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segunda-feira, 16 de março de 2020

SANTINHO O SANGUINÁRIO TENENTE QUE COMBATEU LABAREDA EM FÁTIMA

Disponível em: https://lampiaoaceso.blogspot.com/search?q=Ladislau

Ladislau Reis de Souza ficou conhecido no sertão baiano como o “Tenente Santinho”. De acordo com texto postado no blog “Lampião Aceso” do pesquisador Kiko Monteiro, o tenente santinho tinha fama e atitude de um homem extremamente duro, para não dizer cruel, com os cangaceiros.

Sua fama de homem implacável no combate ao cangaço ecoou pelos quatro contos em toda essa região. Muitos cangaceiros pereceram sob o fuzil do tente Ladislau, alguns com requintes de crueldade como o caso do cangaceiro Baliza, brutalmente torturado, pendurado de cabeça para baixo em uma árvore e queimado vivo pelo cruel Tenente.

Na obra “O mundo estranho dos cangaceiros”, do renomado escritor Estácio de Lima, Ângelo Roque, o Labareda, narra com detalhes as suas andanças pelos sertões enquanto combatia nas frentes do cangaço. Labareda relata a chegada do seu grupo no lugar chamado Monte Alegre, onde foi surpreendido pela volante do tenente Santinho. Segundo Labareda, o grupo foi recebido por um vaqueiro de nome Manoel Gregório. Era um dia de domingo e o bando descansou, comeu e dançou. Entretanto, a volante comandada por Santinho entrou em pesado confronto com o grupo de cangaceiros. Ainda segundo os relatos de Labareda ao professor Estácio de Lima, um dos cangaceiros foi baleado e morreu na hora, sua cabeça foi cortada pelos soldados e levada à Jeremoabo.

De acordo com relatos de antigos moradores de Fátima, Monte Alegre foi um dos nomes através dos quais Fátima foi chamada no passado. Borges (2006) chega a firmar que tal nomenclatura fora dada à povoação por conta da alegria do seu povo, o que eu, pessoalmente, acho improvável.

Mas voltando ao caso do Monte Alegre narrado por Ângelo Roque, eu conversei com Kiko Monteiro e buscamos evidências que nos fizessem acreditar que tal povoação era, de fato, a atual cidade de Fátima. Neste caso, até existe uma cidade homônima em Sergipe, mas de acordo com a narrativa de Labareda, conhecido pela excelente memória, o grupo estava na região de Paripiranga, onde sobe o Vaza Barris, assassina um soldado na Ponta da Serra, em Adustina, e Segue para Monte Alegre. Esses fatos, de acordo com sua narrativa ocorrem em questões de poucos dias (A Estimativa feita por Kiko Monteiro é que, de Paripiranga à Monte Alegre Sergipana levaria pelo menos uma semana de caminhada). Tudo isso, aliado ao fato de a volante do Tenente Santinho, ser mais atuante no sertão baiano e não no estado de Sergipe, nos leva a crer que, de Fato, o povoamento citado por Labareda e reproduzido por Estácio de Lima em seu livro era realmente Fátima.

Já era sabido que o bando de Ângelo Roque, o Labareda, atuou fortemente por toda essa região, contudo, a história citada na obra “O Mundo Estranho dos Cangaceiros”, coloca Fátima definitivamente no rol dos cenários das lutas entre cangaceiros e soldados nos anos 1920/1930. Um outro dado curioso é que a morte de um cangaceiro pela volante e a sua decapitação, por via de regra, significa que o corpo do bandoleiro sem a cabeça foi enterrado no local da morte, ou seja, em solo fatimense. O relato de Labareda nos leva a crer que o combate com a volante de Santinho se deu nos arredores do povoamento de Monte Alegre, contudo, o seu local exato é desconhecido.

O tempo decorrido desde o acontecimento, possivelmente fez com que a história se perdesse na memória do fatimense, entretanto, histórias de cangaceiros são recorrentes entre as pessoas mais velhas em nossa cidade. Essa história específica, possivelmente contribuiu para a formação de todo esse enredo popular.


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