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sábado, 28 de dezembro de 2013

Lampião e outras histórias - “BRIGANO PRAS MOÇA VÊ”

Por Doizinho Quental


Os historiadores do cangaço sabem que, apesar do tenente João Bezerra ter dizimado o bando de Lampião, em circunstâncias não muito convincentes, para alguns autores, a polícia nunca foi o seu mais temível rival. Os Jurubebas, cabras de Vila Bela, estes sim, foram os mais ferozes, persistentes e audazes inimigos, a quem Lampião sempre respeitou, por saber da coragem que estes homens tinham. Afinal, eram farinha do mesmo saco, como costumavam dizer. Por serem destemidos, foram requisitados pela polícia para formarem volantes, no que foram muito respeitados, suplantando em destreza e valentia os próprios “macacos”.

Muitos se destacaram nestas empreitadas sangrentas. Manuel Neto, o Cachimbo Azedo, ou Mané Fumaça, como o grupo de Lampião denominava, Clementino Quelé, ou Tamanduá Vermelho, são cantados em verso e em prosa pelos violeiros do sertão.  Os repentistas não deixavam por menos; sempre após uma brigada, aproveitavam a oportunidade para fazer graça, mangofa, sarcasmo, tanto de um lado como do outro, através dos  seus versos apimentados de humor.

Abaixo lembramos alguns deles:
Versos a favor de Lampião:

Gonzaga tava drumindo
Quando Lampião chegô
Você hoje paga a surra
Qui mandô dá in Iôiô.

Olê mulé rendêra!
Olê mulé rendá!
Si chorá pru mim num fica
Soluçô vai no borná.

Gonzaga pru tê dinhêro
Pensava qui nunca murria
Mais Iôiô já tá vingado
Isso mermo eu prometia.

Olê mulé rendêra! Etc.

A aliança de Gonzaga
Custô um conto de rêis...
Lampião butô no dedo
Sem custá nem um derréis!

Olê mulé rendêra....

Alerta, alerta negrada
Qui na serra bala é trunfo,
Houve faca e munto sangue
Na cidade de Triunfo!

Olê mulé rendêra...

Lampião foi passeá
La na serra da Cruêra
E chamou Quilimintino
Prá dança mulé rendêra

Olé mulé rendêra...

Capitão Zé Caetano
Já pidiu a dimição
Só cum mêdo do galope
Do rife de Lampião.

Olê mulé rendera...
Zefinha quero dinhêro
Pra comprá um cinturão
Qui a vida milhó do mundo
É si  andá com Lampião.

Olê mulé rendêra...

Quilimintino Quelé,
Tá zangado e cum razão
No fogo da Santa Cruz
Perdeu ele dois irmão

Olê mulé rendêra...

O tamanduá vremeio
É valente de caculo
Mais eu tenho paciença
Ele um dia perde o pulo...

Olê mulé rendêra...

Os home da Paraíba
Tá zangado sem razão
Dá dez conto a quem matá
Virgulino Lampião!

Olê mulé rendêra...

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Um comentário:

  1. Anônimo16:43:00

    Mendes: Precisamos dizer ao autor desses últimos textos que você vem postando: Parabéns caro Doizinho Quental pelas constantes informações a nós fornecidas.
    Abraços,
    Antonio Oliveira

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