Por Antônio Corrêa Sobrinho
Aquele que foi
um dos mais temerosos cangaceiros de Lampião, o sergipano Antônio dos Santos,
conhecido por "VOLTA SECA", cumpriu pena de 20 anos, de 1932 a 1952,
na Penitenciária de Salvador, período durante o qual fugiu duas vezes.
A primeira, no
dia 14 de fevereiro de 1944, sendo capturado no dia 03 de março deste mesmo
ano, no município de Santa Luzia do Itanhy, em Sergipe, pelo cabo Mário
Magalhães, comandante do destacamento desta cidade. Volta Seca foi detido
juntamente com o seu companheiro de cela, Manuel Porfírio dos Santos, com quem
fugira. O delegado regional de Estância, município contíguo a Santa Luzia, João
Libório Filho, acompanhado de uma força de polícia, seguiu para o local e
escoltou os dois fugitivos até Aracaju, de onde foram transportados, de trem da
Leste Brasileiro, de volta ao presídio de Salvador.
Sobre esta
fuga, informou Volta Seca que serrou as grades do cubículo, com este seu
companheiro Porfírio, descendo por uma escada feita de pedaços de madeira.
Disse que, após escapar, rumaram para a estação da Calçada, viajou de trem até
Aratu, de onde chegaram a Itapuã, na Bahia, seguindo para o norte pelas praias.
Negou que tenha praticado qualquer assalto, e que perambulou pelos caminhos até
alcançar Santa Luzia; e que mais longe teria ido não fosse o seu comparsa ter
adoecido. Não foram encontradas armas em seu poder. Volta Seca disse que não
fugiu com o intuito de retornar ao banditismo, ao cangaço, mas para ter de
volta a liberdade que lhe tiraram.
A segunda
escapada de Volta Seca, na verdade, não foi propriamente uma fuga, já que ele
tinha sido autorizado a deixar o presídio, em razão do seu bom comportamento,
apenas deixou de retornar. Tal se deu no mês de janeiro de 1946, sendo
recapturado uns 15 dias depois, na própria cidade de Salvador, no lugar
Cotovelo, na Fonte do Capim, ao lado da esposa Percilia Santos.
A propósito
desta fuga, disse ele ao jornal "A Noite" (RJ): "há 15 dias
tivera permissão para dar um passeio pelas redondezas da Casa. Sentindo, porém,
saudades de sua esposa, residente no Cotovelo, para lá se dirigiu e foi
recebido com as maiores manifestações de alegria. Ali permaneceu até à tarde e
como se sentisse envergonhado de regressar ao presídio, pois havia passado da
hora, resolveu ficar em casa. Durante todo esse tempo passou no mato, só
regressando à noite à casa para não ser preso. Confessou-se arrependido por
haver traído a confiança dos que lhe facultaram a saída."
Em abril de
1948, Volta Seca obteve livramento com as seguintes condições: 1. Não voltar
sob hipótese alguma a qualquer ponto da zona onde atuaram Lampião e seu bando;
2. Não dar entrevistas nem autógrafos; 3. Não falar em estações de rádios; 4.
Não usar armas de qualquer espécie; 5. Não se deixar fotografar para a
imprensa; e 7. Apresentar-se uma vez por mês ao juiz competente.
Em 1952, por
indulto, livra-se definitivamente da prisão.
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