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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

EM BUSCA DA VERDADE, SEMPRE. UM BRAVO SEM ESTRATEGIA GUERRILHEIRA

 Por Sálvio Siqueira

Reza a historiografia caganceira que o bravo nazareno Manuel de Souza Neto, o “Mané Neto”, ou ainda “Mané Fumaça” como refere algumas obras literárias que assim ‘o apelidava os cangaceiros’, foi um dos maiores combatentes ao banditismo rural na época do cangaço imposto por Virgolino Ferreira, 1918/1938, o cangaceiro Lampião.

O historiador/escritor Leonardo Ferraz Gominho refere que Arconso de Souza Ferraz, irmão ‘encostado’ ao caçula, Manoel de Souza Ferraz, era uma família composta por oito filhos, destes, eram três mulheres: “Auta(ou Altina), Amerina e Filomena”; e cinco homens: “Alonso, Afonso, Ancilon, Arconso e Manuel de Souza Neto”; deixou o emprego de vendedor em uma loja para alistar-se na Polícia Militar de Pernambuco, em 1921, na capital do Estado. (http://xn--lampioaceso-d8a.com/)

No ano seguinte, 1922, seguindo o exemplo do irmão, Manuel de Souza Neto, aproveitando uma viagem que fez a cidade de Rio Branco, hoje Arcoverde – PE segue para a Capital e também se alista na Briosa pernambucana. “Manuel de Souza Neto partiu da casa do seu tio João Flor, ao lado do comerciante Adão Feitosa, para Rio Branco, a fim de comercializar peles de bode. A viagem foi extenuante, feita a pé e parte a cavalo, mas, ainda assim, por iniciativa própria, prolongou seu itinerário até a capital para efetuar alistamento, seguindo o exemplo do seu irmão Arconso.” (“O Canto do Acauã”, Marilourdes Ferraz, p. 141)

Neto, desde muito jovem, recheado de uma coragem que, ao estudarmos a mesma notamos grande aproximação da loucura, foi um daqueles que mais combateu o chefe cangaceiro Lampião. Porém, para combater coragem, inteligência e astúcia, é necessário usar coragem, inteligência e astúcia, juntas, antes e depois dos conflitos no campo de batalha e, infelizmente, nota-se a falta da segunda e terceira potência necessária nos confrontos que teve com os bandoleiros.

Tinha um cangaceiro, Clementino Quelé, que deixou o bando de Lampião em uma situação crítica por discordância com outro cangaceiro chamado “Meia Noite”, e, com essa atitude, tornou-se um inimigo ferrenho do chefe bandoleiro. Pelo palavreado proferido por Quelé ao deixar o bando, ficou uma rixa entre os dois, Quelé e Virgolino, que ambos só achavam ter fim com a morte de algum deles. Pois bem, em janeiro de 1924, Lampião resolveu fazer uma ‘visita’ ao antigo chefiado no Distrito de Santa Cruz no município de Triunfo - PE, hoje cidade de Santa Cruz da Baixa Verde - PE, aonde morava e, armando uma grande emboscada, encurralou Quelé e familiares dentro de casa aonde alguns vieram a tombar sem vida. Nessa ocasião, Virgolino estava com um grupo contendo vários cangaceiros, porém, ao saber do que estava acontecendo, Manuel Neto apanha seu fuzil, o bisaco com balas e desce a serra numa desabalada carreira rumo ao povoado, pois destacava na sede do município. Sem nem pensar por um instante que enfrentaria o astucioso e traiçoeiro futuro ‘rei dos cangaceiros’. Demonstração de grande valentia, no entanto, nenhum um níquel de astúcia, inteligência para com sua vida. Em outras palavras, uma verdadeira loucura.

Em fevereiro de 1925, Mané Neto já perambulava pelas terras íngremes, desfavoráveis, secas e cheias de empecilhos naturais da caatinga no Vale do Pajeú das Flores, na região de Betânia – PE, em busca do chefe cangaceiro mor. Acompanhado por civis, saí em busca de saber o paradeiro dos cangaceiros e, quando se encontra com a Força Volante comandada pelo sargento José Leal, agrupa-se a essa, formando um contingente de pouco mais de vinte homens, e segue para a localidade chamada Cachoeira dos Galdino, local indicado onde estaria o bando de cangaceiros. Realmente os bandoleiros, com mais de trinta cangaceiros, estavam acampados, acoitados, no local e deu-se um fogo tremendo entre eles e a pequena força combatente. No calor do tiroteio o sargento José Leal e um de seus comandados, o soldado João Preto, deixa o campo de batalha e vão embora. Desse momento em diante “Mané Fumaça” voluntariamente assume o comando e, junto aos demais, seguram o fogo até os bandoleiros desistirem de lutar, darem à costa, e irem embora. O que faltava em Manuel Neto, e em outros vários bravos chefes combatentes ao banditismo rural, era a perspicácia em analisar tais informações. Normalmente as mesmas eram ‘retiradas’, conseguidas, a base de torturas e, por vezes, foram dicas para que seguissem rumo a uma embosca preparada, articulada, anteriormente por Virgolino. Esse, segundo historiadores, foi o primeiro combate das tropas sob o comando do valente Manuel de Souza Neto contra o banditismo rural. Acreditamos que esse ato de bravura lhe deu a promoção de Anspençada, pois, foi promovido ainda no primeiro meado do mesmo ano.

No ano seguinte, em fevereiro de 1926, Virgolino, ao saber que duas volantes estaria em seu encalço, no seu rastro, uma comandada por Optato Gueiros e outra por Higino Belarmino, estrategicamente, prepara uma embosca ao longo do riacho que cruza a fazenda denominada de “Caraíbas”, mais precisamente ao longo da margem esquerda do riacho. Estivemos nessa fazenda, eu e os pesquisadores: Cristiano Ferraz, Richard Pereira e Louro Teles, nesse riacho e nos locais determinantes, inclusive colocamos um monumento, cruz, com os nomes dos soldados que tombaram no confronto naquele dia. Lampião, sabidamente, divide seus homens em três frentes de modo que quando a volante chegasse, estaria entre três fogos. Sem nem pestanejar o comandante da tropa, tenente Higino Belarmino, penetra com seus trinta e cinco comandados na arapuca. Estando a volante no local em que Lampião queria que estivesse, abre fogo e o mundo se fecha com a fumaça, os tiros e os gritos dos sodados feridos. Colhidos de surpresa e em três frentes distintas, a coisa ficou feia para a volante. Começaram as baixas e, Manoel Neto vendo que se permanecessem daquele modo, naquela posição, seriam abatidos um a um, inclusive seu comandante um dos já se encontrava ferido, resolve então sacrificar sua vida em prol dos companheiros. Procurando mostrar-se, tenta atrair para si a atenção dos adversários que não perdem tempo e o fazem de alvo. Tendo sorte, o bravo nazareno é ferido, porém, lhe acertam, dessa vez, no braço direito. Com a mesma valentia, porém, pensador e estratégico, analisando antes de agir, seu primo Euclides Flor, descobre que se deslocasse uma das frentes de combate adversária podia abrir uma fissura, brecha, na defesa deles e tentar salvar seus companheiros. Não deu outra. Lampião, notando que um de seus inimigos tinha conseguido furar sua defesa em um dos flancos, dá ordem de retirada. Mané Neto é transportado para Betânia a fim de ser medicado. Lá chegando foi atendido por um ‘curandeiro’, trabalha com remédios da mata, chamado Manoel Jerônimo. O ferimento não tem o tratamento adequado e infecciona chegando a criar miíase. Segundo o saudoso João Gomes de Lira, em seu “Lampião – Memórias de um Soldado de Volante”, Neto passa a arrancar as flepas, pedaços, de ossos destroçados pelo projétil. Dias depois o Anspençada é transferido para a cidade de Flores para ser tratado decentemente. Como resultado das baixas na volante, os cangaceiros também sofreram baixas, foram abatidos “os soldados Aristides Panta da Silva, Benedito Bezerra de Vasconcelos e Antônio Benedito Mendes. Foram feridos, além do Anspeçada Manuel Neto e tenente Higino, o rastejador Antônio Joaquim dos Santos (Batoque), com a perna fraturada, Altino Gomes de Sá (v. GS, Tn 196), João Pereira dos Santos, João Pinheiro Costa e João Cavalcanti”. (http://xn--lampioaceso-d8a.com/ - Leonardo Ferraz Gominho)

Em 28 de agosto do mesmo ano, 1926, Lampião, movido por uma trama arquitetada pelo bandido Horácio Cavalcanti de Albuquerque, o “Horácio Grande”, estrategicamente coloca piquetes com cangaceiros nas estradas que dão acesso a cidade de Floresta, era um sábado, dia da feira semanal da cidade, e com o grosso do bando desce para cercar e atacar Manoel de Gilo, patriarca da família “Gilo”, na sede da fazenda Tapera. Segundo autores, o grupo de cangaceiros era bastante elevado, em torno de cem ‘cabras’, então, mesmo deslocando alguns pequenos grupos para os piquetes, ainda ficaram muitos para o ataque a casa sede da fazenda. Manoel de Gilo havia, antecipadamente, previsto esse ataque e ido ao QG das volantes na cidade de Floresta - PE pedir ajuda. Ao chegar à cidade entra em contato o comandante capitão Antônio Muniz de Farias que diz ao senhor solicitante que juntasse toda a família armada para defender a fazenda, e a vida, e que, assim que escutassem o som dos disparos dos tiros no ataque, partiria com uma tropa para combater na retaguarda. Pois bem, o ataque tem início e o som dos tiros é escutado por várias pessoas na cidade, no entanto, o capitão, apesar de colocar a tropa em forma, mandar sair de forma e entrar novamente em formação, não autoriza, tão pouco vai em auxílio a família cercada pelos cangaceiros : o capitão “sem saber o que fazer, corria de um lado para o outro sem tomar nenhuma resolução”. “As famílias da cidade de Floresta, penalizadas e compadecidas com a situação, dirigiam-se ao capitão pedindo que fosse socorrer aquela gente”. “O capitão mandava tocar reunir e logo mandava tocar debandar”, diz João Gome Lira. Conta Malta Neto em “Memórias de um Cobrador de Impostos”, na p. 93, que “Lampião cercou a casa cuidadosamente, tomando os pontos aconselhados pela prudência e disparou alguns tiros para o ar, para despertar seus inimigos, pois, sabia todos presos numa armadilha mortal, inteiramente a sua mercê”. Na época, o Anspeçada Manoel Neto fazia parte do contingente comandado pelo capitão Muniz. Tendo seu membro superior direito na tipoia devido ao ferimento sofrido no Fogo das Caraíbas, não se contém e começa a implorar ao comandante que reúna e comande a tropa para salvarem a família cercada, ou mesmo lhe fornecesse um contingente para que pudesse ir ajudar os “Gilo”, no que não é atendido, pois, precavido ou medroso, o comandante alega que não poderia fornecer a tropa e deixar a cidade desguarnecida. Manuel Neto se aperreia e grita para que, quem quisesse que viesse para seu lado para irem combater os bandoleiros. Dez valentes soldados se apressam em ficarem ao lado do Anspeçada. Vendo que era pouca gente para ir socorrer a família cercada por tantos cangaceiros, “João Gominho Filho, amigo de Farias. Pediu-lhe que “o auxílio fosse melhorado suficientemente, de vez que tínhamos força bastante e não iria fazer falta à nossa cidade uma pequena tropa”, conta Siato (Memórias). Não foi atendido.” (Leonardo Ferraz Gominho)

A fazenda Tapera dista, mais ou menos, 12 km da sede do município, e essa distância, ou parte dela, é transposta a pé no menor tempo possível pelo Anspeçada e seus dez comandados. Só que, ainda dentro da caatinga, Mané Neto havia preferido ir pelo mato e não por alguma estrada, a tropa é colhida por um fogo terrível de balas. Segundo alguns escritores, o ataque dos cangaceiros sobre o pequeno contingente militar foi tão intenso que sobreviventes referiam parecer ‘pingos de chuva’ caindo sobre eles. De imediato, o soldado João Ferreira de Paula que estava junto a Mané Neto, tomba sem vida crivado de balas. Baixa fatal, o ferimento do braço voltando a sangrar e a munição quase acabando, não tendo outra saída, o Anspeçada dá a ordem de retirada para a tropa, retornando para o QG em Floresta e só vindo a fazenda Tapera no dia seguinte.

Em 10 de novembro de 1926, a volante comandada por Manoel Neto junto com a volante comandada por José Saturnino, acreditamos que eram duas volantes por o contingente ser descrito por autores como fazendo parte daquele ataque oitenta praças, seguem em direção a fazenda Favela por saberem que Lampião estava acoitado na mesma.

Sabedor da vinda das volantes, Virgolino, mais uma vez demonstrando ter astúcia, que é necessário usar a inteligência antes e acima da ação, prepara outra emboscada para a volante perseguidora. A fazenda tinha duas casas próximas, uma mais antiga, a casa Velha, sede da propriedade, e uma de construção recente. Além de distribuir seus homens nas duas casas, a nova tinha sótão e a velha tinha ‘torneiras’, Virgolino manda que o cangaceiro Sabino Goys leve para o mato alguns homens e que, depois de rompido o combate, ataque a volante pela retaguarda.

No dia 11 daquele mês, chegando próximo as casas, o sargento José Saturnino, depois de alguns confrontos com Lampião, José Saturnino vai pedir proteção ao Comandante Geral das Forças Volantes no que é atendido, o mesmo, após lhe tornar soldado, imeditamente o promove a cabo e, em seguida, o promoveu a 3º sargento, lhe fornecendo uma tropa armada, fica por um lado e conduz seus comandados. Mané Neto, talvez achando que Lampião estivesse na casa nova, vai diretamente até próximo à porta da mesma e tenta comunicar-se com quem dentro da casa estava. Algumas palavras são trocadas e o tiroteio tem início atingindo, de cara, alguns soldados dos quais dois deles tombam sem vida.

No acirrado combate, de início a força ver-se cercada entre dois fogos e, em seguida, entre três fogos inimigos, estando ela em campo aberto. No decorrer do conflito o saldo das baixas dos militares são grandes e avassaladoras, obrigando-os a baterem em retirada. Saldo das baixas militares no Fogo da Favela: mortos os soldados Antônio Freire Panta, Gaudêncio Pereira da Silva, Cícero Petronilo da Silva, Francisco Pereira, Agripe Lopes dos Santos e João Gregório Neto. Feridos: José Bernardes, Francisco Barbosa do Nascimento, Waldemar Barbosa da Silva e Cypriano Leite da Silva. Segundo alguns autores ocorreram duas baixas fatais entre os cangaceiros. Já outros, referem ter havido as duas mortes e alguns feridos.

Ainda em novembro de 1926, ocorreu o maior dos combates entre a Força Pública e o bando de cangaceiros chefiados por Lampião e a participação direta do comandante Manuel de Souza Neto. Virgolino, com a sua grande inteligência para guerra de movimentos preparou e executou a maior das emboscadas sobre a Briosa pernambucana. Lampião, tendo antecipadamente preparado o local para o combate, erguido defesas com pedras em vários locais ao longo da Serra Grande, começa a praticar determinados crimes em locais predeterminados próximo a serra para atrair o contingente da Força Pública.

Tendo em março daquele ano recebido de presente do Batalhão Patriótico de Juazeiro do Norte, CE, as mais modernas armas da época, fardamento, dinheiro e farta munição, arquiteta um plano para dar combate a Força Pública quase que num todo no que se refere ao contingente completo das volantes naqueles dias. Culminando sua esperta ‘isca’ com o sequestro de dois funcionários, um da Esso distribuidora de combustíveis, Pedro Paulo, e outro da Souza Cruz, Benício Vieira, sendo que o segundo tinha consigo o valor estipulado pelo resgate, encaminha o mesmo para que fosse a Vila Bela, hoje Serra Talhada, PE, a fim de arrecadar o valor para o resgate do outro trabalhador. Ora, naqueles dias, Virgolino era sabedor de que o Comandante Geral das Forças Contra o Banditismo Rural, major Theóffanes Ferraz Torres, ao saber dos sequestros, dos valores estipulados e da localidade em que ocorreram os mesmo, enviaria, sem perda de tempo, a maior quantidade possível de tropas para caçar o famigerado chefe cangaceiro. Ou seja, Lampião jogou a isca e o comandante engoliu-a com anzol e tudo.

Segundo o pesquisador/escritor Louro Teles, natural de Calumbi – PE, juntaram-se sete volantes com seus efetivos e comandantes e seguiram em direção a Serra Grande para caçar e abater os cangaceiros chefiados por Lampião. Foram os seguintes o nome dos comandantes de volantes que foram a Serra Grande: tenente Higino Belarmino, esse como comandante geral da missão, sargento Arlindo Rocha, sargento José Olinda de Siqueira Ramos, cabo Manuel de Souza Neto, cabo Domingos Gomes de Souza, cabo Euclydes de Souza Ferraz, soldado Manuel Antônio de Araújo, conhecido por ‘Ducarmo’ que, ao receber ordens do major Theófanes, através de um telegrama, partiu da cidade de Flores – PE, em direção a São Serafim, hoje cidade de Calumbi - PE, para encontrar-se com o tenente Higino.

Para essa empreitada, Lampião chefiava em torno de 116 cangaceiros. Destes, enviou 46 para o outro lado da Serra Grande para que, se algum dos comandantes das volantes resolvesse contorna-la, topar com essa barreira. Os 70 homens restantes, distribuiu ao longo da elevação, uns no canto, outros em outro e assim por diante. Mas, todos esses ficaram protegidos pelas trincheiras feitas com pedras amontoadas, umas sobre as outras, formando uma ótima defesa para as balas que viriam de baixo. Ele ficou no topo da serra com alguns e o refém Pedro Paulo.

O contingente completo militar, por volta de 300 praças, chega ao pé da serra e, havendo só um acesso para subir, o tenente Higino refere achar melhor acampar antes do boqueirão da serra e aguardar por ordens do comandante geral. Porém, Manoel Neto e Arlindo Rocha não concordam e dizem querer atacar os cangaceiros de imediato, pois sabiam estarem na serra. Depois de algum tempo debatendo, terminam por convencer o tenente. Arlindo Rocha e Manoel Neto posicionam-se, cada um, de cada lado da entrada do boqueirão, a qual dava acesso a subida da serra. Os dois adentram com seus comandados quase que imediatamente na fenda natural da serra tendo gritado Arlindo Rocha que queria almoçar bala naquele dia. Termina por levar um tiro que lhe quebrou à mandíbula o que lhe rendeu o apelido de “Queixo de Ferro”.

Mané Neto, como sempre, fica quase que sem se proteger. Próximo a ele estavam vários cangaceiros e logo o acertam quebrando-lhe as pernas. Vendo Mané Fumaça baleado, vários cangaceiros concentram o fogo sobre ele e outros começam a descer a serra em sua direção para mata-lo sangrado. Perto do cabo nazareno estava o soldado Luiz Borrego, que muito disposto, segurou o fogo para evitar que seu comandante fosse sangrado pelos cangaceiros. Segundo Louro Teles, “logo outros soldados avançaram para socorrer o comandante”. Enquanto uns carregavam Mané Neto para afastá-lo do raio de ação dos cangaceiros, outros seguraram o fogo para darem cobertura a retirado do comandante ferido e, ao mesmo tempo, tentar tomar parte do serrote.

O resultado final desse impensado combate por parte da Força Pública foi desastroso. Tornando-se a maior derrota sofrida pela Briosa de Pernambuco até os dias de hoje em sua luta contra o banditismo rural. Vários militares tombaram sem vida, outros foram seriamente feridos, outros medraram e desertaram no momento do tiroteio, e, por fim, os militares terminaram por se retirem do campo de batalha.

Por volta das seis horas da tarde o comandante geral, major Theófanes Torres, chega ao local onde estavam os feridos e moribundos com caminhões para resgatar os mesmo e leva-los para Vila Bela. “Percebendo o tamanho da tragédia, perguntou ao soldado Ducarmo que vinha chegando da serra Grande, do campo de luta:

- O que foi que houve soldado?

Ducarmo falou ao major:

- O senhor que saber de quem é a culpa ou de quem foi o erro?

O major respondeu:

- Os dois!

- O erro foi de Manuel Neto e Arlindo Rocha que são tão valentes que não viram que era uma armadilha, mas a culpa foi do tenente Higino não segurou os dois. (“A maior Batalha de Lampião – Serra Grande e a invasão de Calumbi”, Lourinaldo Teles Pereira Lima, pg. 149)

O grande guerreiro ainda continua mostrando sua valentia descomunal, junto a uma loucura m igual por vários anos, até que em princípios da década de 1930 é reformado.

“Combater de peito aberto” é, sem dúvida alguma, uma prova de coragem. No entanto, sendo um comandante de tropas mostra a falta de capacidade intelectual quanto aos movimentos empregados numa ‘guerra de movimentos’, em uma guerrilha, e isso levou o bravo nazareno a sofrer inúmeros ferimentos, ser baleado várias vezes, e, infelizmente, até induzir algum dentre seus comandados a ser ferido ou mesmo abatido no desenrolar dos confrontos.

Fonte:

Obras literárias citadas e blog referido

Foto

O Canto do Acauã – Marilourdes Ferraz

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