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segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

LEMBRANÇA DA SECA DE 1970

Poesia de Conrado Matos


O sol começava a apontar
Enchia de água a cabaça
Depois se ajoelhava a rezar
Pedia pra Padim Ciço
Meu pé de feijão a louvar
A minha espiga a debuiar
Pedidos pra meu quiabo
E água pra meu riacho
A seca do ano de 1970
Meu sertão viveu a chorar
Tudo começou a faltar
O pote com água regrada
A mesa vazia a Deus dará
Um passado de amargurar
Nunca esqueço do canto
Do sabiá, o cancão a chorar
Época de muita frustração
Falta de água e alimentação
Sem chuva, morria a plantação
Quem viveu durante essa fase
Nunca esquece da maldição
Olhar pro céu em plena oração
No meio da roça sem ter o pão
Mal farinha, água e bolachão
Quem viveu tem a ferida do sertão
Só o feixe de lenha do fogão
Farofa d'água, cebola e pimentão.
Conrado Matos - Psicanalista,
Poeta e Escritor. Autor do livro
A RECEITA da FELICIDADE vem de VOCÊ.
Foto de Orlando Brito - Fonte: Senado Federal.

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