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quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

MATERNIDADE NO CÁRCERE.


Por João Filho de Paula Pessoa

Catarina era mulher do cangaceiro Nevoeiro que foi abatido pelas volantes em 1937, deixando-a grávida. Após a viuvez permaneceu no bando, mas as dificuldades de locomação aumentaram com o avanço da gravidez, e sabendo que no cangaço não era permitido ficar solteira, nem criar uma criança, nem voltar para casa, e que a morte era uma solução para aquele tipo de situação, com seu filho prestes a nascer, cria uma oportunidade e foge do bando e se entrega à polícia numa cidade próxima de onde estava, Macuraré/Ba. Lá é bem tratada pelo delegado que a põe numa casa alugada para dar a luz e ter um bom resguardo. 

Após sete dias de resguardo é transferida para a cadeia de Água Branca/AL, onde é trancafiada na prisão e perde a guarda de sua filha. 

Sua mãe e irmãs se mudaram para aquela cidade para cuidar de Catarina e receber a guarda de sua filha, a menina Alzira, que era levada várias vezes por dia até a mãe encarcerada para mamar através das grades. Catarina seguiu presa por todo o ano de 1937 e 1938, criando Alzira através das grades da prisão. 

Em meados de 1938 Lampião foi morto e com o declínio do cangaço Catarina foi posta em liberdade alguns meses depois, após quase dois anos presa, retornando à sua cidade natal de Paula Afonso/BA com sua mãe, irmãs e filha. Posteriormente se casou e teve uma vida normal, falecendo na década de noventa. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 21/01/2020.


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