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segunda-feira, 13 de abril de 2020

LAMPIÃO, O INIMIGO DO PROGRESSO.


João Filho de Paula Pessoa

Lampião sabia que o progresso era uma ameaça à suas ações, à seu estilo de vida e à sua própria existência e costumava combatê-lo à seu modo, sempre que possível cortava os fios dos telégrafos e destruía suas máquinas e cabines, queimava estações e vagões de trem, incendiava caminhões e atacava as construções de estradas e seus trabalhadores.

Em meados de 1929, estava em construção uma estrada que ligaria Juazeiro da Bahia à Santo Antônio da Glória também na Bahia e que passaria pelo Raso da Catarina. Os trabalhadores laboravam protegidos por um contingente policial, da ameaça cangaceira. Certo dia o Oficial deste destacamento recebeu uma carta de Lampião, em que ordenava a suspensão da construção da estrada, sob a pena dele cortar sua cabeça, matar os soldados e arrancar as mãos e pés dos trabalhadores. Ao saberem da carta, todos os trabalhadores fugiram em desespero, abandonaram o serviço, a construção e os soldados, que por sua vez, também não ficaram e debandaram também, não ficando ninguém na obra da estrada, que foi abandonada e interrompida temporariamente. Algum tempo depois a construção foi retomada, no entanto sem a escolta policial e quando Lampião passou por lá novamente e viu a obra em andamento cumpriu sua promessa, atacou e matou os nove trabalhadores que lá estavam, repetindo estes tipos de ataques, várias outras vezes pelos sertões em que passava, para impedir o avanço do ameaçador progresso. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 31/03/2020.


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