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sábado, 20 de junho de 2015

O DIA EM QUE PEDRO SERTANEJO ENCANTOU MONTE SANTO

Por José Gonçalves

Nascido em Euclides da Cunha (BA), palco da guerra de Canudos, Pedro de Almeida e Silva ou Pedro Sertanejo saiu de sua terra ainda jovem, a fim de tentar a carreira artística em outras paragens. Em 1946, depois de 51 dias de viagem, aportou em São Paulo, onde tratou de popularizar o “forró pé de serra”, através da sanfona de oito baixos. Foi acordeonista, compositor, afinador de sanfonas e radialista.


Em 1956, realizou a primeira gravação pela Copacabana, interpretando o xote "Roseira do Norte" dele e Zé Gonzaga, assim como a polca "Zé Passinho na festa", de sua autoria. Já na Todamérica, gravou "Balaio do norte" e "Forró brejeiro". Em 1959, lançou a polca "Euclides da Cunha", em referência à sua terra natal.

Em 60, gravou "Forró de Aracaju" e "Rancho Velho". No ano seguinte, foi contratado pela gravadora Continental, que relançou antigos sucessos, anteriormente gravados na Todamérica. Entre eles, "Festa na fazenda" e "Arco-verde".

Em 1962, passou a integrar a gravadora Caboclo, onde lançou "Forró alagoano", "Azulão" e "Festa de São João", entre outras composições. No ano seguinte, gravou, de sua autoria, o forró "Sete punhá" e o chamego "Chuliado da vovó", de Milton José.

Em 64, fundou a Cantagalo, dirigindo a gravadora por toda a década de 1960. Nesse período, convidou Dominguinhos, então iniciante, a gravar um LP destinado ao público nordestino. Além de Dominguinhos, produziu também artistas de renome como Jackson do Pandeiro, Messias Holanda, Ary Lobo e muitos outros.

Nos anos 1970, gravou diversos LPs pela gravadora Continental, entre os quais "Forró brejeiro", "Visite o Nordeste" e "Sanfoneiro do Norte". Ao longo de sua carreira, lançou mais de 40 discos e compôs cerca de 700 músicas.

Em 1966, abriu o primeiro forró da capital paulista, o forró de "Pedro Sertanejo", na rua Catumbi, 183, no Braz, local que se tornou o ponto de encontro de nordestinos e forrozeiros. Era um local estratégico. Bairro fabril e operário, o Braz era habitado, predominantemente, por migrantes nordestinos. Em suas imediações localizavam-se as estações de trem Roosevelt (antiga “Estação do Norte”) e de ônibus Glicério, pontos importantes de chegada e de circulação de nordestinos.

A partir daí, inúmeros outros forrós foram fundados na cidade, disseminando-se a cultura nordestina entre os habitantes da pauliceia. A prática se perpetuou no tempo e, apesar da introdução de novos espaços de entretenimento, os forrós continuam a agitar a vida paulistana.

Na manhã do dia 20 de junho de 1996, acompanhado de Oswaldinho do Acordeon, seu filho, o velho músico esteve na cidade de Monte Santo (BA), onde foi homenageado pela gente do lugar. Em visita ao “Museu do Sertão”, ali deixou um exemplar de uma sanfona de oito baixos, de uso pessoal,enquanto Oswaldinho deixou um troféu recebido durante um festival realizado fora do Brasil. As peças integrariam o acervo da instituição.

Faleceu em 1996. Apesar de todo talento, Pedro Sertanejo não obteve por parte da mídia o merecido reconhecimento. Tico dos Oito Baixos, sanfoneiro e documentarista, participou da cerimônia de sepultamento do músico e se disse indignado com a indiferença com que a imprensa tratou o caso. Veja-se vídeo: https://youtu.be/9PEnk6rs2G4).

José Gonçalves do Nascimento
jotagoncalves_66@yahoo.com.br

http://bçogdomendesemendes.blogspot.com

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