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domingo, 15 de março de 2020

FUGAS E CAPTURAS DE “VOLTA SECA”

Por Antônio Corrêa Sobrinho

Aquele que foi um dos mais temerosos cangaceiros de Lampião, o sergipano Antônio dos Santos, conhecido por "VOLTA SECA", cumpriu pena de 20 anos, de 1932 a 1952, na Penitenciária de Salvador, período durante o qual fugiu duas vezes.

A primeira, no dia 14 de fevereiro de 1944, sendo capturado no dia 03 de março deste mesmo ano, no município de Santa Luzia do Itanhy, em Sergipe, pelo cabo Mário Magalhães, comandante do destacamento desta cidade. Volta Seca foi detido juntamente com o seu companheiro de cela, Manuel Porfírio dos Santos, com quem fugira. O delegado regional de Estância, município contíguo a Santa Luzia, João Libório Filho, acompanhado de uma força de polícia, seguiu para o local e escoltou os dois fugitivos até Aracaju, de onde foram transportados, de trem da Leste Brasileiro, de volta ao presídio de Salvador.

Sobre esta fuga, informou Volta Seca que serrou as grades do cubículo, com este seu companheiro Porfírio, descendo por uma escada feita de pedaços de madeira. Disse que, após escapar, rumaram para a estação da Calçada, viajou de trem até Aratu, de onde chegaram a Itapuã, na Bahia, seguindo para o norte pelas praias. Negou que tenha praticado qualquer assalto, e que perambulou pelos caminhos até alcançar Santa Luzia; e que mais longe teria ido não fosse o seu comparsa ter adoecido. Não foram encontradas armas em seu poder. Volta Seca disse que não fugiu com o intuito de retornar ao banditismo, ao cangaço, mas para ter de volta a liberdade que lhe tiraram.

A segunda escapada de Volta Seca, na verdade, não foi propriamente uma fuga, já que ele tinha sido autorizado a deixar o presídio, em razão do seu bom comportamento, apenas deixou de retornar. Tal se deu no mês de janeiro de 1946, sendo recapturado uns 15 dias depois, na própria cidade de Salvador, no lugar Cotovelo, na Fonte do Capim, ao lado da esposa Percilia Santos.

A propósito desta fuga, disse ele ao jornal "A Noite" (RJ): "há 15 dias tivera permissão para dar um passeio pelas redondezas da Casa. Sentindo, porém, saudades de sua esposa, residente no Cotovelo, para lá se dirigiu e foi recebido com as maiores manifestações de alegria. Ali permaneceu até à tarde e como se sentisse envergonhado de regressar ao presídio, pois havia passado da hora, resolveu ficar em casa. Durante todo esse tempo passou no mato, só regressando à noite à casa para não ser preso. Confessou-se arrependido por haver traído a confiança dos que lhe facultaram a saída."

Em abril de 1948, Volta Seca obteve livramento com as seguintes condições: 1. Não voltar sob hipótese alguma a qualquer ponto da zona onde atuaram Lampião e seu bando; 2. Não dar entrevistas nem autógrafos; 3. Não falar em estações de rádios; 4. Não usar armas de qualquer espécie; 5. Não se deixar fotografar para a imprensa; e 7. Apresentar-se uma vez por mês ao juiz competente.

Em 1952, por indulto, livra-se definitivamente da prisão.


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