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sexta-feira, 3 de junho de 2011

O facínora Lampião

Por: José Mendes Pereira

Afirmam os escritores, pesquisadores e historiadores  do cangaço, que Lampião foi um dos cangaceiros mais inteligente, e além disso: amado, odiado, perseguido, perseguidor, traído, respeitado e respeitador, adorado por muitos e rejeitado por outros, exigente, vingativo, cruel, corajoso, destemido aos arrufos de qualquer um, respeitava as opiniões dos seus comandados, mas não admitia covardia, Traições de qualquer um, mesmo que fosse feitas pelos seus melhores amigos, pagava imperdoável com a morte, coisa que ele não aceitava ser colocada na sua mesa de bandoleiro.

Viveu mais de vinte anos nas caatingas nordestinas. Perseguido pelas forças volantes dos governos, mas  mesmo assim Lampião conseguiu manter o seu desastroso movimento pelos  sete Estados, os quais foram: Pernambuco, sua terra natal. Paraíba, Alagoas, neste, Lampião resolveu atacar fortemente, protestando contra o assassinato do seu patriarca  José Ferreira  da Silva. Rio Grande do Norte, que no dia 13 de Junho de 1927, foi escorraçado de Mossoró, uma das maiores decepções que o rei Lampião passou. Ceará e  Bahia. Este último  ele viveu a sua segunda fase de bandoleiro. Mas o seu último coito foi armado na Grota de Angicos, no Estado de Sergipe, onde foi tocaiado e morto.

 Do acervo de Ivanildo Alves da Silveira      
           
Nos anos trinta, do século XX, Lampião resolveu colocar em seu bando uma senhora,   Maria Gomes de Oliveira, que no bando ficou conhecida como Maria Bonita. Ela nasceu no dia  8 de Março de   1911, em  uma minúscula fazenda em Santa Brígida, no Estado da Bahia. 
   
Foto: Glauco Araújo/ G1
Residência de Maria Bonita

Era filha do sofrido casal José Gomes de Oliveira e Maria Joaquina Conceição Oliveira, tendo como irmãos:   Benedita Gomes de Oliveira,  Antonia Gomes de Oliveira, Amália Gomes de Oliveira,  Joana Gomes de Oliveira,  Olindina Gomes de Oliveira,  Francisca Gomes de Oliveira, José Gomes de Oliveira, Arlindo Gomes de Oliveira, Ananias Gomes de Oliveira,  Isaías Gomes de Oliveira. Ozéas Gomes de Oliveira, segundo o escritor João de Sousa Lima, este ainda está vivo.

Ozeias e João de Sousa Lima

Aos 15 anos de idade, Maria Bonita resolveu se casar, tendo como marido, o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Nené, que não levando sorte, durante o tempo em que viveram juntos, a sua vida foi infernizada pelo desastroso casamento, quando o sapateiro não a valorizava, e com isso, as brigas eram constantes no lar.
               
Apesar de ser cangaceiro, os pais de Maria Bonita tinham admiração por Virgulino Ferreira da Silva, e ele  era visto com respeito, não só pelos pais de Maria, mas por alguns fazendeiros. O que sentiu Lampião por Maria Bonita, foi sem dúvida, o tipo físico de mulher brasileira,  olhos e cabelos castanhos que fazia com que muitos a desejassem, por ser  considerada uma mulher interessante. A atração foi recíproca entre os dois que logo Lampião a convidou para fazer parte do seu respeitado bando.                  
               
Após a entrada de Maria Bonita na empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia, muitos asseclas levaram as suas amadas para as caatingas, como o cangaceiro Corisco, que raptou uma jovem de 13 anos para acompanhá-lo na mais perigosa vida, que é a de viver em correria dentro das matas, quando eram perseguidos pelas volantes.

Corisco e Dadá

Mas mesmo usando o seu malabarismo, finalmente na madrugada de 28 de Julho de 1938, Lampião e mais dez cangaceiros foram  executados pelas forças volantes comandadas pelo tenente João Bezerra da Silva, e entre eles, estava a sua rainha Maria Bonita.

Tenente João Bezerra - o matador de Lampião

Uns dizem que Lampião havia chegado a sua hora. Outros dizem que Lampião foi envenenado. Outros afirmam que a morte do rei e da rainha, aconteceu devido um bom cerco policial que o seu matador havia preparado. O certo é que Lampião chegou ao fim. Ninguém se esconde por muito tempo de ninguém. Um dia chegará a sua vez.

Leia o que escreveu este escritor

LAMPIÃO TINHA TUDO O QUE NECESSITAVA
(REUNIÃO ANTES DE SUA MORTE)

Por SABINO BASSETTI

              
Amigos do Cariri Cangaço:
                
No meu entender, os motivos de Lampião se manter vivo por tanto tempo na vida bandida foram vários. Um deles é o fato dele respeitar o inimigo, não brigando quando não havia possibilidade de vitória como no caso do ataque a Mossoró e, outros de menor vulto. Outro motivo podemos dizer que seja o apoio que Lampião recebia dos coiteiros das mais diferentes classes. Tenho também que citar liderança que Lampião tinha sobre seus cabras não importando a importância que este ou aquele tivesse no grupo. E por fim a coragem natural que o rei dos cangaceiros possuía.

Quanto a ligação que Lampião tinha com coiteiros e protetores de
grande projeção, era importante e proveitosa para os dois lados
         
Sendo amigo e, prestando favores a Lampião, o fazendeiro, comerciante ou qualquer pessoa importante não teria suas propriedades, seus empregados e também suas famílias molestadas pelo cangaceiro.
            
Em contra partida, Lampião tinha em suas mãos tudo aquilo que necessitava com bastante facilidade. Além disso, negociar com Lampião, era uma razoável fonte de renda. Mas não podemos negar, que existiram coiteiros importantes que serviam a Lampião apenas por amizade. Como exemplo das desvantagens de não se ter um bom relacionamento com Lampião, é lembrarmos do coronel Petronilo Reis, que logo depois de conhecer Lampião tornou-se seu inimigo sofrendo então enormes prejuízos.           
           
Tempos depois da morte de Lampião, falou-se que ele iria se encontrar com seus sub grupos em Angico, para tratar, da sua retirada do cangaço ou uma possível mudança de ares. Porém, poucos dias antes de Lampião chegar em Angico, ele esteve reunido com diversos de seus sub grupos e não tocou nesse assunto. Durante a semana que esteve em Angico, também lá esteve pelo mesmo período Zé Sereno e todo seu grupo e, Lampião não disse uma palavra a ninguém a respeito de abandonar o cangaço ou o nordeste como se cogitou. O encontro de Angico foi apenas mais um encontro rotineiro de Lampião e seus sub grupos.
             

Taí meu caro Severo, espero que seja isso que o amigo queria. Estou a sua disposição para qualquer tipo de colaboração que eu possa dar. Como se diz aqui no interior de São Paulo: "nóis num entende muito, mais nóis vai empurrando devagar".

Abraço fraterno
Sabino Bassetti
Pesquisador e escritor


Salto - São Paulo
FONTE/AÇUDE: Blog Cariri-cangaço (Dr. Severo)

Um abraço a todos
IVANILDO SILVEIRA
Natal/RN

Um comentário:

  1. A foto de Maria Bonita faz parte do acervo João de Sousa Lima e não do Dr.Ivanildo Alves da Silveira.

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