Por José Mendes Pereira
As mortes destes cangaceiros citadas acima aconteceram na madrugada do dia 28 de julho do ano de 1938, na Grota do Angico, em Porto da Folha, atualmente Poço Redondo, no Estado de Sergipe, quando foram eliminados 11 facínoras, pelas malditas armas dos volantes comandados pelo tenente João Bezerra da Silva. Ali, ficaram mortos os seguintes desordeiros: o velho e afamado capitão Lampião o comandante geral destes delinquentes. Quinta-feira, Maria Bonita a rainha do capitão. Luiz Pedro amigo de fé dos reis do cangaço desde a velha guarda. Mergulhão, Alecrim, Enedina companheira do cangaceiro Cajazeira, Moeda, Elétrico, Colchete (não confundir este Colchete com o que foi morto em Mossoró, no ano de 1927, no momento do ataque de Lampião à cidade). Macela, além do volante Adrião Pedro de Souza, que há quem diga que este foi morto por fogo amigo.
Os cangaceiros ainda estavam em suas barracas quando a madrugada fria recebeu tiros e mais tiros, na intenção de eliminar todos os bandoleiros que lá estavam. Mas por sorte, alguns cangaceiros conseguiram esquivar, e entraram nas matas, procurando lugares seguros para protejerem as suas vidas.
Os cangaceiros que estavam lá, nesta madrugada de terror, comentaram a vários pesquisadores, escritores, cineastas e jornalistas, que o ataque não foi brincadeira, e naquele momento era: "Cada um por si e Deus por todos". Um verdadeiro inferno vivido por eles que conseguiram escapar da mira das metralhadoras que procuravam alvos.
O certo é que, quem ali permanecia, não teve tempo para nada, nem mesmo para juntar os seus pertences. E o mais correto, era sair da Grota do Angico e do meio do fogo o quanto antes possível, vez que se não fugissem, seriam mortos pelas perversas metralhadoras que vomitavam fogo a cada momento. Alguns facínoras já estavam mortos, e as armas não desistiam.
No estudo cangaceiro foi registrado que os primeiros eliminados foram os reis do cangaço, o capitão Lampião e sua amada Maria Bonita. Há quem diga que Maria Bonita foi degolada ainda viva. Na sequência, mais 9 cangaceiros caíram ao chão sem vida.
Vamos conhecer o tenente João Bezerra da Silva, o homem que eliminou o perigoso cangaceiro Lampião?
João Bezerra da Silva nasceu em Afogados da Ingazeira, no dia 24 de junho de 1898, e faleceu na cidade de Garanhuns, no dia 4 de dezembro de 1970. Foi um oficial da Polícia Militar de Alagoas, e ficou conhecido nacionalmente como o comandante da volante que pôs fim ao cangaceiro Lampião e seu bando, em 28 de julho de 1938 no município de Poço Redondo, em Sergipe.
Posteriormente foi recebido no Palácio do Catete, pelo então Presidente Getúlio Dornelles Vargas, quando foi elogiado e recebeu honrarias pelo grande feito. Durante a carreira militar atuou por 35 anos e 7 meses, obtendo durante esse período 19 nomeações de comando, chegando inclusive a assumir o comando geral da corporação alagoana. Em setembro de 1940, lançou um livro intitulado Como Dei Cabo a Lampião, obra em que ele relata os fatos marcantes que ocorreram no combate de Angico. Entrou para a reserva da Polícia Militar de Alagoas em 4 de novembro de 1955, aos 57 anos de idade, passando a se dedicar à agricultura.
Biografia
Era filho de Henrique Bezerra da Silva e Marcolina Maria Bezerra da Silva. Curiosamente João Bezerra é primo em segundo grau do famigerado cangaceiro Antônio Silvino, segundo ele, com quem aprendeu a atirar. Também nasceu no mesmo mês e ano que Lampião. Sua cidade natal fica na Microrregião do Pajeú, onde está localizado o município de Serra Talhada, tera natal de Lampião.
Quando jovem, João Bezerra decidiu fugir de casa, após desentendimento com seu pai Henrique Bezerra, que tinha-lhe proibido de namorar uma moça da localidade. Sentindo-se desmoralizado, partiu para a capital Recife, onde começou a trabalhar como assentador de dormentes na linha férrea, entre outras profissões que teve durante sua estada. Após um ano, decidiu voltar para sua casa na Serra da Colônia, onde abriu um pequeno estabelecimento comercial (bodega) que vendia de tudo. Ao ver que João Bezerra estava progredindo com seu comércio e chegando inclusive a realizar festas no fim de semana, um importante fazendeiro local sentiu-se incomodado e acabou abusando sua sobrinha contra a vontade dela. Diante da barbárie, João Bezerra pôs fim ao fazendeiro e foi embora do lugar para evitar retaliações, sendo este o segundo motivo de sua saída. Com isso foi procurar refúgio no município de Princesa Isabel, onde trabalhou para o Coronel José Pereira, que era inimigo ferrenho de Lampião e uma importante autoridade local. Ali João Bezerra ficou famoso por ter matado uma onça que estava dizimando criações e de ter matado uma pessoa.
Em seguida João Bezerra decidiu ir para Maceió, em 1919, ano em que iniciou sua carreira militar, sendo incorporado em definitivo em 1922, fazendo grande carreira ao conquistar muitas promoções por bravura e merecimento. Casou-se com Cyra Gomes de Britto, em 1935 no município de Piranhas.
Como militar ganhou reconhecimento nacional por ter comandado a volante policial que matou Lampião e seu bando, em 28 de julho de 1938. Sua bravura esteve presente em 11 combates contra os cangaceiros, durante toda sua carreira, onde chegou a perder quatro centímetros de uma das pernas, causando-lhe dificuldades de locomoção, fato esse que lhe rendeu o apelido dado por Lampião de "Cão Coxo" (na cultura nordestina "cão" é sinônimo de bravura, valentia e "coxo" se refere a pessoa com uma extremidade mais curta que a outra ). Em contrapartida, João Bezerra lhe chamava de "O Cego", devido Lampião não ter o olho direito.
João Bezerra da Silva faleceu no município de Garanhuns, em 4 de dezembro de 1970, por consequência de um acidente vascular cerebral, aos 72 anos de idade. Seu corpo encontra-se enterrado no cemitério Parque das Flores, no município do Recife.
Referências: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Bezerra_da_Silva
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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