaparecem na Malhada da Caiçara. Lampião recebeu os lenços bordados por Maria de Déa e suas irmãs, pagou o trabalho e tiveram uma longa conversa". João acrescenta que "quando Maria decidiu seguir Lampião ela estava no povoado Rio do Sal, cuidando da saúde de sua avó materna, Ana Maria".

Todas estas localidades - Sítio do Tará, Malhada da Caiçara, Rio do Sal e dezenas de outras citadas nos livros de João e de outros autores, estavam no lado baiano do Rio São Francisco e pertenciam ao município de Santo Antônio da Glória. Depois da emancipação política de Paulo Afonso em 28 de julho de 1958 passaram a fazer parte do território deste município.

A casa onde nasceu Maria de Déa, depois internacionalmente conhecida por Maria Bonita, na Malhada da Caiçara, a 38 quilômetros da cidade de Paulo Afonso, foi restaurada na gestão do Prefeito Raimundo Caíres, sob a supervisão de Luiz Rubem, outro escritor/pesquisador dos feitos dos cangaceiros na região e aberta à visitação em Setembro de 2006.


Fonte:
http://www.portaldafolha.com.br/noticia.php?id=2343

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