Quando se soube que o coronel Antônio Pires Brandão vinha à vila atear fogo na Intendência Municipal, os Pereiras lhe prepararam uma emboscada na fazenda Exu. Estava ateado fogo no pavio. Porém, os emboscantes não conseguiram detonar as suas armas no coronel, pois este sabedor do plano dos Pereiras, foi à vila pela estrada da Várzea, montado no seu cavalo de estimação e trazendo na sua garupa sua filha Donana, de 5 anos de idade. Ao que a matriarca dona Rita Rosa de Jesus, sua mãe, postada na porta de sua casa gritava para todo mundo ouvir: “Entra meu filho, entra, nem que eu tenha que recolher seus pedaços em um cesto, mais você entra nesta Vila como um homem e não como um covarde.”
Curiosíssima política a de Belmonte daquele tempo. A rua principal da Vila, à direita de quem olhava da Igreja Matriz, era o lado dos Pereiras, à esquerda o lado era dos Carvalhos. Nesse momento, para espanto de todos, aponta no início do velho arruado de tantas tradições, um padre montado a cavalo e um acompanhante, indo apear o animal no cruzeiro em frente a Igreja Matriz. Aparece então, nesse momento o sacristão José Honório Ferraz, a quem o padre manda tocar o sino. Nisso, as pessoas estranhando um toque de sino fora de hora, começam a se dirigir para a igreja. O sacerdote, depois de se identificar como sendo o padre Cícero Romão do Juazeiro, intima os chefes dos Carvalhos e dos Pereiras e pondera aos mesmos que acabassem, enfim, com aquela contenda, uma vez que só traria prejuízos muitos sérios para ambos, bem como para os habitantes da Vila de Belmonte. Depois de ter celebrado uma missa e firmado um pacto de concórdia entre as duas famílias, retorna o padre Cícero para o Juazeiro. A luta iniciada acaba com os coronéis e seus homens abandonando temporariamente as armas e voltando para suas fazendas.
Valdir José
Nogueira de Moura
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