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sábado, 17 de julho de 2021

O VAQUEIRO DO NORTE DE MINAS

 

Os apetrechos que compunham a vestimenta de um vaqueiro do Norte de Minas são os mesmos utilizados pelos vaqueiros nordestinos e que foram descritos por Luis da Câmara Cascudo (1976) no estudo das vaquejadas nordestinas. José Alípio Goulart (1966) também descreve magistralmente as indumentárias e vestimentas dos vaqueiros nordestinos que enfrentavam as caatingas para “pegar bois”. As semelhanças nas vestimentas entre vaqueiros dessas duas regiões, a norte mineira e a nordestina têm como origem comum no Brasil o trabalho com o gado nas fazendas durante o período colonial brasileiro, mas essas vestes têm suas origens iniciais nas lides pastoris de Portugal, como afirma Goulart (1966). Com uma vegetação hostil à sua frente, o vaqueiro nordestino desenvolveu uma vestimenta diferenciada com a finalidade de protegê-lo dos espinhos da caatinga arbustiva nordestina formada por árvores baixas e espinhentas, traiçoeiras e fatais a um despercebido ou iniciante no ofício.

A partir das descrições das indumentárias dos vaqueiros nordestinos de séculos atrás é possível, assim como afirma Goulart (1966) em meados do século XX, que as vestimentas dos vaqueiros norte mineiros praticamente se mantiveram como as de antigamente. Esse conjunto de acessórios que compõem a “armadura” do vaqueiro ainda pode ser facilmente encontrado nos locais onde os vaqueiros ainda podem desenvolver seu trabalho sem a interferência das “coisas modernas” como o caminhão boiadeiro.

Essas indumentárias para o trabalho diário com o gado eram e ainda são compostas por acessórios diversos como o chapéu, o peitoral, o gibão, asperneiras, as alpercatas, luvas, chicotes, bainhas e esporas. O chapéu é preferencialmente construído de couro macio, sendo possível “quebrar sua aba”.

A quebra ou não da aba do chapéu varia de região para região. Diferente do chapéu do vaqueiro nordestino cuja aba é quebrada para cima, os chapéus dos vaqueiros do Norte de Minas raramente tem suas abas quebradas e possui uma alça de couro que permite prendê-lo junto ao queixo para que não caia durante uma perseguição a alguma rês. No Nordeste brasileiro essas alças são conhecidas como barbicacho conforme mostra Goulart (1966), mas no Norte de Minas são conhecidas regionalmente como barbelas.

Fonte: Vaqueiros, seleiros, carreiros e trançadores:

uma etnografia com coisas, pessoas e signos.

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